Sábado, pouco mais de meia-noite. Enquanto o céu desaba em forma de chuva, a excelente infra do Nokia Trends 2006 protege o público, e o prepara para uma boa escalação de shows, que haviam começado às 22h do sábado e só iriam acabar lá pelas 8 da manhã do domingo. Enquanto eu lamentava com amigos ter perdido o show do Soulwax que, segundo outros, tinham feito uma excelente apresentação, o Hot Hot Heat adentra o palco, e o que acontece a seguir coloca vários elefantes atrás da orelha deste que vos escreve: o público presente cantou todas (eu escrevi TODAS) as músicas do show com a banda.
Alguém pode até dizer que isso não surpreende, mas é preciso verificar que não estamos falando de uma banda badalada, que está toda hora na mídia, com disco novo na praça ou sendo motivo de investimento da gravadora. Deixando os méritos musicais da banda de lado (que são muitos), o último álbum de estúdio do Hot Hot Heat, “Elevator”, foi lançado em abril de 2005, na gringa, e apesar de alguns bons singles (como “Goodnight, Goodnight”), não repetiu o blá blá blá do álbum anterior, o excelente “Make Up The Breakdown”, de 2002, que cravou hits como “Bandages” e “Get In Or Get Out”.
Ou seja, vamos desmembrar o parágrafo anterior: o disco novo dos caras é de um ano e sete meses atrás (um século nas contas da música pop), e os maiores sucessos do quarteto são de quatro anos atrás (quantas bandas surgiram e quantas outras acabaram neste tempo, hein?). E nenhum dos três discos oficiais do grupo foram lançados no Brasil. E eles não tocam nas rádios brasileiras. E eles não aparecem na MTV. E eles não tocam (tanto) nas baladas. Como é que uma banda com um currículo destes pode ter todas as suas músicas cantadas em coro pelo público? Um, dois, três: porque a Internet tornou o acesso às músicas da banda muito mais fácil.
Só essa análise que se pode tirar desta história acima? É tudo tão simples assim? Não, meu caro amigo, e é por isso que a sensação de ver pessoas cantando as músicas de uma banda que seu amigo do lado nunca ouviu falar mexeu com meus pensamentos. A popularização da música via MP3 – que resultou no assombro do público cantando todas as músicas do Hot Hot Heat, assim, aliás, como já havia acontecido com o Art Brut no Motomix 2006 – está causando mais mudanças nos hábitos dos consumidores do que todos nós supomos imaginar. A primeira grande mudança é a relação que nós, consumidores, temos com a música a partir desta nova era.
Quem se relacionava com o vinil, uma bolachona preta com uma capa de papelão, tomou um choque com a digitalização do CD, um disquinho de acrílico com uma folhinha de alumínio, e seu tamanho. A popularização do MP3 é outra coisa: agora, a música não tem mais rosto. A capa de um disco, que diminuiu nove vezes de tamanho na troca do vinil pelo CD, praticamente inexiste na era MP3. Música sem rosto. Agora, é possível guardar 10 discos diferentes em um único CD de 700 MB. Isso porque ainda não está sendo comercializado o DVD de 800 Gigas que a Iomega anunciou a patente em março. Imagina, 800 gigas! Eu conseguiria guardar em cinco discos de DVD os 5 mil CDs que ocupam toda a minha sala.
Isso tudo quer dizer que CD tal qual o conhecemos ainda não morreu, mas vai morrer, e logo. O CD vai morrer, mas não a música. E é preciso estar atento (e forte) para perceber que o CD é apenas um suporte de transporte do arquivo música, como eram o vinil e a fita K7. O CD é mais simples, mais prático, mas também mais caro, muito mais caro do que deveria custar. A popularização do MP3 é algo que veio para ficar. Logo, aparelhos vão sair de fábrica prontos para executar o arquivo (seja ele com extensão MP3 ou então WMA e outras variáveis). Até hoje não me preocupei em adquirir um iPod porque meu discman toca MP3. Dois CDs de 700 MB na mochila e estou carregando pra cima e pra baixo no mínimo 20 discos (e umas 230 músicas). Em casa, ouço hoje em dia muito mais MP3 do que discos de vinil ou mesmo CDs. Coloco o CD de MP3 no aparelho de DVD (um Pionner que reproduz MP3, WMA e outros) e, como ele está conectado no sistema de som da sala, sinto que estou ouvindo música como sempre ouvi. O suporte mudou, mas a música continua a mesma.
