entrevista por Bruno Lisboa
Natural de Belo Horizonte, mais precisamente do bairro Califórnia, Paige é uma cantora que faz parte da nova geração mineira que promove diálogo com diversas vertentes musicais indo do rap ao r&b com ares 90’s, passando pelo funk e o trap.
Desde 2019, época em que lançou o single “Afronte” (parceria com DJ Sense), Paige tem colocado no mercado canções que versam sobre empoderamento feminino, estabelecendo parcerias sólidas com artistas diversos como Iza Sabino, VHOOR, Pejota, Kdu dos Anjos e Sidoka, entre outros.
Seu single mais recente é “Garota Califórnia”, parceria com Su Madre Mandrake (nova alcunha da rapper, beatmaker e produtora Iza Sabino), canção em que coloca em evidência suas raízes belo-horizontinas.
Em entrevista concedida por e-mail, Paige fala sobre suas referências, a importância de trazer a tona suas raízes geográficas em forma de canção, a experiência de tocar para grandes públicos em festivais e mais. Leia abaixo!
Paige, sua musicalidade vai ao encontro do r&b, funk, rap e do trap. Nesse sentido, como se deu a sua entrada no universo da música? Quais foram as referências que te nortearam?
Meu primeiro contato com a música autoral, na verdade, minha primeira forma de compor e tal, foi escrevendo poesia. Então o rap me apresentou muito esse mundo da música autoral, de fazer música, e depois fui me desdobrando mesmo, me conhecendo também como artista e agregando os outros gêneros que eu já tinha estudado e que eu já conhecia. Acho que esse foi bem o meu começo mesmo, quando eu tinha uns 13 anos. As minhas referências começam pelo rap, eu escutava muito Missy Elliott, T-Pain, Notorious Big, e depois aqui comecei a escutar Cadu dos Anjos, uma galera do Rio de Janeiro, Marcelo D2… Sempre fui muito ligada a música, sempre gostei de funk. Ultimamente tenho gostado muito do funk de BH: MC Anjin, MC Daan, essa galera. E o R&B e os outros gêneros são sempre mais os clássicos, eu amo todo mundo que é do universo pop desde a Beyoncé até a Ariana Grande, junto com as nossas divas pop do Brasil que realmente tomaram meu coraçãozinho… São muitas refs, na verdade, acho que quando a gente fala num modo geral da música eu não consigo definir todas, mas essas são algumas.
Seu single mais recente, “Garota Califórnia”, traz o bairro Califórnia, localizado em Belo Horizonte, como inspiração da canção. Nesse sentido, qual a importância de se abordar, geograficamente, suas origens através de uma canção?
Eu acho que um artista é um artista mesmo quando ele conta a história dele na arte, sabe? Obviamente cada um tem a sua maneira e o seu jeito, mas de alguma forma cada um conta a sua história. E a minha história está muito linkada com esse lugar. De onde eu vim, onde eu cresci, e isso meio que tem um contraponto de onde eu quero chegar. Então acho que é importante sim a gente abordar geograficamente porque a gente consegue identificar onde é esse lugar, qual é a cultura, o que existe ali, o que você vivenciou ali pra o que eu faço hoje existir, sabe? Acho que é muito importante a gente lembrar de onde a gente vem e contar nossa história. E eu acho que a Noroeste, a região, conta essa história por si só.
Gradualmente você tem figurado em diversos line ups de festivais em BH como o A iIha e o Sarará (que será realizado no final de agosto). Para você, a que se deve esse fenômeno? E como tem sido a experiência de se apresentar para grandes públicos?
Eu estou na cena há muito tempo, desde muito nova. Cantei em muitos lugares de Belo Horizonte, várias festas. Isso pra mim significa muito um trabalho pra conquistar mesmo outros lugares, ter acesso a outras oportunidades, e eu acho que isso se deve muito a minha música mesmo, ao meu trabalho, a minha dedicação, ao meu foco, a tudo que eu tenho apresentado. Acho que a gente consegue, obviamente, colher frutos quando planta algo, né? Então acredito que estar nesses palcos e conquistar esses espaços seja por conta mesmo do meu trabalho e da minha dedicação. Essa experiência de estar cantando nesses grandes festivais com muita gente te assistindo, cara, eu me preparei a minha vida toda pra isso! Sempre foi um sonho pra mim, então é algo que estou muito feliz de poder estar fazendo, trabalhando com pessoas que eu amo, fazendo o que eu gosto, mostrando minha arte pro mundo. Essa experiência, sem dúvidas, é algo que vai ser pra minha vida e também soma muito na minha carreira como artista. É algo que eu sempre estou aprendendo e evoluindo, então eu estou muito honrada e lisonjeada em fazer parte disso tudo e poder cantar pra tanta gente.
– Bruno Lisboa escreve no Scream & Yell desde 2014. A foto que abre o texto é de Natalia Menin