entrevista por Luiz Mazetto
Mais conhecido do grande público como o vocalista e guitarrista do Alice in Chains desde 2006, William DuVall possui uma longa e variada carreira musical, que começou muito antes disso e vai muito além do rock pesado e arrastado da banda de Seattle, com a qual já gravou três discos e realizou inúmeras turnês pelo mundo. Os seus primeiros passos no mundo da música aconteceram bem longe da Costa Oeste dos EUA, mais especificamente em Atlanta. Lá, um então adolescente William fundou e tocou guitarra na ultrarrápida banda de punk/hardcore Neon Christ, que existiu originalmente entre 1983 e 1986.
Uma das melhores bandas menos conhecidas da primeira leva da cena hardcore dos EUA, o Neon Christ agora poderá ser descoberto por um público maior mundo afora. Isso porque a banda está relançando todas as suas gravações, um total de 14 músicas compostas pelo EP autointitulado e uma sessão feita com Nick Jameson, do Foghat. Intitulado “1984”, em referência ao ano em que todas as faixas foram gravadas, o disco ganhou uma edição especialíssima em vinil pelas mãos da Southern Lord e da DVL, selo do próprio William, já disponível.
Na entrevista abaixo, feita por telefone no início de agosto, um extremamente bem-humorado William relembra os primeiros dias e gravações com o Neon Christ, conta sobre a sensação de voltar aos palcos após mais de um ano, relembra a proximidade com o Corrosion of Conformity e destaca a sua relação especial com o Brasil, onde já esteve por três vezes com o Alice in Chains. Confira!
Como foi esse último um ano e meio para você durante a pandemia? Ficou mais tempo em Atlanta ou viajando entre Atlanta e a Califórnia?
Fiquei principalmente em Atlanta nesse tempo todo. Foram apenas algumas viagens aqui e ali. Uma para trabalho e as outras para família e coisas pessoais. Mas fiquei fixo na maior parte do tempo.
Imagino que tenha sido um pouco estranho para você, já que estava acostumado a viajar bastante em turnê nos últimos anos.
Sim, muito, muito estranho.
Por isso, queria saber se, além do relançamento do Neon Christ, você dedicou seu tempo para alguma atividade específica, como ler, descobrir ou redescobrir discos, assistir filmes?
Todas as opções mencionadas. E definitivamente escrevi bastante, compus coisas novas. Mas todas as opções. Sempre há muito trabalho a fazer com a minha gravadora (DVL) e os catálogos que eu gerencio. Por isso, sempre há muita coisa para me manter ocupado. Definitivamente tem sido estranho. Esse é o maior tempo que fiquei em casa em mais de 20 anos.
E como foi para você voltar a subir em um palco em 12 de junho, quando fez o show de lançamento com o Neon Christ em Atlanta? Pelo que vi pude ver dos vídeos no YouTube, a banda estava soando muito bem e o público estava bastante animado em poder assistir ao show de vocês.
É, esse foi um dia incrível. Apenas fiquei muito feliz com a forma como tudo aconteceu. Tinha pessoas de todos os tipos, foi como uma grande celebração – ou uma catarse gigante, de verdade (risos). Porque as pessoas estavam presas em casa e sem poder assistir música ao vivo há muito tempo. E então poder sair para aquele show que fizemos em um lugar aberto em Atlanta foi apenas uma grande liberação para muitas daquelas pessoas. E para nós também. Então é, fiquei muito feliz com a forma como as coisas aconteceram, elas não poderiam ter sido melhores.
E você ficou nervoso de alguma forma por voltar ao palco após tanto tempo? Quer dizer, você disse que esse foi o maior tempo que ficou em casa nos últimos 20 anos.
Sim, definitivamente muito nervosismo. E especialmente porque o Neon Christ não fazia um show há cerca de 13 anos. Então sempre há aqueles nervos extras no sentido de “Será que nós ainda conseguimos fazer isso?”. A música do Neon Christ exige muito fisicamente e os outros caras da banda não passam o tempo como músicos profissionais. Então, para eles é um grande empreendimento voltar à forma necessária para tocar esse tipo de música. E mesmo para mim, que tenho a sorte de trabalhar como músico em tempo integral, também é algo desafiador (risos). Então sim, fiquei bem nervoso, mas uma vez que sobe lá, você apenas surfa na onda da adrenalina. E parte do que torna o Neon Christ divertido e excitante… e do que fez todo aquele movimento da cena punk/hardcore no início dos anos 1980 tão excitante era o fato de que sempre existia a possibilidade de que tudo podia sair completamente dos trilhos e desabar (risos). Então você apenas tinha de abraçar isso. Nós aprendemos, o Neon Christ aprendeu a ser uma banda ao apenas fazermos isso juntos quando éramos jovens. Nunca houve nenhuma ilusão do tipo “Ah, isso vai ser perfeito”. Quer dizer, eu sempre tive ambições altas com a banda em termos musicais e artísticos, certamente não do ponto de vista comercial. Eu era duro com a banda naquela época, e ainda sou – sempre quero trazer um padrão alto para o que estamos fazendo. Mas, tendo dito tudo isso, estamos falando de música punk e vai ser louco e confuso. Então você tem uma espécie de consenso entre duas filosofias extremas: há o desejo de ser realmente bom e bem-ensaiado e também há o elemento puramente caótico. E o que acontece é que a verdade fica em algum lugar entre essas duas coisas (risos). Esse show em 12 de junho não foi diferente, foi legal. Houve alguns momentos em que as coisas quase saíram dos trilhos, mas conseguimos trazer de volta e tudo acabou dando certo.
