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Comentando o Coachella 2011 para a Levis

Eu não me lembrava desse vídeo (risos), mas que legal! Em texto tem o balanço daquele Coachella inesquecível de 2011 aqui

abril 17, 2017   No Comments

Cinco momentos inesquecíveis de shows

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Foto: Marcelo Costa

São tantas emoções que é difícil separar cinco. Comecei a ter ideia dessa seleção quando estava ouvindo “Art of Almost”, do Wilco, nos fones, e me lembrando da hipnose de ver a banda executar a canção ao vivo: eu estava no fosso, a dois metros da banda, fotografando e enlouquecendo com a catarse de Nels Cline neste show do Primavera Sound. Dai comecei a lembrar de outros e, até hoje, os shows que mais me deixaram desidratado foram Brian Wilson no Tim Festival, em 2004, e Leonard Cohen no Festival de Benicàssim, Espanha, em 2008. Abaixo, outros cinco momentos arrepiantes…

R.E.M. no Rock in Rio, 2001
Vários momentos mágicos marcaram a primeira apresentação da banda no Brasil (e a primeira das cinco vezes que os vi ao vivo) e um dos melhores shows que vi na vida. Eu estava, sei lá como, no gargarejo, com o set list distribuído para a imprensa nas mãos, e amando cada segundo daquele show, mas o grande momento veio no maior hit da banda, uma canção que eu adoro, mas nem sei se figuraria num Top 10 pessoal: “Losing My Religion”. Quando Peter Buck dispara no bandolim o riff inconfundível ouve-se a massa vibrando (imagine 150 mil pessoas atrás de você gritando insanamente quando ouvem uma das músicas mais lindas já escritas na música pop). Esse é o momento cristalizado na minha memória: o silêncio antes da canção começar, os primeiros acordes e o urro apaixonado da plateia.

Blur no Hyde Park, 2009
Era pra ser a volta oficial do Blur, mas eles não resistiram e tocaram no Glastonbury antes. Isso não evitou que os 110 mil ingressos evaporassem (55 mil por dia), e eu, que não tinha lá muita certeza do que esperar, sai chapado com um set list de 25 canções numa apresentação impecável. Algumas das minhas favoritas estavam no set (“End Of A Century”, “To The End”, “Tender”, “Out Of Time”), mas a canção dessa noite foi “Parklife”, que eu gostava, mas nunca tinha dado muita bola. Antes de começa-la, Damon Albarn comentou que morou um bom tempo na vizinhança do Hyde Park, e então conta que aquela canção nasceu ali, nas caminhadas dele (assista abaixo). Isso tornou aquele momento especial… e inesquecível.

Radiohead em São Paulo, 2009
Eu já os tinha visto no Rock Werchter, na Bélgica, e logo em seguida em Berlim, na mesma turnê. O show belga foi meio frustrante (o Sigur Rós os engoliu nessa noite), mas o show de Berlim, no meio de uma floresta (a mesma em que eles tocavam enquanto as torres gêmeas estavam sendo atingidas em 2001 – há um bootleg imperdível desse show), lavou a alma, com uma garoa nos molhando enquanto desconhecidos se abraçavam cantando “No Surprises”. O show de São Paulo, no entanto, foi quilômetros melhor: a banda estava muito mais bem humorada e o set list, generoso. O grande momento aconteceu em “Paranoid Android”, tocada de forma matadora. Assim que a canção acaba, o público continua fazendo a segunda voz (que na música é de Ed O’Brien) mesmo com a canção terminada. Essa segunda voz começa baixa e vai num crescendo até Thom Yorke entrar no clima: ele pega o violão e volta a fazer a primeira voz entrelaçando-se com a plateia num daqueles momentos raros que valem uma vida. A partir de 1h31m18s no vídeo.

