O dia em que conheci a Duvel
10 anos atrás eu estava indo pela primeira vez ao Velho Mundo. Minha primeira parada foi na Bélgica, numa quarta-feira ensolarada de verão (02 de julho de 2008). No dia seguinte eu veria Vampire Weekend, National e R.E.M.; na sexta seria a vez de Slayer, The Verve e Neil Young; no sábado, Gossip, Sigur Rós e Radiohead. E no domingo, bem, no domingo eu conheci a Duvel. Eu tava num pub assistindo F1 e, nesse dia, Rubinho e Massa dividiram o podium. Inebriado pelos primeiros dias do Rock Werchter, da viagem (um mochilão de 40 dias apenas começando), da minha primeira vez na Europa, entornei 7 garrafas da Duvel original (NÃO REPITA ISSO EM CASA! NUNCA!) e fui ver Nick Cave e seu Grinderman. A ressaca veio como uma avalanche no meio do show, e após orientações de uma amiga belga que conhecia o Brasil (Beba menos: isso não é Brahma!!! SÃO 9.5% DE ÁLCOOL), eu estava definitivamente convertido ao mundo das boas cervejas. Depois disso, comecei a escrever e estudar cerveja, fiz um curso de sommelier e a Duvel, influenciada pelos bons ventos de lúpulos do Novo Mundo, começou a experimentar. Nascia a Duvel Tripel Hop, uma das minhas cervejas favoritas da vida. Eles testaram vários lúpulos nesta década em edições anuais, e agora chegam ao definitivo. E não poderia ser melhor: Duvel Tripel Hop Citra. Tão boa que me rendeu um momento Marcel Proust: assim que bebi fui transportado para aquele pub, em frente a estação de trens de Leuven, na Bélgica, onde bebi a minha primeira Duvel. A primeira de sete. Hoje é só essa. E eu durmo feliz
janeiro 20, 2018 No Comments
Histórias de viagem: Ismail na Turquia
Em 2010, eu e Lili fizemos umas longa viagem de 40 dias pela Europa, e até hoje me lembro como decidimos o roteiro: após o Primavera Sound, em Barcelona, eu queria (precisava!) ver o Wilco em Roma, e a ideia era ir dali pra Escandinávia, mas o fator $ pesou nessa hora. Qual a saída? “Vamos ver qual é o voo mais barato da Easyjet saindo de Roma!”. E era… Atenas. Apenas 10 euros. Uou! Partiu. Dali esticamos para Santorini (até hoje um dos lugares mais espetaculares que visitei) e fomos parar na Turquia, um lugar incrível, um emaranhado de emoções.
Entre as diversas anotações que eu tinha para a Turquia, uma delas era: “Não deixe de fazer o Nostalgic Bosphorus Tour”. Trata-se de um passeio de barco que sai do porto de Eminönü, quase no Mar Marmara, e vai até o porto de Anadolu Kavagi, quase no Mar Negro. O barco navega todo o estreito de Bósforo parando de um lado na Europa, do outro na Ásia – o rio separa os dois continentes e foi o principal caminho para que Rússia e países do Oriente Médio chegassem ao Egeu e ao Mediterrâneo, e consequentemente à Europa.
Com esse plano em mente, acordamos cedo um dia e lá fomos nós navegar o Bósforo. 1h30 de passeio depois e estávamos na pequena vila de Anadolu Kavagi, que abriga as ruínas de um castelo bizantino que foi ocupado durante séculos visando a proteção da entrada do estreito para quem vinha do Mar Negro. Descemos do barco e fomos caminhar, comemos peixe fresco, fui proibido no restaurante de beber a cerveja que eu trazia na mochila (o consumo de álcool é proibido pelo Islã e muitos bares nem vendem cerveja) e… conhecemos o Ismail.
Foi mais ou menos assim: eu sabia das ruínas do castelo bizantino, e fomos tentar subir à pé. Logo no começo da caminhada, um senhor grisalho nos parou e se ofereceu para nos levar até lá em seu carro. Achei incomum e recusei de forma discreta, agradecendo-o. Porém, quando cheguei ao pé do morro e vi que a caminhada iria ser longa (e a gente tinha ainda um barco para pegar de volta para Istambul), decidi voltar e aceitar o serviço de Ismail (que, se não me falha a memória, custou 15 euros).
Ismail estava aposentado havia 25 anos depois de ter trabalhado por 35 na monitorização do estreito do Bósforo com o Mar Negro por parte do exército turco. Conforme fomos subindo o morro em seu carro, ele nos contava a história da vila: Anadolu Kavagi tem 4 mil habitantes, mil destes soldados que trabalham até hoje monitorando a entrada do Bósforo. Ismail contou detalhes das ruínas, relembrou histórias do exército, falou da família e deu a dica: no final da estrada paralela ao castelo, já no Mar Negro, há uma pequena vila de pescadores que faz um peixe ótimo (menos salgado que o peixe tradicional devido à baixa salinidade do Mar Negro).