E vocês estão planejando fazer mais shows? Ou estão mais numa pegada de “esperar e ver” por conta da pandemia e tudo mais?
Não estamos realmente planejando fazer outros shows. Esse foi um dia muito, muito especial que queríamos dar para a cidade de Atlanta e para todas as pessoas que já se importaram com o Neon Christ ou com aquela música. Originalmente, seria uma apresentação dentro de uma loja de discos, porque estávamos celebrando o Record Store Day nos EUA e o lançamento da edição especial do nosso disco “1984” para o Record Store Day. Inicialmente, iríamos tocar algumas músicas numa loja chamada Criminal Records, em Little Five Points (bairro de Atlanta), mas por conta de todas as restrições para atividades em locais fechados e tudo mais, vi que seria mais um problema e acabaria não sendo muito divertido (risos). Por isso, decidimos mudar o show para um lugar aberto. E isso, é claro, traz os seus próprios desafios: você precisa lidar com a prefeitura, segurança, todas essas coisas. Mas nós fizemos e, como eu disse, não posso ficar mais feliz com a forma como as coisas aconteceram. Mas não, isso não é parte de algo como “Ah, agora vamos sair em turnê” ou “Agora vamos fazer mais shows em Atlanta”. Foi apenas uma ocasião muito especial.
Agora gostaria de falar um pouco sobre o disco em si. Ele possui 10 músicas do EP autointitulado, gravado em março de 1984, e mais quatro músicas que foram gravadas no Dia do Trabalho dos EUA, em setembro do mesmo ano. Então essas 14 músicas foram gravadas dentro de um intervalo curto, de aproximadamente seis meses. Mas, ao escutá-las em sequência, é possível notar algumas mudanças entre as duas sessões, com as faixas do Dia do Trabalho trazendo talvez algumas influências mais melódicas, de pós-punk e outras coisas diferentes em algumas faixas, mesmo você tendo uma música como “After”, que é mais experimental, na primeira gravação. Você sentiu isso na época, que a banda estava evoluindo? E isso foi algo natural ou vocês buscaram conscientemente por novas coisas, novos sons e direções musicais e tudo mais?
Eu estava sempre buscando por sons novos para incorporar à banda e expandir o escopo da nossa música. E, ao mesmo tempo, também era uma evolução natural porque, como disse antes, nós estávamos aprendendo como ser uma banda – e os outros caras estavam aprendendo a tocar seus instrumentos, seus papeis. O nosso baterista, Jimmy Demer estava aprendendo a tocar bateria. O nosso baixista nunca tinha tocado baixo antes de entrar para o Neon Christ, então ele estava aprendendo como ser um baixista. E o nosso vocalista, Randy DuTeau, ainda estava encontrando a sua voz. Então foi uma combinação da minha busca constante por expandir e da nossa melhoria enquanto estávamos fazendo isso porque tocávamos o tempo todo. Por isso, acho que é possível ver um crescimento significativo nos seis meses entre essas duas sessões de gravação, em março e setembro de 1984. Mesmo que de alguma forma ainda estivéssemos trabalhando dentro do “idioma” do thrash, o thrash que nós estávamos fazendo era uma versão mais avançada dele de uma certa maneira. E, como você disse, há esses outros elementos que entram em cena, como na música “The Knife Cuts So Deep”. Eu nunca tinha escrito nada desse tipo antes. Era algo completamente diferente de qualquer coisa presente no nosso repertório até então. Foi um ponto de virada. Então sim, você começa a ver essas coisas se encaixarem. E isso também foi parte de uma evolução ainda maior que continuou depois disso, mas que infelizmente nunca foi documentada de maneira adequada. Por isso, apenas sou muito grato por termos o que temos, essas duas sessões de 1984. E por termos conseguido remasterizar essas músicas, dar a essas fitas antigas a atenção que elas mereciam. E também por termos tratado essas músicas com muito cuidado e lançado elas agora para um novo público. Apenas sou muito grato por isso. As coisas aconteciam muito rápido naquela época. A segunda sessão de gravação, de 3 de setembro de 1984, que compõe a segunda parte do disco, foi gravada em quatro horas (risos). Isso mostra como a banda estava afiada! O estúdio ficava na casa do engenheiro de som, o que era algo bastante incomum na época, você não tinha muitos home studios naqueles tempos. Mas esse cara tinha feito alguns discos grandes, ele tinha feito parte do Foghat, que era uma banda dos EUA que foi bem grande nos anos 1970.
