Trampin' - Patti Smith
por Marcelo Costa
Foto: pattismith.net

maccosta@hotmail.com
02/08/2004

Trampin', novo disco de Patti Smith, ganha edição nacional. A capa, em tons escuros, traz Patti Smith virando a cara para camera. Calças velhas dobradas próximo aos joelhos, as veias saltando nas mãos, a inquietação transbordando por seus poros. Trampin', nono álbum da carreira de Smith, é rock em sua essência: barulhento, contestador, incômodo, poético. A política de George W. Bush é o alvo preferido da cantora.

Do quarteto que acompanha a roqueria, dois são os mesmos músicos que gravaram o clássico Horses em 1975 e seguem juntos desde então: o guitarrista Lenny Kaye e o baterista Jay Dee Daugherty. O baixista/tecladista Tony Shanahan e o guitarrista Oliver Ray completam o grupo. Trampin' é um compêndio do que melhor Patti Smith fez na carreira.

A poderosa faixa de abertura, Jubilee, reprisa o clima supersônico de Radio Ethiopia (1976) enquanto Mother Rose revisita o ambiente de Easter (1978) e a demolidora Gandhi poderia ser inclusa facilmente na obra-prima Horses.

Tematicamente, Trampin' e o equivalente musical para o documentário Fahrenheit 9/11 de Michael Moore. "Who dreams of war and sacrifice?" pergunta Patti Smith em Jubilee. "And nature cried Gandhi", diz o refrão de Gandhi. "They're robbing the cradle of civilization", acusa Radio Bagdhda.

O teor político, porém, é apenas uma das faces do disco. Muita poesia escorre pelo canto da boca de Patti Smith. Entre Jubilee e Gandhi é possível encontrar referências a Baudelaire e Verlaine. My Blakean Year e Trespasses pagam tributo para William Blake. Entre a poesia, a política e o rock and roll, surge Patti Smith em um excelente disco de rock para 2004.

Patti Smith - LAND 1975-2002

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