A gente ficou cerca de meia hora fuçando as ruínas do castelo, e ele ficou nos esperando. Vez em quando apontava para algum canto do Mar Negro e contava uma história rápida. Na volta, ele contava animado sobre uns tomates verdes que ele plantava em casa, e que eram bastante populares na região. Assim que paramos na vila, ele fez questão de entrar em sua casa, colher alguns e nos presentear. Na despedida, pedi para que fizéssemos uma foto e que ele anotasse seu nome no meu diário. Se a gente adorou conhecer esse lugar, boa parte do mérito cabe ao Ismail. Obrigado, caro amigo.
agosto 11, 2016 No Comments
Histórias de viagem: Maria e Bruges
Em 2009, na hora de montar o roteiro da viagem, decidi incluir Bruges não só por ser uma cidade mítica, mas também porque naquele fim de semana escolhido haveria uma edição do festival local Cactus com Paul Weller, Mark Lanegan, Greg Dulli, Calexico e muito mais no line-up. O festival acontece no parque central da cidade, o Minnewater, e na hora de buscar uma hospedagem escolhi uma que ficava exatamente ao lado do parque.
Assim que entramos na rua descrita na confirmação do Hostel World e, conforme fomos chegando próximo ao número, achamos estranho não existir placa ou alguma informação. Inocentemente, achei que havia reservado um hostel quando, na verdade, tinha reservado um quarto em uma casa (Bed & Breakfest). Fomos e voltamos na rua e decidimos apertar a campainha. Quem nos recebeu entusiasmadamente foi a Maria, uma pessoa muito querida.
Assim que entramos, Maria se apresentou e, sabendo que éramos brasileiros pela ficha de confirmação da reserva, começou a conversar numa mistura de línguas e sotaques. Ela é uma nona italiana, mas que começa falando em inglês, no meio da frase emenda italiano e termina com coisas em espanhol, holandês ou todo junto e até … português, poucas palavras, mas falava, nos dizendo que a filha havia casado com um brasileiro (pode ser o inverso, minha memória anda falhando). Sinceramente: era enternecedor.
Maria nos mostrou o quarto que iriamos ficar nos alertando: a janela dava para o parque e, neste fim de semana, “irá acontecer um festival de rock ali”, ou seja, haveria barulho. Ela se acalmou assim que contei que tínhamos tickets para o festival e, então, perguntou se eu tinha um mapa da cidade (havia comprado um assim que desci do trem). Mapa na mão, ela começou a indicar os lugares legais para comermos, bebermos e visitarmos, no melhor esquema: “Foge daqui, é coisa pra turista”; “Quer comer uma boa comida feita com cerveja? Vá aqui”; “Aluguem bikes aqui”; e por ai em diante.
Em um pequeno papel, ela escreveu um recado que funcionava como um vale desconto para passearmos em barcos pelos canais da cidade. Era só apresentar e obter o desconto com o barqueiro. Neste café da manhã da foto, ela nos repreendeu: “Vocês não comeram nada! Nem tocaram no queijo brie!” (risos) Dormimos apenas duas noites em Bruges, e foi extremamente confortável pela maneira como Maria nos recebeu. O quarto que ficamos era de uma de suas filhas, que estava aproveitando o verão europeu e as férias para viajar, deixando-o vago para alguém que quisesse visitar a cidade. Foi bastante útil para nós… e especial.
Leia também:
– Histórias de viagem: D’akujem (aqui)
– Histórias de viagem: Raconteurs em 2008 (aqui)
– Histórias de viagem: Crianças no Louvre (aqui)
– Histórias de viagem: Um hotel em Paris e Cherry Coke (aqui)
– Dois dias no Cactus Festival 2009, em Bruges (aqui)
julho 11, 2015 No Comments
Histórias de viagem: Raconteurs em 2008
Fotos por Marcelo Costa
Minha primeira viagem para a Europa foi em 2008, e para acalmar o desejo guardado por tantos anos preparei um roteiro absurdo de 40 dias de viagem passando por nada menos que seis países sempre atrás de shows e festivais. Na época dividi o roteiro de modo direto: eu iria enlouquecer em festivais nos primeiros 20 dias e puxar o freio nos 20 dias seguintes. E o Festival Internacional de Benicàssim foi exatamente o ponto de mudança no roteiro.
Em três semanas de viagem eu encarava o terceiro festival seguido: comecei no excelente Rock Werchter, na Bélgica (que eu voltaria dois anos depois), parti na segunda semana para a Escócia para pegar o mastodôntico T In The Park (parando em Berlim pra ver Radiohead), que me cansou tanto que cheguei a dormir coisa de duas horas entre um show e outro numa tenda e, dali, partir para a Espanha e para o Benicàssim.
Para não esquecer: descendo a escada do avião em Girona vindo de Glasgow, a escocesa atrás de mim abriu um sorriso e mandou um sonoro “I Love You, Spain” para comemorar o maravilhoso sol que nos recebia. E foi debaixo de um sol de deserto que cheguei ao festival para pegar minha pulseira, beber como água um copo de um litro de Heineken, e começar a procurar pelos amigos hospedados no vilarejo (fiquei na cidade vizinha, Castelon, que também me abrigou quando voltei ao festival alguns anos depois).
