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Dylan com café, dia 65: Don’t Look Back

Bob Dylan com café, dia 65: 50 anos se passaram e “Don’t Look Back” continua sendo não só o melhor documentário sobre Bob Dylan, mas um dos melhores documentários de rock já feito em todos os tempos (para o British Film Institute, é um dos 10 documentários de rock essenciais na história). Lançado em 1967, “Don’t Look Back” traz o cineasta DA Pennebaker acompanhando Dylan na turnê britânica de maio de 1965, sua última turnê acústica antes da tempestade sônica que iria começar no Festival de Newport, em junho, e se alastrar por todos os lugares, culminando novamente em uma turnê inglesa (e no grito de “Judas” em Manchester, 1966). Ou seja, “Don’t Look Back” flagra Bob Dylan pré-celebridade pop, tendo que lidar com jornalistas despreparados (é famoso o trecho do filme em que ele desanca um repórter da Time Magazine) num meio musical que ainda carecia de profissionalismo (chega a soar cômico ver seu manager, Albert Grossman, tendo que improvisar em cima da hora teatros para os shows e aceitar cachês abaixo de valores de mercado). A cena de abertura do filme serviu como uma espécie de videoclipe (que se tornaria um clássico) para a música “Subterranean Homesick Blues”, na qual Bob exibe e descarta uma série de cartões contendo palavras e frases selecionadas das letras (incluindo erros intencionais e trocadilhos) com Allen Ginsberg fazendo uma aparição. Joan Baez também é vista no filme (numa situação que soa um rompimento do casal) além de Marianne Faithfull, Donovan e John Mayall, entre outros.

“Trata-se de um documentário sobre fama e como ela ameaça a arte. Também é sobre a imprensa e como ela categoriza, aprisiona, esteriliza, universaliza ou convencionaliza de maneira vaga um original com Dylan”, observou a crítica da Newsweek na época. “Muito poucas pessoas mudam o mundo”, pontou Joseph Baldassare, curador de uma exposição em Londres sobre o filme em 2016. “Para mim há antes de Elvis e depois de Elvis, antes de Cassius Clay e depois de Muhammad Ali, e antes de Bob Dylan e depois de Bob Dylan. Em ‘Don’t Look Back’, temos o raro ponto de vista de ver esse momento um pouco antes”, opina. “O filme é magnético”, classificou o Guardian. “Ao mesmo tempo em que apresenta trechos fascinantes de um músico tocando no auge de seus poderes, o drama fora do palco é igualmente cativante”, compara, e explica: “Chegando à Inglaterra, Dylan é todo polido e charmoso diante de um circo da mídia com a intenção de transformá-lo em algo fácil de entender. Mas à medida que a turnê caótica continua, ele se torna cada vez mais irritado e agressivo”, conclui. Documentário essencial, “Don’t Look Back” foi relançado em 2015 dentro da série The Criterion Collection numa versão 4K restaurada com trechos extras e muitos bônus em um segundo DVD com mais de uma hora de imagens inéditas.

Especial Bob Dylan com Café

junho 13, 2018   No Comments

Festivais 2018: mais 13 line-ups

Isle of Wight Festival, Reino Unido
De 21 a 24 de junho de 2018
Infos: https://isleofwightfestival.com/
Experiência Scream & Yell: Uma festa!

Azkena Rock Festival, Vitoria-Gasteiz, País Basco
Dias 22 e 23 de junho 2018
Infos: https://www.facebook.com/azkenarockfestival/

Love Supreme Festival, East Sussex, Reino Unido
De 29 de junho a 01 de junho 2018
Infos: https://lovesupremefestival.com/

Y Not Festival, Derbyshire, Reino Unido
De 26 a 29 de julho 2018
Infos: https://ynotfestival.com/line-up/

Festival Circadélica, Sorocaba, SP
Dias 28 a 29 de julho de 2018
Infos: https://www.facebook.com/circadelica/

Pukkelpop Festival, Bélgica
De 15 a 18 de agosto de 2018
Infos: https://www.pukkelpop.be/en/

Queremos! Festival, Rio de Janeiro
25 de agosto de 2018
Infos: https://festival.queremos.com.br/

