Posts from — maio 2017
Sobre indie e independente
Respostas para Thiago Cardim, do Judão, que fez essa pauta bem bacana: “Do DIY ao tal do indie mainstream”
Hoje em dia, a palavra “indie” virou um gênero em si, certo? Ou, pelo menos, um que a gente vê fãs e parte da imprensa usar bastante…
Sim, se transformou em gênero isso até confunde muita gente, pois acontece de falarem de uma determinada banda, que está no mainstream, com grande gravadora, mas tem uma “sonoridade indie”. Ou seja, Smells Like Indie Spirit (hehe). Mas é importante definir como o indie rock surgiu para entender essa adequação: o indie rock era algo não tão palatável para uma grande gravadora, era o som que os vovôs sentados nas poltronas de presidente das majors não entendiam e diziam que não era música. Dai, com o advento das college radios nos EUA e dos selos independentes na Inglaterra, essas bandas começaram a ter mais espaço e criou-se um mercado independente paralelo ao mainstream. Então tínhamos lá o U2 vendendo milhões de “The Joshua Tree” pela Island, que era um sub-selo da poderosa Universal, ao mesmo tempo em que o R.E.M. estava lançando o “Document” pela I.R.S. Records e o Smiths lançando o “Strangeways, Here We Come” pela Rough Trade. Ou seja, U2 era mainstream, R.E.M. e Smiths eram indies, de independentes mesmo. Com a explosão do Nirvana no começo dos 90, muita gente que era rock alternativo, indie, foi parar no mainstream, e dai tudo se confundiu, pois a sonoridade indie virou mainstream. Hoje temos bandas como o Wilco (que é alternative country, um indie de chapéu de palha), Arcade Fire (que ainda lança discos pela minúscula Merge Records) e Decemberists (que apesar de lançar pela Capitol, é essencialmente indie), por exemplo, que mantém esse espírito de independência artística que “contamina” a música e a faz soar… indie. Por outro lado teremos nomes como Two Door Cinema Club, que pretendem soar indies, mas são muito mais um produto de major tentando um “street cred” num filão que não é o dele (e muita gente caí na ladainha).
Em termos sonoros, de estilo musical, dá pra encontrar algumas características que unam os indies enquanto gênero musical e/ou um subgênero do rock?
Hoje em dia, não, pois ser independente hoje é quase como uma questão de sobrevivência para o artista que quer tomar conta de sua própria carreira. Então podemos encontrar artistas independentes em diversos gêneros, do rap ao pop, do rock ao eletrônico e até no jazz. Isso se pensarmos na questão independente como um artista que não está numa grande gravadora. Se pensarmos em sonoridade indie, bem, talvez bandas como The 1975 sejam mais indies que Sonic Youth, por exemplo, que terminou a carreira em major sem deixar de soar… alternativa.
Mas o quanto, nos dias de hoje, os “indies” remontam ao “rock independente” de outrora? Digo, aquele rock de quem fazia tudo por conta própria, não tinha grana, não tinha gravadora?
Acredito que cada vez mais porque esse é um caminho que está se cristalizando cada vez mais hoje em dia, já que poucas majors veem potencial no rock, e a saída é lançar de maneira independente. Nesse quesito, o Brasil vive um boom de artistas e selos indies. Apesar de que se eles podem se magoar se forem chamados de indie (risos). Talvez “indie” tenha virado um palavrão do quilate de “pop”. Nesse ponto, a galera vai tergiversar e se dizer “alternativa”. Mas há, sim, muita gente apostando no DIY, na carreira independente, principalmente no Brasil.
Aliás, hoje em dia, cê acha que é mais fácil ser de fato independente do que já foi um dia? Com todas as facilidades e potencialidades do mundo digital/online? Tá mais sussa ser DIY? 😉
Sussa nunca vai ser, mas caminhamos bastante e já dá para fazer um nome, garantir uns shows, gravar uns discos, vender umas camisetas. A divisão de águas na música pop aconteceu mais pelo avanço da tecnologia, que tirou o monopólio dos grandes estúdios das mãos das grandes gravadoras. A oportunidade de gravar um grande disco na sala da sua própria casa é algo revolucionário, e o DIY só se beneficiou com isso. A grande questão, sempre, é o aluguel, a conta de luz, de água, de telefone e de internet no fim do mês. Como transformar o que você grava no seu quarto em algo rentável? Qualquer sexta dessas o Globo Repórter ensina.
O quanto é mais fácil e/ou mais difícil ser independente no Brasil?
Acho que não existe facilidade, mas sim pontos positivos. E nesse quesito, ser independente no Brasil tem vários pontos positivos como ser responsável por sua própria arte, sua própria carreira, seus próprios shows. O DIY é importantíssimo nesse corre, porque são as conexões que vão fazer um artista independente galgar patamares, sabe. Uma banda fazendo tudo sozinha alcance um número x de pessoas. Duas bandas juntas alcançam dois x e por ai vai. O ponto negativo é que, ainda, é difícil sobreviver de música independente no Brasil, o cara rala pacas, vende o almoço para pagar o jantar e muita gente não tá nem ai, afinal vivemos um sucateamento artístico no país, com cada vez menos pessoas valorizando a arte como um todo, e a música em particular está sofrendo muito com isso. Se está difícil para a Marisa Monte, para o Arnaldo Antunes e para o Carlinhos Brown a ponto deles terem que se reunir como Tribalistas, imagina pra quem é independente…
O quanto é mais fácil e/ou mais difícil ser indie no Brasil?
