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Londres: I’ll Be Your Mirror, Dia 1

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Fotos por Marcelo Costa

O Palácio de Alexandra é uma edificação icônica datada de 1873 (contrapartida do norte ao também icônico Palácio de Cristal, no sul de Londres), construída para ser um centro público de educação, recreação e entretenimento, que foi usado pela BBC durante muitos anos (a torre da empresa ainda funciona no prédio), tem uma bela vista da cidade e atualmente recebe diversos eventos culturais, entre eles o I’ll Be Your Mirror, festival criado pelo pessoal do All Tomorrow’s Parties para louvar o barulho.

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O Elson já tinha dado a dica em sua cobertura da versão EUA do ATP: “o festival de música mais barulhento do planeta” (leia aqui). Em Londres, 2011, o festival soou mais comportado (o que não quer dizer menos clássico) com Portishead de curador convidando PJ Harvey para uma noite e Grinderman para a outra (entre diversas atrações extras), mas 2012 promete deixar todo mundo com os tímpanos zunindo devido a uma escalação ensurdecedora dividida em três dias.

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É sexta-feira, amor, e o sol recebe uma horda de camisas pretas mal-encaradas que caminha pelo bonito Alexandra Park, cuja primeira noite terá o Slayer de headliner tocando a integra do álbum “Reign in Blood”, de 1986, um dos primeiros e mais violentos crossovers de metal e punk da história. Cenário idílico: de um lado do parque, rapazes de camisa com gola rolê jogam golfe. Do outro, metaleiros de todos os cantos da Europa bebem cerveja como se fosse água.

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Dividido em dois palcos, o esporro começa (ao menos para mim) no palco menor com o YOB, trio norte-americano de doom metal que faz uma barulheira dos diabos, mas não convence. No palco principal, os dois bateristas do Melvins causam o primeiro corre-corre do fim de semana, a maioria da galera pra frente do palco, uns 10% atrás de protetores de ouvidos. Buzz Osborne maneja sua guitarra como se ela fosse uma máquina de eletrochoque e uma nuvem densa de aspereza corta o ar.

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Entorpecido após uma hora de barulho e levemente cansado da maratona de três dias de shows seguidos (só faltam mais uns 15 dias de shows), opto por “descansar” no ATP Cinema assistindo a “Se7en”, o grande filme de David Fincher, mas sou obrigado a deixar a sala 15 minutos antes do final para pegar um bom lugar para assistir ao grande show da noite (nem no meio e nem no gargarejo, locais garantidos de pancadaria e pogo): Slayer.

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Duas músicas “novas” abrem o cortejo (“World Painted Blood” e “Psychopathy Red”, de 2009), mas é com “Die by the Sword” que as primeiras cervejas são arremessadas para o alto e a pancadaria começa. “Chemical Warfare” e “Dead Skin Mask” (a segunda do poderoso “Seasons in the Abyss”, de 1988) mantém o clima de desordem, mas basta o riff clássico de “Angel of Death” ecoar no Palácio para a galera urrar a chegada de “Reign in Blood”, tocado na integra e sem pausa para limpar o sangue da testa.

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A coesão da banda ao vivo continua impressionante. A condução de Dave Lombardo é algo do outro mundo e, em vários momentos, Kerry King e sua guitarra parecem ser um objeto só. Tom Araya continua sendo um grande mestre de cerimonias (acho que “mensageiro de más noticias” soaria melhor) e Gary Holt, do Exodus, continua segurando a bronca enquanto Jeff Hanneman se recupera. Um massacre digno de uma das bandas mais violentas do planeta, que terminou, no bis, com “War Ensemble”, outra do “Seasons in the Abyss”.

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O I’ll Be Your Mirror segue neste sábado com uma seleção de bandas escolhidas a dedo pelo pessoal do Mogwai. Meu plano pessoal é ir de chinelo, levar o sensacional livro novo da Jennifer Egan na mochila, me ajeitar em um canto do West Hall e ficar ali entre 16h e 23h, horário em que passarão pelo palco principal, em sequencia, Chavez, Codeine, Mudhoney, Dirty Three e Mogwai, encarregado de fechar a noite. Bom barulho para todos nós.

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maio 26, 2012   No Comments

Londres: Greenwich e Borough Market

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Textos e fotos: Marcelo Costa

Minha ideia pessoal nesta passagem por Londres era explorar um pouco mais a cidade e fazer alguns passeios que eu havia deixado de fazer nas passagens anteriores. Problema 1: comprei tickets para shows em todas as seis noites que estarei na cidade (o que já elimina fugidas noturnas). Problema 2: o tempo corre bem mais rápido em uma viagem dessas, em que coisas vão surgindo no roteiro, e quando você vê resta pouco tempo para os passeios programados.

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Dentre os passeios que eu mais queria fazer, uma ida a Brighton, que tínhamos agendado para este sábado de sol, foi deixada de lado. Mas ainda assim conseguimos ir de barco pelo Tamisa do centro de Londres até Greenwich, almoçar um fish and chips por lá, dar uma olhadela rápida no observatório (7 libras pra entrar, fica pruma outra) e na linha meridional, beber uma cerveja e voltar de trem. Rápido, mas legal. Amanhã queremos navegar no Regent’s Canal.

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No meio da correria da sexta-feira consegui passar em uma das minhas lojas preferidas da cidade, a Fopp de Covent Garden, e sai de lá com 14 CDs (por 68 libras), mas ainda quero voltar e fuçar com mais calma. Também comprei uma cincoentinha para a Canon Rebel XTI que eu trouxe, e até apanhei um pouco dela no primeiro dia I’ll Be Your Mirror, mas preciso aprender a brincar com a criança (quem mandou matar as aulas de fotografia na faculdade)…

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Ainda na sexta, na compania de Tiago Trigo e Juliana Zambelo, batemos ponto no Borough Market, um mercado de varejo com dezenas de barraquinhas bem interessantes, com comidas do tipo sanduiche de carne de pato e/ou coelho, bratwursts alemãs, fish and chips londrino, queijos, doces, cervejas, frutas, bolos, e tudo o mais que o bom paladar quiser provar (e que o estômago aguentar).

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Algumas fontes dizem que o mercado existe desde 1041, tendo sido criado logo ao lado do atual (do ladinho do metrô London Bridge), cujo primeiro desenho data de 1851 (com alguns acréscimos em 1860), e que virou febre da turistada nos últimos anos (para desespero dos londrinos – se é que existem londrinos em Londres). Arrisquei um fish and chips (dos três peixes disponíveis – Cod, Haddock e Plaice – escolhi o último, mais incomum) e aprovei.

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Praticamente colado em uma das várias saídas do Borough Market está o excelente pub The Rakes, com um catálogo caprichado de cervejas belgas. Os preços estão em torno de 3 libras a 5 libras o pint para beber no balcão, mas quis arriscar uma Molen Amarillo (9 libras o pint), uma double IPA holandesa de 9,2% de graduação alcoolica, aroma frutado carregado e paladar levíssimo, que esconde muito bem a cacetada de álcool que carrega. Me apaixonei. Procurarei por ela Amsterdã…

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Segundo consta, cheguei exatamente em Londres no dia em que o outono mais frio dos últimos 300 anos foi embora. A cidade está mais alegre e os parques lotados, com muita gente aproveitando para namorar o sol nessa sua curta passagem anual pelo território (são só dois meses e mais alguns dias, tem que aproveitar). É hora de colocar bermuda e chinelo e partir pra rua. Ou para um palácio (me espera, ATP)…

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maio 26, 2012   No Comments