Breve Festival, Belo Horizonte
Dias 25 e 26 de agosto de 2018
Infos: https://www.facebook.com/brevefestival/

Wheels and Fins Festival, Kent, Reino Unido
De 7 a 9 de setembro de 2018
Infos: https://wheelsandfins.co.uk/

Personal Fest, Cordoba, Assuncion e Buenos Aires
06 de outubro de 2018 em Córdoba, Argentina
08 de novembro de 2018 em Assuncion, Paraguai
Dias 10 e 11 de novembro de 2018 em Buenos Aires
Infos: https://www.facebook.com/personalfest/
Experiência Scream & Yell: Que belo line-up em 2004

Primavera Fauna Festival, Santiago, Chile
10 de novembro de 2018
Infos: https://www.facebook.com/faunaprimaverafestival/
Experiência Scream & Yell: Vale o passeio

Corona Capital, Cidade do México
Dias 18 e 19 de novembro de 2018
Infos: http://www.coronacapital.com.mx/
Experiência Scream & Yell: Não é para fracos!

Fábrica Festival, Sorocaba, SP
Dias 01 e 02 de dezembro de 2018
Infos: https://www.facebook.com/fabricafestival/

Confira o line-up de outros grandes festivais de música

junho 5, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 62: Newport

Bob Dylan com café, dia 62: Entre o lançamento de “The Freewheelin’ Bob Dylan” (o disco de 1963 que traz “Blowin’ in the Wind”, “Masters of War” e “A Hard Rain’s a-Gonna Fall”) e “Highway 61 Revisited” (com “Like a Rolling Stone”, “Ballad of a Thin Man” e “Desolation Row” em 1965) se passaram apenas dois anos, tempo que bastou para que Dylan enterrasse o cantor folk de protesto e se tornasse uma persona pop inigualável. Isso fica fácil de constatar ouvindo os sete primeiros discos do homem (incluindo também “Blonde on Blonde”, de 1966), mas também pode ser deliciosamente vislumbrado na tela através do DVD “The Other Side of The Mirror”, lançado em 2007 e que flagra Bob ao vivo no Newport Folk Festival nos anos de 1963, 1964 e 1965.

Produzido e dirigido por Murray Lerner, que já tinha usado várias imagens presentes aqui em “Festival” (1967), mas aproveitou para resgatar takes inéditos para esta produção, “The Other Side of The Mirror” é um daqueles documentos históricos que mereciam estar em um museu com todas as honrarias da Grande Arte. No lugar certo, na hora certa, Murray Lerner registra a primeira aparição de Dylan no festival de Newport, na tarde de 26 de julho de 1963. Ele parece tímido, está de calça jeans, camisa e explica cada canção que apresenta. Começa com “North Country Blues” e recebe Joan Baez para interpretar “With God On Our Side”. No set noturno, mostra uma versão poderosa de “Talkin’ World War III” e recebe The Freedom Singers, Joan Baez e Peter, Paul and Mary num coro de “Blowin’ In The Wind” diante de uma plateia imensa, a se perder de vista.

Em 1964, Bob já é uma estrela nacional. Introduzido por Pete Seeger, o cabelo está mais cheio e a jaqueta já denota uma mudança. Ele abre com “Mr. Tambourine Man” no set da tarde. Já à noite, vê Johnny Cash cantar “Don’t Think Twice, It’s All Right” e recebe Joan Baez para interpretar “It Ain’t Me Babe” antes de fechar com “Chimes of Freedom”. Assim que o set termina, o público exige que Bob volte ao palco, e o apresentador tem dificuldades para conter a audiência, um prenúncio que 1965 seria incontornável de qualquer forma, mas Dylan retorna pelo terceiro ano consecutivo com canções novas num set acústico durante a tarde, e surpreende ao adentrar à noite com uma banda eletrificada e ensurdecer a audiência com versões intensas de “Maggie’s Farm” e “Like a Rolling Stone” enquanto todo o festival o vaiava e o mesmo apresentador do ano anterior sofria para conter a ira do público. Bob retorna no bis para acalmar a audiência e mastiga cada silaba da letra de “It’s All Over Now, Baby Blue”, acústica para delírio dos presentes, porém, a história da música pop já havia sido reescrita naquela mesma noite e nunca mais seria a mesma.

