Dylan com café, dia 67: Woodstock 94
Bob Dylan com café, dia 67: Não é segredo que os produtores do primeiro Woodstock, em 1969, desejavam ardentemente a participação de Bob Dylan no festival. Porém, Dylan vivia uma fase tranquila e familiar na época (representada pelo álbum “New Morning”) e, desde o acidente de moto de 1966 (e o final antecipado e turbulento daquela turnê), evitava grandes audiências. Já em 1994, o cenário era outro. Visando festejar 25 anos do primeiro Woodstock, os organizadores foram atrás de Bob, que havia recuperado o olhar carinhoso da crítica com o excelente “Oh Mercy” (1989), mas sentia suas novas canções próprias tão frágeis que decidiu embarcar em uma série de discos de covers de countrys rurais (“Good as I Been to You”, de 1992, e “World Gone Wrong”, de 1993), ainda que o establisment pop começasse uma série de homenagens (as “The Bootleg Series” se iniciam em 1991 e o grande show “The 30th Anniversary Concert Celebration” é de 1993). Porém, feliz surpresa, Bob aceitou o convite da produção do Woodstock 1994, deu uma pausa na Never Ending Tour e preparou um show especial, que, das 12 canções, traz apenas duas músicas “recentes”: a abertura com “Jokerman” (do álbum “Infidels”, de 1983) e “God Knows” (de “Under the Red Sky”, de 1990).
Entre as outras 10 faixas, apenas clássicos sessentistas do quilate de “Just Like a Woman”, “Masters of War”, (uma versão lenta de) “It’s All Over Now (Baby Blue)”, “Rainy Day Women” e “Don’t Think Twice”, entre outras. A execução é boa, ainda que Bob, como de praxe, não exiba tanta paixão na execução. Aliás, nas três primeiras faixas, ele canta apressado, como se tivesse prestes a perder o último trem para o paraíso, mas depois e o show flui bem e agradavelmente. Registrada em diversos álbuns ao vivo de Dylan (de “Before The Flood” a “Live at Budokan”, de “Real Live” a “MTV Unplugged”), “All Along the Watchtower” surge novamente hendrixiana (Bob sempre disse que a versão de Jimi Hendrix, lançada seis meses após sua gravação original, era sua predileta e desde então toca a música no arranjo do guitarrista) num bom DVD que faz uma ponte interessante entre os demais registros ao vivo de Dylan, e que, devido ao sucesso da apresentação, abriu as portas para o “Unplugged MTV” em 1995. O homem (que nunca foi embora) estava de volta.
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