Por Marcelo Costa
Três lendas gaúchas em bons discos solo que mostram muito de suas personalidades poéticas e musicais.
“A Primavera do Gato Amarelo”, Júlio Reny (Pirata Sulista)
Em seu quinto disco solo, o lendário, romântico e boêmio Júlio Reny continua perseguindo as pernas das meninas pelas ruas e o amor pelas noites do Sul, e embora busque referências em Dylan (“Blood On The Tracks”) e Bukowski, “A Primavera do Gato Amarelo” soa Jovem Guarda tardia, com um instrumental correto e um repertório de canções calmas que lembras tardes de chuva e contam com a participação de Humberto Gessinger tocando viola caipira em “Noite em São Sepê” e harmônica e vocais em “Tenha Fé”.
Nota: 6
“Volume 3”, Frank Jorge (Monstro Discos)
“Vida de Verdade” frustrou com doses de melancolia quem esperava um “Carteira Nacional de Apaixonado 2”, e Frank abre o novo disco cantando: “Sim, você esperava muito mais de mim / O que posso lhe dizer, eu sou assim, não tenho culpa” e crava no refrão certeiro: “Elvis na fase decadente é bem melhor que muita gente”. Não é só “Elvis”: a impagável “Obsessão Anos 60” (que lembra Cachorro Grande), “O Que Sobrou do Mundo” (de climão Graforréia), “Não Sou Como Vocês” e outras credenciam este bom “Volume 3”.
Nota: 7
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“Translucidação”, Nei Lisboa (Independente)
Lançado em 2006, o nono disco do bardo gaúcho Nei Lisboa passou batido por muita gente, e não merece de forma alguma. “Translucidação” é fácil o melhor álbum de inéditas de Nei desde “Hein?”, de 1988 (não contando o hors-concours “Hi-Fi”, disco de covers classudas) com canções inspiradas como a faixa título, a balada de eterna despedida “Côte D’Azur”, o delicioso jazz “A Verdade Não Me Ilude”, a bossa “Dois Meses” sem contar as covers de Oasis (“The Importance Of Being Idle”) e Caetano (“Muito”).
Nota: 8
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