por Marcelo Costa
“Fables of Reconstrucion or Reconstrucion of Fables Deluxe”, R.E.M. (IRS/Capitol)
O álbum mais fraco da primeira fase do R.E.M. completa 25 anos e ganha uma edição luxuosa, a mais caprichada dos relançamentos do grupo até agora, talvez para compensar no pacote o conteúdo musical mediano. Em 1985, apesar de lançar seus discos pelo microscópico selo IRS Records, o R.E.M. já era a banda queridinha das college rádios americanas, posto conquistado pela excelência dos álbuns “Murmur” (1983) e “Reckoning” (1984). Para o terceiro disco, a banda convocou o lendário produtor de folk rock Joe Boyd (Nick Drake) e foi gravar o álbum em Londres, mas a parceria não funcionou. Falta alma a “Fables of Reconstrucion – Reconstrucion of Fables”, e muitas bandas até conseguem conviver sem isso, não o R.E.M. Mesmo assim, há canções que se tornaram clássicos b da história da banda como “Cant Get There From Here”, “Driver 8”, “Wendell Gee” e “Maps and Legends”. A edição de luxo traz um CD bônus com 14 demos gravadas em Athens destacando uma faixa inédita, “Throw Those Trolls Away” mais poster e cards. Para fãs.
Preço em média: R$ 80
Nota: 6,5
Leia também:
-“Live at The Olympia”, R.E.M – Não show, nem ensaio, mas uma aula (aqui)
– R.E.M. ao vivo em São Paulo: sobre sono e sonhos, por Marcelo Costa (aqui)
“Kilimanjaro – Deluxe Edition”, The Teardrop Explodes (Universal)
No começo dos tempos, mais precisamente 1977, existia uma banda em Liverpool chamada Crucial Three, trio com Pete Wylie, que formou o Wah!, Ian McCulloch, que montou o Echo & the Bunnymen, e Julian Cope, que após o fim do grupo criou o The Teardrop Explodes, que lançou dois álbuns badaladíssimos, mas sucumbiu em meio às gravações do terceiro disco (cujas sobras saíram em 1990 sob o nome de “Everybody Wants to Shag”). “Kilimanjaro” (1980), debute do grupo, costuma aparecer em listas com os melhores discos da pós punk britânica, e a sonoridade namora o The 13th Floor Elevators e o Television (enquanto o Echo partiu para o lado do Doors e do Velvet). Esta edição tripla de “Kilimanjaro” (com capa modificada) festeja os 30 anos do álbum e traz um segundo CD com raridades mais um terceiro disquinho com 11 registros nas famosas BBC Sessions. Dos tempos do Crucial Three sobrou “Books” (ou “Read It In Books”), mas os destaques são a climática “Thief of Baghdad” e o poderoso single “Treason”. Um belo resgate.
Preço em média: R$ 70
Nota: 8,5
Leia também:
– Discografia Comentada do Echo and The Bunnymen, por Marcelo Costa (aqui)
“Rated RX – Deluxe Edition”, Queens of The Stone Age (Interscope)
O álbum que apresentou o QOTSA ao mundo completa 10 anos e ganha uma edição especial com a capa do vinil no CD (o que era azul ficou vermelho) e um disco bônus com o registro do show da banda no menor palco do Reading Festival 2000, quase três meses depois de lançado o álbum (o disco saiu 06/06, o show foi 26/08). A execução é afiada e enxuta, mas o show iria crescer muito nos próximos anos (principalmente quando Dave Ghrol pegar as baquetas). A apresentação traz seis canções de “R” (incluindo o b-side “Ode To Clarissa”, também presente na versão de estúdio e, claro, “Feel Good Hit Of The Summer” e “The Lost Art Of Keeping A Secret”) mais três do debute do QOTSA e “Millionaire”, original do projeto Desert Sessions. (depois lançada no álbum “Songs for The Deaf”) Entre os b-sides, covers de Romeo Void (“Never Say Never” tem uma deliciosa guitarrinha oitentista), Kinks (“Who’ll Be The Next In Line”), uma farra com Carly Simon (“You’re So Vain” virou “You’re So Vague”) mais uma regravação de “Born To Hula”, dos primórdios do Queens. Um clássico moderno.
Preço em média: R$ 55
Nota: 9
Leia também:
– “Songs For The Deaf”, do QOTSA, trilha sonora do inferno, por Marcelo Costa (aqui)
– “Era Vulgaris”, do QOTSA, riffs portentosos, por Marcelo Costa (aqui)
Concordo que o disco do REM é o mais fraco da primeira fase, por assim dizer. Mas mesmo sendo o mais fraco ainda traz canções otimas. Coisas de REM.
Pessoalmente, gosto muito do Fables.
É um disco que carece de unidade, de coesão, mas com músicas que, isoladamente, funcionam bem demais.
Fora as mais manjadinhas que constam em coletâneas antigas, considero “Life and How to Live It” digna de nota… Uma nota bem alta… E penso que “Driver 8” deveria constar em qualquer best of da banda. E acho que “Wendell Gee” e “Burning Hell” (mesmo esta sendo b-side) destoam não só do cd, como do repertório oficial da banda. São tentativas bem infelizes sabe-se lá de quê…
E porra… Quanto o Rated R, o quê dizer?
Na carreira do Josh Homme, só perde para o Welcome To Sky Valley, Songs For The Deaf e o cd do Them Crooked Vultures. Enfim, 4 obras que colocam este cara entre os melhores guitarristas da história.
Aliás, MC, lendo teu texto com bom tempo agora, gostaria de complementar algo sobre o FOTR.
Não acho que falte alma ao Fables.
Francamente, em termos musicais, creio que não falta nada. Talvez bom-senso.
As canções são excelentes. As letras são ótimas.
Nota a nota, música a música, é mais ousado, mais ambicioso e, penso eu, com melodias melhores que as do Life´s Reach Pageant.
Aí é que faltou um Paul McGuinness para o R.E.M. Enquanto o U2 lançava War como terceiro disco e conquistava o mundo, o R.E.M. patinou, vacilou, lançou dúvidas. Quando eles lançaram Document e se recuperaram plenamente, o U2 estava com Joshua Tree na praça.
Os dois discos são nota 10, mas, pau a pau, cada um que tire suas conclusões.
O resto é história recente, certo?