O mais difícil de ser indie no Brasil é gostar de bandas que muito raramente vão descer até aqui para fazer um show, e se acontecer delas vierem, a chance de tu ter que ficar numa maldita fila morrendo de sede atrás de uma cerveja ruim por horas quando deveria estar vendo o show é enorme. Não é nada fácil ser indie no Brasil. Vamos virar pagodeiro todo mundo? 🙂
maio 21, 2017 No Comments
Na rota dos vinhos na Argentina (parte 5)
Dois anos e meio depois de um tour por vinícolas argentinas acompanhado de uma turma de sommeliers de vinho, cá e estou de volta com Lili de companhia visando beber muito vinho e desbravar Mendoza. A primeira parada foi em Buenos Aires, onde tive a oportunidade de matar saudade e observar minha Vênus favorita se banhando (La Toilette De Venus, de 1873, de William Adolphe Bouguereau, em exposição no Museu de Bellas Artes de Buenos Aires) e, ciceroneado por Túlio Bragança, do renomado Aires Buenos (simplesmente tudo sobre Buenos Aires), conhecer o Chori (onde se come um excelente choripam gourmet) e iniciar um tour por pubs de cerveja artesanal argentina.
De Buenos Aires, voo para San Rafael e, de lá, um bus para Mendoza – o das 13h estava lotado (quem manda não comprar a passagem antes) e tivemos que esperar o das 14h30. Nenhum problema: o kiosko em frente a rodoviária nos abasteceu com internet, milanesa (daquelas que saem para fora do prato) com batatas e cerveja (mainstream, mas argentina). Por volta das 18h já estávamos em Mendoza. Escolhemos um hostel simples para essa primeira parte da viagem, e ficamos no Wine Aparts, que está próximo do centro nervoso de Mendoza (uma pequena grande cidade de 115 mil habitantes e cerca de mil bodegas). O lance era procurar algumas empanadas para driblar a fome e se preparar para a maratona do dia seguinte…
Acordamos por volta das 8h, tomamos o café no hotel e partimos de ônibus de linha para Maipú, um das regiões vinícolas de Mendoza que é possível acessar de ônibus (Luján de Cuyo também é acessível de ônibus de linha, mas é mais complicado; já o Valle de Uco merece uma maior dedicação via Bus Vitivinicola ou remis – motoristas contratados que fazem esses trechos). O plano era descer num local determinado, alugar uma bike e pedalar entre as vinícolas. Porém, para variar, perdemos o ponto, e fomos parar quase em frente á Bodega Lopez. Aproveitamos e descemos e começamos nossa maratona de vinhos com um bom Casona Lopez 2014 (e um doce demais Dulce Natural Lopez 2016 Torrentes e Moscatel).
Visando corrigir os planos traçados em casa (e guiados pelo Maps, que funciona realmente como mapa via satélite mesmo sem wi-fi), pegamos um ônibus e descemos na Calle Urquiza, onde deveríamos ter descido antes, para alugar duas bikes no Maipu Bikes. Recomendamos: Mario nos atendeu muito bem, corrigiu os horários dos tours que faríamos e ainda fez uma reserva em uma bodega. De posse das bikes (100 pesos a diária) partimos para desbravar as vinícolas da região e, para pânico da Lili, escolhi como primeira a Viña El Cerno, uma bodega de vinhos orgânicos a cerca de seis quilômetros, sendo que tivemos que atravessar uma rodovia (na ciclofaixa) e um pequeno trecho repleto de plátanos sem ciclofaixa.
Bodega pequena e charmosa, a Viña El Cerno, todos os vinhos são orgânicos (ou seja, dispensam pesticidas, fungicidas ou qualquer outro agrotóxico – todo o adubo é natural) e eu e Lili ficamos num embate entre o Malbec 2010 (muito mais macio) e o Malbec 2014 (mais rebelde). Curti. Dali seguimos para almoçar, em meio ao vinhedo, na Tempus Alba, questão de dois minutos de pedalada. Encarei um bom ojo de bife e adorei os vinhos da casa: optei na degustação por Merlot, Tempranillo (meu favorito) e Syrah, uvas mais incomuns na terra do Malbec. O pânico de Lili em pedalar na autoestrada sumiu na volta (viva o vinho), e até paramos para provar azeites na Entre Olivos (gostamos tanto que trouxemos uma garrafa de azeite com alho, que estamos consumindo como se fosse café de tão bom).
A tarde especial consumiu todo o nosso tempo, e perdemos a visita na última vinícola, Lagarde, mas o Mario, da Maipú Bikes, tratou de transferir a reserva para a semana seguinte, nos fazendo evitar de perder 200 pesos. Na volta para casa, um empecilho: em Mendoza não há cobradores de ônibus, e todos os usuários tem um cartão (tipo Bilhete Único) com créditos para pagar a passagem. Bem, eu já tinha providenciado o meu cartão, já tinha colocado créditos, mas não contava com o trecho extra (após perder o ponto) que fizemos de ônibus, então não tinha créditos no cartão para pagar a passagem: “Peça para algum passageiro pagar para você”, orientou o motorista. E lá fomos nós, com 7 pesos nas mãos, pedindo para alguém pagar a nossa viagem. Pelo jeito é comum, pois o processo foi rápido e indolor. Agora… casa.
O sábado teria novamente um tour de vinhos, mas acordamos tarde e decidimos curtir a cidade. Demos um pulo na Plaza Independência e Lili teve a excelente ideia: “Por que não compramos vinhos na Sol y Vino – “a” loja de vinhos em Mendoza – e fazemos um piquenique no Parque San Martin?”. Baita ideia! Pegamos nosso vinho na Sol y Vino (um bom Tupun Bonarda 2014), passamos no supermercado e compramos queijo e salame e torradas e azeite com alho pra acompanhar e partimos de ônibus para o parque, que é belíssimo – eu não o havia visitado na vez anterior, e me apaixonei). Estendemos a toalha e criamos nosso pequeno reino particular, que se encaixou maravilhosamente na tarde outonal de Mendoza. Um dia leve e de descanso para seguirmos para o jantar no badalado 1884, de Francis Mallman.