“Slow Ride” é uma música enorme!
Sim, “Slow Ride” é um clássico! Ele produziu essa música – e acho que também é coautor dessa faixa. Por já ter tocado no Foghat, acho que o Nick Jameson tinha os recursos para montar um estúdio na casa dele. Então nós entramos lá e fomos direto ao trabalho. E quatro horas depois saímos de lá com essas quatro músicas. Foi a primeira vez que fiz uma gravação multicanal com a minha guitarra – antes eu tinha feito overdubs no que já tinha tocado. Você reproduzia um canal e tocava sobre ele, e então você tinha essas camadas – nunca tinha tido a chance de fazer isso antes. Então houve um avanço em relação à nossa habilidade com os instrumentos e para tocarmos juntos como uma banda, e também nas técnicas de gravação que estavam disponíveis para nós.
E vocês curtiam Foghat ou outras bandas desse tipo de rock na época? Pergunto porque pode soar um pouco incomum para algumas pessoas uma banda de punk/HC no auge da cena escolher gravar com um músico desse tipo de som. Isso era algo que vocês queriam, trabalhar com ele por causa do Foghat?
Não, não mesmo (curtia a banda). Eu gostava da música “Slow Ride”, que é legal, mas não. Na verdade, o lance é que eu tinha essa ideia de querer fazer uma gravação no Dia do Trabalho (risos). Eu apenas liguei para o Jimmy e falei “Nós precisamos gravar um disco no Dia do Trabalho”. E nós apenas olhamos no jornal e o Nick Jameson tinha publicado um anúncio dizendo “Engenheiro de som disponível”. Nós não sabíamos muita coisa realmente. Mas ligamos para ele, que tinha o horário disponível e então fomos até lá. As coisas apenas se encaixaram. É claro que acho que nos beneficiamos do conhecimento do Nick Jameson do estúdio e por ter feito muitos discos diferentes ao longo dos anos – nós certamente nos beneficiamos disso. E também preciso dar muito crédito ao Nick por não nos desprezar como banda. Porque você precisa entender que essa música era odiada naquela época. Quero dizer, era odiada, não era considerada música, era vista como barulho. Também havia figuras de autoridade que viam essa música como algo que precisava ser interrompido. Não apenas havia pessoas que desprezavam essa música como um gênero musical, mas também havia pessoas que se sentiam ameaçadas por ela. Por isso, dou muito crédito ao Nick por nos receber em seu estúdio, que também era a sua casa na época, e nos levar a sério o bastante para nos gravar muito bem. E nós também éramos crianças, eu tinha 16 anos. Ele poderia facilmente ter nos desdenhado e rebaixado, tanto de um ponto de vista musical quanto pelas nossas idades. E ele não fez nenhuma dessas coisas. Na verdade, ele foi muito legal. Ele viu como nós estávamos empolgados em ser o Neon Christ, viu como estávamos empolgados com a nossa música. E também que, mesmo fazendo algo incomum e com o qual ele não estava acostumado a ouvir ou gravar, nós levávamos isso muito, muito a sério. Ele apenas nos acompanhou. Ele tirou um tempo para me mostrar, quando estava colocando o meu amplificador neste pequeno armário que ele tinha em sua garagem, que você podia colocar um microfone no alto, perto do teto, para as reverberações do espaço. Então você não coloca apenas um microfone na frente do amplificador para gravar os sons próximos, mas também coloca microfones afastados e grava as reverberações. E essa foi o meu primeiro contato com a técnica de microfonação à distância. Ou seja, ele tirou o tempo para não apenas fazer isso, mas também para me mostrar o que estava fazendo. Por isso, tenho muito respeito por ele.
Talvez soe um pouco clichê, mas tenho escutado o disco nas últimas semanas e, mesmo com essas músicas tendo quase 40 anos, elas ainda soam muito atuais, “frescas” e agressivas, não apenas em termos sonoros, mas das letras também, mesmo com todas as mudanças pelas quais a música passou nas últimas décadas. A que você atribuiu isso, o fato de essas músicas terem envelhecido tão bem, podendo ter sido escritas por uma banda nova, por exemplo?