Pulp no Primavera Sound, 2011
Essa noite no Primavera era o primeiro show oficial do Pulp em 9 anos, e a banda se mostrou absolutamente impecável. Barcelona vivia um momento tenso e, naquele dia, a polícia havia invadido a Praça da Catalunha e descido a porrada nos manifestantes. No show, Uma faixa no meio da galera dizia: “Spanish revolution: sing along with de common people”. Jarvis Cocker não desperdiçou o momento. “É complicado quando uma pessoa de fora chega a seu país e emite uma opinião, mas vi a faixa de vocês e só tenho a dizer que algo está errado quando a polícia entra em uma praça e pessoas inocentes vão para o hospital. Essa próxima música eu dedico aos Indignados” (é o começo do vídeo abaixo). Arrepia só de lembrar todo mundo dançando abraçado!

Arcade Fire no Coachella, 2011
Nunca esquecerei o diálogo com o amigo Renato Moikano. O show estava seguindo, impecável, quando ele vira e manda: “O que é aquilo acima da estrutura do palco?”. E eu: “Sei lá. Não tava lá?”. E ele: “Não!”. Demos de ombro e seguimos vendo o show, maravilhoso. Dai Win Butler avisa que o show está chegando ao final, que é a última canção, e que agora a gente precisa cantar de verdade. Começam os acordes de “Wake Up” e a galera estende os braços para a frente e grita enlouquecidamente, como se estivesse numa missa. Só isso bastaria para ser especial, mas dai, aquilo que estava sobre a estrutura do palco se abre, e dezenas de bolas luminosas caem sobre o público. A coisa toda fica ainda mais bonita quando, na parte acelerada da canção, todas as bolas começam a piscar e mudar de cor… sincronicamente! Foi foda!

Leia mais
-Top 25 Shows em 10 Anos (2005/2015) – Leia aqui

março 23, 2016   No Comments

Meu olhar sobre o Coachella, remixado

O Paige, do blog norte-americano The Color Awesome, pegou várias fotos minhas do Coachella no esquema do Creative Commons do Flickr, distorceu, clareou, ajeitou curvas e as deixou muuuuito melhores. Ficou muito legal. Abaixo, duas. As demais vocês podem conferir aqui:

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http://thecolorawesome.com

abril 25, 2011   No Comments

Coachella 2012: algumas dicas

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Em 2011, o Coachella entrou no seleto grupo dos festivais sold out, então para você que tem alguma pretensão de ir ao festival nos próximos anos, algumas dicas úteis que vão facilitar a sua ida ao festival. Planejamento: não fique em cima do muro. Ou você quer e pode ir, ou não. Isso é importante porque os ingressos evaporam e os melhores lugares para ficar também. Então assim que você decidir realmente ir, vale tomar as decisões abaixo (que nós não tomamos) rapidamente:

1) O festival acontece só em abril, mas os ingressos começam a serem vendidos em dezembro e o line-up oficial é anunciado na segunda quinzena de janeiro. Mas esqueça o line-up: se você quer ir ao Coachella precisa ir pelo festival, não por essa ou aquela banda que você pode ir atrás em shows solo. Isso é importante porque, a partir do momento em que você diz “eu vou” já pode começar a tomar as precauções abaixo.

2) A passagem Brasil/EUA é a etapa mais cara do projeto Coachella, mas você pode comprar antecipadamente e dividir em algumas vezes. Provável que a passagem já esteja paga quando você for viajar (uma dor de cabeça a menos).

3) Procure um hotel ou uma pousada em Coachella para ficar durante os três dias do festival. Esses esgotam rápido e talvez você tenha que ficar em Indio ou, mais longe ainda, Palm Springs. A vantagem de ficar em Coachella mesmo é chegar rapidamente ao festival… e pode chegar em casa logo sem depender de transporte público ou taxi.

4) Alugue um armário no festival. Durante o dia a temperatura bate os 37 graus, mas à noite cai razoavelmente a ponto de um blusa se fazer necessária. Para não ficar andando de lá para cá no deserto com uma mochila nas costas, um armário ajuda muito (acredite). É possível reserva-lo no site oficial.

5) Garanta uma passagem barata de avião ou ônibus (caso você não tenha alugado um carro) de Palm Springs para Los Angeles. Perto do festival os horários se esgotam, e é mais fácil decidir para onde você quer ir estando em LA (cuja malha áerea é maior) do que em Palm Springs, que não recebe todos os trechos de voos do País. Ônibus é uma boa pedida. Confira www.greyhound.com (preços ótimos).