Eu havia feito a reserva duas semanas antes, e dias antes escreveram pedindo para confirmar, já que a procura estava grande. Reserva confirmada, partimos. Primeira surpresa: o 1884 fica dentro de uma velha bodega na área central de Mendoza (precisamos de ajuda para encontrar o restaurante). Chegamos 10 minutos antes, e logo nos ofereceram uma mesa, que poderia ser na área fechada ou no jardim. Optamos pelo segundo, e a enorme churrasqueira que Mallman mantém no local aromatizou de fumaça todas as roupas na minha mala (risos), um brinde especial pelo jantar caprichado: Lili foi de coelho (ela adora) e encarei um belo ojo de bife, que não foi o melhor da viagem (falarei dele no próximo post), mas estava absolutamente perfeito fechando um sábado simplesmente especial.
Se deixasse por mim, iríamos em 30 vinícolas em seis dias, mas Lili, apaixonada por natureza, queria fazer o tour de Alta Montanha, que segue na estrada que liga Mendoza a Santiago, para em pontos onde se pode observar o Pico do Aconcágua, o mais alto das Américas. Fizemos o passeio via agência El Cristo Redentor (obrigado, Tomaz Alvarenga), e foi um longo dia: nos pegaram 7h30 no hotel e voltamos quase às 18h30. Nesse intervalo, a Madalena, excelente guia local, nos levou pela rota internacional 7 e depois pela 40. Paramos na estação de esqui Penitentes (encaramos o teleférico para encontrar a melhor vista de toda a viagem) e, depois, na ponte Inca. Nos apaixonamos por Uspallata e almoçamos (encarei mais uma milanesa) em Las Cuevas, último vilarejo antes da fronteira com o Chile. Recomendamos fortemente o passeio. Descansamos felizes para encarar a segunda parte do tour Mendoza.
Turismo: Na rota das vinícolas argentinas (aqui)
maio 20, 2017 No Comments
Duas perguntas: Festival Magnéticos 90
Respostas para Carol Vidal, do Sesc Pompeia
Existe um revival dos anos 90 atualmente? Se sim, de onde você acha que este sentimento vem?
Todo mundo gosta de curtir uma saudade, e revivals são sempre uma oportunidade para nos conectarmos com um eu nosso que pode ter mudado radicalmente. Ou não. Isso sem contar a oportunidade de dar a novas gerações uma pequena ideia de como as coisas soavam. No caso do Magnéticos 90, porém, eu não diria que revival é a principal força motriz do festival, mas sim a preocupação com uma história que foi contada em fitas cassetes, e que está desaparecendo. Há muita música independente que nos anos 90 foi registrada apenas em fitas demo, e nos interessa lançar luz sobre esse material, mostra-lo, recupera-lo. Tanto eu quanto o Rafael Cortes, da Assustado Discos, e o Gabriel Thomaz, que lançou o livro “Magnéticos 90”, gostamos de pensar que esse é apenas o primeiro Magnéticos 90, e que outros virão com exposições, debates, ciclo de cinema e, principalmente, um lançamento em vinil com canções gravadas em demo na época. Estamos trabalhando para isso, e essa grande parceria com o SESC Pompeia é o primeiro passo.
De que forma surgiu a escolha das bandas para esse festival?
A gente tinha um leque imenso de artistas que gostaríamos de ter no Magnéticos 90, o que facilitou bastante a escolha das bandas. A ideia inicial foi focar em algumas das principais demo tapes do período, e nesse quesito se destacaram a “Pato Fu Demo”, do Pato Fu, a primeira demo dos Autoramas (que marcou a passagem do Gabriel do Little Quail para a sua nova banda), e as clássicas fitinhas da Graforréia Xilarmônica (“Com Amor Muito Carinho” é um best of!), da Maskavo Roots (que rendeu praticamente todo o disco de estreia deles) e da Gangrena Gasosa. Nesse cenário surgiu a oportunidade de ter a Comunidade Nin-Jitsu, que lançou um CD demo, algo que amplia a discussão de como a música circulava na época e como as bandas tentavam se conectar com fãs, rádios e gravadoras. Nos interessa discutir isso até para entender o momento musical que a gente vive. Nos fechamos nesse grupo excelente de artistas, mas já sonhamos alguns nomes para futuras edições. Tem tanta gente boa que gravou fita demo! Los Hermanos, Planet Hemp, Video Hits, Kleiderman, Raimundos… A lista é imperdível.
Festival Magnéticos 90
Realização Sesc Pompeia
Concepção: Gabriel Thomaz (Autoramas) e Rafael Cortes (Assustado Discos)
Curadoria: Marcelo Costa (Scream & Yell) e Rafael Cortes
Produção Executiva: Pamela Leme (Agência Alavanca)
Produção: Marcelo Costa
Direção Técnica: Iuri Freiberger
maio 17, 2017 No Comments
Pato Fu ganha tributo independente
Em 2017 a banda mineira Pato Fu completa 25 anos trazendo na bagagem 10 discos de estúdio, 2 discos ao vivo, 5 DVDS e 34 singles. Pensando nisso, Rafael Chioccarello (Hits Perdidos) e João Pedro Ramos (Crush em Hi-Fi) decidiram criar seu segundo tributo em parceria, “O Mundo Ainda Não Está Pronto”, homenageando a criativa e divertida banda mineira. Nada como seguir o exemplo dos Patos e criar versões desconstruídas e inovadoras, assim como fizeram em repaginações de hits como “Eu Sei” do Legião Urbana, “Qualquer Bobagem” dos Mutantes e “Eu”, da Graforréia Xilarmônica.