Gravadoras alertam o medo de perder o controle sobre a música (apesar de Gwen Stefani ter batido a marca de 1 milhão de downloads legais com a música “Hollaback Girl” – ou seja, ter vendido 1 milhão de vezes a mesma música) enquanto artistas reclamam que a música que eles fazem está sendo passada de mão em mão sem que as pessoas paguem por isso. No caso das gravadoras, é preciso agradecer por ela ter abastecido o mercado quando não havia mercado. É impossível imaginar a música brasileira sem todos os discos dos anos 60 e 70, por exemplo. Mas agora o tempo mudou, e as gravadoras continuam fazendo o papel de conectar o artista ao seu público. Elas só precisam se adaptar aos novos tempos.
Já sobre os artistas, vale lembrar que – no começo da história – eles ganhavam dinheiro fazendo shows de cidade em cidade. Não havia como registrar as canções para que as pessoas ouvissem (nem haviam aparelhos), então a lembrança que o público tinha de um show era única. O artista ir onde o povo está era uma regra de sobrevivência. Isso retorna agora, em um grau menor, já que um artista no ramo da música não produz apenas música (embora devesse, mas a discussão neste momento não é essa), mas também moda, além de poder unir sua obra a diversas outras situações. Mesmo assim, enquanto alguns poucos vivem sob a luz dos holofotes, outros milhares lançam bons discos, e devem permanecer num semi-anonimato, mas com um público fiel, como exemplificou o Hot Hot Heat, uma banda que de dez amigos seus que você perguntar, um deve conhecer bem, e que fez mais de duas mil pessoas entoarem suas canções como se fossem hinos. Sobretudo, um público jovem, que com certeza não tem a mesma paixão pelo objeto CD/vinil que a geração anterior tem. Pra quê ter cinco mil discos se você pode ter todos em MP3 espalhados em HDs, Ipods e CDRs? Comprar música pela Internet já virou uma realidade para muita gente, e logo irá pegar você também, caro leitor. O CD morreu, meu amigo. Viva a música.
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Ps1: os cinco ganhadores da promoção Los Hermanos no Circo são:
Ana Alice Gallo
Érika Ermida de Freitas
Ligia Medina
Tiago Dezotti
Vanessa Cazotto Ferreira
Os convites devem ser retirados na porta do evento, após as 20h, mediante apresentação do RG.
Bons shows pra vocês.
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Ps2: o We Are Scientists (foto maior) até que fez um show legal. Fazia tempo que eu não pulava/cantava tanto quanto pulei/cantei em “Nobody Move, Nobody Get Hurt”, mas falta muito para o trio fazer um graaaande show. Eles têm apenas um disco, dá pra acreditar? Já o Hot Hot Heat foi uma celebração. Ao vivo, as influências do Cure tão presentes em estúdio dão lugar a um som mais urgente, que aproxima a banda do Franz Ferdinand. Showzão com todo mundo cantando. Já o Bravery parece que foi um fiasco. Eu mesmo só vi duas músicas da banda. Amigos comentavam que a melhor música do show havia sido um cover do INXS. Existe algum problema quando um cover é a melhor música do show. Ainda mais quando é um cover do INXS. E o 2Many DJs (fotos menores) foi bacana, mas faltou algo. Pulei muito quando eles tocaram “Girls & Boys”, do Blur, mas no geral me pareceu tudo Chemical Brothers demais desta vez. Todo momento parecia que iria entrar “Hey Boy, Hey Girl”. E eles não precisavam ter enfiado CSS e Bonde do Role no set. Ok, CSS tudo bem. :o) Por fim, perdi o Ladytron. Apesar de amigos derramarem elogios à banda, não tive pique para assistir ao show às cinco da manhã. Queria, muito, mas a minha cama me pedia de volta. Dizem que foi um showzão com direito a bis e integrante da banda mostrando que não rolava tocar mais nada, pois os técnicos já estão desmontando tudo.
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Ps3: Para assistir e se emocionar: Snow Patrol ao vivo no Botanic Gardens, em Belfast, 26 de novembro último. Está tudo ali: “You Are All I Have”, “Chocolate”, “Spitting Games”, “Run” e? “Chasing Cars” (de arrebentar o coração). Assista aqui. Aliás, o ótimo “Eyes Open” é o álbum mais vendido na Inglaterra em 2006, 1 milhão e 200 mil cópias. As gravadoras ainda vão sobreviver alguns anos.