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abril 19, 2011   No Comments

Coachella, Day 3

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“Hoje é o dia mais quente do ano em Palm Springs”, avisa David, o “nosso” taxista. A temperatura bateu perto dos 40 graus na hora do almoço do domingo, o que previa um dia enlouquecedor no meio do deserto, mas até que a sensação de calor no último dia do Coachella não foi maior do que a do sábado, quando o festival (e as tendas, e a grama, e qualquer beirada de sombra) pegou fogo e derrubou muitos incautos.

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Ao contrário da programação do sábado, lotada de coisas legais para serem vistas na mesma hora, o domingo parecia um cassino de apostas: o negócio era colar em alguma tenda buscando um nome desconhecido e correr o risco de ver um grande show. Mas isso é só para quem tem fôlego e joelhos para andar debaixo do sol de 40 graus. Na dúvida, fomos no garantido. Nada de inovar no último dia do festival.

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Chegamos ao festival exatamente na hora que começava o show de Angus and Julia Stone, na tenda Gobi. O disco deles tem me acompanhado nos últimos meses, e até comprei o CD na Amoeba, mas o show (hippie e docinho demais) não combina com o deserto (assim como Joy Division não combina com churrasco). Tudo quente demais e Julia desfilando sua vozinha encantadora para uma tenda disputada pela sombra, não pelo show. Esqueço o show e vou continuar com o CD…

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Um pequeno buraco na agenda (@renato_moikano se animou pra ver o Jimmy Eat World, e voltou decepcionado) e da-lhe Newcastle Brown Ale no copo. O festival recomeçou para nós quando o duo (baixo e bateria) Death From Above 1979 fez um estardalhaço no palco principal em um dos melhores shows do dia. A dupla canadense, que encerrou as atividades em 2006, quebrou um silêncio de cinco anos com um show poderoso. Tomara que se animem e continuem tocando juntos.

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O Duran Duran veio na sequencia, e não conseguiu seduzir a plateia. E olha que eles começaram pegando pesado com os hits “Planet Earth” e “Hungry Like The Wolf”, emendaram uma nova e sacaram da cartola o hino “Notorius”, mas nem Ana Matronic, do Scissor Sisters, que subiu ao palco para um dueto em “Safe (In The Heat Of The Moment)”, conseguiu conquistar a audiência. A baladinha “Ordinary World” foi a deixa para troca-los pelo National, que tocava no mesmo horário no palco Outdoor.

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Não poderia ter sido melhor. Chegamos exatamente nos três números finais em que as incendiárias “Fake Empire”, “Mr. November” e “Terrible Love” deixaram todo mundo rouco de tanto gritar. Pouco importa o que veio antes das três. O trio final matou a pau e valeu a caminhada. Dava até para voltar e pegar mais umas duas do Duran Duran, mas preferimos guardar energia para a grande atração rock and roll da noite, os Strokes, que atrasaram 10 minutos para começar o show (e tiveram que cortar três canções novas do set list – depois dizem que Deus não existe).

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Se você não tem arranjos complexos, canções densas e nem balões que mudam de cor, o que fazer para tentar tirar o troféu de melhor show do festival das mãos do Arcade Fire? Fácil: toque alto, muito alto. Foi o que a turma de Julian Casablancas pensou e decidiu fazer, e se não conseguiram arranhar o brilho do show do grupo de Win Butler (que fez história na noite de sábado), ao menos fizeram um baita show de rock com riffs de guitarra passando navalhadas no ar.

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Exibindo hits (“Hard To Explain”, “New York City Cops”, “The Modern Age”, “Juicebox”, “Reptilia”, “Last Nite”, “Take It Or Leave It” e “Under Cover of Darkness”, muito aplaudida), o grupo foi salvo pelo atraso, pois o público iria dormir se eles tocassem as canções novas cortadas do set list (“Games”, que rolou, foi bocejante, mas “You’re So Right” até que soou melhor). Casablancas alfinetou a produção, reclamando por estar “esquentando” a noite para Kanye West, posou de junkie de butique (como sempre faz), mas cantou muito em um típico show de banda de garagem, sem muita vibração, mas com boas canções tocadas no volume máximo. Um bom show nota 7 (um show nota 10 deles é tão difícil quanto ganhar na megasena).