A coletânea reúne diversos artistas do cenário independente nacional dando seu toque em versões para as canções do Pato Fu, as recriando em passeios por estilos como rock, tecnobrega, forró, rap, MPB, folk, stoner rock, psicodelia, experimentalismo. Participam do tributo nomes como Antiprisma, FELAPPI e Marcelo Callado, Paula Cavalciuk, Subcelebs e The Outs, entre outros. A arte da capa, inspirada nos robôs gigantes do clipe de “Made In Japan”, foi feita pelo designer Pedro Gesualdi, que também é músico e atualmente toca nas bandas DERCY, Japanese Bondage e Danger City.
O disco duplo pode ser ouvido no site:
www.omundoaindanaoestapronto.com.br
maio 15, 2017 1 Comment
Cervejando em Buenos Aires
O start da revolução cervejeira artesanal começou nos Estados Unidos no final dos anos 70, começo dos 80, e nos anos 90 grande parte dos 51 estados norte-americanos tinha aderido ao “movimento”. O novo século chegou e países como Itália, Dinamarca, Holanda, Canadá, Chile e Brasil, entre muitos outros, embarcaram na onda da revolução cervejeira, que também bateu na porta das respeitadas escolas clássicas (Alemanha, Inglaterra e Bélgica), e muitas delas cederam levemente (a República Tcheca ainda faz charminho).
País do vinho Malbec, a Argentina tinha acenado levemente alguns anos atrás que estava a fim de embarcar na onda, mas as coisas caminharam lentamente no país de Diego Maradona até que nos últimos dois anos houve uma proliferação de cervejarias artesanais e brewhouses que se triplicaram na capital. Se nos anos 00 era possível contar os lugares que vendiam cerveja artesanal na capital argentina nos dedos das mãos, agora já é melhor chamar mais uns dois amigos para ajudar na contagem (e no levantamento de copo).
No geral, a escola de cerveja artesanal argentina ainda soa em um estágio inicial apostando em IPAs, Irish Reds e Golden Ales básicas, mas um nome já se destaca no cenário local: Ricardo “Semilla” é responsável pelas experimentais cervejas Los Bichos Mandan (geralmente nascidas de blends improváveis de outras cervejas artesanais locais com maturação em barris de uísque, vinho ou conhaque de segundo uso com acréscimo de levedura selvagem e lúpulo) e pelo grande hit da atual temporada cervejeira argentina, a linha artesanal Juguetes Perdidos.
Abaixo um passeio por 10 points cervejeiros (e um extra) na capital argentina em maio de 2017, boa parte deles divididos entre San Telmo e Pallermo (há uma honrosa exceção em Caballito). É sempre bom lembrar que pubs que não são brewhouses (ou seja, não produzem a própria cerveja) dependem do que o mercado artesanal tem a oferecer, o que quer dizer que você pode ir a alguns desses bares e a lousa estar completamente diferente (e alguma cerveja citada não estar disponível), o que torna o passeio sempre uma surpresa (a alguma ainda melhor pode estar engatada). Boa sorte na sua caminhada. A minha foi essa.
PRIMEIRA PARADA – Bodega Cervecera (El Salvador 5100, Palermo Soho)
Dica da amiga Cilmara, do blog Lupulinas. Aberta em 2011 inicialmente na Calle Thames, a Bodega Cervecera mudou para este lugar aconchegante cujo diferencial nesta noite foi não estar abarrotado. Ou seja, um lugar calmo para se beber uma cerveja sem stress. Na lousa, 10 rótulos, todos de nano ou micro cervejarias argentinas honrando o lema artesanal “apoya a tu cerveceria local”. Apostei numa Kira Indie American IPA, bastante correta e amarga, mas sem grandes surpresas. O companheiro de boteco Tulio Bragança, do renomado site Aires Buenos (que honra o lema “Simplesmente tudo sobre Buenos Aires”), foi de Finn American Wheat, que chegou sem carbonatação nenhuma, um pecado em se tratando de cerveja artesanal. Um dos méritos das cervejas mainstream é entregar padrão, baixo, mas ainda assim padrão. Uma Budweiser, Stella ou Heineken terá o mesmo gosto em São Paulo, Nova York ou Londres, e se você bebe uma delas “choca” é, muito provavelmente, porque o dono do estabelecimento desligou a geladeira para economizar energia e esse gela/aquece/gela ferra uma das duas únicas vantagens que a grande indústria pode oferecer: padrão para quem está na zona de conforto (a outra é preço). Dai pagar um pouco mais caro numa artesanal e ela vir sem carbonatação dificulta o jogo, mas eventualmente acontece. Ainda assim gostei da Bodega Cervecera, e lamentei não olhar as cervejas locais que eles tinham em garrafa (num post antigo deles num blog vi garrafas de Grosa, uma das minhas cervejas argentinas favoritas).
SEGUNDA PARADA – On Tap (Costa Rica 5527, Palermo Hollywood)
Excelente recomendação do Túlio, esse pub é o grande exemplo do crescimento da procura por cerveja artesanal na capital argentina. Aberto em julho de 2015, o On Tap deu tão certo com suas 20 torneiras de cerveja artesanal argentina que abriu uma filial na mesma calçada e mais cinco (!) bares em outros bairros da cidade. Como só números não significam muita coisa (afinal Justin Bieber vende milhões de discos e sua música é algo tipo Malt 90 – Malt Nojenta, se você viveu os anos 80), conta pontos eles terem duas Juguetes Perdidos entre suas 40 torneiras nos dois endereços da Calle Costa Rica: uma Baltic Porter (que deixei passar) e uma sensacional Grand Cru, uma das melhores cervejas de toda viagem. A média, no entanto, é de Pale Ale, IPA, Red, Golden Ale e Stout (Tulio experimentou uma Hazelnut bem interessante), mas ainda havia uma Wee Heavy engatada (da BierHaus) e uma Wesley Double IPA, que experimentei e curti (ainda que melada demais e amarga de menos). O On Tap original é um local fechado, com mesas e tal (e estava abarrotado). Já o vizinho coloca balcões na calçada, o que é bem legal. O saldo foi extremamente positivo nesse que já está entre os meus três bares favoritos da cidade.
