Ao vivo em São Paulo, Bring Me The Horizon faz maior show de sua história e prova que é gigante

texto por Paulo Pontes
fotos por Fernando Yokota 

Em 2016, o Bring Me The Horizon fez dois shows lotados no Carioca Club, em São Paulo (a banda já tinha tocado na casa em 2011, durante sua primeira turnê por aqui). Depois disso, os caras tocaram no Lollapalooza 2019, esgotaram o Vibra São Paulo e foram uma das atrações principais do Knotfest Brasil 2022. Ou seja, uma banda em completa ascensão.

Mas daí pra coloca-los pra encher um estádio… Bom, pros mais céticos, parecia uma empreitada arriscada, ainda que o evento em questão tivesse a presença de outras três bandas. E não é que deu muito certo?

Podemos dizer que o que rolou no último sábado (30/11), no Allianz Parque, foi quase um “BringFest” (será que talvez tenha sido um protótipo?), já que quatro bandas subiram ao palco: The Plot In You, Spiritbox, Motionless In White e o Bring Me The Horizon.

The Plot In You

Às 16h30, quando o The Plot In You (que fez sua estreia no Brasil) surgiu no palco, parte significativa do público já tinha dominado as cadeiras inferiores e boa parte das pistas do Allianz. A banda norte-americana fez um setlist de 50 minutos, com 13 músicas que mesclam muito bem melodia, velocidade e peso (características bem marcantes do metalcore).

A banda atraiu a atenção do público, que até deu início a um (ainda tímido) mosh pit durante a execução de “Forgotten”, faixa do EP “Vol.1” (2024). No geral, o show do The Plot In You foi uma abertura ok pro evento, mas prejudicada pela qualidade do som, que deixou os vocais um pouco mais baixos (fato muito perceptível principalmente nas partes de vocais limpos) e também fez com que as backing tracks ficassem um tanto emboladas com o som que rolava ao vivo no palco.

Spiritbox

Na sequência, foi a vez do fenômeno Spiritbox — que vem conquistando cada vez mais fãs pelo mundo — fazer sua estreia por aqui. E se depender do show que fizeram no Allianz, não vão demorar muito pra voltar. Liderado pela carismática vocalista Courtney LaPlante, o quarteto entregou uma hora de show de altíssimo nível. Aqui a qualidade do som já estava um pouco melhor e isso potencializou o espetáculo.

Destaque pra Courtney LaPlante, que vai do vocal mais limpo até o gutural/screamo com uma facilidade impressionante, além de possuir um timbre de voz maravilhoso em todas as suas “versões”. A vocalista foi a primeira a usar a passarela montada em frente ao palco. Durante a execução de “Soft Spine”, o primeiro sinalizador do dia foi aceso na pista premium (o cara que acendeu rapidamente foi retirado do local por seguranças). Rolou até estréia de música ao vivo: “Perfect Soul”, single do disco “Tsunami Sea”, que será lançado em março de 2025. Um baita show de uma banda que já deixou de ser só uma promessa.

Motionless In White

Com o Allianz cada vez mais cheio (inclusive as cadeiras superiores), o Motionless In White subiu ao palco pra alegria de quem esperava o retorno dos caras desde 2015 (eles viriam em 2022, no Knotfest, mas cancelaram poucos dias antes do festival). Liderado por Chris “Motionless” Cerulli, o quinteto abriu o show com “Meltdown”, uma das cinco faixas do álbum “Scoring the End of the World” (2022), que dominaram o setlist. Em “Another Life”, o público deu um show com o já as já tradicionais luzes de celular, dando um brilho todo especial ao Allianz Parque.Um momento inusitado (e que levantou a galera) foi “Somebody Told Me”, cover do The Killers, que soou muito bem ao estilo “Motionless In White dançante”.

Depois de uma hora intensa no palco, e encerrando o show com “Eternally Yours”,, o Motionless in White mostrou que não perdeu sua conexão com os fãs brasileiros. E com Cerulli prometendo um disco novo para o ano que vem, todo mundo saiu esperançoso por um retorno mais rápido dessa vez.

Motionless In White

Às 21h, foi a vez dos donos da festa subirem ao palco, precedidos de um filme no melhor estilo jogo de videogame, que introduziu (com legendas em português nos telões) o público em um verdadeiro espetáculo sonoro e visual. Quando o Bring Me the Horizon finalmente apareceu, o Allianz Parque foi ao êxtase (rolou canhão de papel picado logo na abertura do show), e a energia já dava sinais de que aquela seria uma noite histórica.

Eles abriram com “DArkSide”, do álbum “Post Human: NeX GEn” (2024), o mais recente da banda, e seguiram com um setlist que misturou novidades da era Post Human e clássicos de discos como “Sempiternal” (2013) e “That’s the Spirit” (2015). Até “MANTRA”, de “Amo” (2019), entrou no repertório, mostrando a versatilidade e o cuidado em agradar fãs de todas as fases.

Bring Me the Horizon

O que falar da produção? Impecável. Uma experiência audiovisual bem foda: pirotecnia, lasers, confetes em formato de coração, palco de dois andares e telões com imagens impressionantes, tanto no palco quanto ao lado dele.

A interação do vocalista Oli Sykes com o público é um show à parte. O cara tenta falar português em vários momentos, manda alguns palavrões e até uns “meu deus e minha nossa senhora” rolaram. E a resposta da galera é insana durante o show inteiro, cantando cada uma das músicas, entre elas “Teardrops”, “Sleepwalking”, “Kingslayer”, “Follow You”, “Can You Feel My Heart” e “Throne”.

Em “Antivist”, a banda recebeu no palco MC Lan e Di Ferrero, do NX Zero, pra uma participação no mínimo curiosa, mas que a galera curtiu pra caramba. No bis, Oli Sykes desceu do palco e foi cantar “Drown” direto na grade, no meio da galera. Um gesto que levou os fãs à loucura e selou de vez a ideia de que essa noite era deles.

Bring Me the Horizon

Depois de 1h45 de pura energia e um Allianz Parque inteiro cantando em coro todas as músicas executadas. Oli chamou a banda pra uma foto e se despediu com um emocionado “te amo” em português.

Esse não foi só o maior show da história do Bring Me the Horizon, mas também uma celebração de tudo o que torna a banda especial: conexão com o público, entrega e uma experiência que vai muito além do som. Com certeza, esse foi um marco pra eles e pros fãs brasileiros.

Bring Me the Horizon

– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell. É autor do livro “A Arte de Narrar Vidas: histórias além dos biografados“.
– Fernando Yokota é fotógrafo de shows e de rua. Conheça seu trabalho: http://fernandoyokota.com.br/

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