Depois de troca-los por Grinderman, na Bélgica, e por The Pogues, na Escócia, finalmente me vi frente a frente com o Raconteurs, e foi um daqueles shows de lavar a alma, mas só em alguns momentos. Jack White conseguiu montar uma banda de garagem com todos os clichês do gênero (para o bem e para o mal), e isso fez com o show alternasse muito o clima, com longos improvisos e jams que validam o momento, e que vez em quando desembocavam em momentos matadores, como a versão de “Steady, As She Goes” do vídeo.
Na época escrevi: “Nenhuma música surge tal qual foi gravada em álbum. Eles recriam tudo, e em várias passagens se superam, mas não é “o” show. São apenas quatro bons músicos declarando paixão e devoção pelo barulho. “Many Shades of Black”, com Brendan Benson comandando, foi um dos grandes momentos, mas muita coisa boa do primeiro disco foi preterida em favor de faixas medianas do segundo”. Bem, hoje amaria ver esse show novamente (com todas as músicas do segundo disco)… Uma baita lembrança boa.
Leia também:
Histórias de viagem: D’akujem (aqui)
Histórias de viagem: Um hotel em Paris e Cherry Coke (aqui)
Histórias de viagem: Resumão de ideias confusas da viagem 2008 (aqui)
fevereiro 21, 2015 No Comments
Kulminator, o melhor bar do mundo
A Antuérpia é a segunda maior cidade da Bélgica, a maior da região dos Flanders (não chega a 600 mil habitantes), e além de ter um dos maiores portos do planeta e, sem dúvida, uma das estações de trens mais belas de toda a Europa, a cidade também é conhecida por abrigar o melhor bar do mundo (eleito duas vezes como tal pelo conceituado Ratebeer): o Kulminator. Reforço a opinião que outros cervejeiros tarimbados tiveram ao visitar a casa, um misto de antiquário, brechó e pub que guarda em sua adega cerca de 40 anos de história cervejaria.
Não é força de expressão: no cardápio, que mais parece um livro, existem garrafas de Liefmans Kriek datadas de 1974 e 1975 (50 euros), uma Villers Triple de 1977 (15 euros) e uma Chimay Blue de 1981. A Chimay Blue, inclusive, é responsável por um dos destaques da seleção da casa: por 25 euros você pode fazer uma degustação vertical de três versões do rótulo trapista: 2014, a Chimay Blue mais nova, é viva e arisca; a versão de 2004, com guarda de 10 anos na adega, é a mais comportada e suave das três, mas o destaque é a garrafa de 1994…
Para aqueles que desconfiam da resistência de uma cerveja ao tempo, a Chimay Blue 1994 é um deleite. A garrafa, com traços de envelhecimento de adega (um pouco de barro aqui, um desgastado acolá), traz um rótulo que recomenda bebe-la até 2000. E não é que 14 anos depois ela continua excelente? O aroma frutado é mais intenso reforçando ainda mais a sugestão de frutas escuras (ameixa) e melaço. O amargor do lúpulo desaparece, mas o álcool toma a função. O fundo da garrafa é uma borra de café. A experiência é lúdica e incrível.
Não para por ai. Comandado por Dirk van Dick, um senhor grisalho que lembra o cientista interpretado por Christopher Lloyd na trilogia “De Volta Para o Futuro” e passa boa parte do tempo no bar atento a um jornal (impresso), e pela esposa Leen, que costumamente atende as mesas, o Kulminator traz em uma lousa as “novidades” do mês (“maand”, em holandês), da semana (“week”) e aquelas que sabem se lá quanto tempo vão durar na casa, cujo destaque no dia era uma Black Mikkeller 2011 (de 18% de álcool) e a já mítica La Trappe Quercus.
Os monges trapistas holandeses testaram envelhecer uma versão da La Trappe Quadrupel em barris de vinho. O primeiro lote teste (três barris) foi armazenado em barris de vinho do Porto e o segundo lote em barris de vinho branco. Consta que os 10 barris do segundo lote foram oferecidos ao mercado norte-americano, que declinou da compra. Dirk van Dick não: comprou os 10 barris únicos do segundo lote da La Trappe Quercus e o disponibilizou no Kulminator ao preço de 7 euros a taça de 250 ml. Foi apenas a melhor cerveja da noite (e da viagem). E só existe no Kulminator (e, ainda assim, não custa uma fortuna).
Falando em viagem, a ida ao Kulminator foi uma pequena esticada de Amsterdam: três horas de ida de trem para a Antuérpia, três horas de volta (com troca de trem em Roosendaal). Vale sempre conferir no facebook do bar os horários de abertura e fechamento para não dar com a cara na porta, mas o trecho da estação central de trens até o bar é sossegado (pedi informação no setor de atendimento ao turista do local, que me deu um mapa e traçou a rota simples que eu precisava fazer para chegar até o bar, e foi bastante fácil).