Em primeiro lugar, obrigado por dizer isso. Isso significa muito, porque eu era apenas um adolescente de 15, 16 anos de idade, no meu quarto na casa dos meus pais, tentando colocar esses sentimentos para fora. E em boa parte do tempo sentindo realmente que ninguém se importava – e que ninguém estava escutando (risos). É claro que, com o passar do tempo, isso acabou não sendo verdade, mas na época em que foram escritas muitas das músicas desse disco “1984”, esse era um grande sentimento. Havia um sentimento do tipo “Ah, meu deus, nós precisamos sair e abrir caminho contra a apatia, o desinteresse, e a descrença e criar um espaço para nós”. Por isso, realmente agradeço você ter dito isso. Penso que é o fato que é apenas tão honesta (a música da banda). E penso que a honestidade é atemporal. Quando você combina honestidade emocional verdadeira com algum nível de habilidade, mesmo com algumas arestas a aparar, mesmo que seja um bando de adolescentes se juntando e tentando aprender a tocar, penso que apenas há algo dentro disso que é tão puro que vai transcender o tempo e a época em que foi criado. E também penso que o fato de que calhou de estarmos perto do início do que acabou se tornando um movimento cultural muito grande, que continuaria por décadas e décadas depois e varreria o mundo todo. Na época, nós não tínhamos nem ideia de que isso iria acontecer. Estávamos somente tentando tocar a música mais rápida, pesada e agressiva que conseguíamos. Apenas para expressar os nossos sentimentos, porque havia tantas coisas para se irritar e para temer. E estávamos apenas tentando colocar esses sentimentos para fora para não ficarmos loucos. Mas acho que todas essas coisas contribuíram para que essas músicas soassem, como você disse, como se pudessem ter sido gravadas na semana passada ou algo assim. Penso que é por isso que durou. Porque vieram muitas bandas depois da gente que pegaram os elementos básicos daquele som e tentaram fazer o seu próprio lance com isso. E agora você tem gerações de bandas que fizeram isso ao longo de muitos anos. Mas quando você retorna para a nossa época e escuta os discos dessa época, como o “1984” ou qualquer uma das bandas que nós adorávamos, algumas das quais tivemos a sorte de ficar próximos e virar amigos, você escuta o entusiasmo de um novo movimento, de um novo gênero nascendo. Então acho que é como quando você escuta qualquer gravação que esteja na gênese de um movimento, como os discos do Chuck Berry e do Little Richard. No começo do rock dos anos 1950, você escuta esse mesmo tipo de entusiasmo e é quase como se eles tivessem colocando um relâmpago em uma garrafa. Então você escuta não apenas o entusiasmo genuíno do momento sendo capturado em fita, mas com o benefício de décadas e décadas de retrospectiva, você escuta a gênese de um novo som. Então isso sempre vai carregar muito romance ao redor. Apenas me sinto muito privilegiado por podermos ter feito o que fizemos, e por documentar tudo.
Aliás, havia bandas próximas de vocês na época? E como era a cena punk/HC de Atlanta na época? Ou melhor, existia uma cena punk/HC em Atlanta ou vocês eram mais próximos de bandas de outros locais?
É, não existia de fato uma cena. Me mudei com a minha família de Washington DC para Atlanta em 1982 e não havia nada realmente acontecendo. Tinha uma outra banda que era um pouco similar no sentido de que tocava um tipo de hardcore, um estilo de rock rápido, que se chamava DDT. Eles eram um pouco mais velhos; se eu tinha uns 14, 15 anos, eles tinham uns 17, 18 anos. Então eu os admirava. Quando cheguei em Atlanta, formei uma banda chamada AVOC. E entre o AVOC e o DDT, você tem o início da cena hardcore de Atlanta. O AVOC não chegou a durar um ano. Depois eu formei o Neon Christ na segunda metade de 1983. E o DDT continuou existindo. Então entre o DDT e o Neon Christ você tem o crescimento da cena. Porque o Neon Christ era bastante implacável em termos de divulgação, nós enchíamos a cidade com nossos adesivos e flyers. Éramos apenas muito agressivos, queríamos ser confrontativos. O DDT era muito mais sobre se divertir. Mas nós realmente gostávamos deles musicalmente, éramos amigos deles. E realmente não tinha nada além disso, cara. Era basicamente isso (risos). Um pouco depois, começaram a surgir outras bandas, que vieram atrás da gente. E obviamente os conhecíamos porque os chamávamos para abrir shows e tudo mais. Mas você tinha o Corrosion of Conformity, de Raleigh (na Carolina do Norte, estado vizinho da Geórgia), que eram grandes amigos nossos desde o começo. O Neon Christ e o Corrosion of Conformity eram meio que “bandas irmãs” naquela época, nos primeiros dias. Éramos muito próximos, fizemos muitos shows juntos. Normalmente, quando tocávamos em Raleigh, nós fechávamos a noite, e quando tocávamos em Atlanta eles tocavam por último. Éramos muito próximos. Eles eram uma banda que nós admirávamos porque eles também eram um pouco mais velhos que a gente. E eles podiam viajar, eles podiam realmente fazer turnês – o que era muito difícil para o Neon Christ por causa da nossa idade. Mas eles subiam numa van e iam para todos os lugares, eles realmente espalharam a palavra. E eles também eram muito bons. A primeira vez que os conheci foi durante a época do “Eye for an Eye” (1984), quando eles tinham o Eric Eycke como vocalista. Depois eles viraram um trio, apenas com o Mike Dean, o Reed Mulin e o Woody Weatherman e começaram a tocar o material que acabaria no “Animosity” (1985), que obviamente é um disco clássico de crossover entre punk e metal. Nós não chamávamos assim na época, mas na primeira vez que os ouvimos tocando