por Marcelo Costa
Tocar por 17 anos com a mesma banda é algo que faz sua vida particular (e sua própria personalidade) ficar em segundo plano. Por mais que você consiga se expressar bem, principalmente se estiver à frente do grupo, suas idéias são a idéia da banda, e teoricamente tudo reflete o pensamento e a sonoridade da banda. Isso em uma banda comum. Agora imagine toda essa história no dia-a-dia de um músico de um grupo de mega-sucesso, ícone de toda uma geração, como o Pearl Jam. Por mais que Eddie Vedder se sinta bem representado, aquilo é o Pearl Jam, não Eddie Vedder.
O “verdadeiro” Eddie Vedder pode ser confrontado agora com o lançamento de seu primeiro álbum solo, “Into The Wild”, trilha sonora do filme homônimo dirigido pelo ator e cineasta Sean Penn. Uma lida no resumo do filme já diz muita coisa. “Into The Wild” conta a história real de Christopher McCandless, um jovem que largou tudo (carreira, família, dinheiro) depois de conseguir seu diploma colegial e partiu rumo ao Alasca para viver em meio à natureza. Se as letras de Vedder carregavam um hippiesmo politicamente correto desde a estréia do Pearl Jam, “Into The Wild” amplia o foco e dá mais liberdade para o cantor e compositor soltar as asas e voar.
Em entrevista a Entertainment Weekly, Vedder conta que teve toda liberdade possível para compor a trilha. “Faça o que você achar que deve fazer”, disse Sean Penn. E o que Vedder queria fazer era um álbum essencialmente acústico, nos moldes de “Nebraska”, clássico de Bruce Springsteen. São onze músicas em pouco mais de 30 minutos de puro Eddie Vedder. Fãs já vão gostar do disco antes mesmo de ouvi-lo. Uma boa parcela do público, no entanto, já se encheu da voz de Vedder. O Pearl Jam tocou (e ainda toca) muito, e a exposição sempre trabalha contra a banda. Porém, conceda o beneficio da dúvida para este álbum antes de torcer o nariz, e a chance de ser surpreendido é enorme.
As cinco primeiras faixas de “Into The Wild” juntas quase não ultrapassam os dez minutos. Eddie Vedder toca tudo no álbum (com exceção de um violão acústico extra em “Society” tocado pelo autor da música, Jerry Hannan, e o backing vocal da Sleater-Kinney Corin Tucker em “Hard Sun”, as duas únicas músicas não compostas por Vedder no disco), de bateria a violão passando por banjo até um ukalele. O som é essencialmente folk, mas a levada pop de “Selling Forth” poderia facilmente galgar a parada de sucessos. “No Celling” traz um interessante trabalho musical, com uma guitarra duelando com o violão nas pontuações do bom arranjo. “Far Behind” segue a linha da anterior, mas é mais roqueira. “Rise” destaca o banjo enquanto “Long Nights” surge dramática.
“Tuolumne” e “The Wolf” são as duas únicas faixas essencialmente instrumentais do álbum, descontando “End Of the Road”, em que o vocalista canta apenas no primeiro trecho, e a versão “Humming Version” da última faixa, “Guaranteed”, que surge como coda após alguns minutos de silêncio. “Hard Sun” é o primeiro single, e é um cover do artista canadense Índio, codinome do compositor Gord Peterson. É também a canção mais longa do disco, ultrapassando os cinco minutos (a versão single é mais curta), mas é grandiosa. Eddie Vedder canta magnificamente bem, e o apoio de Corin Tucker no refrão é plenamente justificável. “Into The Wild” é um belíssimo trabalho solo, um grande disco que serve para lançar um novo olhar sobre um dos grandes vocalistas e songwriters dos anos 90. Eddie Vedder merece a sua atenção. Agora é aguardar o filme…
Ei MArcelo!!!
O cd será vendido no Brasil também?????
abraço
Eddie Vedder soando ao seu ídolo, Neil Young.
