16 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.
A partir de 2022, o Scream & Yell passou a republicar os livros da Mojo buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). A ideia é ter toda semana um livro “novo” da Mojo sobre um disco disponível! O 86° volume da série (conheça os anteriores) é dedicado a “A Fever You Can’t Sweat Out”, disco de estreia do Panic! at the Disco”, lançado em 2005 pelas gravadoras Fueled by Ramen e Decaydance.
A revista Rolling Stone incluiu o álbum na lista dos “40 Melhores Álbuns Emo de Todos os Tempos” em 2016, justificando-o como uma “impressão digital definidora de gênero”. O single “I Write Sing Not Tragedies” foi eleito “Clipe do ano” no VMA 2006 batendo Madonna, Christina Aguilera e Red Hot Chili Peppers. Em setembro de 2011, foi eleito como melhor clipe da década de 2000 pela MTV. Faça o dowload desse Mojobook escrito por João Baldi Jr. em PDF ou leia online aqui.
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Nunca, nunca ia se acostumar a ver seu pai daquele jeito. Aos seus olhos, transfigurado, alguns diriam até possuído. Aquilo era parte da sua job description, o velho alegava. “Acostume-se, especialmente se você, Mateus, pensa em me suceder”, dizia. Mas Mateus não pensava nisso. Só havia comparecido ao culto naquele sábado porque era uma exigência do pai. Seu filho mais velho tinha de, em algum momento, comparecer ao maldito culto. Não bastava ser forçado a seguir involuntariamente toda a rotina da igreja, ele tinha de ir ao culto.
Não era mole ser filho de pastor. Mas, quando olhava para o pai em cima do púlpito, berrando a plenos pulmões como se cada decibél a mais fosse uma vitória rumo ao arrebatamento divino, exorcizando os medos e personificando a salvação daquelas pessoas, ele imaginava que não devia ser muito diferente do que ser filho de um lutador de vale-tudo. Era a mesma coisa, só que com menos sangue – com o sangue dos outros, claro…