'Plano de Vôo'
por Marcelo Costa
Fotos - Site Oficial
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24/10/2005

O novo arrasa-quarteirão das bilheterias dos cinemas americanos explora a sedução que o público sente por histórias que acontecem a 10 mil pés de altura. Plano de Vôo, porém, vai um pouco além do cinema catástrofe ao qual estamos todos acostumados. O suspense do diretor Robert Schwentke, e que conta com Jodie Foster excelente no papel principal, brinca com a memória e a fé do espectador em um jogo de ilusões muito bem escrito e desenvolvido.

Nos primeiros minutos da projeção, que por sinal é um show de técnica de edição (e que faz falta na metade final, muito mais centrada no bom roteiro), conhecemos Kyle Pratt (Jodie Foster), uma técnica em construção de aeronaves que está viajando com a filha pequena de Berlim para Nova York, levando o corpo do marido em um caixão para ser enterrado em solo norte-americano. O marido morreu ao cair do telhado de um prédio de três andares, e a moça ainda está sob efeito de calmantes e do choque da perda repentina.

Porém, não bastasse a dor de ter que transportar o corpo do marido sobre o oceano Atlântico, a 11.200 metros de altura, Kyle é surpreendida, no meio do vôo, ao descobrir que sua pequena filha desapareceu. Ao notificar o desaparecimento para o comandante da aeronave, Kyle percebe que ninguém a está levando a sério. Motivos: o suposto embarque da filha não consta da lista de passageiros, e ninguém do avião percebeu a mulher entrando com uma criança. Em um jogo de ilusões bem desenvolvido pelo roteiro, o espectador tenta vasculhar detalhes da trama para entender o que se passa na cabeça da mãe da menina.

Neste embate entre certeza e desespero, apimentado por boas piadas sobre seqüestrados árabes (politicamente corretas), Plano de Vôo segue o esquema do fraco Os Esquecidos, com Juliane Moore, mas se saí muito melhor em não se prender em exageros e ficcionismos baratos. Comissários de vôo norte-americanos boicotaram o filme alegando que questões de segurança estavam envolvidas. No entanto, o que o espectador precisa é de um grande saco de pipocas e muita atenção na história.

Pena que os últimos minutos não mantenham o clima soberbo de edição e roteiro de 90% do longa. Não compromete, mas também não vai fazer de Plano de Vôo o filme do ano (e acho difícil que os produtores pensassem em algo além de que uma gorda bilheteria). Plano de Vôo é apenas um bom blockbuster, algo raro nos tempos atuais, em que a direção se prende ao nome de astros e esquece que um bom filme precisa, antes de mais nada, ter uma boa história e uma boa condução da trama. Ah, e Plano de Vôo ainda tem Jodie Foster.

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