essa música, e isso foi ao vivo bem antes de sair o disco, apenas sabíamos que eles estavam com algo que seria realmente fundamental. E foi. Nós apenas curtíamos muito eles. Mas mesmo antes disso, durante a época do “Eye for an Eye”, eles estavam incorporando o Black Sabbath na música deles. Tipo, realmente tocando riffs do Black Sabbath nas músicas deles e tudo mais. E ninguém estava fazendo isso naquela época, por volta de 1983. Era algo muito raro. O Black Flag estava começando a fazer isso na costa oeste, mas quando você fala do sudeste dos EUA, o Corrosion of Conformity foi realmente bastante pioneiro nisso. Então havia algumas bandas das quais éramos próximos, o DDT, o Corrosion of Conformity. E, claro, as bandas de outros lugares. Porque a cena era tão pequena que todo mundo se conhecia. Por isso, éramos amigos ou conhecidos de todas as bandas que adorávamos. Porque você precisava ser, você precisava se conectar, nós não tínhamos mais ninguém. Então nós éramos próximos do Jello Biafra e do Dead Kennedys, todo mundo do Black Flag. O Henry Rollins dormiu no chão da casa dos meus pais quando ele fez a sua primeira turnê de spoken word. Nós conhecíamos os caras do D.R.I. Praticamente qualquer banda daquela época que você citar, nós provavelmente tivemos algum tipo de encontro pessoal ou trocamos cartas. Nos apoiávamos de todas as maneiras que conseguíamos. Foi uma época incrível, realmente ótima. Não trocaria por nada. Que maneira incrível de crescer, que época incrível para ser adolescente.
Nas suas primeiras bandas, como o AVOC, Neon Christ e Bl’ast!, você era principalmente um guitarrista. Por isso, queria saber quando você descobriu a sua voz como vocalista e passou a se sentir confortável para também abraçar esse papel enquanto artista?
Isso começou, de forma relutante, quando eu tinha por volta de 20 anos de idade. Eu montei uma banda chamada No Walls, que fazia uma mistura de rock, jazz, world music e música experimental. Então você pode imaginar pegar Ornette Coleman, Jimi Hendrix, Sonic Youth e Joni Mitchell e jogar tudo no liquidificador – o No Walls era meio sobre isso, tinha todos esses elementos diferentes. Eu tocava guitarra e queria tocar com músicos de jazz. Então eu conheci esses dois caras que estudavam na universidade Georgia Tech em Atlanta. E um deles era o baterista da banda de jazz da Georgia Tech, o Matthew Cowley, que é um baterista fenomenal, como um Elvin Jones branco. Quando fui encontrar o Matt pela primeira vez, havia um baixista incrível tocando com ele, um cara que era uma combinação do Jaco Pastorius e do Charles Mingus, que era o Hank Schroy. Então nós começamos a fazer jams e no começo era apenas instrumental. Nós ficávamos apenas improvisando o tempo todo, tocávamos por horas e horas – não era algo realmente relacionado a músicas. E então eu comecei a levar músicas, porque isso vai acontecer comigo em algum momento (risos). Na época, ainda estávamos considerando o que iríamos fazer, como seríamos enquanto uma banda. E estávamos pensando em ter um vocalista, porque eu ainda estava naquele ponto de ainda estar muito relutante em fazer algo assim, de assumir isso. Eu levei uma música para um ensaio, ou sessão de improvisação, como você queira chamar, e estávamos só nós três lá – porque às vezes tínhamos outras pessoas conosco – mas dessa vez era só nós três. Então o Hank, nosso baixista, disse “Cara, por que você não canta? Por que você não tenta?”. E nós costumávamos gravar as nossas jam sessions, tínhamos um gravador de fita na sala. Então nós gravamos essa música, apenas nós tocando-a ao vivo, e depois fomos ouvir e o Hank disse “Cara, isso ficou muito bom”. E o Hank não era um cara que falaria algo assim para qualquer um sobre qualquer coisa, era muito raro ele fazer elogios de qualquer tipo e sobre qualquer coisa (risos). Era muito mais fácil ele ir para a outra ponta. Então ele ter dito isso foi algo realmente grande. E eu fiquei “Ah, Ok, legal”. A partir daí, comecei a cantar todas as músicas que fizemos. Essas eram músicas que iam muito além de qualquer coisa que fosse inspirada pelo punk e hardcore. Essa era a minha busca para finalmente deixar tudo aquilo para trás. Eu amava punk e o que tinha feito por mim e tudo mais, mas nessa época – estamos falando de 1988 – eu já tinha feito tudo o que sentia que podia contribuir para esse tipo de música. E foram alguns anos muito agitados entre AVOC, Neon Christ, Bl´ast! e a Final Offering, que eu montei com o Mike Dean, do Corrosion of Conformity, e o Greg Psomas, do DDT, que era o Keith Moon de Atlanta. Então eu fiz muitas coisas diferentes interessantes. Nem todas receberam a atenção que eu gostaria que tivessem recebido, mas o ponto é que eu as fiz. Então em 1988, ao formar o No Walls, eu realmente queria me afastar disso e fazer algo que refletisse mais todas as minhas influências, como o jazz e a world music que eu amava tanto. E as minhas influências de rock mais antigo, como Hendrix e toda a música incrível criada nos anos 1960. Então cantar aquelas músicas que escrevi para o No Walls foi quando comecei a tentar entender como realmente fazer isso, ser um vocalista. Foi algo muito assustador, algo que comecei a fazer de forma relutante. E que ainda faço até algum ponto, sou muito agradecido pelo fato de as coisas terem acontecido da maneira como aconteceram. Mas sempre foi algo desafiador (risos). Agora não consigo imaginar a minha vida sem isso, sem poder cantar. Não é o que comecei fazendo, mas não consigo imaginar a minha vida sem isso. E isso começou com o No Walls, foi quando tudo começou, quando comecei a subida da escalada (risos).
