DE BICO, ZAGUEIRÃO!
Com ou sem Romário: por que a questão?
por Juliano Costa

É o assunto do momento, não dá para ignorar. Nem o Scream & Yell poderia passar em branco nessa polêmica: Romário deve ou não ser convocado para a Copa do Mundo?

Certamente, já lhe fizeram essa pergunta. Se não fizeram, na boa, reveja seus relacionamentos. Você deve estar mal visto na roda e ninguém quer papo contigo. E isso inclui o zelador, o porteiro, o ascensorista...

Mas onde eu estava? Ah, sim, a pergunta. Romário deve ou não ser convocado? O que você acha? O que respondeu quando lhe perguntaram? "Sim, ele é como vinho?" ou "não, quem sabe na pelada de masters do condomínio"? 

Na verdade, a resposta não importa. O que interessa (pelo menos para mim) é: por que essa polêmica? Desde o "Quem matou Odete Reutemann?" e o "Quem é o assassino de A Próxima Vítima?" não se vê, no Brasil, um assunto tão comentado, debatido, discutido. A Seleção Brasileira é a pátria em chuteiras? É. Ano de Copa do Mundo leva sempre uma expectativa do c****? Leva. A sorte do time de Felipão na Coréia e no Japão pode interferir no andamento sócio-político-psicológico-reiligioso-e/ou-o-escambau-a-quatro no país? Pode. 

Mas daí a tornar esse "leva-não-leva" em uma novela (sem trocadilhos) é demais. Todo e qualquer assunto se esgota. Não há cristão no mundo capaz de ouvir sempre a mesma música, assistir sempre ao mesmo filme, beijar sempre a mesma mulher todo dia a vida inteira. Há um limite. E essa história já passou desse limite há tempos.

Das 8h, com a Ana Maria Braga, às "24h e pouquinho", com o Jô, é só Romário, Romário, Romário. E, não, eu não estou dizendo que isso seja um lobby da Globo em prol do Baixinho marrento. Isso é geral. Estou certo de que se eu colocar no Discovery Channel corro o risco de ver um macaquinho argumentando com um hipopótamo que Romário é mais jogador que Luizão, Washington e Euller. 

Eu até daria razão ao macaquinho, mas, com certeza, tentaria convencê-lo de que Amoroso, França e até Elber seriam mais úteis do que o Baixinho. Aliás, aí está o problema: sem querer, já entrei na discussão do "convoca-não-convoca"! É inevitável. Todos querem dar palpite, e, quase sempre, os palpites no futebol são absurdos. Outro dia eu vi, na TV, um cara pedindo Bebeto na Seleção. Bebeto!!!

Quem assistiu a pelo menos três jogos do Romário este ano afirma, com convicção: Romário não deve ser convocado. A torcida vascaína, por motivos óbvios, é a que mais sabe disso. Tanto que o vaia, sempre. E com razão: o cara passa a maior parte do tempo parado, arrastando-se em campo, com a mão na cintura e a cabeça na lua. Às vezes, passa a impressão de que, a qualquer momento, sentará na meia-lua, sacará um gibi da turma da Mônica do calção e ficará lá, no gramado, sentadinho, lendo as aventuras da dentucinha. Mas o que a maior parte das pessoas vê, no entanto, é a participação dele nos Globos Esportes da vida. E, neles, Romário sempre joga bem. Impressionante. Faz um gol por partida. De pênalti? "Não importa, também vale"; Sem goleiro? "Ora, ele tem bom posicionamento"; Com a mão e impedido? "Ah, qualé, todos sabem que ele é um jogador rodado, com malícia, e que conhece os caminhos do gol". Tsc, tsc...

Como bem analisa o jornalista Arnaldo Ribeiro, na Revista PLACAR deste mês, "Romário virou mito muito mais pelas suas ausências do que pela sua presença". Daí esse clamor por sua convocação. Segundo Ribeiro, "Romário vive até hoje do título conquistado na Copa de 94". Na Olimpíada de 96 Zagallo não o convocou? "Por isso nós perdemos". Na Copa de 98 ele foi cortado? "Com Romário a história seria outra". Na Olimpíada de 2000 Luxemburgo bateu o pé e não o chamou? "Ah, se o Baixinho estivesse lá..."

Romário tem carisma. Isso é inegável. Representa -- e bem -- o malandro carioca, tantas vezes (mal) confundido com um "personagem nacional", uma síntese do brasileiro em geral. Ganha muita grana para fazer o que gosta e come a mulher que quer a hora que quer. E isso, claro, desperta admiração em muitos e inveja em tantos outros -- como eu, por exemplo. Mas um zagueiro turco, francês, argentino ou siberiano, sei lá, tá pouco se importando para isso. Copa do Mundo é Copa do Mundo. Todos querem ganhar. Do pescoço pra baixo, é tudo canellonni. E lá, na Copa, não tem Madureira, Olaria ou São Cristóvão.

Pronto, "palpitei"...

Juliano Costa, 21 anos, é santista e seguindo as ordens do professor pretende conseguir um bom resultado, já que o time está entrosado e com a ajuda de Deus e o apoio da torcida, estará quinzenalmente neste espaço ...


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