Aliás, se tem uma coisa que eu sempre admirei e admiro no Eddie Vedder e a sua banda “ultra-famosa”, o Pearl Jam, é a maneira como eles enxergam a música na forma de libertação para a sociedade. Os caras fazem músicas simples, estética zero, nada de propagar a revolução sonora da década, são objetivos, curtem o que fazem e não largam a música, pois o mundo ainda precisa dela.
Enfim, mesmo sendo “piegas”, atualmente, eu curto a mensagem que o Eddie Vedder passa em suas músicas.
Como forte inflluência dita em alto e bom som, do próprio Vedder, ao REM e ao mestre Neil Young. Dois ícones fundamentais na história da música.
Enquanto houver esse tipo de mensagem em forma de música, vou sempre acreditar no ex-frentista de posto, com sua voz potente e marcante, no que ele tem a dizer a nós.
Vedder aprendeu direitinho a lição com os seus ídolos, Michael Stipe e Neil Young. A mim, diz muito.
Ainda nao escutei o disco…:) O que encheu um pouco do Vedder (e olha que ja fui muito fã de Pearl Jam) foi realmente isso, coisas demais…mas vamos ver esse album e o filme consequentemente…
Abs,
Como disse o colega Daniel, a influência de Neil Young e de Michael Stipe é brm notória.Grande disco do senhor Vedder.
Abraço de Portugal
É…
Às vezes me parece um pouco messiânica, a postura do PJ, porém passa-me uma sensação de sinceridade.
Ao contrário do U2, especificamente o Bono Vox, que “veste” uma postura de “salvador do mundo”, com ingressos de sua banda beirando o absurdo. Não entro no quesito ao som dos caras, que num todo é muito acima da média. Mas esta questão, a mim, é um pouco contraditória.
Poxa, também fui ao show do PJ, no Pacaembu. Muito bom. Aliás, aquela cover final do mestre Neil Young, de “Rockin`In The Free World”, foi sensacional. Arrepiou.
Um sonho distante: Wilco abrindo e Neil Young fechando o concerto.
Abraço
Olá Marcelo, conheci seu blog através desta resenha sobre Eddie Vedder, achei mto legal, tanto a resenha quanto o blog, parabéns…Eu sou fã confesso de Pearl Jam e consequentemente do seu vocalista(suspeito pra falar), ouvi o cd e achei mto bom, cheio de influências bem particulares de Eddie…Tmb escrevo um blog sobre música (sem comparações, o meu é puro hobby), mas é bem recente, se quiser dar uma olhada deixei o endereço no campo que pede meu site…Só como informação complementar (provavelmente vc ja saiba) Eddie Vedder tmb trabalhou recentemente em mais duas trilhas sonoras. A primeira é para um filme estrelado por Adam Sandler que se chama Reign Over Me , e o segundo é um documentário chamado Body of War, os dois trailers podem ser vistos no you tube…Parabéns novamente…Abraço
É bom lembrar que o filme é uma adaptação do livro de Jon Krakauer. O autor tentou esclarecer a sagua de McCandless. Chris acabou virando ícone, quase um mito, algo como um Thoreau moderno, nos EUA.
Representa uma galera que anda com mochila nas costas e tal.
Eddie Vedder tá aí de cabeça nessa esfera da cultura norte americana, assim como Jon Krakauer, e Sean Penn, que já é amigo de Eddie Vedder a bastante tempo.
sempre esperei um disco soturno do eddie vedder… principalmente avaliando algumas músicas ‘solo’ que ele plantou no pearl jam.
Fantástico.
Em algumas canções do PJ já podíamos sentir que talvez o Ed tivesse essa vertente acentuadamente folk, mas nunca imaginei que poderia chegar em algo tão sublime.
PJ sempre representou para mim trilha para momentos de alegria, raiva e instabilidade, mas esse solo abre francamente as opções de sentimentos. A primeira crítica que me veio quando terminei de escutá-lo foi: “pqp, que bela melancolia”.
Muito bom seu blog. Se tiver um tempo conheça o meu (é amador, mas é limpinho).
Abraços,
nasatto
Olá Marcelo.posso usar seu comentário feito em relação a Eddie em seu album solo, pra colocar no perfil da comu que criei sobre este album?
mas é bom mesmo que você gostou!! bjs