Por Marcelo Costa
Podem falar o que quiser dos últimos álbuns do U2, mas se em estúdio a banda não anda rendendo aquilo que já rendeu (e a comparação das edições comemorativas dos primeiros álbuns com os novos serve para dar a extensão do prejuízo), no palco o U2 é um ser imbatível, monstruoso, gigante, tal qual o imenso palco que toma todos os estádios em que a nova turnê “360º” está passando.
Na madrugada (horário de Brasília) desta segunda-feira (26/10), à 1h30 (4h30 em Paris, 12h30 em Tóquio), o U2 conquistou mais um feito histórico ao apresentar um show da nova turnê ao vivo via Youtube (http://www.youtube.com/u2) para 16 países, Brasil incluso. Assim que a transmissão (em ótima qualidade e áudio excelente) da apresentação em Los Angeles começou, a piração dos internautas que acompanhavam o show e comentavam no Twitter foi com o palco da nova turnê, ainda mais impressionante que o das turnês anteriores.
O show abriu com três músicas novas, a fraquinha “Breathe” e as passáveis (mas nem tanto) “Get on Your Boots” e “Magnificent”. Mais duas músicas novas, e metade da platéia online desistia do show, mas eis que a banda saca da cartola “Mysterious Ways”, em uma bela versão. “Beautiful Day” (às 2h20 da manhã) poderia ter soado irônica, mas manteve sua beleza intocada e ainda trouxe, ao cabo, uma citação de “In God’s Country”, do multiplatinado “The Joshua Tree”.
Mais um clássico, “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”, em versão de tirar lágrimas dos olhos, com “Stand By Me” sendo puxada no final a capella. De arrepiar. “Stuck In a Moment You Can’t Get Out Of”, uma das últimas canções realmente decentes que a banda lançou em single nos últimos anos, surgiu na versão acústica do EP “U2 7”. Para esfriar os ânimos, mais uma canção nova e fraca entra no repertório, “No Line on the Horizon”, a faixa título. Hora de pegar cerveja na geladeira.
“Elevation” perde um pouco de sua força e “In A Little While” soa bonitinha, mas ordinária. “Unknown Caller”, outra nova de causar bocejos, abriu o caminho para o riff matador de “Until The End of the World” e a beleza de “Unforgettable Fire”. “City of Blinding Lights”, uma das recentes com guitarra das antigas, até que não fez feio num bloco que ainda trouxe outro single dos anos 00, a ótima “Vertigo”, com Bono gritanto “Viva México” e puxando “It’s Only Rock and Roll”, dos Stones, no final.
O avançado da hora começou a cobrar seu preço. Em Los Angeles, às 22h, o remix de “I’ll Go Crazy” pode até ter funcionado – embora Bono tenha tentado puxar o coro da galera, em vão – mas o resto do mundo deve ter aproveitado para tomar um café forte à espera de mais alguns hits – e alguns devem ter pensando em desistir quando o riff de “Sunday Bloody Sunday” invadiu milhões de salas ao redor do mundo (mas Bono não precisava deitar sobre a bandeira dos Estados Unidos, momento piegas da noite).
Após mais um discurso, em que Bono saúda Nelson Mandela, surge “MLK”, homenagem a Martin Luther King que fecha o álbum “Unforgettable Fire”, emendando com “Walk On”, faixa menor e boa de “All That You Can’t Leave Behind”. A banda deixa o palco e volta poucos minutos depois com a baladaça “One” e a sensacional “Where The Streets Have No Name”. Novamente o quarteto sai de cena, e o novo telão ganha destaque e deixa todo mundo boquiaberto.
O bis é aberto com Bono cantando “Ultraviolet” em um microfone estilo volante de Fórmula 1 fosforescente e atacado por um show de luzes ultravioletas. Uma versão belíssima de “With or Without You” surge e é o sinal de que o show (e a madrugada) está(o) chegando ao fim. E o show termina com o estádio todo às escuras iluminado por alguns pontos de luz no telão e por milhares de luzes de celulares do público ao som de “Momento of Surrender”, outra música nova que se não conquista também não decepciona.
A tecnologia nos palcos caminha de mãos dadas com o U2, e isso já faz uns 20 anos. A transmissão via web foi excelente e funcionou perfeitamente. A banda continua dando muito caldo ao vivo, embora seis canções novas de uma safra fraca seja forçar a barra. Mesmo assim, momentos bonitos como os de “Beautiful Day”, “I Still Haven’t Found”, “Until The End of the World”, “Vertigo” e, principalmente, a parte final com “One”, “Where The Streets Have No Name”, “Ultraviolet” e “With or Without You” valem uma madrugada em claro e a expectativa de possiveis shows do grupo no Brasil para o primeiro semestre de 2010. Tem jeito, Bono?
Leia também:
– Os três primeiros do U2 em versão deluxe, por Marcelo Costa (aqui)
– U2 em São Paulo por Tiago Agostini (aqui)
– “How To Dismantle An Atomic Bomb “, do U2, por Jonas Lopes (aqui)
– “All That You Can’t Leave Behind”, do U2, por Marcelo Costa (aqui)
Com a devida atualização de setlist é o mesmo show de 2006…
Cara , eu tô louco para ver esse show.Gostei do setlist, mas poderia mudar mais…
Só uma coisa, o nome da tour não é “No Line On The Horizon” e sim 360º, hehe.
Poxa, “No Line On The Horizon” é uma música maneira!
Eu também acho “No Line On The Horizon” uma das melhores músicas do novo album.
Não vi o show, mas queria ter visto. U2 ao vivo é quase sempre foda. Outra banda. Tomara que passe pelo Brasil novamente.
é o show mais “psdb” da história.