texto por Marcelo Costa
Se existisse alguma lógica na história da música pop, este “Baby 81”, quarto álbum da carreira do trio norte-americano Black Rebel Motorcycle Club, teria visto a luz do laser uns três anos atrás, justamente antes de “Howl”, terceiro álbum do grupo, que apostava todas as suas fichas no folk, no blues e no soul, radicalmente. Após exorcizar sua paixão por Bob Dylan em “Howl” (segundo melhor disco no Prêmio Scream & Yell 2005), o BRMC retoma a porrada dos dois primeiros álbuns com guitarras pesadas, bateria acelerada e cutucadas políticas, sem fechar as portas para violões, baladinhas ao piano e um folkzinho safadamente pop com gaita. Prepare-se, leitor: você está diante de um dos grandes discos de 2007.
A primeira diferença de “Baby 81” para “Howl” surge logo nos primeiros cinco segundos do álbum. Se “Howl” começava com um vocal a capella, “Baby 81” é aberto com um riff seco, sujo e pesado de guitarra, que serpenteia sobre si mesmo. É “Took Out A Loan”, que versa sobre corações vazios e confusos. “Berlim”, a próxima, é a preferida dos fãs da banda no site oficial do Black Rebel Motorcycle Club. Não é a toa. Uma porrada com bumbo socando o peito, guitarras chicletudas e um vocal inspirado credenciam “Berlim” como um dos melhores momentos do álbum. “Weapon Of Choice”, primeiro single do disco, acelera a batida de violões do álbum anterior, enfia doses cavalares de guitarras por baixo (por cima e pelos lados) e avisa: “Não desperdiçarei o meu amor com um país”.
Depois de três canções arrasa-quarteirão, a banda coloca as guitarras distantes na mixagem, e valorizam o piano na balada porrada “Window”, que lembra Beatles em algum lugar (mas eu mesmo não sei onde) enquanto aponta o dedo para o peito do ouvinte: “Seu coração é a sua fraqueza”. Desse ponto em diante, o disco se parte em porradas rock and roll (“Cold Wind”, “Need Some Air”, “Lien On Your Dreams”) e canções mais lentas, ora baladas folk como “666 Conducer”, ora gospel com uma longa introdução de órgão como “All You Do Is Talk”, ora rock assoviável como “Not What You Wanted” (outra das grandes canções de “Baby 81”). Levada por violões, e com um belíssimo arranjo de cordas, “Am I Only” fecha o álbum de forma bela e melancólica.
Se o mundo fosse perfeitinho, e tudo seguisse uma ordem correta, “Baby 81” deveria ter vindo antes de “Howl”. Suas quedas pelo folk, gospel e blues (inéditas nos dois primeiros discos da banda) não assustariam tanto como assustaram na virada brusca do disco anterior. Mas o mundo pop (felizmente) é recheado de surpresas e decepções sem ordem aparente. Quem cedeu um voto de confiança para o BRMC no excepcional disco anterior, pode colher barulho de primeira grandeza agora. Em seu quarto disco, o trio mistura influências de Jesus and Mary Chain (aquele vocal doce e psicótico), Bob Dylan (o folk, o blues, o ativismo) e Hells Angels (a paixão por guitarras altas e jaquetas de couro). O resultado é um disco forte e empolgante, que deve soar ainda melhor ao vivo. Agora é aguardar que a banda baixe por estes lados. E arrumar um lugar para esse álbum na (sempre complicada) lista de melhores do ano. O BRMC merece.
– Marcelo Costa (@screamyell) edita o Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne
esse e Neon Bible entram fácil, fácil na lista!
marcelo, meu velho, vale muito a pena importar pela amazon. importei o primeirão deles, e não me pergunte como, saiu tudo por quarenta patacas. outro dia mesmo recebi uma notificação que o baby 81 tava por cerca de 14 dolores. mais o frete, claro. mesmassim tá valendo a pena. aproveitem o dólar baixo, não se sabe até quando isso vai durar.
Valeu, Mac!!! Esse pra mim é o melhor álbum de 2007 (se eles lançarem outro ainda neste ano, irei re-avaliar meu ranking pessoal… rsrsrs).
Abração!
Pra mim é o melhor disco do ano até agora. Minhas preferidas são Weapon of Choice e Killing the Light.
A propósito, o single do Vanguart e tudo o mais chegaram aqui em casa direitinho. E o show foi excelente! Valeu mais uma vez =)
Eu conheci o BRMC através de um clipe na MTV e achei bem interessante. Comprei o 3º disco deles e notei que o som não era nada parecido com o que eu havia visto no clipe. Mesmo assim eu curti o som pra caramba e me tornei fã da banda. Agora tô juntando dindin pra comprar o novo deles. Pena o preço no Brasil ser tão alto e, ainda por cima, eles não lançarem o cd em versão nacional. Viva a internet!!!
Mac,
A dobradinha “Berlin” e “Weapon Of Choice” é muito, mas muito f…!!
Confesso que demorei a gostar do “Howl”, mas hoje gosto bastante e acho que ele deveria ter vindo mesmo antes para dar todo esse baque…
Agora vai ser muito dificil tirar esse “Baby 81” do meu top 5 no final do ano, ô se vai…
Abraços!
Tão bom quanto “Howl”, uma mescla interessante de guitarras e violões.
Um dos discos do ano, tranquilamente.
Será que vir pro Brasil?! uhhuummm!
realmente baby 81 e neon bible disputam pau a pau o melhor do ano, acabei de voltar da gringa, nao trouxe o disco porque ele ainda estava com preco de lancamento la, mas he uma edicao linda, pena que nao vai sair por aqui, para fechar vi os caras em um show de pre lancamento em um pub para umas 400 pessoas, e realmente foi impressiontante a energia do negocio, BRMC fodao pra %!@$&@#!!!
Pois é, cara! Agora corre, pega o seu Take Them On na estante e confere o quanto ele é um discaço também. Nunca é tarde para corrigir injustiças e fico muito feliz de ver a banda com dois álbuns seguidos frequentando as listas de melhores.
Espera chegar o Zeitgeist do Smashing Pumpkins.. ai vc vai ver oq é rock de verdade.
ps: gostei desse cd.. mas nada demais..
pra mim o Take Them On… é o melhor disco deles. não sei qual o problema que todos veêm nele. Baby 81 é mto bom tambem, destaco “Cold Wind” como a minha preferida- simples e louca- e a não citada, maravilhosa “American X”.