por Marcelo Costa
“Sexo na Lua”, Ben Mezrich (Intrínseca)
Mais do que escritor, Ben Mezrich é caçador de talentos. Em 2002, após seis romances ficcionais, Mezrich lançou “Quebrando a Banca” (“Bringing Down the House”), best-seller de não ficção que contava a saga de um aluno do MIT (Massachusetts Institute of Technology) que, com mais alguns amigos, aplicava um golpe milionário em um casino de Las Vegas (virou filme, “21”, com Kevin Spacey). O sucesso do livro abriu caminho para outros três no mesmo formato, um deles “Bilionários por Acaso” (“The Accidental Billionaires”, 2009), que conta a saga dos criadores do Facebook – e suas rusgas (no cinema, o oscarizado “A Rede Social”). “Sexo na Lua”, seu novo livro, é mais do mesmo: escrita ágil e frases-clichês que contam a história real (passada em um photoshop literário com jeitão de roteiro de cinema) de mais um jovem gênio deslocado que, desta vez, rouba amostras da Lua de um cofre de segurança máxima da Nasa – por ímpeto, paixão e desejo de ser o fodão da turma. “Ele queria ser a mente mais brilhante”, descreve o escritor numa frase que deve constar em todos os seus livros de não ficção. Porém, Thad Roberts, o gênio, não teve a mesma sorte de Mark Zuckerberg, e o processo de mitificação do personagem soa forçado em um livro repleto de dilemas morais e cenas de ação (e que em 2013 estará nos cinemas).
Nota: 4,5
Preço em média: R$ 24
Leia também:
– Melhores de 2010 Scream & Yell: Filme Internacional – “A Rede Social” (aqui)
“O Torreão”, Jennifer Egan (Intrinseca)
Antes de ter todos os holofotes literários direcionados para si, em virtude da recepção calorosa do esplêndido “A Visita Cruel do Tempo” (“A Visit from the Goon Squad”, 2010), seu terceiro romance, Jennifer Egan já havia recebido mutios elogios com outros dois livros. O segundo deles, “O Torreão” (“The Keep”, 2006), ganhou edição nacional em 2012 embalado pela consagração recebida por “A Visita Cruel do Tempo” (que, entre outros prêmios, levou a escritora a ganhar o National Book Critics Circle Award e o sonhado Pulitzer Prize for Fiction). Alguns elementos que Jennifer Egan usaria no livro que lhe deu reconhecimento mundial já podem ser encontrados em “O Torreão”, que traz como personagem principal Danny, um rapaz loser metido a gótico, que vai para a Europa ao encontro do primo, um cara que planeja transformar um velho castelo em resort espiritual. Em outra dimensão encontra-se Ray (o personagem principal… opa!), um homem preso por assassinato que flerta com a professora Holly. Chega a ser inebriante a forma com que a escritora pula de um personagem para o outro sem perder o poder da narrativa, manipulando o leitor com armadilhas espertas em um romance que, ainda que inferior a “A Visita Cruel do Tempo”, mistura desespero, ironia e inteligência, cujo final arrebatador é a maior surpresa.
Nota: 8,5
Preço em média: R$ 20
Leia também:
– “O Torreão”, comovente tentativa de dar sentido a uma existência pobre (aqui)
– “A Visita Cruel do Tempo”, de Jennifer Egan, é um prodígio (aqui)
“A Mesa do Mestre Cervejeiro”, Garrett Oliver (Senac)
Garrett Oliver é mestre-cervejeiro da Brooklyn Brewery, de Nova York, uma das três essenciais micro cervejarias dos Estados Unidos (o trio de ouro ainda traz a Anderson Valley, da Califórnia, e a Founders, do Michigan – mas há muitas outras), que honram o caminho aberto pelos europeus em termos de boa cerveja. Garrett se graduou no Reino Unido, pesquisou muito e criou uma seleção de cervejas que, mesmo sendo diferentes, marcam de tal forma o paladar que o bebedor sabe que está diante de uma Brooklyn, independente se é Pilsen, Witbier ou India Pale Ale. Além de criar cervejas, Oliver luta para derrubar o preconceito do norte-americano médio em relação ao amargor (defeito que, neste livro, ele diz ter surgido devido a Lei Seca: com o álcool fora das ruas, a população começou a ingerir refrigerantes adocicados. Ao fim da Lei, que durou de 1920 a 1933, eles haviam desacostumado do amargo) e vive realizando harmonizações de cervejas com os mais diversos pratos. Em certo momento, avisa: “Se você tiver que guardar apenas uma coisa deste livro, guarde isso: cerveja stout combina com sobremesas a base de chocolate”. Cerveja com sobremesa? Essa é apenas uma das dezenas de sugestões que Garrett expõe num livro que conta a história da cerveja, lista os melhores rótulos de cada categoria e indica harmonizações que, segundo ele, vão muito além daquelas que os sommeliers de vinho estão acostumados. Uma leitura que dá (sede e) água na boca.
Nota: 9
Preço em média: R$ 90
Leia também:
– Ranking: Top 200 Cervejas Scream & Yell (aqui)
Comecei o livro do Garrett Oliver e estou me deliciando. Dá sede mesmo…hehe