texto por Marcelo Costa
No Lounge Ibirapuera, localizado exatamente abaixo de parte do Pavilhão da Bienal, está abrigada a exposição “Nirvana: Taking Punk To The Masses”, que ficou seis anos em cartaz em Seattle (atraindo cerca de 3 milhões de visitantes) que chega a São Paulo após passar dois meses no Rio de Janeiro, na primeira vez que a exposição deixa a capital do grunge numa parceria com a Samsung Rock Exhibition, plataforma que já havia trazido uma exposição de Jimi Hendrix ao país.
Sob a curadoria de Jacob McMurray, que esteve em São Paulo no dia de abertura da mostra para conversar com a imprensa, “Nirvana: Taking Punk To The Masses” compila 200 peças relacionadas à banda (entre mais de 500 que foram coletadas por Jacob). No bate papo com jornalistas, Jacob contou que o baixista Krist Novoselic foi um grande apoiador do projeto, cedendo diversos objetos. Já Courtney Love não se envolveu tanto com a montagem da mostra. “Acho que isso foi positivo”, brincou o curador.
Jacob fez questão de ressaltar que a exposição não é apenas focada no Nirvana, mas sim na cena musical de Seattle, o que pode se perceber rapidamente desde a entrada, com posters que anunciavam shows do Nirvana e do Mudhoney no começo dos anos 90, tanto quanto numa área em que o visitante poderá ouvir alguns grandes álbuns da cena, discos como “Sweet Oblivion” (1992), do Screaming Trees, “Vitalogy” (1994), do Pearl Jam, e a trilha sonora do filme “Singles” (1992), de Cameron Crowe.
Entre os objetos expostos há desde icônicas guitarras quebradas ao violão que Curt Kirkwood, do Meat Puppets, tocou no “MTV Unplugged in New York” (1994), do Nirvana, passando por kits de bateria de Dave Ghrol, camisetas punks de Krist Novoselic (uma delas com uma faixa de “proibido” sobre a suástica nazista – próximo ao item há um compacto escrito “Nazi Punks Fuck Off!”), diversos set lists, entrevistas exclusivas para a mostra (como as duas inclusas aqui) além de duas versões do manequim que era usado no palco da turnê “In Utero” (1993), inspirado na icônica capa do disco.
Uma das áreas mais interessantes da exposição é um painel com 21 álbuns cedidos por Krist Novoselic, que atendeu ao pedido do curador Jacob McMurray selecionando discos e bandas que o influenciaram na música. Na parede da mostra estão álbuns de Husker Dü, Soundgarden, Black Flag, Wipers, The Stooges, Black Sabbath (com Ian Gillan no vocal), Scream, Melvins, Leadbelly, Devo, R.E.M. e Meat Puppets, entre outros, todos disponíveis para audição.
Ocupando uma pequena área subterrânea do Pavilhão do Ibirapuera, “Nirvana: Taking Punk To The Masses” é uma exposição relativamente pequena, mas que permite ao visitante adentrar o universo do Nirvana e conhecer um pouco mais sobre a banda de Kurt Cobain, Dave Ghrol e Krist Novoselic tanto quanto conhecer um pouco da “cena underground do noroeste do Pacífico”, observou Jacob. E, numa sacada do que realmente chama a atenção no mundo moderno, ainda há uma área para que o visitante possa fazer a sua selfie recriando a icônica capa do álbum “Nevermind”.
– Marcelo Costa (@screamyell) edita o Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne. Fotos por Tiago Trigo, Marcelo Costa e Divulgação.
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