Digo isso porque alguns amigos preferiram dormir na cidade para conhecer o bar, o que é uma escolha sensata (como poderemos ver a seguir), mas é possível fazer um bate e volta de várias cidades da região para conferir a casa e, se sua vontade de enfrentar a cara fechada de Dick permitir, bater um papo com o homem, que segundo os amigos Leonardo Dias (que levou a ele de presente uma cerveja artesanal brasileira) e Luiz Alberto, é bastante atencioso depois que a barreira da apresentação é transposta.
No meu caso, já “levemente alcoolizado” e não muito certo do destino da estação de trens após beber a quinta cerveja da noite, um exagero alcoólico chamado Black Mikkeller (que um norte-americano decidiu abrir o serviço com ela: coitado), decidi apenas admirar apaixonadamente o lugar, com suas dezenas de caixas de madeira de Westvleteren vazias (que em São Paulo são vendidas por R$ 300 em alguns bares) empilhadas e a adega sonhadora que não guarda apenas cervejas, mas histórias num trabalho de dedicação de um casal que merece aplausos.
Na Bélgica existem vários outros bares que podem concorrer ao posto de melhor do mundo (falei de alguns aqui), mas o que faz do Kulminator um local especial é a sensação de volta no tempo, de encontrar uma joia bruta, não lapidada, que resiste ao tempo, aos modismos e, por que não, ao capitalismo. Mais do que um bar, o Kulminator é um templo para amantes da cerveja – um templo em que o monge permite que você fique bêbado, mas exigirá que você saiba o que está bebendo, afinal, ele não guardou uma cerveja por 40 anos à toa. Iguais a esse existem poucos no mundo. Vale uma (duas, várias) visita(s).
Ps. Comida não é o forte da casa, mas os queijos são bastante recomendados. Eu, por sinal, recomendo forrar bem o estômago antes de se aventurar no melhor bar do mundo… porque é difícil beber “só” três cervejas ali…
agosto 20, 2014 No Comments
Histórias de Viagem: Um hotel e Cherry Coke
Minha primeira vez em Paris começou com o pé esquerdo. Foi em um longo mochilão, em que por razões de economia, optei por pegar um voo de Madri (Barajas) para Paris às 6 da manhã por uma companhia barateira. Ou seja: cochilei durante a madrugada no aeroporto (lotado), e cheguei em Paris (Beauvais) às 8 da manhã – Beauvais é uma pequena cidade vizinha a Paris que atende voos da Ryanair.
Após quase 50 minutos de ônibus de Beauvais para o centro de Paris, comecei minha aventura francesa sofrendo para comprar o ticket de metrô (eu queria o de uma semana, mas na primeira tentativa só consegui fazer a senhora atendente me vender o unitário mesmo), e parti dali até o albergue que eu havia reservado via Hostel Word, o 3-Ducks, no 15º distrito, pertinho da Torre Eiffel.
Ao entrar no hostel, passado 10 horas da manhã, começou o sofrimento. Detonado pela noite mal dormida, eu só pensava em banho e cama. Queria tirar um cochilo e colocar a mala em algum locker antes de bater perna pela cidade luz. Primeira decepção: o 3-Ducks tem um horário de limpeza dos quartos de 11h até às 16h. Isso mesmo: nenhum quarto fica liberado neste horário (mesmo que você o reserve para uma semana – como eu havia feito).
Depois de argumentar bastante (e ouvir muita contra-argumentação; os franceses adoram), cansado e puto, pedi para guardar minha mala em um locker. Outra surpresa: não havia locker nem armário, mas sim uma sala de livre acesso a todos com todas as malas e mochilas de todos os hospedes. Eu já estava viajando há 30 dias, com uma mochila enorme, e duas mochilas menores (uma delas apenas com CDs comprados), e não havia a mínima condição de deixar as coisas ali.
Pedi para ir ao quarto, aproveitando o pouco tempo que havia antes das 11h, e tomar um banho. Mais uma surpresa negativa: o chuveiro era terrível. Voltei ao quarto extremamente puto, decidido a arrumar as coisas e ir embora, quando um japonês, de New Jersey, (percebendo meu “bad day”) salvou o dia: “Percebi que você está tenso. Você tem um mapa? Faz o seguinte: nos estamos aqui. Pega a Rua do Commercio que você vai sair na Torre Eiffel. Depois atravessa, vai no Arco do Triunfo e desce a Champs Elysees. Seu dia irá melhorar”.
E melhorou. Levei comigo a mochila de CDs, que deixei em um locker de metrô, cochilei em um passeio de balsa no Rio Sena (lembra do “Antes do Por-do-Sol”?) e decidi que iria procurar um hotel no dia seguinte. Durante a noite, até cogitei passar toda a estadia no 3-Ducks, mas não tinha como. Na manhã seguinte bati perna no 15º distrito, olhei alguns hotéis e acabei optando por um de… 1 estrela. No Mondial Hotel. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.
