"A Prova"
por
Marcelo Costa Email
12/08/2006
A Prova, segunda 'colaboração' de Gwyneth Paltrow com o diretor John Madden (a anterior, Shakespeare Apaixonado, rendeu sete Oscars, incluindo o de melhor atriz para Gwyneth), caminha em um território bastante insatisfatório. Se por um lado traz bons atores e uma boa temática, o desenvolvimento da trama - que toma como foco a vida de um matemático - cansa o espectador com números e fórmulas cientificas. Se não fosse por um mero detalhe, talvez passasse desapercebido pelos cinemas, mas o tal detalhe dá um show na tela: Gwyneth Paltrow.
A loirinha mãe da pequena Apple e esposa do Sr. Coldplay Chris Martin parece não ser levada à sério no cinema. Parece. Na verdade, Paltrow é a dualidade em forma de mulher. Quando não está belíssima em cena (o que acontece muitas vezes, vamos combinar), tem cara de sonsa (na vida real é essa face que vem à tona). Ela ainda consegue se dividir matematicamente mezzo a mezzo entre projetos idiotas (Voando Alto, O Amor é Cego, Duets) e grandes filmes (Seven, Os Excêntricos Tenenbaums, O Talentoso Ripley). Este A Prova, no entanto, fica no meio do caminho (assim como ficaram os apenas bons Grandes Esperanças, Aniversário de Casamento e Possessão). Mas Paltrow se destaca muito mais do que o filme.
Em cena, Gwyneth interpreta Catherine, filha mais nova de um famoso matemático que, no fim da vida, enlouquece. Os últimos cinco anos da vida em família (e a família se resume a Catherine e o pai - a irmã mais velha vive afastada) são anos tristes, que afastam Catherine da faculdade, enquanto o pai piora dia-a-dia. A primeira sensação que o roteiro joga no colo do espectador é que Catherine pode sofrer da mesma doença que o pai, e a possibilidade permite que Paltrow de um show de interpretação, colocando sua Catherine no limite da insegurança pessoal.
Anthony Hopkins dá vida (e loucura) a Robert, pai de Catherine. Hope Davis encarna a irmã com jeitinho de patricinha enquanto Jake Gyllenhaal surge como Hal, um ex-aluno do Prof. Robert que acredita que o ex-mestre pode ter deixado alguma obra interessante escrita nos últimos anos de vida. Os três personagens circulam ao redor de Gwyneth. Apesar de ter uma personalidade difícil, Catherine transpira inocência, medo e confusão pessoal. Em cada cena que surge, a atriz dá um show de interpretação, que acaba sendo ofuscada pela trama matemática, que a afasta do âmago do público em vários momentos do filme.
Não que seja uma surpresa imensa a atriz atuar tão bem, mas
uma das possíveis explicações é o conhecimento que ela tinha
de seu personagem. Paltrow já havia interpretado Catherine no
teatro, em uma montagem que fez bastante sucesso na Broadway,
e até ganhou uma versão brasileira (com Andréa Beltrão como
Catherine) também vertida como A Prova. O bom trabalho
de Gwyneth foi indicado (merecidamente) ao Globo de Ouro na
categoria Drama. Só faltou - realmente - um diretor mais experiente
e/ou ousado para ambientar a excelente caracterização da atriz.
Apesar desta "pequena" falta, e da distância que o
roteiro a coloque do público, Gwyneth Paltrow se saiu muito bem neste A Prova e merece sua atenção.
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