por Adriano Mello Costa
“Coffin Hill: Crimes e Bruxaria Vol. 1”, de Caitlin Kittredge, Inaki Miranda e Eva de La Cruz
Desde os primórdios, o terror teve lugar garantido dentro dos quadrinhos estando presente seja em histórias chinfrins e baratas, seja em outras mais elaboradas e significativas. “Coffin Hill: Crimes e Bruxaria Vol. 1”, que a Panini Comics coloca no mercado nacional, é mais um título que faz essa tradição perdurar na nona arte. Esse volume compila as sete primeiras edições do título publicadas nos Estados Unidos pelo selo Vertigo entre dezembro de 2013 e junho de 2014. Com roteiro da escritora Caitlin Kittredge (da trilogia “O Código de Ferro”), arte de Inaki Miranda (“Fábulas”) e cores de Eva de La Cruz, “Coffin Hill: Crimes e Bruxaria Vol. 1” ambiciona honrar o gênero olhando para o passado de clássicas tramas, com um mal que espreita em uma floresta, mas que ninguém sabe exatamente do que se trata e de onde veio. A protagonista é Eve Coffin, descendente de uma antiga e rica família que tem no sangue a bruxaria. Tentando renegar isso em conjunto com um perverso acontecimento na adolescência, ela acaba se tornando policial e fica famosa ao prender um assassino serial. Logo após, porém, a personagem acaba saindo da polícia e retorna para a cidade natal no meio de uma bagunça que remete ao fato que a fez fugir quando jovem. Com roteiro bem construindo e mesclando passado e presente sem perder a atenção do leitor, “Coffin Hill” é uma boa história, ainda que a arte seja voltada muito mais para o público adolescente. Além disso, convenhamos que, atualmente, ter algo de terror que não envolva zumbis, vampiros ou lobisomens já se configura em relevante mérito.
Nota: 6
“Justiceiro – Dispensado da Missão”, de Ben Acker, Ben Blacker, Carlos Barberi e Kim Jacinto
Volume que reúne em 132 páginas as edições da revista “Thunderbolts” de número 27 a 32, publicadas nos Estados Unidos entre agosto e dezembro de 2014, “Justiceiro – Dispensado da Missão” (lançado no Brasil pela Panini Comics) apresenta um Frank Castle (por incrível que pareça) não mais atuando como vingador solitário, e sim como parte do grupo governamental composto por criminosos em busca de redução de pena ou algum outro benefício (uma espécie de “Esquadrão Suicida” da Marvel). Na verdade, ele está de saída do grupo, pois logo no início se desentende com o Hulk Vermelho que é o chefe da operação. Essa retirada não é muito bem recebida e desencadeia várias ações e reações dos dois lados envolvidos. Dentro do elenco estão Elektra, Deadpool, Motoqueiro Fantasma, Líder e os Vingadores. Escrito pela dupla Ben Acker e Ben Blacker (de “The Thrilling Adventure Hour”) e com arte do mexicano Carlos Barberi (X-Men, Hulk) e do filipino Kim Jacinto (Hulk), essa história do Justiceiro mostra aquilo que os fãs tanto gostam: muita ação e um comportamento pessoal sempre problemático e sem muitas concessões. Honrando as tradições do personagem e até mesmo se dando ao luxo de inventar um contraponto amoroso com a Elektra que não prejudica a narrativa, pelo contrário, a amplifica ainda mais, esse lançamento é um bom investimento dentro da relação de custo e benefício, mesmo que seja mais indicado para leitores já conhecedores dos personagens envolvidos.
Nota: 6,5
“Capitão Britânia”, de Alan Davis e Alan Moore
O Capitão Britânia foi o primeiro personagem criado pela Marvel especialmente para o mercado inglês, estreando em outubro de 1976. Neste início, vários clichês adornavam suas histórias e não lhe levavam muito além de mero pastiche do Capitão América, com elenco de apoio baseado em outros heróis como o Homem-Aranha, apesar de origem diferente, escorada pela magia. Isso começou a mudar quando um ainda iniciante e desconhecido Alan Moore assumiu o título junto com outro talentoso artista inglês chamado Alan Davis. Em pouco mais de dois anos, a dupla revirou quase tudo e propôs ideias que tiveram muita influência dentro do universo da editora, como a criação de várias terras e de mundos paralelos e alternativos. A Panini Books reúne essa celebrada fase agora em um encadernado de nome “Capitão Britânia” com 244 páginas. Inicia na revista “Marvel Super Heroes”, de setembro de 1981, ainda com Dave Thorpe nos roteiros, e vai até a “The Mighty World Marvel” de junho de 1984, com o final de uma grande trama que envolve Merlin, diversos personagens, vilões poderosos (e malucos) e alusões a vários pontos dos quadrinhos. Quem está acostumado ao Alan Moore de “Watchmen”, “V de Vingança” ou “Monstro do Pântano”, aqui tem a oportunidade de ler um de seus primeiros grandes trabalhos, e apreciar não só a capacidade narrativa para contar histórias quase improváveis, como também suas críticas políticas e sociais.
Nota: 8,5
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop