"Hope" - War Child Collection (Warner)
Lançamento Nacional
Preço em Média -  R$ 32,00
18/06/2003

Em setembro de 1995, a ONG War Child convidou o ex-baixista do Nirvana, Krist Novoselic, para compilar canções para um álbum em prol das crianças vítimas da guerra na Bósnia. O resultado foi a excelente coletânea "Help" com Radiohead, Blur, Massive Attack, Oasis e Manic Street Preachers gravando versões especiais para a causa. A segunda investida da ONG foi unir-se ao semanário New Music Express em outubro de 2002 no disco "1 Love". O álbum reunia bandas atuais (Oasis, Muse, Starsailor, Feeder, entre outros) regravando canções que chegaram ao número 1 da parada inglesa. Muito legal. Assim chegamos a "Hope", terceiro projeto da ONG, lançado pouco depois do fim da Guerra do Iraque visando arrecadar dinheiro para as crianças iraquianas. Se nas duas coletâneas anteriores o repertório baseava-se em boas canções, aqui a opção por canções pacifistas deixa um bocado a desejar (alguém ai lembrou de "Imagine"?). Mas em alguns casos o resultado surpreende, como o Travis com a inédita "The Beautiful Occupation", melhor que quase o "Invisible Band" inteiro, ou o New Order cutucando a Casa Branca com a cover de Jimmy Cliff, "Vietnam", ou Billy Bragg, acima de qualquer suspeita em "The Wolf Covers Its Tracks". Outra que consegue tirar água de pedra é Beth Orton na bela "Ooh Child". Já Paul McCartney contribuiu com "Calico Skies", do álbum "Flaming Pie" (1997), em versão retirada de uma passagem de som da nova turnê enquanto David Bowie, também preguiçoso, liberou um remix de "Everyone Says Hi" do álbum "Heathen". Dá para pular umas cinco faixas ali no meio do CD (de George Michael a Moby, todas fraquinhas e açucaradas demais) e mais umas três na parte final (Spiritualized e Charlatans também não convencem). A grande atração extra musical de "Hope" é a participação daquele que outrora atendia por Cat Stevens e hoje se chama Yusuf Islam. Convertido ao islamismo, Yusuf Islam tem se dedicado a gravar álbuns em árabe, mas abriu uma exceção pela causa e regravou seu sucesso "Peace Train", de 1971. E eu nem vou comentar sobre Avril Lavigne em "Knockin' On Heaven's Door" de Bob Dylan. Impossível estragar uma música que ficou boa até com o Gun's and Roses... No final, entre mortos e feridos, "Hope" vale o apoio à causa, mas poderia ser musicalmente bem melhor.

Marcelo Silva Costa