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O som do show dos Strokes estava tão alto que PJ Harvey precisou retardar sua entrada no palco ao lado para que seu público pudesse ouvi-la. Enquanto os Strokes tocavam a última, PJ disparava “Let England Shake” na auto-harpa. Mais falante do que no show de São Francisco, Polly Jean alternou canções novas com velhos hits em um belíssimo show que, como pedia um cartaz no meio do público, deveria ser o principal da noite. Ainda tinha Kanye West (que, descobrimos no hotel, tocou 26 músicas), mas a necessidade de arrumar malas e se preparar para Los Angeles se fez urgente. Ou seja, foi isso: trocamos uma mala por outra.

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O saldo final do Coachella foi extremamente positivo: um show inesquecível (Arcade Fire), várias apresentações de responsa (Flogging Molly, Death From Above 1979, Cold War Kids, Tame Impala, Suede, Kills, New Pornographers, National, Strokes, Black Keys, Big Audio Dynamite) e a certeza de que é possível fazer um festival para 100 mil pessoas mantendo qualidade de serviço, de som e de estrutura. A organização do festival está de parabéns (só não precisava colocar o Kanye para fechar o festival, mas zuzu bem), e Coachella 2012 está logo ali. Prepare-se.

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Top Ten Shows
1) Arcade Fire
2) Death From Above 1979
3) Flogging Molly
4) Suede
5) PJ Harvey
6) Cold War Kids
7) Big Audio Dynamite
8 ) Strokes
9) The Kills
10) Tame Impala

Leia também: Coachella Day 1 (aqui) e Day 2 (aqui)

abril 18, 2011   No Comments

Coachella, Day 2

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Os joelhos pediram as contas, mas tem como aceitar a demissão no meio de um festival como o Coachella? Não, e se o drama faz parte, bora comer pizza, beber limonada e camelar muito entre um palco e outro. Se no primeiro dia tudo tinha dado certo para nós, o segundo começou enrolado: @renato_moikano foi barrado por causa da lente de sua máquina (uma 75/300, profissional), e o imbróglio nos causou a perda dos shows do Foals e do Gogol Bordello.

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Para situar as coisas: qualquer grande festival, Coachella incluso, aceita a entrada de câmeras não profissionais (e até semi-profissionais, como a minha), dessas que não trocam lente, mas câmeras profissionais apenas credenciados como imprensa. Renato precisou de muita esperteza e sorte, e o primeiro show do dia, pela confusão e pelo calor absurdo, acabou sendo o do Delta Spirit, por engano: a ideia era ver The Radio Dept., mas colamos no palco errado… e ficamos. E valeu, pois o show – sem novidades – foi bem bom.

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Perdi também Jenny (Lewis) and Johnny (Rice), pois só descobri depois, na loja do Record Store Day, que Jenny and Johnny eram eles. Coisas que só o calor faz por você. O primeiro grande momento do dia aconteceu no palco Outdooor, com o The New Pornographers (Neko Case de um lado do palco; Kathryn Calder do outro <3) fazendo aquele bom show característico da banda. No palco principal, o Broken Social Scene repetia (com a mesma intensidade e despojamento) o belo show que vimos na quarta anterior, em São Francisco.

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Ainda rolou ver duas músicas do Elbow, e desistir do show (arrastado), e se decepcionar com o Bright Eyes, que começou bem, mas fez todo mundo dormir no palco principal ao entardecer do deserto. Tudo bem: o Kills estava ali do lado para acordar e colocar em transe a audiência. Alison Mosshart é a dama que consegue transformar em sensual o simples ato de arrumar a altura do pedestal do microfone. Jamie Hince comanda a festa com guitarradas e bateria eletrônica. O show teve por base o bom disco novo, e contou com um trio de backings destilando o melhor da voz negra. Bonito.

