por Marcos Paulino
Não é que tenha sido uma opção dela, mas a cantora paulistana Patrícia Talem conseguiu, até hoje, muito mais espaço nos Estados Unidos do que em seu próprio país. Foi lá que lançou seus dois primeiros discos e onde conquistou prêmios. Na verdade, como ela própria define, seguir carreira em terras americanas foi um “plano B”. Patrícia se diz “apaixonada” pelo Brasil, e afiança que só não apareceu mais por aqui por falta de oportunidade mesmo. Lá, as gravadoras lhe abriram as portas. Em sua casa, não.
Agora, aos 33 anos, Patrícia quer mudar essa história. Ela acaba de lançar seu terceiro álbum, “Sorte”, o primeiro produzido em território brasileiro. E com um “bônus”: é neste álbum que estreia como compositora. Gostou tanto da experiência que pretende se aventurar com mais frequência daqui pra frente nas canções de sua própria lavra. Ao PLUG, parceiro do Scream & Yell, Patrícia falou sobre este momento especial de sua trajetória profissional.
Você conta que o novo disco surgiu “por acaso”. Que história é essa?
Em janeiro de 2011, eu estava de férias, me planejando pro lançamento do meu segundo disco, “Olhos”. Então o Sandro Albert, meu parceiro de muitos anos, me mandou algumas músicas que ele tinha feito pra uma cantora de Nova York, pedindo minha opinião. Por hobby, fiz três letras em português e mandei pra ele, que gostou muito e sugeriu fazermos outras. Fizemos mais de 20 e registramos esse trabalho. Foi bacana, porque eu vinha de dois discos mais jazzísticos. Então precisei pegar outras referências pra entrar no estúdio com esse repertório mais pop. Foi também a primeira vez que gravei letras minhas, assim cantei com outra propriedade.
Gravar um repertório mais pop abre uma nova fase na sua carreira?
Na verdade, nem encaro como uma nova fase. Sempre fui muito eclética. Antes de gravar meu primeiro álbum, cantava em banda de baile, muito cover. Nem foi assim uma mudança. Sou muito aberta, gosto de cantar e ouvir todo tipo de música. Foi o registro de um momento, e não posso afirmar que vai se manter.
Seu lado compositora vai aparecer mais daqui pra frente?
Gostei muito dessa experiência e quero levar isso pros outros trabalhos, independentemente de serem mais pop, ou mais jazzísticos, ou mais regionais. Não digo que farei um álbum totalmente autoral, porque traria uma carga de dificuldade bárbara. Mas sempre vou trazer alguma marca minha, alguma letra, porque isso dá uma identidade.
Mesmo sendo brasileira e cantando músicas brasileiras, até hoje você teve mais espaço nos Estados Unidos do que aqui. O que te fez se voltar mais para o seu país neste momento?
Sempre tive vontade de apresentar meu trabalho pro público brasileiro. Sou extremamente patriota, apaixonada pelo Brasil. Tive muitos convites pra morar fora, mas amo muito o país, as pessoas, o cheiro, tudo. Desde meu primeiro disco, queria mostrar meu trabalho aqui, mas na realidade nunca consegui. Nenhuma gravadora se interessou. Lá, pra primeira gravadora que apresentei, que é grande, quis assinar comigo e divulgou nos Estados Unidos inteiro. Não fui eu que decidi, foi um plano B.
E agora é um momento legal pra conquistar mais espaço no Brasil?
Acho que o disco novo, criado de forma totalmente acidental e despretensiosa, já está abrindo mais portas. Os outros dois não tiveram gravadora, este saiu pela Radar e está sendo distribuído no país todo.
Você fará uma turnê pelo Brasil para apresentar este trabalho?
O disco foi lançado no dia 14 de junho em São Paulo. Tenho outros compromissos em São Paulo, vou fazer o Festival de Inverno de Amparo, vou para os Estados Unidos e volto para fazer Porto Alegre. Em setembro, vou passar pelas cidades do interior paulista, São Carlos, Bauru, talvez Limeira.
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Marcos Paulino é jornalista e editor do caderno Plug, do jornal Gazeta de Limeira