'As Crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa'
por Renato Beolchi
Fotos - Site Oficial
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12/12/2005

A maior qualidade da primeira parte da versão cinematográfica de As Crônicas de Nárnia é a surpresa. Com um elenco quase nada "estelar", a fita consegue surpreender com boas atuações e um desempenho marcante de seus protagonistas. O pior defeito do filme, porém, é sua superficialidade. Tivesse sido lançado antes da trilogia O Senhor dos Anéis, talvez o longa conseguisse realmente impressionar por seu conjunto, e não ser tão comparado aos filmes de Peter Jackson.

Na briga entre surpresa e superficialidade, no entanto, As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa sai com saldo positivo. A chancela do grupo Walt Disney garante qualidade ao filme e faz valer o preço do ingresso. Ainda assim é impossível não comparar Nárnia com Senhor dos Anéis. A história fantasiosa de quatro irmãos que, fugidos de Londres durante a Segunda Guerra Mundial, descobrem um armário que serve como portal para um mundo paralelo desenha Nárnia como uma variação da Terra Média idealizada pelo britânico R.R. Tolkien.

Nárnia está, então, assolada por um inverno interminável. É quando os quatro irmãos tomam conhecimento da profecia que diz que quatro humanos vão salvar Nárnia das garras da Feiticeira Branca, responsável pelo frio sem fim. A história então cai numa briga maniqueísta de centauros, faunos e outras criaturas contra o exército maldoso formado por ogros, minotauros e mais seres horrendos. Tal qual a briga entre orcs, elfos, hobbits e humanos escrita por Tolkien.

Porém, um pouco diferente de O Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia leva o carimbo Disney e isso faz da fita uma produção dirigida também às crianças. Daí vem a superficialidade em alguns momentos. Para não confundir, o roteiro simplifica a obra original de C. S. Lewis e não se atém a muitos detalhes que poderiam resultar numa história mais vigorosa. Uma vez que a própria Disney afirma que Nárnia não é uma tentativa de competir com Senhor dos Anéis, a produção é bem sucedida, já que se torna uma opção bastante interessante para crianças.

E adultos também. As cenas de batalhas são bem encenadas e com efeitos bastante satisfatórios. O resultado é uma seqüência que faria qualquer um esquecer que se trata de um filme com classificação etária livre. A ação é bem dosada com dramaticidade numa medida que não se perdeu em cenas similares de filmes como Tróia e Alexandre. A grandiosidade das batalhas é um elemento que acrescenta muito a Nárnia, mas não tem pretensão de ser protagonista.

Entre um filme infantil e uma megaprodução milionária, As Crônicas de Nárnia chega ao fim de sua primeira parte sem deixar muitas reticências. Ao menos, O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa é um filme que faz sentido, com começo, meio e fim - e isso garante a diversão. Ainda que suas seqüências decepcionem, Nárnia começou com o pé direito. E, para um público não muito exigente, deve ficar a vontade de conferir a continuação da saga.


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