"Era Uma Vez o Amor, Mas Tive Que Matá-lo", de Efraim Medina Reyes
por Adriano Mello
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28/07/2006

Ah, o amor... coisa bela, sublime, que nos eleva a um patamar de felicidade eterna. Ou não. Na opinião de Rep, personagem de Era Uma Vez o Amor, Mas Tive Que Matá-lo (Música de Sex Pistols e Nirvana), do escritor colombiano Efraim Medina Reyes o amor "bate mais forte que o Tyson, se mexe melhor que o Ali e é mais rápido que o Ben Johnson dopado".

Lançado pela Editora Planeta nesse ano, o livro traz em suas 176 páginas uma narrativa nervosa, visceral, crua, tendo o amor como mola principal, assim como o sexo. Sendo um arremedo de contos e de histórias curtas, o autor concebe uma história recortada, dividida, que forma um romance verdadeiro que vai subitamente sendo devorado pelo leitor ao fazer paralelos e subversões da vida de ídolos do rock como Kurt Cobain e Sid Vicius, usando como uma forma de analogia.

Grande aposta da literatura colombiana, Efraim Medina foge da fantasia, das tradições que outros autores consagraram - como o grande Gabriel Garcia Márquez (que vez ou outra é detonado por Rep em suas crônicas) - e volta seus olhos para um mundo globalizado, antenado em todos os lados, abusando da cultura pop. Escritor, músico, cineasta, entre outras coisas, o autor se sente bem a vontade de abandonar toda essa antiga verborragia e adentrar em um mundo mais real, mais cru e sendo assim, mais honesto com a vida que todos levamos.

Rep (diminutivo de Réptil), personagem principal do livro, divide sua vida entre as cidades de Cartagena (ou Cidade Imóvel) e Bogotá tentando superar - a sua maneira - um amor perdido. Só que essa superação nas mãos de Rep surge através de insultos com a vida, bebidas, mulheres, porrada e outras coisas nada sutis, onde a ambivalência do seu personagem se torna primordial, pois ao mesmo tempo em que é apaixonado por essa mulher de aura meio pura, ele não consegue sair das ruas e se deparar com todas suas idiossincrasias nada nobres.

Nos pequenos contos que formam a história, valores se perdem, pequenas coisas ganham demasiada importância, caminhos são perdidos em busca de uma redenção que parece não chegar nunca, pois na verdade o mundo real não abre mais espaço para elas. Tudo isso é tratado com cinismo e humor negro em Era Uma Vez o Amor, Mas Tive Que Matá-lo (Música de Sex Pistols e Nirvana). Dentro desse contexto, a concepção de amor é dilacerada, estrangulada, revertida e intensificada até seu grau máximo, convertendo em algumas definições vistas pelo personagem que instigam bastante. Para ler... e refletir.

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