por Mac
Duas da manhã de segunda-feira e eu tentando coordenar as ideias. Tenho pensando um bocado na vida desde que a taquicardia começou a me visitar com uma frequência não tão agradável. Logo eu, que carrego uma dor de estômago rebelde desde os 21 anos, e que me obriga a endoscopias ano sim, ano não. Vou te contar: dor de estômago, taquicardia e dor de cabeça, juntas, chega a assustar.
As coisas todas começaram a fugir do controle de uns três meses pra cá, e desde então tenho estado mais reflexivo do que o normal, tentando driblar meus próprios limites para fazer as coisas que amo – ou que aprendi a amar. E me questionado cada vez mais sobre quem sou eu, o que me representa, qual minha função no mundo, qual o sentido de tudo isso. Por favor, ria comigo. As coisas não podem ser tão sérias assim.
Se cheguei a alguma conclusão? Nenhuma. Escrevo para eu mesmo me compreender. Ou ao menos tentar. Se a vida que estou levando está provavelmente diminuindo meus anos de vida neste planetinha azul, já está na hora de começar a mudar de vícios. Ou de sonhos. Mas será preciso? Mais: será que ao deixar meus sonhos sumirem no ar como fumaça também não deixo de ser eu mesmo? Não passo a ser outro eu, mais infeliz?
Dúvidas. Mudar é algo complicado. Abandonar coisas é difícil. Estou tentando aconchegar tudo que consigo em uma pequena concha, e me esconder do mundo. Ou, quem sabe, me reinventar. Podemos, você sabe, fazer o que quisermos, na hora que quisermos. Podemos mudar de vida, largar emprego, família, cidade, e vivermos em qualquer lugar, de qualquer maneira. É preciso apenas ter… coragem.
É preciso apenas ser um bocadinho irresponsável, mas se a situação chegou ao ponto que chegou é porque eu já estava sendo irresponsável na tentativa vã de abraçar o mundo e ser feliz. Talvez. Quem sabe. Sei lá. São duas e pouco da manhã de uma segunda-feira e eu preciso olhar nos olhos da minha alma e decidir quem eu quero ser daqui em diante (sendo que me orgulho demais de quem eu fui até agora).
A vida é baseada em uma falha que inevitavelmente irá por fim a tudo em um momento x, muitas vezes sem razão aparente, outras de forma tão óbvia que até soa ironia. Somos todos imperfeitos e tudo que sabemos sobre o fim é igual a nada. Ainda assim, nos raros espasmos de felicidade, a vontade que tenho de não desperdiçar um segundo que seja é tão intensa que, se pudesse, eu nunca fecharia os olhos, nunca dormiria.
Neste fragmento de desabafo talvez esteja a coisa que mais necessito: ser menos intenso, aprender a descansar, contemplar o vazio. O nada. Talvez um mantra. Talvez meditação (talvez eu tente, mas não sei se consigo). Talvez… natação. O grande desafio, no entanto, é curar o corpo sem que a alma adoeça. Sempre brinquei que queria viver até os 100. Não achei que fosse ter que negociar a possibilidade tão cedo…