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Ps4: Acho lindos os velhos vinis, mas sou obrigado a assumir que adoro a praticidade do CD. E, agora, ainda mais o MP3.
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Ps5: O amigo Danilo Corci está bancando uma idéia muito bacana: “Se um disco pudesse ser convertido em palavras, que história que ele contaria?”. As histórias em questão estão rendendo a primeira tiragem da Mojo Books, uma série de livros em PDF inspirados em discos, da qual eu farei parte em janeiro. Os primeiros volumes serão lançados no próximo dia 2 de dezembro e trazem “Technique”, do New Order, revisto por Ricardo Giassetti, “Black Celebration”, do Depeche Mode, recriado por Danilo Corci e “In It for the Money”, do Supergrass, recontado por Delfin. Fique atento para baixá-los gratuitamente no Speculum.
A próposito, vou escrever sobre o Doo… deixa pra lá. :o)
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Ps6: Na sexta-feira dia 08/12 assumo as pick-ups na festa de aniversario do ótimo site Sampaist, no Studio SP. Confere, abaixo, o flyer.
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Ps7: Nesta sexta tem PELVs, em São Paulo. A banda está lançando seu quarto álbum em 15 anos, novamente pela Midsummer Madness. Segue, abaixo, uma entrevista rápida com eles:
Três perguntas para Gordinho, da Pelvs
01) Qual a importância do tempo no som da Pelvs? O que mudou do primeiro álbum para o novo?
O tempo é um fator importante. A PELVs sempre trabalha sem pressão para entregar um disco novo, então acabamos demorando muito para gravar, mixar e finalizar. Talvez se não tivéssemos tanto tempo, o resultado seria totalmente diferente. Não sei se melhor ou pior. Quanto à mudança na sonoridade ao longo dos anos, é muito natural. Gosto de pensar que existe uma evolução desde o primeiro disco até o “anotherspot” e isso acontece porque nós, pessoalmente, mudamos e vamos incorporando outras referências com o tempo. O fato de nós termos ganho segurança no estúdio faz bastante diferença também, já que sempre produzimos os discos sozinhos. Agora, a forma como o som da PELVs mudou de um disco para outro na minha cabeça é a seguinte: O “Peter Greenaway’s Surf” é um disco muito cru, feito por adolescentes sem nenhuma experiência. O “Members to Sunna” é o disco em que a PELVs descobriu o estúdio. Muitas idéias e muitos recursos, mas faltava um pouco de controle sobre o resultado. No “Peninsula” a idéia foi domar esses instintos de usar todas as idéias que aparecem. Isso aliado a mais experiência no estúdio fez um disco mais redondo. A gente tentou não ser tão certinho no disco novo. Tentamos ousar mais. Usamos bateria eletrônica em algumas faixas, gravamos músicas mais longas e com mais detalhes. A idéia é que o disco não seja tão imediato, mas que as pessoas possam descobrir coisas diferentes a cada audição.
02) Como manter-se na ativa por quinze anos em um mercado tão desrespeitoso como o nosso?
Fazer o que tem vontade e depois não acreditar que as coisas boas vão acontecer de repente. Esse ceticismo nos previne de ter decepções e eu acho que as decepções são o principal motivo para o fim de bandas como a PELVs.
03) O disco novo coloca a banda na estrada. Vocês têm tocado regularmente?
Temos ensaiado bastante ultimamente, mas nem lembro quando foi o último show. Não procuramos muitos shows desde que começamos a gravar o disco. Agora, nossa vontade é tocar o máximo possível. Temos esses dois shows (Rio, 29/11 e SP, 1/12), depois alguns shows marcados e queremos tocar bastante a partir de janeiro. Temos muita vontade de ir para o Sul novamente. Nunca passamos do Paraná. E gostaríamos de ir ao Nordeste mais uma vez. Fizemos shows muito bons em 2004 em Salvador e Recife. Quem sabe dessa vez tocamos em mais cidades. No show, a gente tenta equilibrar o repertório, mas o mais importante é tocar as músicas que funcionam melhor ao vivo. Muitas vezes a escolha do repertório surpreende as pessoas que vão aos shows esperando as músicas mais agitadas. E sempre tem uma música que a gente nunca gravou que gostamos de tocar.
