por Marcelo Costa
“Bem Me Quer Mal Me Quer”, Érika Machado (Independente)
Lançado no final de 2009, o segundo álbum da mineira Érika Machado é um passeio lúdico por um universo (quase) depressivo que a vozinha delicada da cantora e as batidas suaves das canções tentam esconder. A produção de John Ulhoa (Pato Fu) valoriza esse distanciamento, mas basta acompanhar as letras com o encarte nas mãos para observar a tristeza sorrindo para você. “Tanto Faz” abre o disco falando sobre suicídio ao unir cortes de quarteirões e pulsos. “Dependente” tem um refrão encantador, que revela a dor do título: “Sem você eu estaria doente”. A faixa título explora o fim de um relacionamento (“só ficou o capim”, constata a letra), que faz o peito doer agora, mas que a fofa “3×4” prova não ser pra sempre. “Tão Longe” parece fechar o ciclo com um novo romance. Mas nem só de amor trata “Bem Me Quer Mal Me Quer”. John cede para Érika a divertida e inédita “Plutônio Enriquecido” enquanto a compositora, ao lado de sua parceria Cecilia Silveira, desenha a figura cômica (e, por que não, triste) de um “Tiozão de Bar”, flagra a “Solitária Secretária da Agência de Turismo” e conta a história hilária do “Menino Perfeito”, um rapaz que estudava Direito, mas queria fazer Decoração, “e que com todo o respeito só queria o meu irmão”. Um disco suave e pop para ouvir com atenção.
Nota: 7
Ouça o disco no site oficial: http://www.erikamachado.com.br/
Download: http://lojaerikamachado.wordpress.com/
“O Quarto das Cinzas”, O Jardim das Horas (Curve Music)
Entre 2004 e 2008, Laya Lopes (voz), Carlos Eduardo (guitarra e programação) e Raphael Haluli (baixo) atendiam pelo nome de O Quarto das Cinzas, tendo como registro oficial A Chave (2007), um bom EP em que a eletrônica dominava a influência brasileira. A mudança do nome parece não ter sido à toa. A brasilidade – que se escondia sobre a densidade do trip-hop no EP – se expandiu nesta estreia, e O Jardim das Horas está muito mais para Clara Nunes do que para Portishead (citando duas influências assumidas pelos cearenses). O Quarto das Cinzas, o disco, traz as cinco canções do EP em novos arranjos e mais sete músicas que redirecionam o som do trio para a Bahia sem tirar os olhos de Bristol. A bela voz de Laya (que pode vir a ser a nova musa da música brasileira) ginga dentro de melodias suaves e remete da Gal Costa do inicio dos anos 70 a Daniela Mercury dos primeiros discos. A delicadeza de “Flora Pura” (homenagem a Flora Purim, outra influência confessa), o charme dançante de “Amarelolilás”, as duas versões de “Caminhando com a Bondade” (com Laya derretendo corações ao pedir: “Não se aproveite da minha fraqueza”), os beats de “Incontrolável” e as guitarras ambientadas de “Anoiteço” se destacam em um disco repleto de boas surpresas para a velha MPB.
Nota: 7
“MTV Apresenta Autoramas Desplugado”, Autoramas (CD Promo)
Quinto álbum de uma discografia de respeito, “Desplugado” não segue o modelo exagerado que costuma marcar produções do gênero. Gabriel (violão), Bacalhau (bateria) e Flavia (que estreia em álbum no baixolão após mais de 20 meses de estrada com a banda) partem para o abraço sem frescuras com um repertório que vai das baladas rock “Copersucar”, “Música de Amor” (com participação de Erika Martins), “Sonhador” (aqui Frejat canta e toca guitarra) e “A 300 Km/h”, passa pela empolgação de “Rei da Implicância”, “Hotel Cervantes“ (com direito a castanholas de Jane DeLuc), “Jogos Olímpicos” e “Vou Vivendo” (bom cover da Walverdes) e resgata “Galera do Fundão” do repertório do Little Quail (ex-banda de Gabriel) e “I Saw You Saying”, dos Raimundos (parceria de Gabriel com Rodolfo). Duas músicas inéditas marcam o lançamento: “Gente Boa” e “Samba Rock do Bacalhau”, esta última exclusiva do projeto Álbum Virtual. Para baixar gratuitamente o CD é só fazer um cadastro em www.albumvirtual.trama.com.br. “Desplugado” também ganha versão em CD e DVD (com quatro músicas a mais fora os extras). Para a mítica gravadora britânica Rough Trade, o Autoramas é “a mais importante banda independente do Brasil”. Eles estão certos, e este acústico é uma prova concreta do poder de fogo do trio.
Nota: 8
fã confessa do jardim das horas. acho que
gestado e bem amadurecido eu acho que
esse álbum vai conquistar cada vez
mais fãs.
adoro.
Sinceramente. achei o Jardim das horas uma banda muito fraca. Sem alma, sem vida. Meio qualquer coisa. Pessoalmente, acho o vocal bem fraco tb.
Já o cd da Erika, gostei. Creio que seja o melhor trampo da carreira dela.
Disco da Érika tá muito bom, bom mesmo, a menina tá evoluindo nitidamente em cada composição.
O desplugado dos “Autoramas” é puro rock. Coisa boa de se ouvir, canções acertadas, e de ver ao vivo.