TERCEIRA PARADA – Gull (Cabrera 5502, Palermo Hollywood)
Para fechar a primeira noite, Túlio nos levou ao Gull, que tem um ambiente mais pop, gourmet e arrumadinho (patricinho) com um segundo andar bastante aprazível para dias de verão, mas que não me animou tanto quanto a variedade de rótulos on tap, todos próprios e básicos (Irish Red, Golden, IPA, Honey, Porter e Scottish). O que salvou a noite foi a geladeira da casa, de onde retirei duas La Loggia, uma Imperial Stout e uma Imperial IPA, ambas seladas com cera e sem rótulo, apenas com uma etiqueta que lista os prêmios (merecidos) recebidos pelas duas. Aqui já deu notar outro salto das cervejas locais: em 2014, num tour (de vinhos) que fiz pela Argentina, trouxe três La Loggia na mala, e nenhuma delas (inclusive essa mesma RIS) impressionou muito, todas boas e corretas, mas sem grandes destaques. Essas duas da geladeira do Gull estavam bem melhores e mais provocantes, um ou dois níveis acima das mesmas cervejas que bebi em 2014.
QUARTA PARADA – Cervelar (Viamonte 336, Microcentro)
Na primeira vez que vim a Buenos Aires buscando cervejas argentinas, por volta de 2008 e 2009, a Cervelar era o principal point indicado por blogs e locais. Ainda hoje se você buscar locais cervejeiros na capital argentina pelo Ratebeer, a Cervelar aparecerá em primeiro lugar, mas a sensação é de que este bar na Viamonte (geralmente o indicado) parou no tempo. Nas prateleiras, uma boa seleção básica do que a Argentina tem de cerveja artesanal engarrafada (Antares, OtroMundo, Barba Roja, Beagle, Berlina); em tap, quatro estilos tradicionais, mas absolutamente nenhuma novidade. A sensação é de que este bar é mantido por ter sido um dos primeiros da marca, que hoje soma mais oito pubs na cidade. Dai fica o critério ao que você busca: se você está procurando por cervejas artesanais argentinas em garrafa, esse point da Viamonte pode ser interessante para neófitos; se você quer cerveja on tap, deixe a Cervelar da Viamonte de lado e parta para a Cervelar de San Telmo (Defensa 998), que ganhou um banho de loja, tapas gourmet e 14 torneiras (incluindo uma Double IPA).
QUINTA PARADA – Bélgica (Avenida Pedro Goyena 901, Caballito)
Num belo casarão de esquina em Caballito está localizada uma das joias cervejeiras de Buenos Aires na atualidade, o Bélgica, pub aberto em novembro de 2016 e que conta com 12 torneiras e atendimento “a lá Bélgica”: aqui se bebe cada estilo de cerveja em seu copo próprio, buscando alcançar o melhor resultado (os copos especiais de dose para experimentar alguma cerveja desconhecida são um charme). Indicado a mim pelo próprio Semilla, não estranha encontrar na lousa quatro Juguetes Perdidos entre as 14 opções disponíveis: uma Belgian IPA (que já é um passo à frente das American IPA locais), uma Jamaica Dubbel, uma Saison Maracuya e até uma Scotch Peated Smoked Whisky Barrel (que eu só descobri que estava engatada depois de sair e perdi de experimentar). Outra que chamou a atenção foi a Finn Wheat IPA Blend 2, o que demonstra certo apreço da casa em sair do lugar comum das cervejas artesanais, algo que os diferencia num oceano de mais do mesmo. É um espaço grande com um belo balcão central, mesas e um segundo piso, tudo cheio numa sexta-feira de tempo bastante agradável para se provar cerveja artesanal. Recomendo conhecer.
SEXTA PARADA – Antares Brew Pub (Bolivar 491, San Telmo)
Fundada em dezembro de 1998 por três amigos de faculdade (dois caras e uma garota), a Antares é hoje a maior micro-cervejaria da Argentina, e paga certo preço por ser uma das desbravadoras do universo cervejeiro local. Tal qual a Colorado no Brasil, a Antares funciona como porta de entrada para curiosos adentrarem o mercado cervejeiro artesanal, oferecendo rótulos tradicionais que já soam ultrapassados por nanos e micro cervejeiros (tal qual as escolas clássicas europeias ficaram ultrapassadas pela revolução cervejeira norte-americana). Então se você gosta muito de Colorado, por exemplo, você irá gostar de Antares. Já se você acha que a Colorado já não é mais o que era há 10 anos atrás (você evoluiu, ela permaneceu a mesma) e está mais para mainstream do que para cerveja artesanal, a Antares segue o mesmo caminho. Dito isto, este pub num belo casarão de San Telmo (aliás, são mais de 30 pubs espalhados por todo o país) vive permanentemente tomado. O legal aqui é provar a régua com todas as cervejas da lousa em copos pequenos (são oito tradicionais mais duas cervejas sazonais). Gosto da Kölsch e da Barley Wine – nesse esquema de cervejas mainstream produzidas por “empresas artesanais”.
SÉTIMA PARADA – Sexton Beer Company (Bolivar 622, San Telmo)
Um dos que mais curti a vibe, o Sexton Beer Company foi aberto em fevereiro de 2014, e aposta numa carta apenas com cervejas preparadas no próprio bar, que eles vendem on tap e também em garrafa. O local é pequeno (três mesas e um bom balcão), mas bastante agradável, com alma de pub rock and roll: no som, Iggy Pop esgoelando durante meia hora (clap clap clap) celebrou meus dois pints. Provei a Munyon Citra IPA e a Merican IPA, e as duas estavam muito boas, modelo American IPA “antigo” (amargor “sujo” e levemente resinoso – mesmo na Citra), mas totalmente dentro do estilo. Depois me arrependi de não provar a Dulce de Leche Amber. Quero voltar.