Cara, vai me desculpar, mas 2 mil pessoas cantando junto não é rigosamente nada. Só a título de curiosidade, fiz um search sobre o show do Queen no Morumbi, em 1981, e a estimativa de público nos dois shows é na casa dos 250 mil, cerca de 130 mil num dia e 120 mil no outro. 2 mil pessoas era o público de um Ratos de Porão nessa mesma época, sem Internet nem MP3. A gente precisa parar com essa mistificação da modernidade. Aparece um Arctic Monkeys da vida e todo mundo entra numas de que “agora a divulgação é pela Internet”. Peraí, pra cada Arctic Monkeys que vingou, tem umas 500 mil bandas se “divulgando pela Internet” que não dão em nada. A Internet não é um pai-de-santo fazendo milagre pra transformar artistas meia-boca em sucesso de massa. Repito, 2 mil pessoas cantando a sua música não é sucesso de massa, é o mínimo que vc tem que ter conseguido depois de quatro anos de carreira. A Internet pode até facilitar as coisas, mas o segredo do sucesso ainda é e vai continuar sendo o mesmo: boas músicas tocadas por bom músicos. O resto é conversa pra boi dormir.
Não acho legal se entregar tão de cara à morte do cd pela supremacia do mp3. Sim, é uma realidade inegável, até mesmo lá em casa. Hoje em dia ouço muito mais mp3 do que meus vinis e cd’s. Até porque já comprei um som 5.1 pro meu computador. 🙂 E não é por praticidade, a palavra certa é oportunidade. Eu não teria dinheiro pra comprar (isso se eu encontrasse à venda) nem um terço dos discos que eu tenho em mp3. Também não saberia da existência de muitas bandas não fosse a internet e o mp3. Mas é no mínimo uma ingratidão, por exemplo, definir o vinil como “uma bolachona preta com um buraco no meio e capa de papelão”. Eu prefiro dizer que é um disco de vinil com uma capacidade superior de gravação de graves e médios, e com uma capa que é uma extensão da arte sonora, onde a obra pode ser apreciada com muito mais profundidade. Chegamos à questão! Perdemos percepção e profundidade em nome do imediatismo e da praticidade, enfim, da pressa e da preguiça! Sim, há uma diferença considerável entre se ouvir um vinil e um cd, quanto mais um mp3. Basta colocar os três modelos pra tocar em um bom aparelho, com as caixas bem posicionadas (como eu já fiz), pra sentir como no vinil os graves e médios lhe espremem contra a parede! Não há como perpetuar o vinil, certamente, mas considero óbvio e digno de informação que o mp3 não é as mil maravilhas.
Os que defendem ou se empolgam com a morte do cd e mesmo do vinil sem motivos financeiros (sim, o vinil ainda vive! Ou não sabem que já estão fabricando vinil com agulha laser e que artistas como Paul McCartney fazem até lançamentos exclusivos em vinil?), poderiam ficar mais desconfiados e refletir com certa frieza sobre os caminhos que estamos tomando. Não demora muito, shows como conhecemos hoje serão coisas do passado. Teremos transmissões ao vivo em tempo real e de qualidade via internet, com o público se reunindo aqui e ali em torno de projetores de alta definição para assistir sua banda, sem ter que pagar os preços exorbitantes e inacessíveis de hoje. Seria algo tão surreal de se pensar?
Bem, quanto à música, a coitada ficou na beira da estrada há tempos. Não existem mais heróis, muito menos ideologias (coisinha chata). O que importa hoje é a diversão – ou se esqueceram que estamos na Era do Entretenimento? As produções estão cada vez mais pobres, na contramão da tecnologia, que já foi sinônimo de qualidade, mas hoje se vende mais pela facilidade do que pela qualidade. Basta escutar o disco novo do Bob Dylan e o de qualquer outra boa banda “interneteira” pra ver a diferença entre uma produção apurada pra outra um tanto relaxada. Mas a turma não quer saber disso. O lance é a balada, é catar na internet as músicas da banda que vai tocar aqui na semana que vem, pra poder se divertir no show e não ficar sem saber o que está acontecendo. Se tá na moda, a gente aprende a letra rapidinho. Na semana que vem, esquecemos e aprendemos as letras de outra “melhor banda de todos os tempos da última semana”. Sim, isso foi uma teoria, mas posso não estar tão longe da verdade.
Me desculpem se pareci mau humorado. Não tenho nada contra a tecnologia e muito menos o mp3. Muito pelo contrário, o mp3 salvou minha vida! 🙂 Também não tenho nada contra a música de hoje, já que adoro muitas bandas que surgiram recentemente. O problema é a forma como as coisas são impostas, sempre. Cada vez estamos comendo mais lixo, e ainda nos fazem sentir felizes com isso.