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No palco principal, o Mumford and Sons colhia os frutos do enorme sucesso com um show capenga, que ameaçava pegar fogo, mas ficava só na ameaça. Não aprenda com eles: como preencher 50 minutos de apresentação se você só tem um disco de 35 minutos? Entrando atrasado, fazendo longas pausas e tocando música nova. O público, no entanto, aprovou. Dali o destino foi Big Audio Dynamite, afinal não é todo dia que você pode ver um ex-integrante do Clash em atividade.

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E Mick Jones não decepcionou. O som saia potente das caixas enquanto nos intervalos Mick Jones disparava pérolas de ironia britânica: “Eu era um Mumford and Sons 25 anos atrás”, mandou logo na primeira pausa. Depois, ao tirar o paletó, sarreou: “Posso usar um ‘casual day’, né. Afinal nós estamos no meio do deserto e vocês estão de biquíni e sunga”. O pequeno público (o que acontece: a molecada andou faltando nas aulas de história do rock?) dançou e cantou muito. Sai do show direto pra lojinha de CDs comprar a reedição de luxo do primeiro disco deles. Diz muito.

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O dia já estava bem bacana, mas eis que surge Brett Anderson e compania para fazer um show explosivo na tenda Mojave. Nada de blá blá blá: um hit colado no outro e tocado com furia para deixar todo mundo sem voz até o final sensacional com “Beautiful Ones” (lágrimas escorriam em vários rostos). O show estava tão hipnotizante que não teve como sair antes do fim, o que custou duas músicas do Arcade Fire (“Month of May” e “Rebellion, Lies”). Chegamos no começo da terceira, “No Cars Go”, mas só fomos entrar realmente no clima do show (e esquecer o impacto do Suede) em “City With No Children”, uma das grandes canções do grande “The Suburbs”.

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Atração principal do sábado, o Arcade Fire não frustrou as expectativas. Aliás, foi além. Comandados por um inspirado Win Butler, os canadenses fizeram um daqueles shows que as 100 mil pessoas presentes não vão esquecer tão cedo. Um clássico atrás do outro tocados com paixão e entrega. De “Crown of Love” a “Rococo”. De “Intervention” a “We Use To Wait”, “Keep The Car Running” e o final apoteótico com “Wake Up”, com dezenas de balões (que mudavam de cor sincronizados!) caindo sobre o público. “Ready to Start”, “Neighborhood #1 (Tunnels)” e “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”, no bis, foram responsáveis por encerrar uma noite inesquecível e um dos grandes shows do ano.


Leia também: Coachella Day 1 (aqui) e Day 3 (aqui)

abril 17, 2011   No Comments

Coachella, Day 1

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O sol realmente arde no deserto. Após dez dias perambulando pelos Estados Unidos (Nova York e San Francisco com uma pequena parada em Las Vegas), apenas em Palm Springs foi possível tirar a bermuda da mochila e lamentar o esquecimento do protetor solar (obrigatório). A pequena cidade californiana ferve, e neste fim de semana respira a poeira do Coachella Festival, e a corrida atrás das disputadas pulseiras (que esgotaram em seis dias) terminou bem, mas muita gente caiu na enfermaria com insolação.

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Na verdade, tudo deu muito certo no primeiro dia do festival. Na ida rolou um taxi, que dividimos com mais três norte-americanos. Na volta, após uma extensa caminhada para sair do festival, conseguimos parar o taxi do David, um espanglish que não tirou o pé do acelerador até nos deixar no hotel – e também não largou o celular (imagina). Entre ida e chegada, muitos shows bacanas, algumas decepções, comida e bebida boas e com preço ok (tem Newcastle Brown Ale!!!) e a certeza de que o Brasil precisa camelar muito pra fazer um festival assim.

