por Márcio Padrão
O Song Pop é um jogo social da Freshplanet para dispositivos móveis com o objetivo de fazer você acertar o máximo possível de músicas (são cinco por partida) no menor espaço de tempo. O app (programa de computador que tem por objetivo ajudar o seu usuário a desempenhar uma tarefa específica, nesse caso, um jogo) traz um cardápio bastante variado de estilos musicais para que aquele seu amigo que entende bastante de heavy metal não tenha vantagem sobre você, entusiasta de indie rock.
Como acontece na maioria dos jogos nerds, nem sempre o conhecimento de causa garante a vitória. À medida em que as pessoas vão jogando, elas descobrem macetes para acertar as canções rapidamente mesmo que nunca as tenha ouvido na vida. Por exemplo, você pode não conhecer todas as musicas de Eminem, mas basta ouvir um segundo para ter quase certeza que é ele cantando. Você chuta e confirma o palpite.
No fim das contas, o craque em Song Pop é aquele que consegue agregar conhecimento musical, agilidade, memória e a típica perícia de um game. Além, é claro, de um pouco de sorte naqueles momentos em que você não faz a menor ideia do que está tocando e acerta no chute mesmo.
É possível ficar viciado no Song Pop? Talvez, mas a questão é menos a possibilidade de vício e mais a angústia que o programa traz quando você está jogando. Você pode achar que tem um grande domínio da música pop, e que deve ser dar bem no jogo em relação aos seus amigos, principalmente aqueles que não conhecem tanto assim do gênero. Mas por conta das táticas descritas aqui, até aquele seu colega distante do qual você pejorativamente não “botava fé” musicalmente te surpreende. “Esse cara que não sabe nada de música acertou Velvet Underground?”.
Perder não é nada demais, faz parte da brincadeira. Mas há outras coisas que podem incomodar no app. São “mindfucks” como “Ué, eu acertei Rihanna e errei Beatles?”; “Como assim demorei três segundos para acertar Black Sabbath e um pra acertar Fernando e Sorocaba?”. Não bastasse o nervosismo no momento da partida, que te obriga a ser uma enciclopédia musical instantânea, o jogo ainda te faz passar por todos esses questionamentos filosóficos sobre o seu gosto estético.
Enquanto a Freshplanet colhe os louros de seu sucesso – o Song Pop contabilizou dois milhões de downloads em março deste ano e elogio público de Mark Zuckerberg – muitos adeptos ganharam um ótimo passatempo e também uma neurose extra em suas vidas. É passageiro, certamente, até aparecer algum brinquedo joguinho novo que mobilize suas amizades. Mas os traumas ficarão. Afinal… “como assim você errou ‘Bohemian Rhapsody’??”.
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Márcio Padrão (siga @mpadrao) é jornalista, assina o blog Quadrisônico e espera você desafia-lo no Song Pop -> http://www.facebook.com/mpadrao
Muito legal o texto, concordo com praticamente tudo que foi dito.
E acho que é passageiro. Pelo menos entre meus amigos, a grande febre passou. Joguei por 10 dias, me diverti bastante, mas cansei.
Joguei bastante, mas sou mais feliz agora que abandonei o vício.
Joguei umas 2, 3 semanas, pelo facebook, mas me deu nos nervos. Alias, o facebook e sua onipresença me deu nos nervos.