por Marcelo Costa
Deve ser divertido para Charles Thompson IV ser Black Francis e, ao mesmo tempo, Frank Black. Líder responsável por uma das bandas mais influentes (se não for “a” mais influente) da música pop nos últimos 20 anos, o Pixies, Frank Black viu seu sonho de guitarras barulhentas, linha de baixo chicletuda e letras malucas durar apenas cinco anos.
Foram cinco anos praticamente perfeitos, que fizeram Bob Mould (Husker Dü) morrer de inveja, David Bowie se derramar em elogios, Dave Grohl declarar paixão eterna e um tal de Kurt Cobain se inspirar para compor um dos hinos dos anos 90: “Smells Like Teen Spirit”. Já está cravado na história do rock o testemunho de Cobain: “Eu estava querendo compor no estilo Pixies”.
Só que isso tudo aconteceu a dezenas de milhares de anos. Nas últimas notícias da música pop, um território em que reinam os 15 minutos proféticos de Andy Warhol, Frank Black era apenas um gordinho com uma guitarra e com um bando de pistoleiros às suas costas, que decidiu reunir o Pixies em 2004 para ganhar uma grana, pagar as contas atrasadas e fazer um monte de gente feliz ao redor do mundo.
Por outro lado, Black exercia uma carreira solo prolífica, e conforme foi lançando um disco atrás do outro (já são seis só nesta década, o mais recente, duplo), o cantor foi redescobrindo a música popular norte-americana de raiz, balizado pelo country, pelo folk e pela soul music.
Para tornar esse “passeio” algo mais, ahñ, original, Frank Black se cercou de músicos de estúdio que trabalharam em selos como a Motown e a Stax, além de músicos que fizeram parte do time de Phil Spector. São gente como Steve Cropper, co-autor de “In the Midnight Hour”, sucesso de Wilson Pickett, o batera Jim Keltner (responsável pelas baquetas no projeto Traveling Wilburys, de Bob Dylan, George Harrison , Roy Orbison e Tom Petty), Tom Peterson (Cheap Trick) e Simon Kirke (Bad Company), além do produtor Jon Tiven (Wilson Pickett, B.B. King), entre muitos outros.
Este encontro de feras em várias sessões em Nashville, a primeira antes mesmo da turnê de reunião dos Pixies, em 2004, resultou em três discos. “Honeycomb”, o primeiro, chegou ao Brasil via Deck Disc, com um ano de atraso. O segundo, duplo, “Fast Man / Raider Man”, chegou às lojas norte-americanas em junho, e acaba de ganhar edição nacional (também pela Deck Disc) e apresenta mais 27 canções das sessões de Nashville.
Não há nestes três registros algo como o grito esganiçado, as letras surreais ou a tempestade instrumental dos velhos tempos do Pixies. Black Francis se transformou definitivamente em Frank Black e, aos 41 anos, alcança a maturidade instrumental que já vinha marcando registros como “Black Letter Day” (2002) e “Show Me Your Tears” (2003). Ao contrário da urgência do som do Pixies, que segurava o ouvinte pelo pescoço pedindo atenção, o que ele faz em sua carreira solo é para ser apreciado com calma e atenção. É mais profundo e atemporal. Charles Thompson IV, pelo jeito, está gostando mais de ser Frank Black do que Black Francis.
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Ps1: E o Pixies? Frank Black continua tocando com o Pixies, mas disco novo está fora de cogitação. E não é por culpa dele. Segundo o músico, alguém na banda não topa gravar material novo. “Não vou dizer quem ela é”, contou a Billboard. Como só existe uma “ela” na banda, a baixista Kim Deal, já dá para imaginar quem não quer gravar um disco novo do Pixies, né.
Ps2: Ressaca.
Ps3: “Sun, Sun, Sun”, do The Elected, virou obrigação diária por aqui. Discaço.
Ps4: Fabio, Affonso e Maikol: os brindes ainda não foram, mas estão indo.
Ps5: O Vanguart fez um show excelente no CB, sábado passado. O lugar estava fervendo – calor mesmo – e mesmo assim foi muuuuito divertido. Pippetes, Klaxons, Rapture (o disco novo virou febre aqui em casa) na pista. Na noite passada, festa da ‘firma’, discotecagem rápida ao lado da chefe e Franz, White Stripes, Blur, Blondie, Hot Chip, Beck & Beatles na pista. Divertidíssimo.
Ps6: A próxima discotecagem é domingo, no projeto 2em1, edição especial 3em1: Karine Alexandrino, Seychelles e Lulina no palco, Marcelo Costa (ops) e o queridíssimo Bruno Saito (Ilustrada/Folha de São Paulo) nas pick-ups. Vou deixar de lado os rocks barulhentos e tentar me concentrar num repertório mais classudo. O 2em1 acontece no domingo, a partir das 19h, no Coppola Music, Rua Girassol, 323, Vila Madalena, São Paulo. Emails para show@2emum.com.br garantem o nome na lista e a entrada por R$ 12,50.
Ps7: Na semana que vem, está coluna aporta no Rio de Janeiro para conferir as noites de sexta e sábado no Tim Festival. No domingo, Tim em São Paulo. E na terça, noitada em Curitiba. A gente se esbarra agora ou no Black Rebel Motorcycle Club em São Paulo, em dezembro?
rapaz, assim vc assusta. no blog do lúcio ribeiro diz o cara que o BRMC vem em fevereiro. infelizmently.
Marcelo, o Frank Black envelheceu, mas com muito estilo. Não perco um disco dele.
cara, o trabalho do frank black hoje me parece mais interessante do que na época dos pixies. é um compositor que exerce melhor seu ofício.
aproveitando a deixa, quando puder dê uma conferida depois do fim-de-semana no meu blog O SOM DA MÚSICA (http://stratosonico.blogspot.com).
sei que vc vai ficar cheio de merdinha, mas aproveita e coloca um link pro meu blog na margem direita do teu blog junto ao da galera. mal aí, mas é importante filar audiência de blogs de maior visibilidade. abraço
Aproveitando a deixa, te envio um link onde vc pode conferir material (As Anti-Baleias Tapes) da minha banda, o power trio Andaluz. http://www.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=33229
Como tá rolando um boicote generalizado aqui na área, eu tô divulgando na base da cara-de-madeira mesmo, aproveitando pra firmar novos contatos com galera que escreve e curte música fora do convencional e sem panelismos.
tô legal de gente escrota azucrinando a paciência, leia-se baleia roquestresse e %!@$&@#nova.
já que você escreve sobre bandas sem vínculo com selo algum, me ligue qualquer dia desses ou apareça lá em casa na época do tim para me entrevistar. mas se tu ainda tá de conluio além da conta com essa gente, deixa pra lá. e sem papinho de psicologia canina, amigo.
abraço
Esse disco ta bem bacana mesmo, nem parece o cara…ehehe…ou pelo menos aquele de tempos atras…concepção bacana…
🙂