por Adriano Costa
Uma bonita e triste história de amor – com enredo inicial que remete a tantos e tantos casos amorosos no decorrer dos tempos. Rapaz conhece garota, que conhece rapaz e assim se desencadeia uma atração que torna praticamente impossível não tocar a vida juntos naquele momento. Piegas? Sim, como deve ser o amor. Principalmente na juventude, antes do cinismo e da proteção pessoal se estender como um manto invisível que proíbe novas incursões no futuro. Foi assim a história de Astrid Kirchherr e Stuart Sutcliffe.
Para entender um pouco mais é preciso voltar no tempo, para o começo dos anos 60, quando John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Pete Best e Stuart Sutcliffe desembarcaram na cidade de Hamburgo, na Alemanha, para levar adiante o sonho de ter uma banda de rock’n roll. Ali, no princípio da história da maior banda de todos os tempos, houve também um conto de amor e paixão. Em meio a bares, prostitutas e bebidas, os Beatles tinham uma tremenda prova de fogo e viam o primeiro dos seus integrantes abandonar o barco.
Stuart Sutcliffe não queria ser músico, mas como tinha dentro de si uma efervescência pelo novo, pelo diferente, resolveu deixar a escola de arte e aceitar o convite do amigo John e começar a tocar baixo, mesmo sem saber nota alguma. Quando a banda chega à cidade de Hamburgo, ainda sem Ringo Starr na bateria e com ele no baixo, eis que atravessa no seu caminho a bela fotógrafa Astrid Kirchherr, que aos 22 anos cruzava a Alemanha do pós-guerra exibindo independência e alguns sonhos dentro do jovem coração.
Dentro do sujo bar Kaiserkeller, os dois tem o primeiro contato e a partir disso fica difícil não estar perto um do outro. Com ajuda do amigo Klaus Voormann (que, entre outras coisas, fez a capa do álbum “Revolver”, dos Beatles, e tocou baixo em discos de John Lennon e Lou Reed), Astrid passa a se comunicar com o mundo de Stuart no intervalo das apresentações da banda, onde clássicos dos anos 50 como “Roll Over Bethoven” e “Money” são executados dia após dia por aqueles que um dia dominariam a música mundial.
Tudo isso está na boa graphic novel “Baby’s in Black, o Quinto Beatle: A História de Astrid Kirchherr e Stuart Sutcliffe”, escrita e desenhada pelo alemão Arne Bellstorf, que originalmente foi lançada no seu país em 2010. A HQ chegou ao Brasil no final do ano passado pela 8Inverso Graphics, com 208 páginas e tradução da dupla Augusto Machado Paim e Cássio Pantaleoni, e tem a relação de amor do subtítulo como mote principal da trama, se dando ao luxo de deixar os Beatles como meros coadjuvantes.
Um filme muito interessante sobre essa época pré-Beatles é “Backbeat – Os 5 Rapazes de Liverpool”, registro de 1994 do diretor Iain Softley que conta com uma trilha sonora impecável e arrebatadora (uma banda foi montada na época para reencarnar os Beatles dos anos de Hamburgo, com Greg Dulli, Thurston Moore, Dave Pirner, Dave Grohl, Don Fleming e Mike Mills). Neste pode-se entrar um pouco mais no universo de Stuart Sutcliffe, que mesmo falecendo em 10 de abril de 1962 por causas até hoje não identificadas totalmente, continua tendo a sua história servindo de inspiração nos nossos dias.
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop
Leia também:
– Beatles e Johnny Cash em quadrinhos, por Adriano Costa (aqui)
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