Especial Bob Dylan com Café

junho 4, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 59: Another Selfie

Dylan com café, dia 59: Quando todos os fãs de Dylan imaginavam que 2013 passaria batido sem nenhum lançamento, a Columbia Records surpreendeu a todos com duas belíssimas novidades. A primeira delas foi o 10º volume das Bootleg Series que trazia como nome “Another Self Portrait (1969–1971)” e cobria o período de gestação dos dois discos lançados em 1970: o odiado “Self Portrait” (junho) e o familiar “New Morning” (outubro) somando duas demos de “Nashville Skyline” (1969). Você se lembra, certo? “Self Portrait” foi o disco (terrível) em que Dylan rompeu com seu público, após o (disfarce do) acidente de moto em julho de 1966, que interrompeu sua turnê mundial (ele só voltaria a fazer uma grande turnê em 1974), o afastou dos estúdios (1968 não viu nenhum disco de Dylan), mas não da Big Pink, a casa que a The Band alugou para morar e ensaiar enquanto Dylan se recuperava (e que irá gerar as “Basement Tapes“.

Nesse processo todo de desconstrução, “Self Portrait” é tido como o pior álbum da carreira de Dylan (“Dylan”, de 1973, é uma sacanagem da gravadora e não deve ser levado à sério) e ficou tão famoso quanto a abertura da resenha de Greil Marcus na Rolling Stone em 1970: “Que merda é essa?”. Mais de 40 anos depois, Dylan e Greil Marcus estão de volta (o jornalista assina o texto – desta vez comportado – do livreto) em versões cruas e emocionais, demos interessantes que valorizam “Self Portrait” (ainda que não o salve do purgatório) ao mesmo em tempo em que colocam certa nuvem nublada sobre o clima solar de “New Morning”. Despidas dos arranjos exagerados da época, “All the Tired Horses”, “Little Sadie”, “Wigwam”, “Days of 49” e “In Search of Little Sadie” soam adoráveis. Já “It’s Not For You” perde o apelo pop e ganha em drama numa versão piano e violino. A versão “Time Passes Slowly #1” soa mais “New Morning” do que a versão que foi para o álbum (há ainda uma terceira, daquelas de boteco fechando as 5 da manhã).

Entre as 35 canções da edição dupla, diversas faixas inéditas na voz de Dylan, como a pungente versão de “Pretty Saro”, a dramática “Spanish Is the Loving Tongue” e as rancheiras “Thirsty Boots” e “Tattle O’Day”, coisas finas que, do jeito cru em que se encontram, se conectam com a dobradinha de álbuns de covers caipiras que Dylan gravou nos anos 90, “Good As I Been To You” e “World Gone Wrong“. Além dessa versão dupla saiu uma outra com dois discos bônus trazendo, de extras, o dispensável “Self Portrait” original remasterizado em um disco e o famoso show de Dylan com a The Band no Festival da Ilha de Wight, em 1969, no outro, formando um pacote que ilumina de maneira encantadora um período escuro da carreira de Dylan, que ressurge aqui muito mais interessante.

Especial Bob Dylan com Café

maio 26, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 55: Witmark

Bob Dylan com café, dia 55: Lançado em outubro de 2010, “The Bootleg Series Vol. 9: The Witmark Demos: 1962–1964” havia sido antecipado como tema na edição deluxe do álbum “Together Through Life”, de abril de 2009, que trazia uma longa entrevista com Roy Silver, primeiro manager de Dylan (ainda que ele o defina como um picareta enquanto Silver, por sua vez, diga que “Bob era fácil de manipular, porque não dava a mínima e só queria fazer música”), descartada do filme “No Direction Home”. Foi Roy Silver que levou Dylan para a agência M. Witmark & Sons, fundada por imigrantes prussianos em 1885 em Nova York, “oito anos depois de Thomas Edison ter patenteado o fonógrafo, mas vários anos antes que alguém achasse que você poderia fazer negócios com discos”, observa Colin Escott no livreto educativo que acompanha o lançamento. “Em outubro de 1927, Jack e Harry Warner perceberam que suas novas imagens faladas criariam uma demanda insaciável por música, e era melhor possuí-la do que licenciá-la. Harry Warner fez uma oferta para comprar a Witmark & Sons e o negócio foi fechado em janeiro de 1929. Naquele verão, os Warner compraram mais sete editoras para formar uma holding própria”, conta Escott.

