por Leonardo Vinhas
“Destroy the Children”, Dick Valentine (Independente)
Não contente em ser o líder do Electric Six, integrar o numeroso combo de hard-rock Bang Camaro e ser uma das metades do duo Evil Cowards, Dick Valentine ainda encarou fazer um álbum solo, lançado apenas em mp3 via Amazon/iTunes, usando pouco mais que voz, violão e percussão dos pés (um violino e uns vocais sobrepostos aparecem aqui e ali). O resultado poderia ser chamado de folk rock, caso este tivesse nascido após os anos 1980. A verdade é que Valentine é um ótimo compositor, como comprovam a faixa título, “I Am Repulsed By My Daughter’s Lover” e “You Were Driving into Certain Death”. A experiência fica mais divertida se o seu inglês permitir compreender o absurdo das letras.
Preço: R$ 18 (download digital)
Nota: 7,5
Leia também:
– Entrevista: Electrix Six, por Leonardo Vinhas (aqui)
“Aleluia”, Cascadura (Independente)
Mesmo com 20 anos de carreira, o Cascadura é desconhecido de grande parte do público que acompanha o cenário independente (para não falar do mainstream). Pena: o hard rock da banda é coeso, com senso pop e costuma funcionar bem. “Costuma” porque os seis anos sem lançar discos foram compensados com este “Aleluia”, um disco duplo – e você conhece a história: se na era do vinil discos duplos já eram meio excessivos, o que dizer dos CDs e seus 80 minutos de capacidade? Cada disco tem uma identidade própria: o primeiro, mais pop e convencional, o segundo mais pesadão e intrincado, com um notável trabalho percussivo. Mas uma ediçãozinha para um disco simples teria feito muito bem ao resultado final. Vale dizer que a faixa-título é uma das melhores do ano, e de longe a melhor que a banda já compôs.
Download gratuito: http://bandacascadura.com/aleluia/
Nota: 6,5
“Jessico – Edición Aniversario”, Babasónicos (Pop Art)
“Jessico”, de 2001, lançou os Babasónicos ao estrelato internacional, e é uma maravilha pop cheia de perversão e energia dançante. Numa tardia edição de aniversário (11 anos depois do lançamento original), o disco volta às lojas como CD duplo, acompanhado de “Carolo”, uma compilação das sobras de “Jéssico”. O disco inédito não tem nada que atente contra a dignidade da banda, tampouco possui algum destaque entre suas 11 faixas. Tudo tem cara de rascunho bem-acabado, muito aquém do potencial do Babasónicos. Mas como declarou o tecladista Diego Tuñon ao jornal mexicano San Diego Red, “algumas faixas não são tão boas, mas é bom ver essas tentativas e que se perceba o quanto pressionamos as coisas quando nos pusemos a mixar e melhorá-las”, declarou. Então tá…
Nota “Jessico”: 9
Nota “Carolo”: 4
Leia também:
– “A Proposito”, do Babasónicos, equilibra dança e introspecção, por Leonardo Vinhas (aqui)
Estou há meses ensaiando escrever sobre o “Aleluia”, mas não achei que o álbum sofra do “mal do disco duplo”. É claro, em tempos de discos de 40 minutos, é um trabalho legal escutá-lo, mas tem muita coisa boa lá dentro. “Os Reis Católicos” é uma das baladas mais bonitas dos últimos tempos.
(No palco, entretanto, o disco ainda não se resolveu bem. No show que vi dos caras aqui em SP, no SESC Belenzinho, boas faixas como “Soteropolitana” e “O Rei do Olhar” ficaram meio emboladas).
Então, ao vivo, o Cascadura ainda não me convenceu. Vi um show bom e dois nem tanto.
Mas senti uns clichezões no disco, sim. A participação do cara do Vivendo do Ócio também é de doer. Mas no cômputo geral, é muito bom.
O S&Y vai mesmo ignorar o disco do ano? (leia-se: The Walkmen – Heaven)…na minha humilde opinião, a melhor banda surgida nos anos 00’s…fica a dica!
Minha sensação após ouvir o “Aleluia” inteiro é “UFA!”. apesar de reconhecer que a produção foi bem feita, não me prendeu. Achei até meio forçado.
É, Elder, eu achei cansativo também. Tem ótimas músicas, mas podia ter rolado um disco simples, numa boa.