Acho que paguei 38 euros por dia (a atendente, esforçada, entendia mais espanhol que inglês), mas o quarto (no quinto andar – sem elevador) era simples, limpo e aconchegante. Típico de Paris: havia pia e chuveiro, mas não vaso sanitário, que ficava no corredor (em muitos hotéis são assim). Lembrei-me de Paul Auster em “O Inventor da Solidão”. E sorri. Aquele seria o meu cantinho em Paris durante a próxima semana, e Paris (apesar do 3-Ducks) já tinha me conquistado no primeiro dia.
Havia uma estação de metrô na porta (La Motte-Picquet – Grenelle?, que virou a minha estação Nelson Piquet – não tinha como esquecer), mas uma caminhada direta de 10 minutos pelo Boulevard de Grenelle (uma longa avenida) me colocava de frente com a Champ de Mars, e consequentemente com a Torre. A região, repleta de bistrôs e alguns bares escoceses, demorava a dormir, o que permitia jantar mais tarde, ou encarar um bom pint de Jenlain, a melhor cerveja francesa (quase na fronteira com a Bélgica, mas é francesa!).
Durante o dia fiquei freguês de uma vendinha ao lado do hotel. Redescobri a Cherry Coke, e acho que nesse período bebi mais o refrigerante do que água. Em uma das tardes, após voltar do Louvre, abri a geladeira da vendinha, e havia apenas duas. Fiquei na dúvida se pegava ambas, mas levei só uma torcendo para que a outra ficasse até a manhã seguinte. Bobagem: quando entrei na vendinha no outro dia, o dono (um senhor grisalho, quieto e sério) me olhou, sorriu e mandou um “more Cherry Coke”: ele havia reposto a geladeira. Abri um sorriso, peguei o refri e, ainda, um pacote de madeleines.
Quando voltei a Paris no ano seguinte, pensei seriamente em reservar esse mesmo hotel, mas descobri um apartamento aconchegante em Les Halles (esse aqui), numa travessa da mítica Rua Montorguei (que já havia sido pintada por Monet em 1878 – olhe aqui), e foi paixão a primeira estadia (e a hospedagem mais barata de toda aquela viagem). Possivelmente nunca volte a ficar no Mondial Hotel, mas sempre vou me lembrar dele (e da Cherry Coke), pois ele salvou a minha primeira passagem pela cidade.
Leia também:
– Histórias de Viagem: D’akujem (aqui)
– Diário de Viagem Europa 2008: 40 Dias (aqui)
– Diário de Viagem Europa 2009: 37 Dias (aqui)
– Top 15 Museus: L’Orangerie, D’Orsay e mais (aqui)
– Cinco fotos: Paris (aqui)
– “Se Bardot fosse engarrafada, seria a Jenlain Six” (aqui)
– Uma foto de viagem e outras lembranças (aqui)
– Quatro itens para economizar em Paris (aqui)
– Paris: um festival de cheiros, cores e sabores (aqui)
– Coisas sobre Londres e Paris (aqui)
– “Parri, Parri” (aqui)
– Nem Sadine, nem o anao de jardim… (aqui)
– Pere Lachaise: Sobre Oscar Wilde e Jim Morrison (aqui)
abril 15, 2012 No Comments
Histórias de Viagem: D’akujem
Bratislava sempre esteve em nossos planos quando traçamos o roteiro de viagem de 2010 (aqui), mas não tínhamos a mínima ideia do que esperar. Seduzidos pelo Bratislover, um ticket promocional “Viena/Bratislava – Bratislava/Viena” por apenas 14 euros (que ainda lhe permite andar de ônibus gratuitamente na capital eslovaca – infos aqui), partimos em direção a Hlavná Stanica (essa), e fomos caminhando até o centro histórico.
Entramos numa ruela, dobramos uma esquina e ficamos de frente a torre Michalská Brána. No pé da pequena torre, uma mãe pobre tocava uma espécie de sanfona enquanto sua filha, em um carrinho, sorria. Demorou alguns segundos para cair a ficha, mas percebemos um casal com jeitão de turista subindo uma porta ao lado da torre, e decidimos seguir para encontrar a melhor vista da cidade (melhor até que a vista do castelo, que iríamos visitar depois).
Fizemos várias fotos do centro histórico visto lá de cima (as da Lili aqui), olhamos os objetos expostos no pequeno museu e, na saída, encantado com o local, perguntei para uma das senhorinhas (apenas senhorinhas aparentemente tomavam conta do lugar) como se dizia “Thank You” em eslovaco. Sofri algumas vezes para repetir, mas, diante do sinal positivo, sorri, e acho que alcancei uma pronuncia nota 5.
Então a senhorinha toca meu braço, mostra o ticket que estou segurando (esse da foto), e começa a falar empolgadamente em eslovaco algo que não tenho a mínima ideia do que seja. Fico atônito, Lili começa a rir, e a senhorinha, vendo o nosso desentendimento, me puxa até uma janela (a entrada do museu fica no segundo andar da torre) e aponta para algo na esquina, e também para o bilhete. A ficha cai: Farmaceutická Expozícia.