No livreto, Colin explica que a publicação de música é o grande segredo da indústria da música: “É onde está o dinheiro”. Ele divide a maneira de arrecadar dinheiro com música (na época) em quatro ramos: “fólios, direitos de composição, direitos de execução e sincronização (filmes)”. Fólios é a publicação em revistas e livros de partituras, que só tinham grande alcance se a canção fosse sucesso, o que também afeta os próximos itens. Já sincronização, apesar de ser um grande negócio, era muito mais raro na época (hoje é apontada por muitos como o futuro da indústria). Sobrava então os direitos de composição e execução, e o negócio era o seguinte: um manager (como Roy Silver) fazia a ponte com uma editora, que oferecia as canções de determinado artista para que o maior número de artistas o gravassem. A taxa nos anos 60 era de US$ 0,02 centavos por música (permaneceu assim até 1977, hoje é de cerca de US$ 0,09 centavos), o que quer dizer que se a canção alcançasse a marca de 1 milhão de cópias vendidas, lucraria US$ 20 mil em royalties mecânicos, geralmente divididos em 50/50 entre o compositor e a editora musical. Ficou fácil de entender o negócio, certo? Dai você pega Bob, que havia lançado um álbum de estreia em 1962 que havia vendido menos de 5 mil cópias. Uma das saídas do empresário Albert Grossman foi oferecê-lo a editoras, já que tanto ele quanto a Columbia Records acreditavam nas canções do jovem rapaz, e Dylan então assinou com a Witmark & Sons: “Ouvi ‘Blowin’ in the Wind’ e disse: ‘Ok, é isso. Quero você. Vou te dar um adiantamento de mil dólares”, relembra Artie Mogull, antes de saber que Dylan havia assinado com a Leeds Music um pouco antes. “Então dei a ele mais mil dólares para ver se conseguia sair do outro contrato. E, acredite ou não, o cara da Leeds Music aceitou. Era julho de 1962, seis meses depois que a Decca Records, na Inglaterra, fez um teste com Beatles e Brian Poole, e decidiu que Poole era a melhor aposta”.

Entre fevereiro de 1962 (quando Dylan fez a primeira sessão com oito canções para a Leeds Music) e junho de 1964, Bob fez 11 sessões mostrando de maneira crua canções como “Blowin’ in the Wind”, “A Hard Rain’s a-Gonna Fall”, “Masters of War”, “Don’t Think Twice, It’s All Right”, “The Times They Are a-Changin'” e “Mr. Tambourine Man”, todas presentes entre as 47 faixas oferecidas por Dylan a outros artistas (15 delas até então inéditas) e resgatadas em “The Bootleg Series Vol. 9: The Witmark Demos: 1962–1964”. Segundo o All Music, “em essência, essas demos são o som de Dylan se tornando Bob Dylan, e é uma evolução fascinante”. Já Rob Sheffield, da Rolling Stone, explica que não importa o quão você tenha decorado as versões definitivas oficiais, essas “demos trazem surpresas, como ‘Boots of Spanish Leather’, em que Dylan nunca soou tão derrotado quanto aqui ao perceber que lutou para convencer aquela garota a ficar, e agora gostaria de deixa-la partir para Barcelona”. Pitchfork (“Um resumo perfeito de como este conjunto revela a profundidade histórica da educação musical de Dylan”) e BBC (“Qualquer ouvinte ficará impressionado”) também caíram de quatro diante deste relançamento, que mostra a evolução de Dylan nos primeiros anos. Sean Egan, da BBC, resume: “São canções com pouco polimento de produção e compromisso emocional zero. Dylan tosse regularmente. Numa faixa, é possível ouvir uma porta fechando. Em outra, ele encerra a canção abruptamente porque, explica ao engenheiro de gravação, está entediado com a música”. E, ainda assim, muitas dessas canções se tornaram clássicos do cancioneiro mundial. A primeira tiragem de “The Bootleg Series Vol. 9: The Witmark Demos: 1962–1964” ainda trouxe, de bônus, “In Concert – Brandeis University 1963”, sete canções de dois sets de Dylan ao vivo em um festival folk numa universidade do Massachusetts. Relíquias.