OITAVA PARADA – Breoghan Brew Bar (Bolivar 860, San Telmo)
Alguns passos na mesma rua do Sexton Beer Company está o Breoghan Brew Bar, com uma proposta totalmente inversa: pub totalmente lotado daqueles que você precisa conversar com o vizinho no balcão quase gritando para competir com o pop rock anos 80 que sai das caixas e o falatório no salão, ou seja, um bar mais jovem, de galera, para quem não quer apenas beber e comer, mas também conversar e paquerar. Há várias mesas, um balcão no miolo do bar e outro no canto próximo das torneiras, que somam 15 taps, sete deles da própria casa. Decidi arriscar em uma Buena Birra Cascade e fui beber no anexo do bar, mais calmo e vazio. Desceu bem, outra American IPA das “antigas”, mas o local me soou mais um daqueles para ver, beber, e ser visto.
NONA PARADA – Barba Roja San Telmo (Defensa 550, San Telmo)
Eu estava evitando ir ao Barba Roja, mas queria fechar um post com 10 bares, e não resisti a inclui-lo (no fim acabei indo a 11 bares de qualquer jeito). E eu estava relutante porque nunca bebi uma Barba Roja que “valesse realmente a pena” – e acho que já bebi umas seis ou sete diferentes. Mas como diz o ditado, já que não tem tu, vai tu mesmo. Até curto a arte da cerveja, tão infantil quanto a tampinha destacável e fácil de abrir das garrafas, mas definitivamente eu não vivo no universo Barba Roja: no pub, enorme, escuro e lotado, uma boa seleção de pop rock argentino em alto volume. Na lousa, oito Barbas Rojas diferentes e escolhi a IPA (até para manter a linha da noite após passar na Sexton e na Breoghan), que estava tão ruim, mas tão ruim, mas tão ruim, que a vontade era deixar o pint pela metade. Posicionado no balcão de frente a atendente, que foi bastante gentil, educadamente bebi a cerveja toda. A gente não acerta todas numa mesma noite, certo.
DÉCIMA PARADA – BierLife (Humberto 1º 670, San Telmo)
Desanimado no balcão do Barba Roja, recorri a amigos no Whatsapp, e o cervejeiro e parceiro de confraria Marcio Kovacs (que já havia me auxiliado num roteiro cervejeiro em Nova York) me salvou novamente: “Você está em San Telmo? Vá no BierLife!”. Dica anotada, maps ligado e uma pernadinha leve para encontrar o melhor local cervejeiro da viagem, o point número 1 para mim em Buenos Aires, com 44 torneiras (duas Juguetes Perdidos <3) num casarão que remete muito a um Biergarten alemão: a casa começa em dois salões, abre prum terceiro salão menor que emenda com um quarto salão imenso. E estava totalmente lotada! Esse é o tipo de lugar que faz falta em São Paulo, um galpão cervejeiro imenso com vários ambientes (tudo aqui em São Paulo é pequeno e lotado). A lousa não decepcionou. Encarei a Juguetes Perdidos Belgian IPA (mandei até um elogio bêbado ao cervejeiro) e uma BierLife Wheat Wine que me surpreendeu. A lousa ainda destacava uma Del Parque Pumpkin, uma La Delicia Sidra Espumante Seca, uma BierLife Raisins Wine e uma Juguetes Perdidos Jamaica Dubbel, mas o nível alcoólico já estava alto, a madrugada outonal agradável e a cont fechada: 10 bares, e justamente o último tinha sido o melhor formando um Top 3 com o On Tap de Pallermo Hollywood e o Bélgica Caballito.
EXTRA: NOLA (Gorriti 4389, Pallermo)
Já havia encerrado a lista na madrugada de sexta e as malas já estavam fechadas preparadas para o voo das 22h, mas o sábado prometia um almoço com o casal André e Giovana. O local (escolhido pelo Tulio) foi o Carniceria, responsável por um dos melhores cortes de carne de toda viagem (deixando para trás até o famoso ojo de bife do 1884, do Francis Mallman) – aliás, vale conhecer também o Chori, de um dos donos do Carniceria, algo como um choripan gourmet, mas muito bom (outra boa dica do Tulio). Depois de duas garrafas de vinho e papos muito bons, o casal comentou sobre o NOLA, um bar de comidas cajun comandado por uma nativa de New Orleans com cerveja artesanal própria próximo dali. Não resistimos e saímos batendo perna na agradabilíssima tarde outonal de Buenos Aires. No NOLA bebi mais uma boa IPA bastante fresca e caramelada, e fiquei salivando pelas comidas, mas já não havia espaço depois do almoço. Fica para a próxima, mas eu volto.
maio 12, 2017 No Comments
Scream & Yell Discos: 1967
O episódio 8 da série Scream & Yell Discos foca em uma série de álbuns que completam 50 anos em 2017, discos clássicos do mítico ano de 1967. De quebra arranjo polêmica e escolho os meus três favoritos do período! Assista abaixo!