Nota: Mac, me desculpe o “testamento”… se ficou muito grande e não der pra publicar, vou entender… abraços.
Como moro em uma cidade pequena, não preciso nem dizer a importância que o Mp3 e a internet em geral tem na minha vida, sem lojas de CD por perto, minha opção óbvia sempre foi o Mp3. Muitas das bandas que conheço e gosto muito hoje, conheci via internet, baixando as músicas. O Hot Hot Heat mesmo, foi uma das minhas “descobertas”.
O CD, entretanto, me fascina muito, a questão do encarte, letras, informações técnicas, e o próprio formato mesmo. Às vezes me sinto até meio bobo com a felicidade que tenho ao abrir um CD que acabei de comprar (em outras cidades, óbvio), é quase um ritual. É bom constar que tenho 21 anos, então o vinil não foi muito presente na minha vida, em casa têm muitos (e muito bons) do meu pai, mas infelizmente não possuo um equipamento decente para escutá-los.
Temo que essa minha “bobice” de ritual, que acredito não ser exclusividade minha, venha a acabar, ou até como foi dito na matéria da Bizz, “Um mundo sem ídolos”.
Se pensarmos de forma mais “racional”, podemos chegar a idéia de que o que importa é a música, e não a embalagem. Mas nesse caso prefiro pensar de forma mais romântica.
Falow, o blog ta muito massa.
Obs: Bom saber que não sou o único que anda com CD-RW em discman que toca Mp3, hehe.
Cara, seu texto foi “longo”, mas surpreendente cirúrgico. Se puder optar entre o Vinil ou o CD, não tenho dúvidas quanto ao primeiro. Parabéns pela reflexão.
Cara, eu acho que hoje entendo melhor o que o Calanca sentia com a chegada dos CD’s.
Fecho contigo. Seja vinil, cd, mp3 ou seja lá o que vier pela frente, um viva para a música!
Ela salva. :o)
É clichê, mas é a pura verdade.
Quem fala demais dá bom dia a cavalo, o que eu provavelmente já estou fazendo, mas vamos lá: o seu texto fala de um sucesso (de massa, claro que sim), que o Hot Hot Heat teria conseguido por obra e graça da Internet : “A popularização da música via Internet (…) resultou no assombro do público cantando todas as músicas do Hot Hot Heat”. Só o que eu estou dizendo é que isso não é assombro nenhum. Primeiro pq 2 mil pessoas só é um público impressionante pra indiezada brasileira, que vai aos festivaizinhos de 300 pessoas em Goiânia ou no Acre e acha que tá no paraíso. E em segundo porque o “sucesso” do Hot Hot Heat não é obra exclusiva da Internet. Que ela facilita o acesso às músicas, é lógico que facilita, mas será que se a banda não tivesse saído nos NME da vida ela sequer estaria tocando no Brasil? Então o que é mais importante, a divulgação via Internet ou a divulgação via mídia impressa tradicional? Na Internet, qualquer um se divulga, e o retorno é zero ou mínimo. Na mídia tradicional, já não é todo mundo que passa pela peneira, mas quem passa acaba conseguindo muito mais resultado. Me cite uma banda que tenha aparecido, vendido discos e feito shows no mundo todo UNICA E EXCLUSIVAMENTE pela Internet, sem ter passado uma vez sequer por nenhum jornal, revista, tablóide, fanzine, etc, etc, tradicional, e eu retiro tudo o que disse.
Só uma correçãozinha: a rádio Ipanema (de Porto Alegre) toca Hot Hot Heat.
Suas “profecias” parecem não se cumprirem. Passados 13 anos, o CD está mais vivo que nunca, apesar da gama mp3. O vinil surgiu das cinzas, com preços bem superiores aos dos anos 80.
O CD não irá morrer porque dentre todas as formas palpáveis, é a mais cômoda. Possui a originalidade que um mp3 jamais terá, por mais original e dentro da legalidade que ele seja.
A capa em um CD não é tão importante, mas sim o encarte. E por vezes o CD não vem com o encarte, mas a mídia de fábrica, com os registros cobrem a sensação de originalidade. O ser humano não se perdeu de todo no comodismo e na banalização. “Revival” é moda que nunca sai de moda, trazendo sempre aqueles que um dia foram esquecidos. Não me surpreendo se o K& aparecer novamente por aí. Walkman sempre teve um charme que nem disckman nem fone bluetooth conseguiram superar.
O mundo dá voltas voltando sempre ao mesmo lugar!