Especial Bob Dylan com Café

maio 15, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 52: Tell Tale Signs

Bob Dylan com café, dia 52: Indo de vento em popa, as imperdíveis “Bootleg Series” de Bob chegaram ao seu 8º volume em outubro de 2008, quando a Columbia despejou nas lojas duas versões: um volume duplo, tradicional (com 27 faixas), e uma versão tripla com direito a CD extra (totalizando 39 canções) e um livreto lindo com as capas de todos os singles de Dylan lançados pelos quatro cantos do mundo. Desta vez, a série cobria o espaço do renascimento de Dylan no final dos anos 80 (com “Oh Mercy”, de 1989) estendendo-se até “Modern Times”, em 2006. Se a grande maioria do público, principalmente aqueles do esquecimento cultural a qual Bob relatava no livro “Crônicas”, ainda tinha Bob como um trovador folk da primeira metade dos anos 60, essa maravilhosa seleção de sobras luxuosas que levou o nome de “Tell Tale Signs – Rare and Unreleased – 1989/2006” coloca todos os pingos nos is cobrindo uma fase de 17 anos em que Dylan lançou dois discos de covers rurais e cinco discos de inéditas – ao menos três deles entre os melhores discos de toda a sua carreira: “Oh Mercy”, “Time Out of Mind” (1997) e “Modern Times” respondem pelo grosso do material (22 canções são sobras destes três discos) mostrando outras facetas de canções que acabaram nos álbuns em versões oficiais.

“Mississipi”, por exemplo, surge em três versões diferentes das sessões de Bob com Daniel Lanois para o álbum “Time Out of Mind”. Bob não ficou satisfeito com nenhuma das versões, e a regravou a sua maneira no álbum “Love and Theft” (2001), mas muitos dos fãs (eu incluso) acham que a versão guia, com Bob na voz e guitarra acompanhado de Lanois também na guitarra coloca no bolso a versão de “Love and Theft” (na verdade, as três versões deixam a oficial no chinelo – compare as versões nesta playlist que fiz no Spotify incluindo a de Sheryl Crow, que a gravou antes mesmo de Bob). O mesmo acontece com “Born in Time”, numa versão linda, que faz a oficial do álbum “Under The Red Sky” (1990) soar menor. Há versões alternativas elegantes de canções que Bob fez para trilhas de filmes no período (“Tell Ol’ Bill” para “Terra Fria”, 2005; “Huck’s Tune” para “Bem-vindo ao Jogo”, 2006; e “Cross the Green Mountain” – em versão longa – para “Deuses e Generais”, 2003), números ao vivo (“Tryin’ To Get To Heaven” no Wembley Arena, 2000; uma sensacional “High Water (For Charley Patton)” no Canadá, 2003; “Cocaine Blues” em Viena, 2003; “The Girl on the Greenbriar Shore” voz e violão em Dunkirk, 1992; e “Cold Irons Bound” no Festival Bonaroo 2004, entre outras) além de canções completamente inéditas como “Duncan And Brady”, “Red River Shore” e “Marchin’ To The City”, entre outras, que tiveram aqui enfim seu registro oficial. Saca um disco nota 10? É esse aqui (e ele é triplo!). Divirta-se.