Sempre gosto de fazer essa pergunta e sei que ela não é fácil. Mas gostaria que me dissesse, por favor, três discos que mudaram a sua vida e porque eles fizeram isso. Não precisam ser os três únicos que mudaram a sua vida, mas três dos que mudaram.
Com certeza eu teria de começar com o “Band of Gypsys” (1969), do Jimi Hendrix. Esse foi o disco que realmente me fez querer tocar. Sempre gostei de música quando era criança, apenas em um nível bastante puro de uma criança. Tinha músicas que eu realmente gostava, coisas como os Jackson 5 ou o que estivesse na rádio, Marvin Gaye. Tive a sorte de crescer durante uma época muito boa para a música, especialmente soul e R&B, rock e funk. Eu adorava Earth, Wind & Fire, Stevie Wonder. Mas quando o meu primo Donald veio morar comigo e com a minha mãe, ele trouxe sua coleção de discos – e o “Band of Gypsys” estava entre os álbuns que ele trouxe. Esse foi o primeiro disco em que comecei a fazer perguntas sobre como aqueles sons eram feitos, o que estava acontecendo. E ele (Donald) começou a me falar tudo sobre o Jimi Hendrix e como ele fazia todos aqueles sons com a guitarra. Isso apenas me deixou de queixo caído e realmente me colocou no caminho do tipo “Eu preciso fazer isso”. Então esse disco com certeza é o essencial, que começou tudo para mim.
E os outros dois? Acho que teria de dizer o single “Six Pack” (1981), do Black Flag. Esse disco foi muito importante. Acho que foi o primeiro disco do Black Flag que conheci, era tão difícil encontrar discos punk naquela época. Me lembro que consegui o disco “Damaged” (1981) e o single “Six Pack” mais ou menos na mesma época. Vamos apenas dizer o “Damaged”, porque é um clássico que realmente resume aquela época da minha descoberta do punk e o meu desejo de formar uma banda como o Black Flag.
Então eu diria o “Band of Gypsys”, do Hendrix, o “Damaged”, do Black Flag. E o que mais? Meu Deus, há tantos discos que são tão importantes, como você pode imaginar. Mas imagino que teria de ir com algo do Coltrane, como “A Love Supreme” (1965) ou algo assim, um clássico absoluto do Coltrane. Porque virtualmente todos os discos do Coltrane, mas especialmente os discos que ele fez nos últimos sete anos de vida, entre 1960 e 1967, quando ele faleceu. Esses discos possuem uma busca espiritual evidente – ele estava em busca de algo, em busca do significado final da vida, da existência. E ele estava tentando encontrar e expressar isso por meio do som. Ele estava tentando capturar algo sobre a universalidade da experiência humana – no mundo todo, não importa de onde você é. Então ele estava incorporando não apenas as influências com as quais ele cresceu, como blues, jazz e R&B, mas ele estava se interessando por música oriental, música indiana, música asiática – e, é claro, por música africana. E penso que “A Love Supreme” é um disco importante porque raramente os artistas que estão nesse tipo de busca espiritual tem algum tipo de sucesso comercial. E o Coltrane é essa rara exceção, em que ele seria um artista sem concessões, mas com esse disco ele também transcendeu qualquer tipo de limitação comercial. Esse álbum conseguiu romper a barreira e alcançar muita gente. Certamente o Coltrane resume tudo que eu amo sobre improvisação na música. Ele tinha uma ética de trabalho rigorosa, mas também tinha uma curiosidade insaciável. E eu amava a banda dele, o Coltrane Quartet, era uma das maiores bandas de todas. A banda que ele tinha com Jimmy Garrison, McCoy Tyner e o Elvin Jones na bateria. Amo todos os discos que eles fizeram e também todas as gravações ao vivo com eles tocando.
