“A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao”, de Junot Diaz

Por Adriano Mello Costa

Oscar Wao é um cara corpulento, desajeitado, nerd por completo e sonhador até a alma. Desde a infância até a vida adulta, dividido entre o país natal, a República Dominicana e os Estados Unidos, sempre se sentiu deslocado do mundo e se tornou alvo de chacotas intermináveis por onde passava. Para superar isso e tocar a vida em frente enfiou a cabeça em quadrinhos, videogames e livros de ficção cientifica e de fantasia.

“A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao” é o segundo livro do escritor Junot Diaz, dominicano atualmente radicado nos USA. O livro ganhou diversos prêmios importantes como o Pullitzer 2008 e o John Sargent 2007, recebendo agora edição nacional pelas mãos da Editora Record, com 336 páginas. Após uma coletânea de contos chamada “Afogado”, que recebeu boas criticas, o novo romance desse escritor de 40 anos era bastante esperado.

Ao tratar das aventuras e desventuras do seu personagem principal, sobre o olhar narrativo de Yunior, seu melhor amigo e ex-namorado de sua irmã, o autor conduz uma história em que tragédia e humor andam lado a lado, com diversos enxertos de cultura pop como O Senhor dos Anéis, Quarteto Fantástico e Watchmen. A vida de Oscar Wao é contada com retrocessos ao passado e partes completas dedicadas aos seus familiares.

Junot Diaz regressa para contar a história da mãe e avô de Oscar e escancara uma série de criticas ao período negro da ditadura de Trujillo, que durante os anos de 1930 a 1961 promoveu uma sangria sem precedentes na história da República Dominicana. Insere também um lado místico, ao presumir que todos da família de Oscar estão diretamente relacionados a uma maldição chamada fukú, que os presenteia com constantes desgraças.

Em “A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao”, temos uma escrita ágil e esperta, que apesar de parecer confusa na sua primeira metade vai se consolidando conforme o andamento. O romance mostra um anti-herói clássico, um cara que até o final anunciado no título, busca o amor em qualquer lugar que possa encontrá-lo, mesmo contra todos os mecanismos de sociabilidade da vida moderna e com a sua maneira confusa e fascinante de ser.

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Adriano Mello Costa assina o blog cultural Coisa Pop

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