Uma das melhores estréias do rock nacional em todos os tempos. Estamos em 1994 e o rock nacional padece de criatividade. Quatro moleques juntam-se no estúdio com o maluco de carteirinha Carlos Eduardo Miranda e saem de lá com essa estréia: rock+hardcore+forro+sexo+drogas. Tudo tosco e primário como o rock deveria ser, sempre.

Fred 04 e sua trupe já tinham dado ao rock nacional a releitura clássica de Jorge Ben em "Samba Esquema Noise", a estréia. Em seguida, um álbum punk e tosco, "Guentando a Ôia". "Carnaval na Obra", 1998,  o terceiro rebento une quatro produtores em torno de um som único, mistura do Brasil com o mundo. Urgente, como as letras de Zero Quatro.

O que já se mostrava instigante na estréia aqui mostra-se universal. Com um caminho mais pop e eletrônico, mas não abandonando os tambores e as guitarras barulhentas, "Afrociberdelia", 1996, apresentou o mangue beat ao mundo.  A inovação dos tambores de Recife misturaram-sem com a eletrônica em clássicos como "Cidadào do Mundo", "Manguetown" e na cover de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, "Maracatu Atêmico".

A tosqueira da estréia foi deixada de lado no segundo disco dos Raimundos. Isso não diluiou em nada o som, ao contrário, o deixou mais potente. "Lavo Tá Novo", 1995, começa com a porrada maconheira "Tora Tora", pede benção ao Ultraje a Rigor na bacana "Opa! Perai, Caceta" e inspira-se em Madonna no hit "I Saw You Sayng". Nota dez.

Quem viu a apresentação que a Graforréia fez em São Paulo, no UPLOAD, em novembro, vai encontrar várias músicas do show entre as 18 canções de "Coisa de Louco 2", 1995. Mais, vai entender o porque de tanta admiração por essses gaúchos. Quem não viu ou não conhece a Graforréia tem que buscar em um sebo este monolito que traz, entre outras, "Amigo Punk", "Patê", "Nunca Diga" e "Empregada".

Um dos principais grupos de rap e hip hop do país surgiu em 1990, em álbum, com "Holocausto Urbano". A maioridade veio com este "Sobrevivendo no Inferno", de 1998. O grupo, que já era conhecido por toda cena rapper, atingiu um ápice de vendas maior que muita banda que aparece em horário nobre da TV brasileira. A boa música sobrevive apoiada por mais de 500 mil manos em discos excelentes como este.