por Leonardo Vinhas
“Iron Man – Minha Jornada com o Black Sabbath”, Tony Iommi (Planeta)
Tony Iommi escreve de forma parecida com a que toca guitarra: sem muitos floreios, dando destaque ao peso e deixando algumas coisas subentendidas. Quem espera longas elucubrações sobre o processo criativo do Black Sabbath ou análises sobre o relacionamento dele com Ozzy Osbourne, Geezer Butler e outros músicos pode se frustrar, mas nem por isso a leitura não é recomendável: Iommi comenta todos os discos que lançou ou dos quais participou, fornece muitas informações inéditas de bastidores (inclusive contando que ele não queria que a maioria dos álbuns dos anos 1980, realizados com diferentes formações, saísse com o nome Black Sabbath, mas a gravadora não o permitia), e conta anedotas divertidíssimas sobre as insanidades cometidas na estrada – da falta de higiene de Ozzy e Bill Ward até trotes que quase acabaram em morte de um ou outro integrante da banda. Leitura ágil (poucos capítulos têm mais de cinco páginas) e interessante, mas que arranha pouco além da superfície.
Nota: 7,5
Preço em média: R$ 39,90
Leia também:
– As deluxe edition dos álbuns “Black Sabbath” e “Paranoid” (aqui)
– “13”, do Black Sabbath, é um reencontro com a própria história (aqui)
“Bruce”, Peter Ames Carlin (Nossa Cultura)
O mérito maior da biografia de Peter Ames Carlin sobre o Boss é o espaço dedicado aos membros da E Street Band. Outros livros sobre Springsteen deixam de lado, ou tratam apenas superficialmente, os companheiros que foram fundamentais para forjar o som e as poderosas apresentações ao vivo que fizeram a fama do combo. Vale também mencionar que o autor tem voz ativa, analisando e teorizando atitudes e padrões de comportamento públicos e privados de Bruce, bem como a reação a eles. Por outro lado, a pressa com que ele trata o período pós-“The Rising”, que marcou um renascimento na carreira do Chefão, em comparação com a atenção excessiva dedicada aos anos pré-“Born to Run”, é algo que incomoda. A terrível edição nacional, feita às pressas para ser lançada antes dos shows de Bruce no Brasil em 2013, é cheia de erros de tradução e revisão (para ter uma ideia: há frases interrompidas na metade e diversos termos do jargão musical traduzidos incorretamente), recomenda que o fã espere por uma nova tiragem corrigida. Ou vá atrás do original importado.
Nota: 7 pelo material, 2 para a edição nacional
Preço em média: R$ 59
Leia também:
– Discografia comentada: conheça todos os discos de Bruce Springsteen (aqui)
– O show inesquecível de Bruce Springsteen em São Paulo (aqui)
“Na Estrada com os Ramones”, Monte A. Melnick e Frank Meyer (Edições Ideal)
Monte Melnick foi gerente de turnê dos Ramones e se você leu as autobiografias de Dee Dee e Johnny Ramone sabe que ele era o saco de pancadas preferencial da banda, bem como o responsável por fazer a complicada máquina de shows ramônica (que podia ultrapassar 100 datas em um ano) funcionar adequadamente. Por isso, é óbvio que ele tem uma visão privilegiada para contar a história do quarteto mais urgente do rock’n’roll. E ele faz isso sem pressa: usando a estrutura de depoimentos consagrada em “Mate-me, Por Favor”, Melnick e o jornalista Frank Meyer dão voz à quase todo mundo que foi próximo aos Ramones (o ex-baterista Ritchie estranhamente ficou de fora), inclusive permitindo ao leitor ver as contradições nas versões e percepções, e então formar sua própria história. Ainda assim, não há nada na obra que não tenha aparecido no documentário “End of The Century” ou nos livros de Johnny, Dee Dee e Everett True (“Hey Ho Let’s Go – A História dos Ramones”) – a não ser a vontade de Monte de reivindicar sua parte de crédito pela longevidade da banda. Se tivesse sido lançada 10 anos atrás, teria sido bombástica. Ainda assim, vale destacar o excelente acervo fotográfico, o registro de todos os shows, a tradução muito boa e o cuidado em apresentar os personagens e organizar as informações.
Nota: 7,5
Preço em média: R$ 49,90
Leia também:
– “Commando”, de Johnny Ramone, é um livro duplamente relevante (aqui)
– DVD: “End of Century, a História dos Ramones”: Uma família bastaste problemática (aqui)
– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell
to querendo há tempos ler alguma biografia sobre música, mas acabo sempre nunca comprando pois acho os preços meio salgados.
essas parecem boas, leria com o maior prazer.
mas a que estou mais curioso (por resenhas inclusive) é Sete Crimes Capitais do Corey Taylor.
Realmente, a edição nacional de “Bruce” é decepcionante. Erros de tradução e edição aos quilos. Complicado pagar quase R$ 60,00 (ou R$ 47,00 na promoção…) em um livro tão mal editado. Mas não é um caso isolado. Recentemente, ganhei o livro “Nos Bastidores do Pink Floyd” (editora Évora) e a coisa é pior ainda. As falhas chegam a ser grosseiras, quase um erro por página. E o preço é o mesmo – quando não mais caro – do que o do livro sobre o Bruce… Sem falar que aparentemente NENHUM tradutor nacional parece saber que a palavra “record” pode se referir tanto a um single quanto a um álbum cheio. O que acontece???
ganhei a bio do Boss e agora to triste depois de ler a resenha. rs
Eu é quem devia ficar triste: não ganhei e não li essa bio ainda
Comprei ontem a bio do Johnny Cash por R$ 20 (ou 22) mais frete. Há alguns dias comprei “Luz e Sobra – conversas com Jimmy Page” pelo mesmo valor (sem frete!). Tenho comprado sempre bios musicais, mas não pago mais de R$ 26 / R$ 27 de jeito nenhum. Essa Ramones tá no mínimo R$ 32,XX se não me engano, quando tiver uma promo por R$ 20 eu arrasto, rs.