por Lucas Vieira
O Blind Horse surgiu com o fim da banda The Mothers, da qual essa mesma turma fazia parte anteriormente. Com a nova empreitada, entregam ao público um som bastante pesado, veloz e com timbres muito violentos. As influências chegam dos anos 1970, principalmente dos grupos de rock mais heavy. Mas não para por aí: “Elementos de blues, soul, funk, folk, jazz, música renascentista, progressivo, bubblegum, música indiana” também estão nas referências, segundo Eddie Asheton (baixo e vocais) e Alejandro Sainz (guitarra e vocais), que concederam essa entrevista.
Formada em 2014, por Alejandro Asinz (vocais e guitarra), Rodrigo Blasquez (guitarra), Eddie Asheton (baixo e vocais) e Maicon Martins (bateria), a banda lançou no ano seguinte seu primeiro EP, “In The Arms Of The Road”. Com uma capa que lembra os filmes clássicos de blaxploitation, são três músicas venenosas cantadas em inglês. A segunda faixa do EP, “Rainbows In The Dark”, foi selecionada pela revista inglesa Classic Rock Magazine para fazer parte de uma de suas coletâneas.
No último mês, o Blind Horse investiu em gravar um single em português. “Noite Estranha” tem mais de seis minutos de duração, com diversas variações, o característico som pesado da banda, mas, pela mudança de idioma, algumas influências brasileiras ficam mais evidentes. Ouça o novo single abaixo e confira o bate papo o nosso rápido bate papo com o trio.
O último som que vocês divulgaram foi em português. O que concluíram mudando o idioma das músicas? A recepção do público foi diferente?
Eddie: Bem, como esse single, “Noite Estranha”, foi lançado há bem pouco tempo, eu só posso falar de uma recepção a curto prazo, que devo dizer que tem sido muito boa. Sinceramente eu não sei te dizer se essa reação do público seria mais positiva ou mais negativa se fosse uma música em inglês. Fazer uma música em português para nós foi algo bem natural, afinal somos influenciados por várias bandas nacionais dos anos 70, como Casa das Máquinas, Módulo 1000, Made in Brazil, o Terço, entre outras. Assim como não será de se estranhar se aparecermos também com músicas em espanhol, já que também adoramos muitas bandas argentinas, chilenas, espanholas… E, quanto a isso, temos uma facilidade, afinal o nosso vocalista, o Alejandro, é argentino. Trapaceamos, hahaha!
Alejandro: La garantía soy yo.
Qual é o elemento que vocês consideram como a peça indispensável para o som do Blind Horse?
Eddie: É difícil escolher um único elemento indispensável, mas com certeza a variedade é importantíssima para o nosso som. Em muitos casos há uma variedade de estilos dentro de uma mesma música. Mas não é uma coisa de atirar para todos os lados e ver qual desses tiros acerta o alvo. É um processo natural, dentro de uma coerência. Na verdade isso está longe de ser uma exclusividade nossa, já que muitas bandas fazem ou faziam isso, de englobar mais de um ritmo.
Alejandro: Dentro dessa diversidade de influências, do prog ao funk, o que pode ser considerado o núcleo duro da banda é que sempre vamos soar “rock pauleira”, hahaha. A gente quer que, em termos de timbre e estilo, quando escutarem qualquer música nossa, as pessoas se lembrem das bandas mais pesadas dos anos 70.
Vocês chamaram muita atenção lá fora com a aparição na Classic Rock Magazine. Vocês acham que há um mercado e um público mais próximo do som de vocês no exterior?
Eddie: Esse lance da revista Classic Rock foi uma surpresa muito grande pra gente. É uma revista inglesa bem antiga e importantíssima para o estilo, e de repente um dos colaboradores dela, o jornalista Ken McIntyre, nos convidou para participar do CD que vem junto com a revista. E melhor ainda: a nossa música, “Rainbows in the Dark”, foi a escolhida para abrir o disco! Ou seja, todo mundo que ouviu o CD, assim que botava o disco, dava de cara com a gente! Quanto a um mercado no exterior, sim, esperamos que haja! Quanto mais pessoas escutarem a banda, tanto aqui no Brasil quanto no exterior, melhor. Amamos tanto a música que fazemos que queremos dividi-la com o maior número possível de pessoas!
Alejandro: Existe um mercado e um público muito maior no exterior. Mas no Brasil já existe uma cena para esse tipo de rock psicodélico, stoner, setentista, etc que é o nosso público. É uma cena pequena e em formação, se comparada com a cena europeia ou norte-americana, mas já é uma cena muito amadurecida, com público que ama, adora e entende muito de música. E esse público tem também um ecletismo musical que é ao mesmo tempo específico. Gente que curte, por exemplo, psicodelia nordestina ou Som Nosso de Cada Dia, não só Kyuss, Led Zeppelin ou Graveyard. É para esse público que a gente quer mais tocar e do qual gostamos de fazer parte.
– Lucas Vieira (Facebook) está no último período da faculdade de jornalismo, escreve sobre música desde 2010 e assina o blog Dizconauta