Entre esses três discos, com o Hendrix sendo o início, o Black Flag sendo a minha evolução em querer estar em uma banda, formar uma banda, e também a minha evolução em aprender a fazer as coisas sozinho. Porque o Greg Ginn e o que eles fizeram na SST Records, ninguém nunca teria gravado, se interessado ou lançado discos daquelas bandas. E aprendi muito com eles apenas sobre não depender de mais ninguém, para fazer você mesmo ou isso não será feito. Então o Black Flag representa esse aspecto. E o Coltrane representa apenas a curiosidade espiritual e essa busca pura da improvisação, de realmente explorar o seu instrumento. Acho que entre esses discos, você tem muito do básico da minha formação. Obviamente, eu poderia continuar falando e falando por dias sobre outros artistas: Beatles, Prince, Steve Wonder. Mas esses três representam pilares enormes para mim.
Você já veio ao Brasil três vezes com o Alice in Chains, tendo feito shows em cenários e situações muito diferentes, incluindo o Rock In Rio, uma turnê com o Judas Priest, um show solo em São Paulo e um festival com o Faith no More, Sonic Youth e outras bandas dos anos 1990. Quais são as suas memórias dessas visitas? Houve algo específico que chamou a sua atenção nessas visitas?
Em primeiro lugar, o público no Brasil está entre os melhores do mundo, de verdade. Eu nunca tinha visto nada assim antes de ver em primeira mão, do palco. Preciso dizer que o amor das pessoas aí é muito especial. A forma como elas me abraçaram e tudo mais. Mencionei a minha banda No Walls há pouco e o baixista do No Walls, Hank Schroy, possui uma grande ligação com o Brasil, parte da família dele é daí. Na verdade, ele estava morando perto de São Paulo quando fui tocar no Brasil pela primeira vez com o Alice (em 2011). Então nós tocamos em um festival, que se não me engano era chamado SWU. Foi um show gigante e, como disse, foi a minha primeira exposição ao nível de energia que as pessoas entregam no público, e o nível de dedicação que elas trazem como fãs. Tudo desde se reunirem na frente do hotel e ficarem cantando e também não poder andar pela rua porque muita gente ficava te seguindo – e essa foi a minha primeira vez vendo tudo isso. Quando subimos no palco, lembro que começou a chover. E você tinha toda aquela multidão no público, milhares e milhares de pessoas, dezenas de milhares de pessoas, e nós estávamos ficando encharcados. Lembro de pensar algo como “Não vou nem tentar me esconder dessa chuva porque isso vai interferir na minha conexão com o público. Então vou abraçar isso. Posso ser eletrocutado e morrer, mas vou partir em alta” (risos). Me lembro de andar por todo o palco e de ir até o lado esquerdo, perto da torre de PAs, e ficar com água na altura do tornozelo. Porque tinha umas lonas cobrindo as grandes colunas de alto-falantes e você precisava pisar na lona para poder pisar no retorno. E as lonas formava umas inclinações e formavam algumas poças de águas e você precisava pisar nelas para continuar andando. Ou precisava ficar parado, quieto (risos). Eu me lembro que em um momento do show me passou pela cabeça que, quando eu era criança, tinha visto na TV um show da Diana Ross no Central Park em Nova York – fizeram um especial de TV enorme na época, “Diana Ross no Central Park”. E começou a chover nela, e ela é uma diva e tudo mais, mas ela apenas abraçou isso, algo como “Vou ficar toda molhada, com cara de louca, não vai ser glamoroso, vou ficar parecendo um rato encharcado, mas vai ser ótimo. Vou sorrir e aproveitar isso ao máximo”. E, de alguma forma, muitos anos depois, isso passou pela minha cabeça enquanto eu estava no palco no Brasil e apenas pensei “Quer saber? É isso que está acontecendo e vou apenas ter de fazer isso” (risos). Lembro que tem uma hora que a Diana Ross fica toda reta e apenas abre os braços, como se estivesse abraçando a chuva. O Michael Jackson costumava fazer a mesma coisa, em que ele ficava reto como uma flecha e apenas abria os braços, como uma cruz, e ele virava o rosto para cima, como se ele estivesse abraçando o que estava acontecendo. E, cara, eu fiz isso no palco durante o show no SWU (risos). Eu pensei “Cara, vou fazer o mesmo movimento da Diana Ross e do Michael Jackson. Vou abraçar a chuva, abraçar as pessoas” (risos). Foi apenas uma experiência incrível. E só depois que eu fiquei sabendo que aquele show estava sendo transmitido pela TV no Brasil.