Especial Bob Dylan com Café

maio 3, 2018   No Comments

Dylan com café, dia 47: No Direction Home

Bob Dylan com café, dia 47: Em um dos capítulos do livro “Crônicas – Vol. 1”, publicado em outubro de 2004, Dylan relembra os tempos difíceis pré-“Oh Mercy” (1989), enfim um grande álbum que encerrava uma década praticamente perdida “por causa do excesso de distrações”, segundo ele. “Onde quer que eu vá, sou um trovador dos anos 60, uma relíquia do folk rock, um artesão da palavra de tempos passados, um chefe de Estado fictício de um lugar que ninguém conhece. Estou no inferno do esquecimento cultural”, diz. O primeiro dos três turning points no novo século a tirar Bob Dylan deste esquecimento cultural e coloca-lo no lugar em que ele sempre mereceu estar foi um documentário impecável dirigido por Martin Scorsese. Lançado em agosto de 2005, “No Direction Home” compilava em 208 minutos imagens raras (como a primeira exibição do momento em que alguém o chama de “Judas” num show em Manchester, 1966) e dezenas de takes de backstage e shows nas turnês de 1965/1966 além de entrevistas com personagens importantes do período como os músicos Pete Seeger, Maria Muldaur e Al Kooper, a ex-namorada Suze Rotolo (fotografada ao lado de Dylan na capa de “Freewheelin”), o promotor de música folk Harold Leventhal, o cineasta DA Pennebaker (diretor do obrigatório documentário “Don’t Look Back”) e o poeta beat Allen Ginsberg, além do próprio Bob Dylan (impressionantemente desnudado e à vontade a ponto de dizer, sobre o fim do relacionamento com Joan Baez, que “não dá para amar e ser esperto ao mesmo tempo”), entre outros.

O documentário foi acompanhado de uma “trilha sonora” deliciosamente torta em mais um volume imperdível de raridades cobrindo os 7 anos (de 1959 a 1966) que mudaram a música pop: “The Bootleg Series 7 – No Direction Home: The Soundtrack” compila 28 canções, apenas duas delas lançadas anteriormente, com o garimpo começando no CD 1 com a primeira gravação domestica de Bob, “When I Got Troubles”, datada de 1959, e seguindo com outra raridade: “Rambler, Gambler” (1960), canção tradicional gravada por Dylan numa rádio em Minneapolis. O hino “This Land Is Your Land”, de Woody Guthrie, surge numa versão de Bob ao vivo em 1961. Seguem-se takes do famoso álbum pirata “Minnesota Hotel Tapes” (1961), registros do programa de TV “Folk Songs and More Folk Songs” (1963) além de números no Newport Folk Festival (“Chimes of Freedom” em 1964 e “Maggie’s Farm” em 1965 mostrando a mudança do acústico para o elétrico que criou um caos na cena folk da época).

No CD 2, takes alternativos que engrandecem ainda mais os álbuns “Bringing It All Back Home” (1965), “Highway 61 Revisited” (1965) e “Blonde on Blonde” (1966) com versões de “It’s All Over Now, Baby Blue” (mais lenta, mais melódica, mais intensa), “She Belongs To Me” (também mais lenta, e aqui sem bateria, mas com baixo e guitarra), “Tombstone Blues” (frenética, pré-punk), “Desolation Row” (“Com Al Kooper tocando guitarra como o jovem Lou Reed”, observa o crítico John Harris), “Highway 61 Revisited” (numa baita versão de boteco, com slide e piano elétrico sensacionais), “Leopard-Skin Pill-Box Hat” (no modo blues lento e chapado) e “Stuck Inside of Mobile with the Memphis Blues Again” (também em marcha lenta chapada) além de “Visions of Johanna” (com os Hawks e Al Kooper). O livreto (com dezenas de fotos raras e registros alternativos das capas do período) tem texto assinado por Andrew Loog Oldham, o homem que cuidou dos Stones em seus anos de formação (1963/1967), e que aqui observa: “Na Inglaterra e na França, mais conhecidas como Europa, havia Dylan muito antes que houvesse Beatles e Rolling Stones. 43 anos depois, Dylan ainda move os peões”. Muitos fãs jovens conheceram Bob Dylan através deste documentário de Scorsese, que ganhou uma reedição comemorativa em 2016 com acréscimo de diversas cenas raras. Logo logo, esses novos fãs perceberam, na prática, que Dylan não pertence ao passado. “Modern Times”, seu segundo turning point no novo século (o terceiro será o Nobel de Literatura), vem ai, e é assunto para outro café.

