Pay The Devil, de Van Morrison (Universal)
Preço: (em média) R$ 30
Van Morrison têm 61 anos e mais de 35 discos lançados em toda a carreira. Como um Neil Young ainda mais rebelde, Van alterna estilos em seu discos ano a ano, o que lhe custa a simpatia do público pop (tão acostumado a repetições), mas lhe salva a alma atormentada em busca de grandes canções. “Pay The Devil” foi lançado em março (inclusive no Brasil), e traz Van trafegando com classe, maturidade e paixão no mesmo território que Frank Black (Pixies) decidiu caminhar solo nos últimos tempos: o country e o folk.
Van Morrison consegue ir além dos dois bons trabalhos de Black (“Honeycomb” e “Fastman / Raiderman”) por sua qualidade vocal e pela escolha do repertório. No primeiro ponto, Van rasga a voz de tal forma em canções como “Your Cheatin’ Heart” que chega a aproximar sua interpretação da soul music, em um resultado que emociona. Já o repertório resgata onze canções (na edição importada são doze) perdidas nos porões da memória e as coloca ao lado de três novos números assinados pelo próprio Van Morrison.
“There Stands the Glass” (original de 1958) já havia sido gravada por Jerry Lee Lewis e Willie Nelson. “Half as Much”, de Curly Willians, já ganhou interpretações de Petula Clark e Ray Charles. Entre as covers, ainda há canções de Clarence Williams, Leon Payne e Hank Willians. O interessante na reunião de tantos clássicos quase obscuros do country e do folk é que quase tudo parece Van Morrison. Ele assina “Playhouse”, “This Has Got to Stop” e a faixa título, que explica o projeto: Have to pay the devil for my music / Keep on rolling from town to town / Have to pay the devil for to play my music. Com um disco inspirado como este, Mefistófeles só pode ficar feliz. E nós também.
Salve, salve…
Van Morrison, com certeza é um dos “caras”, sempre competente, dificilmente lança um album ruim e é dono de um bom gosto e uma voz ímpar.
“Pay The Devil” é um bom disco, que não chega a ser excelente, mas vale a pena escutar, otimos momentos como “Playhouse”.
🙂
Van Morrison é um fenômeno, um verdadeiro camaleão sonoro, com a incrivel virtude de passear por vários estilos sem perder a qualidade, mantendo-se sempre no auge. Vale lembrar que Van Morrison foi o protagonista de uma das melhores bandas de rock dos anos 60, o Them. Gosto muito de Country, e achei o Pay the Devil excelente! Excelente também ver esse disco aqui no blog, tanto pelo fato de ser Van Morrison, quanto pelas informações bacanas do texto e a percepção que venho tendo de que as pautas aqui não se guiam pela onda mainstream. Mas certamente o post não será muito comentado, e torço, como ouvinte recente, pra que isso não seja motivo para mudanças de critérios…
Bem, em três palavras, (classe, maturidade e paixão), o Mac conseguiu dar a dimensão exata do que eu também senti em relação a este álbum. Já escutei muito o Pay the Devil esse ano, mas deu até vontade de ouvir novamente! 🙂
ps.: Mac, valeu pelas palavras no post anterior. abçs.
po, MAC!
Até que enfim falaram do Van Morrison!!!!! hehehe
tem uns artistas que eu sempre ouço, mas encontro pouco sobre eles na mídia, como a Joni Mitchell (q nao anda tao relevante, eu sei) e o Van Morrison, entre outros.
Bom saber q pelo menos vc ouviu o disco….
Caros amigos,
Desculpe a franqueza, mas seu site e’ monotono.
Me desculpe mesmo, por ser tao direto, nao tenho a intencao de magoar.
Os livros da MOJO soam como superficiais, como o way of life paulista. Perdao, mais uma vez.
Vivo e vivi em Londres durante boa parte da decada de 80. New Order, Depeche Mode, etc. sao hoje vistos como uma onda que ‘gracas a Deus’ acabou. Os cidadaos londrinos que tinham 20 anos naquela epoca estao agora com 40 e, a maioria, nao guarda saudosismo da onda New Wave, Pos-punk ou tudo-apos-1976.
Pelo contrario, mais do que nunca o europeu se volta para musica de maior qualidade harmonica que teve seu peak na decada dos 60/70.
Ademais, os que nao gostam da musica de esta epoca ficam mais propensos a jazz.
Somente em Brasil, e especialmente SP e RJ, caminha para tras. “Viva a Jovem Guarda”, ‘ Festa Disco’, “Reviva anos 80”.