No dia seguinte ao show, eu me encontrei com o Hank Schroy, do No Walls. E eu pedi para ele, falei “Cara, nós podemos encontrar uma cerimônia espiritual ou algo assim? Há muitas práticas espirituais aqui em que tenho interesse”. Então nós ficamos procurando e procurando, ele tinha alguns contatos e ficou fazendo algumas ligações. Mas ele também falou “Cara, apenas vou te mostrar a cidade de São Paulo enquanto tentamos encontrar algo”. Então ficamos indo a esses bares e cafés diferentes, ele fazia ligações a cada parada e eu conhecia pessoas que ele conhecia e que também se identificavam com os mesmos tipos de práticas. Estávamos apenas tentando encontrar algo, e acabamos encontrando uma cerimônia de Umbanda. Mas nessa busca fomos em quatro ou cinco lugares diferentes em São Paulo. E foi uma viagem, cara, porque começamos em um bar que era de esquina e meio aberto, então era um lance meio interior/exterior. Nós estávamos sentados lá bebendo, o atendente estava nos servindo, o Hank estava fazendo ligações – alguns amigos dele que estavam conosco também estavam fazendo ligações. Acho que estávamos lá há uns 30, 40 minutos, e finalmente depois de todo esse tempo, o atendente olhou para mim e me disse, tentando falar baixo “Ótimo show, cara” (risos). E eu fiquei meio “O que? Oh, uau. Ok.” Depois disso, toda a família dele veio, foi como se a porta tivesse sido aberta – a mãe, o pai, os irmãos e irmãs. E então foi como se pessoas da rua também começaram a vir. De repente, você tinha uma multidão numa esquina, em um bar aberto. E eu fiquei “Uau!”. Depois fomos para um outro lugar e a mesma coisa aconteceu: levou um tempinho, mas então as pessoas começavam a perceber – ou talvez elas soubessem desde o início, mas então reuniam a coragem de dizer algo – e então tínhamos uma multidão. Ou nós estávamos andando pela rua e as pessoas gritavam dos seus carros. Foi uma viagem, cara, porque às vezes as pessoas gritavam “Alice! Alice!” e outras “Duvall! Duvall!”. Mas aconteceu isso em todos os lugares que nós fomos. Foi muito louco! E desde então, eu me senti muito abraçado pelas pessoas no Brasil. E o Hank até me disse “Cara, muita gente aqui não está acostumada a ver alguém como você tocando esse tipo de música nesse nível, em palcos desse tamanho. Então para muitas pessoas que se interessam por esse tipo de música e querem tocar esse tipo de música, que podem viver em uma favela, por exemplo, e estão tentando fazer algo assim, você representa algo”. E eu apenas fiquei “Uau”. Foi muito gratificante. E foi incrível todas as vezes que voltamos desde então. Tem sido algo muito, muito bonito.
Essa é a última pergunta. Você tem uma carreira de quase 40 anos, desde o início com AVOC e Neon Christ, depois Comes With the Fall, Alice in Chains, GTO, carreira solo e muito mais. Por isso, queria saber do que você tem mais orgulho em sua carreira?
Ah, cara, essa é difícil. Diria que provavelmente tenho mais orgulho da jornada. Porque, como você disse, tem sido uma jornada longa e estranha (risos). E que tomou muitos desvios e voltas e mais voltas. Em alguns momentos, foi frustrante porque sempre me interessei por muitos estilos diferentes de música. Acho que teria sido mais fácil para alguém mais inclinado a tomar um caminho mais direto, mas eu nunca conseguiria fazer isso, nunca mesmo. Então eu passei por todos esses lugares diferentes. E olhando para isso agora, é incrível (risos). Porque não conheço ninguém que tenha tido uma carreira como a minha, de verdade. Uma carreira que vá do começo da cena hardcore até ter algo gravado pela Dionne Farris, a música “I Know”, até o Alice in Chains (risos). Apenas as pessoas que eu conheci ao longo do caminho, as pessoas com quem pude trabalhar. Têm sido uma jornada muito incomum, mas muito recompensadora. Provavelmente é disso que tenho mais orgulho. É claro que tenho orgulho de todos os discos que pude fazer, então seria muito difícil destacar qualquer um deles. O “One Alone” (disco solo lançado em 2019) obviamente é muito, muito importante para mim. Mas esse disco do Neon Christ também é. Então destacar qualquer disco que já gravei – ou um álbum com o Alice in Chains, por exemplo: todos são muito importantes por razões diferentes. Por isso, tenho de dizer que é da jornada que tenho mais orgulho. E também pelo fato de ela continuar acontecendo.
– Luiz Mazetto é autor dos livros “Nós Somos a Tempestade – Conversas Sobre o Metal Alternativo dos EUA” e “Nós Somos a Tempestade, Vol 2 – Conversas Sobre o Metal Alternativo pelo Mundo”, ambos pela Edições Ideal. Também colabora coma a Vice Brasil, o CVLT Nation e a Loud!