Especial Bob Dylan com Café

abril 19, 2018   No Comments

Textos mais lidos: Março de 2018

TOP 10
01) Top 5: Discos produzidos por Carlos Eduardo Miranda (aqui)
02) Balanção Lollapalooza 2018, por Mac (aqui)
03) Entrevista: Luiz Felipe (DUM Cervejaria), por Mac (aqui)
04) Download: Baixe o disco de Manoel Magalhães (aqui)
05) Lollapalooza 2018: Cerveja, Comida e Line-up (aqui)
06) Phil Collins ao vivo em SP, por Fernando Neumayer (aqui)
07) Dez vídeos: Franny Glass, Mallu Magalhães, Jaloo (aqui)
08) Três filmes: “A Bela e a Fera”, “Com Amor, Van Gogh” e “The Breadwinner” (aqui)
09) Entrevista: 20 anos da Monstro Discos, por Mac (aqui)
10) Três filmes: “Kong: A Ilha da Caveira”, “Guardiões da Galáxia 2”, “Star Wars: Os Últimos Jedi” (aqui)

DOWNLOAD
01) Download: “Dois Lados”, tributo ao Skank -> 19º link (aqui)
02) Download: Tributo a Milton Nascimento -> 42º link (aqui)
03) Download: Tributo aos Engenheiros -> 47º link (aqui)

VIA GOOGLE
01) Três filmes: O sexo no cinema brasileiro (aqui)
02) Balanção: Festival Claro Que é Rock 2005 (aqui)
03) 11 points de cerveja artesanal em Buenos Aires (aqui)

O EDITOR RECOMENDA
01) Especial Oscar 2018: Resenha de todos os longas do ano (aqui)
02) Entrevista: George Christian, por João Paulo Barreto (aqui)
03) Assista: Wado Ao Vivo no Rex Jazzbar (aqui)

abril 2, 2018   No Comments

Balanção: Lollapalooza Brasil 2018

A sétima edição do Lollapalooza Brasil irá deixar saudades! Para fazer um balanço de uma das melhores edições do festival no Brasil, recebi os amigos Marcos Bragatto, do site Rock em Geral, e Rodrigo James, do Esquema Novo, para conversar sobre o que fez do Lollapalooza Brasil 2018 um grande evento. Você assiste o resultado abaixo – em texto, a cobertura pode ser lida aqui.

Mais Scream & Yell Videos

abril 2, 2018   2 Comments

Dylan com Café, dia 14: Planet Waves

Bob Dylan com café, dia 14: após um período de incertezas e altos e baixos que marcou o final dos anos 60 e começo dos 70, Bob Dylan se junta a agora denominada The Band (os Hawks, a banda que o acompanhou na complicada turnê de 1966 e nas Basement Tapes, e com quem Dylan não tocava desde o Festival da Ilha de Wight, quatro anos antes) e começa uma nova fase de maneira inspirada. A ideia inicial era voltar à estrada para uma grande turnê, a primeira de Dylan em oito anos. “Estávamos ensaiando para essa turnê e as coisas estavam muito agitadas. Entramos no estúdio e gravamos o álbum. Já havíamos tocado juntos por tanto tempo que não acho que tenha ocorrido a nenhum de nós que era a primeira vez que gravamos um álbum como Bob Dylan & The Band”, ele conta. Bob estava trocando Woodstock por Malibu, e esse ar de mudança também permeia “Planet Waves”, o grande disco que ele lançou em janeiro de 1974.

Dylan exorciza fantasmas da juventude em “Something There Is About You” e tenta compor uma canção pensando em um dos seus filhos “sem querer soar sentimental demais”. O resultado: “Forever Young”. Bob conta mais: “Os versos vieram a mim e verteram-se num minuto. Não pretendia escrevê-la – eu estava em busca de outra coisa, a canção escreveu a si mesma”. Interessante pensar que “Forever Young” nasceu em Tucson, a mesma cidade em que Bob sentirá a presença de Jesus em um quarto de hotel alguns anos depois – fato que o levará a se converter ao cristianismo evangélico. Para Allen Ginsberg, “Forever Young” deveria ser cantada por todas as crianças, todas as manhãs, na escola. Roddy Woomble, do Idlewild, diz a mesma coisa, mas de forma direta: “É o Hino Nacional de Dylan”. O Pretenders gravou uma bela versão e a tocou nos shows recentes no Brasil. A versão de Pete Seeger (acima) é de chorar. Clássico.

https://www.youtube.com/watch?v=2YL_z2rFWYU

Especial Bob Dylan com Café

março 5, 2018   No Comments