Por Marcelo Costa
Você já ouviu falar na Pollyana? Personagem do romance homônimo de Eleanor H. Porter, ela criou um jogo de procurar em tudo alguma coisa que a faça contente, e acabou virando sinônimo de pessoas que são felizes aconteça o que acontecer. Poppy, a personagem principal de “Simplesmente Feliz”, é a Pollyana versão cinema embora o excelente diretor Mike Leigh (que também assina o roteiro original indicado ao Oscar) não tenha dito em lugar algum que o filme seja uma adaptação.
E realmente não é, mas Poppy é o maior exemplo no cinema recente de uma pessoa Pollyana. “Simplesmente Feliz” (“Happy Go Lucky”), inclusive, é um dia de sol na cinematografia de Mike Leigh, diretor acostumando a dramas densos como “Segredos e Mentiras” (1996), “Agora ou Nunca” (2002) e “O Segredo de Vera Drake” (2004). E o personagem Poppy rendeu merecidamente à excelente atuação de Sally Hawkins o Urso de Prata de Melhor Atriz em Berlim e o Globo de Ouro nos EUA.
Ok, algo não encaixa. Pessoas Pollyanas não inspiram admiração, certo. Vejamos a primeira cena do filme: Poppy está caminhando de bicicleta por Londres. Corte. Ela entra em uma livraria, tenta se comunicar em vão com um vendedor carrancudo, mas não consegue. Deixa a loja rindo e dizendo coisas como “Eu não ranço pedaços” e “Não estou levando livro nenhum na bolsa”. Quando chega ao lugar em que deixou sua bike, percebe que foi roubada… e diz: “Nem pude me despedir de você”. E sai saltitante.
É isso mesmo: ela foi roubada, mas nem se abalou. Em um mundo balizado por disputas de todos os níveis, Poppy parece um ET, porém Mike Leigh leva o espectador até o fundo do âmago de seu personagem para mostrar que, na verdade, não é ela quem é um ET, e sim nós. É impossível não se apaixonar por Poppy, e muito menos envolver-se com sua felicidade sem explicação. Ela acredita naquela idéia que defende que um mundo melhor começa consigo mesmo. E faz sua parte.
Bastante típico dos relacionamentos humanos, à primeira vista ela parece enjoativa e com uma felicidade excessiva que incomoda. Quanto mais o espectador conhece a personagem, mais ele se interessa por ela. Não à toa, um dos grandes momentos do filme se dá quando ela encontra um concorrente a namorado (ela tem 30 anos, ainda está solteira, mas não faz drama, muito pelo contrário: sai para as baladas e se diverte como se tivesse 15), e o diálogo dos dois em um pub é impagável e sensacional.
O contraponto de Polly em “Simplesmente Feliz” se dá na pele de Scott (o excelente Eddie Marsan), um instrutor de auto-escola totalmente paranóico, machista, homofóbico, misógino e racista. O embate é inevitável, e a forma com que Leigh lida com a trama desta dupla não só é interessante como também reforça uma das principais características do ser Pollyana: algumas pessoas acabam confundindo aquela alegria toda distribuída carinhosamente com… amor.
“Simplesmente Feliz” é um filme de opostos: histriônico, porém delicado. A direção e o roteiro de Mike Leigh reforçam a premissa central da película, que defende que muitas coisas necessitam de calma para serem compreendidas. Como Polly. Se você assistir a apenas a primeira cena do filme terá uma impressão provavelmente equivocada da alma desta mulher. Porém, se você se dedicar a prestar atenção durante mais alguns minutos poderá encontrar um personagem cativante. Quem sabe…
“Simplesmente Feliz”, Mike Leigh – Cotação 4/5
Putz… esse filme não ‘desceu’ mesmo!!!!!!
Saí do cinema MEGA-ULTRA irritado com essa personagem retardada irresponsável… kkkkkk
Sorry, derepente preciso resolver isso na terapia!!!!
Abs
Mac, até a primeira metade do filme é impossivel engolir a Poppy, sério…eheheh Com o decorrer do filme ela passa a ser mais palatavel e acaba por agradar. Abs.