Toda sua empolgação era para que eu entendesse que o ticket de 2,30 euros da entrada do Mestské Múzeum Bratislave (o Museu da Torre) também me dava direito a conhecer o Museu de Farmácia, na esquina. O verso do ticket falava mais sobre ele. Agradeci em eslovaco, para treinar, e até chegamos a olhar a pequena lojinha que abrigava a exposição farmacêutica, mas pela correria do dia (bate e volta Viena/Bratislava) não entramos.
Ainda assim, dentre as coisas que me fazem lembrar Bratislava estão o garçom que serviu cerveja tcheca quando pedi uma “cerveja nacional” (exemplo perfeito de como o sentimento de nação ainda é confuso para eles), os prédios russos enfileirados do outro lado da margem do rio na vista do castelo, e essa senhorinha falando eslovaco animadamente para um brasileiro que tinha acabado de falar a primeira palavra em seu idioma: “D’akujem”.
É uma imagem querida…
Leia também:
– Bratislava, pequena grande cidade (aqui)
– E então, no quinto dia, o sol apareceu em Viena (aqui)
– Aqui o diário completo da viagem de 2010 (aqui)
fevereiro 23, 2012 No Comments
Histórias de viagem: Crianças no Louvre
Não lembro se cheguei a comentar no diário de viagem quando estávamos em Paris, mas uma coisa muito bacana que nos surpreendeu foi topar várias vezes durante a semana com pequenos grupos de crianças em idade pré-escolar passeando pela cidade com orientadores. Aconteceu, no mínimo umas cinco vezes, e tanto eu quanto Lili ficamos surpresos em ver tanto pedaço de gente enfrentando a vida pelas ruas parisienses.
Eles andavam todos de mãos dadas, um responsável imediato pelo outro, e cheguei a achar que num grupo – que entrou conosco no mesmo ônibus que seguiu para o Museu Picasso – haviam algumas crianças de 2 ou 3 anos experimentando uma aventura sem os pais. Esse registro acima eu fiz no Louvre. Percebam o cuidado de um com o outro e a atenção de todos com a professora explicando algo do quadro.
Não lembro exatamente a primeira vez que entrei em um museu. Acho que foi só depois dos 16 anos, quando sai de Taubaté para São Paulo para ver alguma exposição no Masp. E não foi coisa de colégio. Não consigo lembrar se fora a viagem dos formandos da 8ª série fizemos alguma outra, juntos. E olhando a foto senti uma ponta de saudade de algo que eu não tive e que nem sabia que poderia ter sido tão especial…
Leia também:
Histórias de viagem: Top 25 Museus (aqui)
Histórias de viagem: D’akujem (aqui)
Histórias de viagem: Um hotel em Paris e Cherry Coke (aqui)
Histórias de viagem: Raconteurs em 2008 (aqui)
Histórias de viagem: Resumão de ideias confusas da viagem 2008 (aqui)
setembro 19, 2009 No Comments
37 dias, 14 cidades, 6 países e muitas histórias
É difícil explicar a sensação de chegar a casa após um mochilão de 37 dias. Você sente falta da sua cama, dos seus objetos pessoais, de roupas limpas, mas trocaria o seu chuveiro por qualquer um dos apartamentos da viagem (risos). As coisas todas estão em seu lugar, mas o coração precisou aumentar alguns cômodos para abrigar as novas experiências, que se acumularam entre tantas novas paisagens e histórias.
Voltando no tempo, lembro que houve uma época que eu achava que nunca sairia de Taubaté, a cidade que me abrigou durante 20 anos, mas que já no final da adolescência não me cabia mais, como uma roupa que rasga em movimentos mais bruscos. Fazer uma longa viagem para o exterior então nem pensar. Ok, pensar sim. Ou melhor, sonhar. Alguns sonhos nos invadem sem que a gente exija deles racionalidade.
Viajar é dar a alma um momento de vida. Estamos presos a um cotidiano mecânico cujo maior símbolo, a rotina, nos diz que hora acordar todos os dias, que veículo pegar para ir ao trabalho, como se relacionar com nossos semelhantes e, após uma seqüência de atos pouco diferentes do dia anterior, voltar para casa com o pouco tempo que resta tentando fazer dele algo útil para a… alma.
Muitas coisas diferentes aconteceram nesta viagem em relação à viagem do ano passado, a mais visível tendo relação com a companhia da Lili. Tem gente que gosta de viajar sozinho e tem gente que não consegue viajar sozinho. Ambas as situações trazem vantagens e desvantagens, mas foi bastante especial dividir esse percurso com a Lili, pois respiramos juntos às cidades, e conversamos dezenas de horas sobre os lugares.
Assim como no ano passado, em que cheguei recebido por Odile e Carlos em Leuven, e me senti seguro para seguir nos próximos tantos dias, foi bastante importante chegarmos a Londres para ficarmos na casa do Daniel, da Beth e do Samuel (e da gata Coco). Os três fizeram de tudo para nos sentirmos em casa, e conseguiram. Londres ficou mais leve, e a tarde no Hyde Park com Blur ensaiando e pedalinho no lago foi inesquecível.
