por Mac
A primeira escola que estudei foi a Cel. José Benedito Marcondes de Matos, no Bosque da Saúde, em Taubaté. Não lembro tanta coisa a respeito dessa fase de primeiro grau além de que eu precisava caminhar uns quinze ou vinte minutos a pé para chegar ao colégio. Eu atravessava a Av. Oswaldo Aranha, passava por uma praça e descia uma ladeira até chegar à porta da escola num ritual que hoje em dia me lembra correria, avental branco e poeira.
Minha mãe diz que me comportei bem na primeira aula. Enquanto outros meninos choravam assim que seus pais deixaram a sala, fiquei ali observando o mundo. Entrei no primeiro ano sabendo ler e escrever, o que me ajudou muito, mas não me lembro de estudar. Nada. Gostava de História e Geografia, não dava à mínima para Ciência e enganava em Língua Português e Matemática. Acho que fui bem nestes primeiros anos, pois segui na classe A até a quarta-série.
Tento me esforçar, mas não me lembro de professores. Das coisas que me lembro: a Márcia, que pode ser descrita como a minha primeira e inocente paixão. E a Elaine, meu par nas quadrilhas de festa junina. Não me lembro de nenhuma das duas dentro da sala de aula. Acho que esse ambiente está em algum canto apagado da minha memória. A lembrança que tenho das duas é totalmente externa, e mesmo assim não consigo desenhar todos os detalhes. São fragmentos.
Não me lembro direito do rosto da Márcia, mas tínhamos um ritual de brincarmos todos os recreios. Hoje em dia, quando escrevo todos os recreios, não me passa pela cabeça que mesmo no período em que estive com catapora, sarampo, ou algo que o seja que tenha me deixado em casa de cama, tenha me impedido de passar aqueles eternos quinze minutos correndo de lá pra cá, daqui pra lá, ao lado dela. Parece que, simplesmente, todas aquelas manhãs foram divididas com ela.
Já da Elaine eu consigo lembrar nitidamente. Fizemos par nas quatro quadrilhas, da primeira até a quarta-série. Noivo e noiva. Ela tinha um rostinho fofo, algumas sardinhas mínimas, pele clarinha e era bem magricela. Minha lembrança mais clara da Elaine é um registro com eu e minha mãe subindo a ladeira de volta pra casa após um ensaio de quadrilha, e ela fazendo muito gosto na minha noivinha julina que nos acompanhava morro acima. Penso nela e me lembro de flores, primavera.
Meu romance inocente com a Márcia terminou abruptamente quando retornei para a 4ºA e ela não estava na sala. Segundo descobri com meus amigos, sua família mudou de bairro e ela foi transferida de escola. Foi um ano difícil, a começar pela perda dela, depois pela separação dos meus pais, e toda mudança na rotina familiar com a saída de casa do meu pai, e a ida de minha mãe para o mercado de trabalho. No ano seguinte mudei de escola, não me lembro qual o motivo, e também não tive par de quadrilha…
Ps. Também lembro de uma briga no meio da praça, mas não sei o que causou…