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Do começo. The Morning Benders mostraram músicas novas (mais eletrônicas) e empolgaram a galera da tenda Gobi, lotada. Após cinco músicas, a comitiva Scream & Yell partiu para o Stage (dispensando os chatões do Drums) para conferir o grande Cee Lo Green, que atrasou 20 minutos e só teve tempo de tocar quatro músicas, sendo que uma era “Crazy” (do tempo do Gnarls Barkley) e a outra “Fuck You” (além de uma versão bisonha de “Don’t Stop Believin’”, do Journey). Mesmo assim, apesar da banda fraca, o melhor pocket show do festival. Na quinta canção, a produção cortou o som mostrando que nem mesmo um hitmaker cheio de Grammys pode desrespeitar as regras.

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No palco Outdoor, os australianos do Tame Impala mostraram um som encorpado, que deverá render o show do ano em São Francisco (com Yuck, na próxima segunda), caso a velha guarda hippie apareça no Fillmore. Gostei muito mais do show do que do disco, e fiquei impressionado com a cara de moleques dos integrantes (principalmente do baixista: aquilo ali é “trabalho infantil” – risos), mas eles ainda precisam tomar bastante Toddynho para ser uma graaaaande banda ao vivo. Mesmo assim, bom show (e um futuro promissor pela frente).

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O Cold War Kids veio na sequencia e fez um show bonito ao entardecer do deserto. Nathan Willett continua cantando com uma paixão rara, e se enfiar o pé na jaca mais um pouco poderá herdar a coroa de novo Greg Dulli do rock and roll. Eliminando os hits do começo de carreira (uma pena “We Used to Vacation” ter ficado de fora do repertório), os californianos tocaram praticamente em casa com o público na mão, que cantou (e filmou e fotografou) todas as músicas. Todas. O final soul, já com a lua presente, foi belíssimo. Grande show.

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Antes de Mr. Brandon Flowers começar, deu tempo de ver três canções do Interpol, uma delas “Evil” e outras duas terríveis do quarto disco. Interpol ao vivo hoje em dia é assim: as músicas dos dois primeiros discos são bem legais, funcionam, apesar da apatia da banda no palco. As do terceiro eles deveriam pagar para o público ouvir, e nas do quarto alguém deveria subir no palco e dar uma sova nos quatro integrantes com sabonete enrolado numa camiseta do Joy Division. Eis uma banda que já passou da hora de acabar.

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Já Brandon Flowers passou da hora de brincar de carreira solo, né. Ele é cool, carrega a galera na palma da mão, mas o repertório de seu disco solo é fraquinho, fraquinho. Depois, na pista do palco principal tentando ouvir o Black Keys, foi possível perceber que ele tocou algumas do Killers. Só assim para salvar o show. Já a dupla de Ohio deveria pedir 50% de aumento no cachê para a organização do Coachella. O telão só rolou no meio da quarta música e o som, baixíssimo, frustou aquele que tinha tudo para ser o graaaaande show da noite (e um dos destaques do festival).

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Não que tenha o Black Keys tenha pisado na bola, imagina. Com o repertório de hits que os caras tem, e a entrega rock and roll da dupla, provável que fizessem um show bom até sem som, mas a expectativa deixou todo mundo na mão. Uma pena, mas um show para ser revisto (de preferência, no Brasil). Para fugir do rock fake do Kings of Leon partimos para o palco Outdoor, onde os mexicanos do Caifanes tocavam exclusivamente para a comunidade spanglish local. Tudo bem, não valia mesmo perder tempo com o Roupa Nova da cidade do México. Já tenda da Robyn estava bombada.

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Para fechar o primeiro dia, Flogging Molly, um grupo formado por irlandeses em Los Angeles ousando misturar punk rock como música tradicional celta (com direito a sanfona, banjo, violino e flauta). A reverência ao Pogues é claríssima, mas o peso e a interação com o público são absurdas. Dave King, o inenarrável vocalista violonista, brindou com Guiness e soltou a locomotiva punk gerando uma invejável roda de pogo no meio do Coachella. Apesar do peso, todos os instrumentos são perfeitamente audíveis (com destaque para o banjo, marcante) no som do Flogging Molly. Um show de lavar a alma e encerrar com chave de ouro o primeiro dia do festival.

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Leia também: Coachella Day 2 (aqui) e Day 3 (aqui)

abril 16, 2011   No Comments