entrevista de Daniel Tavares
em colaboração com Carlos Ferracin, do Tenho Mais Discos Que Amigos
O Village People, conhecido por transformar qualquer lugar em discoteca, mas também por seus personagens icônicos como o policial, o construtor, o índio e o cowboy, se tornou um símbolo da cultura pop dos anos 70 e um ícone para a comunidade LGBTQ. Suas músicas, muitas vezes com letras sugestivas e com temática de festa, conquistaram o mundo com um estilo contagiante, ensolarado e cheio de energia, perpetuando sua influência na cultura pop através de canções que se tornaram hinos em eventos e festas ao redor do mundo.
Victor Willis, o homem por trás dos hits da banda (tais como “Y.M.C.A.”, “Macho Man” e “Go West”) conversou conosco brevemente antes do show que realizaram na sexta-feira, 17 de maio, em São Paulo, no Tokio Marine Hall. Willis, reconhecendo, no entanto, que a representatividade da comunidade gay na indústria musical evoluiu ao longo dos anos. O vocalista negou conhecer música brasileira. Entrevistamos o policial rodoviário do clipe de “Y.M.C.A”, em colaboração com Carlos Ferracin, do Tenho Mais Discos Que Amigos.
O artista destacou o fato do Village People ter ultrapassado a marca dos 100 milhões de cópias vendidas mundialmente, e atribuiu esse sucesso à capacidade das músicas de se conectarem com o público. Victor – que se apresentou em São Paulo com um Village People totalmente reformado – também confirmou que um novo álbum está nos planos, relembrou seu disco solo de 1979 (“Solo Man”) e falou da força dos shows da banda: “Tudo é música para dançar, música pra cima. Do começo ao fim!”. Confira.
O Village People tem planos de gravar um álbum novamente? Ou você acha que esse tipo de álbum conceitual não funciona mais nos dias de hoje? E sobre seu disco “Solo Man”, que você lançou um pouco depois que saiu do Village People, no final dos anos 1970: é um álbum com funk, R&B e até vocais gospel…
Bem, lançamos (o single) “Goddess of Love” [recentemente], uma música que foi gravada com um grupo de outras oito ou nove músicas para um álbum. Então vai ser lançado (sim) um (novo) álbum, que deve chegar neste verão também [o verão no hemisfério norte acontece no meio do ano]. “Goddess of Love” é o primeiro single dele. (Sobre “Solo Man”), minhas principais inspirações para esse álbum foram mostrar minha variedade e capacidade de cantar diferentes estilos de música e deixá-lo em uma área onde as pessoas ainda pudessem dançar e, ao mesmo tempo, poder dizer que eu era um verdadeiro cantor.
Considerando que o Village People se tornou um ícone para a comunidade LGBT desde os anos 1970, como você vê a evolução e a representatividade da comunidade gay na indústria da música ao longo dos anos? E como compara a situação dessa comunidade nos anos 70 e nos dias de hoje?
Bem, não estou familiarizado com quaisquer mudanças que possam ter ocorrido mais que a diferença nas comunidades. Posso dizer que a música é para todos. Mas, no início, a música foi iniciada pelo meu parceiro, Jack Morelli. Era dançante e tinha mensagem. Esse era o seu estilo de vida particular. E a música era voltada para esse estilo de vida específico. Isso quer dizer que os primeiros fãs básicos do Village People foram a comunidade LGBTQ. Eles são os primeiros que reconheceram o Village People como sendo o grupo que era. Acho que foi uma música com a qual todo mundo pôde se relacionar e curtir. E então expandimos e garantimos que fosse para todos depois disso.
Você voltou para o Village People sete, oito anos atrás: como conseguiu os novos parceiros da banda? E como você descreve a energia e a atmosfera dos shows do Village People para aqueles que ainda não viram a banda ao vivo?
Bem, realizei audições com a intenção de encontrar pessoas diferentes que se encaixassem nos diferentes personagens (da banda). É um show de muita energia. Uma movimentação constante. Não há baladas no set list! Tudo é música para dançar, música pra cima. Do começo ao fim! Você começa o show dançando e acaba o show dançando. O público participa do show!
– Daniel Tavares (Facebook) é jornalista e mora em Fortaleza. Colabora com o Scream & Yell desde 2014.