Em Brasil, nada se cria, tudo se imita, ou parodia. Veja esses caras que estao no seu site hoje, sao copias, imitacoes de alguem.
Em suma, o rock, com o termino da decada dos 70 nada mais e’ do que uma tentativa de se alcancar novamente o peak atingido por The Beatles.
Nada ha’ de novo, infelizmente, que esses musicos nao tenham feito.
O tecnopop teve suas sementes plantadas (?) na esquisita Revolution 9.
Sou brasileiro, mas admito que as unicas coisas originais, depois que voce mora em outro pais, em musica sao a Bossa Nova, o Corner’s Club (como conhecido em London town), Jorge Ben, Sergio Mendes. Os Mutants sao apreciados em Paris, mas em London sao mais uma copia de The Beatles. Secos e Molhados ja’ foi bem quisto.
Abracos.
Desculpa aí Sérgio, também serei franco, não concordo com suas opiniões, mas eu as respeito muito. Explicarei agora a minha opinião:
Dizer que um site é monótono é uma opinião pessoal, que depende apenas do que você procura. No caso, eu acho que este blog levanta boas questões e fala de bons discos (pelo menos na maioria das vezes) com uma proposta divulgada de atualização semanal. Outros blogs eu acho que são superficiais demais, focados em modismos, com uma linguagem de bate-papo, apenas com várias notas curtas sobre um assunto mais imediato. Não gosto muito, mas tem muita gente que gosta…
Os livros da Mojo eu ainda não li pra opinar, mas gostaria de saber, que cultura no mundo de hoje não é superficial? Sim, todos os meus amigos com mais de trinta anos hoje aqui no Brasil também só curtem o rock, o funk e o soul dos anos 60 e 70, jazz e também country. Mas não vejo a densidade da cultura jovem inglesa ou de qualquer lugar, onde todo mês aparece uma banda que será a melhor de todos os tempos, salvadora do Rock.
É certo que as inovações no campo musical estão em baixa, depois da explosão criativa dos anos 60 e 70. Mas até mesmo os anos 80 trouxeram novidades, e o New Order foi sim uma delas. Não é porque os Beatles fizeram Revolution #9 que nada mais nesse campo será original. A originalidade, a meu ver, também consiste em transformar conceitos já trabalhados agregando outros valores a eles. Muito do que os Beatles fizeram foi nesse sentido, eram mestres em transformar o que já existia.
Não sei se os ingleses são tão saudosistas quanto os brasileiros, mas é certo que muitas (talvez a maioria) das bandas maintream da Inglaterra hoje têm seu som baseado nos anos 60. Mas não acredito que alguém ainda ache ser possível repetir o sucesso dos Beatles nos dias de hoje. Os tempos são outros.
O Brasil é um dos paises mais criativos em termos de música, mas o problema é que não temos projeção mundial. Talvez o mundo acredite que a música brasileira se restrinja a Mutantes, Sérgio Mendes e Tom Jobim, além de mais uma meia dúzia de oportunistas. Os Mutantes foram uma das maiores bandas do mundo, e o seu relacionamento com a música dos Beatles (uma grande influência, sem dúvida) está na atitude inovadora e na visão psicodélica. Mas não há qualquer indício de ser uma simples cópia brasileira. O mesmo com o Secos & Molhados, uma das bandas mais originais que tivemos. Em tempos mais recentes, tivemos Itamar Assunção e Arrigo Barnabé, nos anos 80, que mesmo distantes das raízes rock, foram artistas de grande originalidade; e o Mangue Beat, nos anos 90, que foi um movimento que também acrescentou novidades ao rock brazuca. Mas repare que o rock é uma invenção americana, portanto não há como fugir de seus elementos originais e de suas influências, caso contrário deixaria de ser rock. Mas a absorção de novos elementos de forma criativa é o que gera a originalidade.
Quanto ao papo de ser ou não ser cópia, considero algo muito perigoso. Então um cara que gosta de rock cru não poderá formar uma banda pra tocar o que gosta porque já tem um monte de gente fazendo isso? Rock é Rock, com todos os seus subgêneros. Se eu quiser fazer punk-rock de três acordes, por exemplo, então não posso, pois serei sempre a imitação de alguém? Tem muita imitação descarada por aí sim, mas temos que ser cuidadosos, pois também tem muita gente boa que faz apenas o que gosta do jeito que está a fim de fazer, obedecendo às regras da influência, mas sem ser uma mera imitação e com muita qualidade e um toque pessoal. E pra ser sincero, adoro ouvir bandas novas como a McFly, com uma sonoridade moderna baseada em bandas como Beatles e Beach Boys.
Um abraço!