Dali uma pequena passada em Paris, para deixarmos as malas no melhor e mais barato apartamento da viagem, e seguirmos para a Bélgica, o país que faz alguns dos melhores chocolates do mundo, todas as melhores cervejas e ainda promove os melhores festivais de rock. Nick Cave no Rock Werchter foi um estupro sonoro. E os elefantes rosas da ótima Deliriuns Tremens dançaram em alguns copos de cerveja com o Carlos e a Camilinha em Bruxelas.
Já Paris é aquilo. Lili amou a cidade, mas odiou os parisienses. Como quase todos que passam pela cidade. Porém, inevitavelmente, Paris encanta. Se pudesse, eu passaria dias dentro do L’Orangerie e aproveitaria todos os bistrôs, cafés e padarias da Rua Montorgueil, uma descoberta deliciosa que nos deixou totalmente estupefatos. E o Louvre, a Torre, e Napoleão, e beber vinho na grama da Champ de Mars. Paris é foda.
Bruges por sua vez foi uma descoberta interessante. A cidade que mantém o centro histórico medieval mais bem preservado de toda Europa é repleta de turistas, mas sua noite é vazia e surpreende. As dicas da Maria, a dona do Bed and Breakfast que ficamos, foram imprescindíveis. E a pedalada de 5 quilômetros até Damme foi um momento de liberdade incrível desses que a gente não acredita estar vivendo.
A cidade ainda rendeu alguns dos melhores pratos da viagem tanto na Le Gambrinus (uma cervejaria que cozinha a maioria de seus pratos na cerveja da casa) estendendo-se ao fofo e aconchegante Tante Marie, em Damme, com suas pequenas porções de prazer e seu ótimo chocolate quente. E, claro, o Cactus Festival, um festival de cidadezinha de interior com Cold War Kids, Gutter Twins, Calexico e Paul Weller. Foda.
Berlim continua sendo algo inexplicável para mim. Meu sangue alemão não se sente bem na cidade, que vive sobre a sombra da culpa, mas foi interessante demais ter ficado no lado Ocidental para contrastar as diferenças do lado Oriental, que me abrigou no ano passado. E foi ótimo descobrir uma loja sensacional de vinis e CDs em plena região do Europa Center. Nunca esperava encontrar o “On Strike” (Pepe Escobar disseca ele aqui) em vinil original. Nunca.
Foi um choque sair da Alemanha e ir para a Itália. Difícil imaginar dois países mais contrastantes. A Itália é uma bagunça, mas conversa com você na rua, no ônibus, na mesa de bar enquanto a Alemanha é extremamente organizada e carrancuda. Descemos em Pisa, nos apaixonamos pela Torre Pendente, e nos decepcionamos um pouco (ok Lili, eu mais) com uma Florença extremamente turística e descuidada em seu museu principal. Ah se não fosse Michelangelo com seus Escravos, seu Baco e seu Davi…
Já Roma é tudo aquilo que eu imaginava triplicado. Em que outro lugar do mundo uma simples e inocente salada caprese pode encher os olhos da gente? E são várias Roma. Tem a das igrejinhas que são pequenas obras de arte. A Roma do passado antigo, do Coliseu, da Casa Dourada de Nero, das ruínas. A Roma do aconchegante Trastevere, tudo que eu sempre imaginei que o Bixiga em São Paulo deveria ser. A Roma de Fellini, da iluminada Fontana de Trevi (e de muitas outras fontanas).
O Vaticano foi bastante cansativo. A Praça de São Pedro é bela, e a Catedral é o mínimo que se espera da grande casa da religião católica, mas a visita à Capela Sistina é um abuso de paciência com o roteiro passando por dezenas de outras salas. Se você quiser vê-la pesquise antes uma passagem secreta. Ou tenha bastante paciência. A visita vale, mas cansa. Para fechar a parte italiana teve Veneza, que eu tenho tanta coisa pra falar…
Dava para escrever um texto inteiro declarando meu amor por Veneza. Ainda faço. Vim tentando ler no avião uma reportagem em francês da National Geographic, que também foi reproduzida na edição nacional (descobri aqui). E o texto, assinado pela Cathy Newman, editora especial da revista, é uma aula de jornalismo. Então vamos combinar assim: eu digo que Veneza é a cidade mais encantadora e apaixonante em que já coloquei os meus pés e você lê o texto da Cathy aqui, fechado.
A parte espanhola começou com a Barcelona de Antoni Gaudi, de Joan Miró e do urbanista socialista Ildefons Cerda, que desenhou em 1859 uma grade urbana de quarteirões regulares e imensos passeios públicos que fazem a cidade viver e respirar. Amo Barcelona de uma forma que não sei explicar, e que acaba diminuindo por comparação meu apreço por Madri, uma bela cidade com três museus espetaculares, deliciosas casas de tapas e muito calor (o vento do Mediterrâneo faz falta).
