por Adriano Costa
O diretor Joel Schumacher tem algumas podreiras pesadas em seu currículo, coisas como “Batman Eternamente” (1995), “8mm” (1999) e “O Fantasma da Ópera” (2004), obras que contrastam com bons filmes como “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” (1985), “Os Garotos Perdidos” (1987) e “Um Dia de Fúria” (1993). Seu novo trabalho, “Reféns” (“Trespass”, 2011) não chega a entrar para o grupo das podreiras, mas bate na porta e espera calmamente a alguns pequenos passos.
Nicolas Cage e Nicole Kidman estrelam os papeis principais interpretando um casal bem sucedido, que mora em uma casa fantástica repleta de segurança. Ele é uma espécie de mercador de diamantes; ela uma arquiteta que projetou o próprio lar. Para completar a família temos a filha jovem e rebelde, a bela Liana Liberato – de “Confiar”. Com o time devidamente apresentando e pronto para entrar em campo, a (confusa) trama se desenrola.
Por conta da atividade do pai, a família se vê acossada na própria residência, pois desperta a cobiça de um grupo de assaltantes. Essa cobiça, que inicialmente se mostra apenas material, deixa de ter algum sentido quando se estende para outros lados. A tentativa de justificar o ato em si deixa o já fraco roteiro de Karl Gajdusek (do bom “Desconhecido”), mais fragilizado ainda. Com reviravoltas constantes e explicações risíveis para elas, “Reféns” torna-se apenas suportável.
A atuação dos atores tem pelo menos um lado positivo, pois traz Nicolas Cage em um papel menos ridículo do que em seus últimos trabalhos. Mesmo não sendo espetacular, Cage controla melhor seus trejeitos e vícios e até consegue imprimir alguma carga de boa atuação no seu personagem. Já a estonteante Nicole Kidman parece perdida e totalmente desfocada da ótima atriz que é. Serve apenas como o rosto feminino que desencadeia emoções fortes nos homens.
“Reféns” é um filme que funcionaria melhor se a carga de tensão envolvida fosse muito maior. Sem maiores justificativas ou considerações, apenas o medo elevando em potência máxima o desespero dos personagens e conseqüentemente dos espectadores. Não é isso que se vê na tela. Até que em certas passagens temos algumas leves arrancadas rumo a esse objetivo, mas fica somente nisso. Indicado somente para aquele dia em que as opções nas salas de cinema forem poucas e previsíveis.
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– Textos: Adriano Mello Costa (siga @coisapop) assina o blog Coisa Pop
Leia também:
– “Por um Fio”, de Joel Schumacher, oferece uma diversão eficiente, por Ronaldo Gazolla (aqui)
Acho que, mais do que “Batman Eternamente”, a grande podreira do Schummacher é o “Batman e Robin” mesmo. Às vezes, vejo passando na TV e tento entender como alguém foi capaz de fazer aquilo, mas não consigo. Acho que nunca conseguirei.
“Batman & Robin” é uma podreiraça mesmo. Valeu a menção. 🙂