por Tiago Trigo
Depois do espetacular e oscarizado “O Segredo dos Seus Olhos” (2009) e do ótimo e denso “Abutres” (2010), o mais famoso ator argentino, Ricardo Darín, volta aos cinemas brasileiros com o fraco “Um Conto Chinês” (“Un Cuento Chino”, 2011), do diretor Sebastián Boresztein, que também escreveu o roteiro.
Darín é Roberto, um homem solitário e endurecido pela vida, que toca sozinho uma pequena loja de ferramentas, que funciona no mesmo imóvel em que mora. Veterano da Guerra das Malvinas (que ocorreu em 1982), não conheceu a mãe e tem uma mágoa profunda por ter perdido o pai cedo.
Rabugento, metódico e pão duro, o protagonista tem sua vida sem graça e sem perspectiva alguma inalterada por um chinês, que após sofrer um estapafúrdio acidente provocado por uma vaca (elemento de roteiro que permeia todo o filme) que matou sua noiva em sua terra natal, parte para Buenos Aires em busca de um tio, pensando em recomeçar a vida.
O destino dos dois se cruza por acaso e Roberto tenta ajudar Jun (Ignacio Huang) a encontrar o parente. Obviamente a tarefa não é fácil e o chinês torna-se um hóspede indesejável para o argentino, que passa o filme dividido entre a obrigação de ajudá-lo e a vontade (ou necessidade) de se livrar dele para voltar à sua vidinha calma e medíocre.
O jogo de cena e a impossibilidade de diálogo entre os dois compõem o filme. A piada velha (já usada até em programas humorísticos brasileiros de qualidade duvidosa nos anos 70) de colocar frente a frente dois homens que falam idiomas completamente diferentes e, por isso, mal conseguem se comunicar, não faz rir. Quem quebra um pouco esta monotonia é Darín, mestre na arte de interpretar o argentino típico, com uma oratória rica em palavrões. Mas é insuficiente.
O clichê de ver o lado humano do cara durão e fechado para a vida ser resgatado pela convivência com o seu, a princípio, antagonista, ataca novamente e estraga o filme. Só para ficar em um exemplo mais recente, lembra muito o que acontece em “Gran Torino”, em que o veterano de guerra Walt Kowalski (Clint Eastwood) “amolece” com o garoto asiático Thao (Bee Vang) após tratá-lo de maneira extremamente severa.
Para completar há um romance que funciona como cereja deste bolo insosso. O filme é bem previsível. Não é necessário chegar à sua metade para saber como vai terminar. Bem pouco para Darín, que já tem experiência e nome suficientes para escolher produções melhores.
Leia também:
– O Oscar de melhor filme estrangeiro foi pouco para “O Segredo dos Seus Olhos” (aqui)
Se tem uma coisa que me parece sem sentido em dar opinião sobre alguma coisa é comparação. O que tem a ver tudo isso que já passou antes desse filme ser lançado?! Nada que você assistir com a cabeça voltada a comparar com alguma outra coisa vai te parecer legal e muito menos surpreendente. Se é um outro filme, é outra coisa, não se deve esperar nada nem comparar com nada, se deve assistir do 0 e tirar uma opinião limpa e autêntica. Nunca leio críticas antes de assistir um filme pq não vejo sentido em me basear na opinião de ninguém, que bom que não li a sua, pq minha cabeça já estaria voltada mesmo que inconscientemente a achar o filme um ”clichê” (no sentido ruim que a maioria das pessoas empregam a palavra).. palavrinha que todo mundo se viciou em usar e acha que algo clichê é sempre indiscutivelmente ruim! mas enfim, quem sabe a crítica de todo e qualquer filme seja baseado em filmes clássicos, a atuação do ator principal seja comparada com a melhor atuação que ele já fez, e tudo mais.. enfim, definitivamente não tem pq eu ler críticas, nem antes nem depois! heheh!