maio 10, 2017 No Comments
Download: Scream & Yell 04 (Junho 1999)
Na quarta edição do fanzine Scream & Yell, lançada originalmente em junho de 1999 com o intuito de comemorar o dia dos namorados (sério!), já nos flagra surfando na onda que os elogios aos primeiros fanzines trouxeram. Nessa época já tínhamos uma rede de grandes amigos fanzineiros e não havia um dia que fosse que o carteiro não deixava em casa um novo fanzine de algum canto do Brasil. Já bastante enturmado, utilizamos o Scream & Yell para provocar o meio e, por isso, decidimos fazer um fanzine inteiro falando de… amor. Tem poesias minhas, do Alexandre e do Drummond; indicação para se ouvir o clássico punk brega “Baladas Sangrentas”, de Wander Wildner; e um texto muito bacana (“Romance com Alma Rock and Roll”) do Thales de Menezes que saiu numa coluna da Folhateen em que ele cobria férias do Álvaro Pereira Jr. Gosto da imagem da capa (uma imagem que retirei de um single do U2) e principalmente da arte do miolo, um coração perfurado por uma bala (que tirei do CD da trilha sonora do filme “A Life Less Ordinary”) emoldurando o texto “Uma garota, colo e Smashing Pumpkins” (tudo eu que eu mais queria naquele momento – risos) e ainda que o ombudsman do Scream & Yel (sim, nós tivemos um Ombudsman, o grande Fidel!) fosse reclamar na edição seguinte que o uso do coração com o texto o circundando dificultasse a leitura, gosto dela até hoje (e, claro, fica muito melhor colorida). Acho que a tiragem se manteve entre os 400 exemplares, mas essa edição nos conectou com muita gente de poesia (não à toa, eu participei do sarau na Mostra de Cultura Independente, na Funarte, em 2000) e abriu umas portas legais. Como padrão, no arquivo que você irá baixar há duas versões: uma em PDF para ser lida em desktop, celular e tablet, com o formato das páginas sequencial; e outra em JPG formatada para impressão (ou seja, com as páginas combinadas para serem montadas no formato revista. É simples: você imprime a 4_01 na frente e a 4_02 no verso do A4; a 4_03 na frente e a 4_04 no verso A4; e assim por diante. Depois junta tudo na sequencia (1, 2, 3, 4) e dobra, grampeia no meio e você tem um fanzine). Atenção: nessa edição eu vou ainda mais longe na piração de numerar as páginas com… o número de coraçõeszinhos relativos a página (risos). Divirta-se.
BAIXE AQUI O SCREAM & YELL – FANZINE 04
Baixe os fanzines anteriores também!
maio 9, 2017 No Comments
Festival Magnéticos 90 no Sesc Pompeia
Entre a geração anos 80 do rock nacional e a turma que surgiu nos anos 90 existe uma lacuna, exatamente na virada da década, em que as gravadoras deixaram de apostar no rock. Paralelamente, as bandas de rock não deixaram de existir. Longe dos holofotes da grande mídia, um enorme contingente de jovens em todos os cantos do país – munidos de baixo, guitarra e bateria – seguiam fazendo música e registrando suas canções em fitas cassete, conhecidas popularmente como “Fitas Demo” (diminutivo para “Fita de Demonstração”), que tanto servia para apresentar um grupo para um chefão de grande gravadora quanto para um fã levar aquelas músicas que tinha conhecido num show para ouvir em casa, já que era mínima a chance de ouvir aquelas canções no rádio. Internet, MP3 e redes P2P seriam ferramentas do novo século. Para a molecada dos anos 90, o lance era magnético.
À frente do Little Quail and Mad Birds e depois dos Autoramas, Gabriel Thomaz colecionava fitas-demo nos anos 90 e escreveu o livro “Magnéticos 90” (ilustrado por Daniel Jucá), lançado pela Edições Ideal, buscando registrar no papel a história daquelas fitas-demo, pois muitas não tiveram registros oficiais, só nas fitas cassete, e corriam o risco de se perderem no tempo, apagando um importante e interessante momento da música brasileira. Com essa preocupação, Gabriel se juntou a Marcelo Costa, do site Scream & Yell, a Rafael Cortes, do selo Assustado Discos, a Agência Alavanca e ao SESC Pompeia para realizar o Festival Magnéticos 90, com uma série de shows que buscam rebobinar a memória das fitas demos dos anos 90 e coloca-las para tocar novamente. A ideia não é só reviver e valorizar este período, mas mostrar que, mesmo longe da grande mídia, existe gente batalhando pela música. Foi assim nos anos 90. É assim hoje.
INGRESSOS À VENDA E MAIS INFORMAÇÕES
18/05 – 21h30: Maskavo Roots e Autoramas
O Autoramas surgiu no Rio em 1998 das cinzas do Little Quail and Mad Birds, banda que Gabriel Thomaz havia formado no final da década de 80 em Brasília. Gabriel havia gravado uma fita demo do Little Quail com três músicas em que tocava todos os instrumentos, e as usou no primeiro registro magnético dos Autoramas, lançado em K7 com três canções. Hoje o Autoramas está prestes a completar 20 anos de carreira com 7 discos e turnês elogiadas ao redor do mundo. Já a Maskavo Roots conseguiu seu contrato com o selo Banguela, dos Titãs e Carlos Eduardo Miranda, em 1994 através de uma fita demo. Também de Brasília, a Maskavo Roots lançou seu álbum de estreia em 1995, e o disco conquistou tantos fãs no cenário independente que foi reeditado em vinil em 2015 pelo selo Assustado Discos. Neste show, a Maskavo Roots se reencontra especialmente para o festival Magnéticos 90.
Autoramas: Gabriel Thomaz (voz e guitarra), Érika Martins (guitarra, moog, pandeirola e vocais), Fabio Lima (bateria) e Jairo Fajersztajn (baixo)
Maskavo Roots: Marcelo Vourakis (vocal), Joana Duah (vocal e percussão), Quim (teclados e backing vocal), Prata (guitarra), Pinduca (guitarra), Marrara (baixo) e Txotxa (bateria)
19/05 – 21h30: Comunidade Nin-Jitsu e Gangrena Gasosa
Surgida em Porto Alegre em 1995, a Comunidade Nin-Jitsu inovou e gravou um CD demo com suas canções divertidas para abrir espaço no meio musical nos anos 90. Com uma sonoridade que mistura rock, reggae, funk carioca e rap, o grupo cravou de cara um sucesso nacional, “Detetive”, que na época ganhou até prêmio de Demo-Clip na MTv Brasil. Hoje, a Comunidade Nin-Jitsu exibe uma discografia com 8 discos e segue na estrada fazendo todo mundo dançar. Já a Gangrena Gasosa, do Rio de Janeiro, é a primeira e única banda de Saravá Metal do Brasil, uma mistura de metal com hardcore e pontos de umbanda. O grupo surgiu em 1990 e lançou três fitas demo (no caso deles, vale o duplo sentido) magnéticas até lançar o hoje clássico disco “Welcome to Terreiro” (1993) e, depois, o não menos antológico “Smells Like a Tenda Spírita” (2000). Ao vivo são responsáveis por um dos shows mais divertidos e barulhentos do país.
