Conexão Vivo Salvador – Dia 2
A noite de chuva na Pituba parecia trabalhar contra o segundo dia do Projeto Conexão Vivo, e teria conseguido afastar o público em (provavelmente) qualquer outro lugar do país (em São Paulo nem precisaria tanto), mas não em Salvador: apesar de São Pedro insistir em lavar a casa a noite inteira, os dois palcos montados na Pituba receberam um ótimo público, que aumentou consideravelmente nas duas grandes atrações finais de uma noite em que a tradição encontrou o novo.
Babilak Bah, o Loop B mineiro, foi o mais prejudicado pela chuva abrindo os trabalhos do segundo dia no momento em que caia mais água (e com o público procurando um lugar seco) e pouca gente pode conferir seus experimentos sonoros – que contaram com a presença de Chico Correa. A paraense Iva Roth entrou também debaixo de chuva, mas o público foi chegando, e assim que Gerônimo, seu convidado, adentrou o ambiente com hits como “É de Oxum” e “Jubiabá” (gravada pelos Paralamas), a festa se fez debaixo d’água – e o encerramento, com “Sereia”, foi apropriado.
E nada melhor para sambar na chuva do que uma coleção de clássicos de antigos carnavais. Foi isso que Claudia Cunha, Manuela Rodrigues e Sandra Simões – as Três na Folia – fizeram entoando com muito pique um repertório de sambas, frevos e axés que destacaram blocos de pot-pourris com “South Amercan Way”, de Carmen Miranda, “A Filha Da Chiquita Bacana”, de Caetano, “Como Vovó Já Dizia”, de Raul Seixas, e “Quê Que Essa Nega Quer”, de Luiz Caldas.
A festa da tradição continuo na apresentação seguinte, em que a baiana Márcia Castro trouxe ao palco as belas Mayra Andrade, do Cabo Verde, mais a paulista Mariana Aydar e a também baiana Mariella Santiago. A chuva voltou a apertar, mas o público não arredou pé seduzido por um repertório que tinha Rita Lee (“De Pés no Chão”), Clara Nunes (“Canto das Três Raças”), Jorge Ben (“Menina Mulher da Pele Preta”, um dos grandes momentos do show) e encerrou com as quatro damas cantando na cidade amada “Os Mais Doces Bárbaros”.
O mineiro Pedro Morais pegou a plateia em festa, mas não soube aproveitar o momento com um show cansativo e arrastado, pop demais para a chuva – cujo ponto alto foi o anúncio de uma canção sobre sustentabilidade (?), que ele acabou nem tocando. No entanto, o bom moço Pedro foi esperto o suficiente para convidar o pessoal da Maglore para o palco. Jogando em casa, os baianos tiveram as canções de seu álbum de estreia cantadas pelo público e saíram aplaudidos.
Com a chuva dando uma pequena trégua, e um excelente público lotando a arena na beira da praia, a popstar paraense Gaby Amarantos subiu ao palco decidida a entortar os quadris do público com sua voz grave e batidas fortes de tecnobrega. Gaby abriu o show com a forte “Faz o T”, emendou “Beba Doida”, da banda Xeiro Verde, com “Bebo Sim” (clássica na voz de Elizeth Cardoso), puxou o coro de “Belo Monte Não” e impressionou em “Laje”, um mix de tecno com guitarras heavy metal. Baita show que permite o clichê alma lavada.
Grande estrela do segundo dia, Lenine entrou no palco pouco depois da meia-noite recebido por um público excelente que não arredou o pé perante a chuva forte e acompanhou o compositor pernambucano em canções de Raul Seixas (“Ouro de Tolo”) até sucessos próprios como “Martelo Bigorna”, e parcerias com Paulo Cesar Pinheiro (“Leão do Norte”), Dudu Falcão (“Paciência”) e Arnaldo Antunes (“Céu e Muito”).
O Conexão Vivo em Salvador continua neste sábado a partir das 18h30 na Pituba. O dia até amanheceu nublado, mas o sol voltou bonito. Tomara que São Pedro segure a água nesta noite. Hoje tem A Cor do Som com a formação completa…
Fotos: 1 2, 3 e 5 por Marcelo Santana; 4 por Tiago Lima; 6, 7 e 8 por Marcelo Costa
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