Foram seis países e 14 cidades em 37 dias. Juntos, esses países devem ser do mesmo tamanho da nossa Região Sudeste, mas quanta diferença. Começa pela língua. Quando você começa a se adaptar ao inglês britânico tem que encarar o flamengo, a língua neerlandesa falada na Bélgica, que mais parece um disco sendo tocado ao contrário. E ai vem o francês, o alemão, o italiano e, ufa, o espanhol (ou portunhol). E tem as comidas, e tem o jeito de cada pessoa, de cada país, de cada cidade. Muita informação, mesmo.
É difícil explicar a sensação de voltar para o seu país após um mochilão de 37 dias. Você sente falta das pessoas falarem a sua língua, dos seus amigos que lhe chamam para um boteco, da comida totalmente particular, da música, do futebol, mas trocaria o nosso transporte público por qualquer um dos outros da viagem (hehe). É bom estar em casa. É bom poder dividir essas experiências, esses olhares muito pessoais neste espaço um tanto impessoal. Obrigado pelo carinho, pela leitura, pelas dicas e bons agouros. Espero ter correspondido com dicas e com o exemplo de que se eu consigo, você também consegue. Piegas, mas verdadeiro. Estamos de volta. \o/
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TOPS DA VIAGEM
Dez Cidades
01- Veneza (foto)
02- Paris (foto)
03- Roma (foto)
04- Barcelona (foto)
05- Londres (foto)
06- Madri (foto)
07- Bruges (foto)
08- Bruxelas (foto)
09- Berlim (foto)
10- Firenze (foto)
Dez Lugares
01- Rua Montergueil, Paris (foto)
02- Santa Croce, Veneza (foto)
03- Hyde Park, Londres (foto)
04- Parc Güell, Barcelona (foto)
05- Grande Praca, Bruxelas (foto)
06- Fontana de Trevi, Roma (foto)
07- Plaza Mayor, Madri (foto)
08- Camden Town, Londres (foto)
09- Barri Gotic, Barcelona (foto)
10- Torre Pendente, Pisa (foto)
Dez Cervejas
01- Bloemenbier 7,0% (Belgica)
02- Deliriuns Tremens 8,5% (Belgica)
03- Hercule 9,0% (Belgica)
04- Duvel Speciale 7,0% (Belgica)
05- Leffe 9.0 (Belgica)
06- Leffe Radieuse 8,2% (Belgica)
07- La Divine 8,5% (Belgica)
08- Mongozo Banana 4,5% (Belgica)
09- Rochefort 11,5% (Belgica)
10- Mort Subite 4,5% (Belgica)
Dez Museus
01- Museu D’Orsay, Paris
02- Museu do Prado, Madri
03- L’Orangerie, Paris
04- Museu Reina Sofia, Madri
05- Galleria Borghese, Roma
06- Galleria Academia, Firenze
07- Museu Peggy Guggenheim, Veneza
08- Museu Picasso, Paris
09- Centre Pompidou, Paris
10- Tate Modern, Londres
Dez Pratos prediletos da Lili
01- Sopa de Cebola em Paris
02- Camarão ao Alho e cerveja em Bruges
03- Croquete de Camarão em Damme
04- Al Pesto em Firenze
05- Pizza Quatro Queijos no Trastevere em Roma
06- Salada Caprese em Roma
07- Morango com chocolate em Bruxelas
08- Gazpacho em Madri
09- Paella Valenciana em Madri
10- Batatas Bravas em Barcelona
Dez CDs comprados
01- Rocks Germany 2001, Radiohead (Bootleg)
02- Rockin’ Live From Italy 1993, Bruce Springsteen (Bootleg)
03- The Complete Sun Masters, Johnny Cash (box triplo)
04- Live, Nick Cave (bootleg)
05- Live 1981-82, The Birthday Party
06- Rum, Sodomy and The Lash, The Pogues
07- Live From Austin, Tom Waits (bootleg)
08- Rome Concert 1980, Talking Heads (bootleg)
09- Enter The Vaselines, Vaselines
10- On Strike, Echo and The Bunnymen (vinil)
Quinze Shows
01- Bruce Springsteen no Stadio Olimpic, Roma (foto – texto)
02- Blur no Hyde Park, Londres (foto – texto na Rolling Stone de agosto)
03- Paul Weller no Cactus Festival, Bruges (foto – texto)
04- Leonard Cohen no Palais de Bercy (foto – texto)
05- Tindersticks no Hyde Park (foto – texto)
06- Nick Cave and The Bad Seeds no Rock Werchter (foto – texto)
07- Franz Ferdinand no Rock Werchter (foto – texto)
08- Mogwai em Firenze (foto – texto)
09- Big Star no Hyde Park (foto – texto)
10- Yeah Yeah Yeahs no Rock Werchter (foto – texto)
11- Gutter Twins no Cactus Festival (foto – texto)
12- Cold War Kids no Cactus Festival (foto – texto)
13- Calexico no Cactus Festival (foto – texto)
14- Magic Numbers no Cactus Festival (foto – texto)
15- Crystal Castles no Hyde Park (foto – texto)
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
Leia tudo o que aconteceu no dia-a-dia da viagem aqui.
agosto 4, 2009 No Comments