Comunidade Nin-Jitsu: Mano Changes (voz), Nando Endres (baixo e vocais), Fredi “Chernobyl” (guitarra, vocais e programações) e Gibão Bertolucci (bateria)
Gangrena Gasosa: Zé Pelintra e Omulu (voz), Exu Caveira (guitarra), Exu Mirim (bateria), Pombagira Maria Mulambo (percussão), Exu Tranca Rua das Almas (baixo)
20/05 – 21h30: Graforreia Xilarmônica
Responsáveis por duas fitas magnéticas clássicas do período – “Com Amor, Muito Carinho” (1988) e “The Best of Graforréia Xilarmônica” (1994) –, a Graforréia assinou contrato com o selo Banguela Records que, em 1995, lançou o disco de estreia do grupo, “Coisa de Louco II”, que traz alguns clássicos do cancioneiro gaúcho como “Amigo Punk” (regravada por Wander Wildner) e “Nunca Diga” (regravada pelo Pato Fu – os mineiros também gravaram “Eu”, do segundo disco da Graforréia, que se tornou um grande sucesso radiofônico). Sem se apresentar em São Paulo desde 2013, quando foi uma das atrações do Lollapalooza Brasil, a Graforréia retorna à capital paulista com o mesmo trio que registrou as primeiras fitas demo da banda: Frank Jorge, Alexandre Birck e Carlo Pianta.
Graforréia Xilarmônica: Frank Jorge (vocal, baixo), Carlo Pianta (guitarra, vocal), Alexandre Birck (bateria)
21/05 – 0h30: Pato Fu
Uma das principais bandas do rock nacional surgida nos anos 90, o Pato Fu também gravou uma fita magnética, a “Pato Fu Demo” (1992), registrada no quarto de ensaio da casa dos pais do guitarrista John Ulhoa. Essa fita demo foi enviada para gravadoras e redações de jornais e revistas, sempre acompanhada de um bom queijo mineiro, uma estratégia divertida para chamar a atenção do destinatário. A “Pato Fu Demo” abriu muitas portas para o grupo que estreou de maneira independente com o disco “Rotomusic de Liquificapum” (1993) pelo selo mineiro Cogumelo Records e, depois, foi contratado pela gravadora BMG, que lançou “Gol de Quem?” (1995). Hoje o Pato Fu soma 12 álbuns (dois deles ao vivo) e 5 DVDs lançados numa carreira recheada de hits como “Antes que Seja Tarde”, “Depois”, “Made in Japan”, “Perdendo Dentes” e “Eu” (da Graforréia Xilarmônica), entre muitos outros sucessos.
Pato Fu: Fernanda Takai (voz, violão e guitarra rítmica), John Ulhoa (guitarra solo, violão, programação, vocal de apoio, voz e cavaquinho), Ricardo Koctus (baixo, vocal de apoio e pandeir, Glauco Nastacia (bateria e percussão) e Lulu Camargo (teclado, piano e acordeão)
21/05 – 18h: Autoramas e Pato Fu
O Autoramas surgiu no Rio em 1998 das cinzas do Little Quail and Mad Birds, banda que Gabriel Thomaz havia formado no final da década de 80 em Brasília. Gabriel havia gravado uma fita demo do Little Quail com três músicas em que tocava todos os instrumentos, e as usou no primeiro registro magnético dos Autoramas, lançado em K7 com três canções. Hoje o Autoramas está prestes a completar 20 anos de carreira com 7 discos e turnês elogiadas ao redor do mundo. Uma das principais bandas do rock nacional surgida nos anos 90, o Pato Fu também estreou com uma fita magnética, a “Pato Fu Demo” (1992), registrada no quarto de ensaio da casa dos pais do guitarrista John Ulhoa. Essa fita demo foi enviada para gravadoras e redações de jornais e revistas, sempre acompanhada de um bom queijo mineiro. A “Pato Fu Demo” abriu muitas portas para o grupo que, hoje, soma 12 álbuns e 5 DVDs lançados numa carreira recheada de sucessos.
Autoramas: Gabriel Thomaz (voz e guitarra), Érika Martins (guitarra, moog, pandeirola e vocais), Fabio Lima (bateria) e Jairo Fajersztajn (baixo)
Pato Fu: Fernanda Takai (voz, violão e guitarra rítmica), John Ulhoa (guitarra solo, violão, programação, vocal de apoio, voz e cavaquinho), Ricardo Koctus (baixo, vocal de apoio e pandeir, Glauco Nastacia (bateria e percussão) e Lulu Camargo (teclado, piano e acordeão)
maio 8, 2017 No Comments
Scream & Yell Discos: Jack White
O final do ano passado viu o lançamento de uma coletânea dupla e bacanuda de Jack White focando em seu lado acústico com canções retiradas de discos do White Stripes, Raconteurs, carreira solo, trilhas de filme e até comercial da Coca-Cola. Essa belezinha ganhou edição nacional e serviu de tema para o Scream & Yell Discos número 7 – que teve direito até ponta de citação de Greil Marcus! Assista!
maio 8, 2017 No Comments
Como foi o Record Store Day SP
maio 4, 2017 No Comments