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Festival Casarão, Porto Velho: Dia 4

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A quarta e última noite do Festival Casarão tem sido idealizada pela produção, nos últimos anos, como a noite eclética do evento. Realizada na praça em frente ao Mercado Cultural, na área central da antiga Porto Velho, de forma gratuita, a escalação de oito atrações ia do punk ao heavy metal, do regional ao pop rock de diversas regiões do país e fez pogar do metaleiro tradicional de camisa preta e coturno ao beiradeiro das margens do Rio Madeira num interessante desenho de diversidade.

A novata Ilusion Death (do não tão novato e ótimo vocalista Mario Henrique, que nos anteriores havia se apresentado com outras bandas no Casarão) estreava ao vivo, e mostrou competência com um death metal seguro e bem trabalhado. O mesmo não pode ser dito d’Os Malcriados, uma mistura de punk e bagunça que honra o estilo (não deve ser tão diferente dos Sex Pistols em 1976) e parece divertir mais quem está no palco do que aqueles que estão na plateia. Um descompromisso corajoso, mas que funciona melhor em conceito do que ao vivo.

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Com 12 anos de barulho nas costas, Os Coveiros mostraram influências de metal e hardcore destacando covers de Ratos de Porão e Sepultura. O carisma do vocalista Giovanni Marini (professor, mestre e geógrafo, que dá aulas na Universidade Federal de Rondonia e é admirado pelos alunos) é contagiante. Ali pelo meio, Giovanni levou no gogó a obrigatória “Candidato Caô Caô”, sucesso com Bezerra da Silva, mandando um foda-se para os políticos ao mesmo tempo em que agradecia do pessoal do metal e do skate até a turma da Faculdade de Arquitetura. Se houvessem mais professores assim…

O metal revivalista do Bedroyt mostrou virtuose e deve ter agradado aos fãs do estilo, mas foi um bom momento para buscar a interessante mistura de sal, limonada, gelo e cerveja, chamada carinhosamente de Cerveja Suja pelos locais. Quem fez a passagem do bastão do metal para o rock foram os mineiros da Transmissor, e não poderia ter sido melhor. Alternando canções de seus dois álbuns (com versões emocionais das belas “Bonina” e “Dessa Vez”, do álbum “Nacional”, de 2011), o quinteto fez uma apresentação memorável, que conquistou de tal forma o público que uma fila imensa se fez na beira do palco para adquirir os discos dos mineiros. O grande show do festival.

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O pop esquizofrênico da Tangerines and Elephants mostra que Curitiba continua tendo uma das cenas mais prolificas e criativas do país. Com uma sonoridade interessante, que num primeiro momento lembra o trabalho do Ween, o trio teve problemas de som, o que vitimou a espontaneidade, mas serviu para apresentar o grupo aos rondonienses naquele que era o primeiro show da Tangerines and Elephants fora de Curitiba. O som do trio ganha personalidade no vocal esganiçado (e retrabalhado com pedais) e na guitarra freak de Argos, e pode conquistar de indies de São Paulo até Londres e Nova York.

Forte concorrente a produto de exportação de Porto Velho, o Beradalia mostrou um som interessante que une influências regionais com Nação Zumbi, O Rappa e Planet Hemp. Foi o nome que mais empolgou a praça, e o hit “Arrudeia” fez todo mundo pular colocando no bolso a roda de pogo dos metaleiros. Fechando o evento, às 3 da manhã, Wado sofreu com o adiantado da hora, mas cumpriu o roteiro com capricho abrindo com “Tarja Preta” e encerrando com um trio de funks cariocas (“Reforma Agraria do Ar”, “11 de Setembro” e “Teta”) que fez os poucos presentes irem até o chão. Ausente do set list, “Melhor” surgiu improvisada no bis, e colocou a tampa na edição 2012 do Casarão.

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Após quatro dias de evento e 21 shows, o saldo do Festival Casarão é bastante positivo. O formato, que une gente do mainstream a muitos nomes novatos, ajuda a apresentar estes novos grupos para um público distante das novidades, mostrando que, apesar da programação das rádios insistirem em provar o contrário, há uma boa cena independente sobrevivendo a trancos e barrancos no Brasil. Se por um lado, os grandes shows da Transmissor e do Cachorro Grande foram os os pontos altos do evento, boa parte do público irá reverberar o show catártico (e de arranjos duvidosos) da Pouca Vogal, mas o ponto a ser levado em conta é que esse mesmo público foi exposto aos bons shows de Os Descordantes, Sub Pop e Versalle numa das melhores noites do festival.

Há, claro, coisas que podem ser melhoradas no festival, como, por exemplo, a falta de uma identidade visual que unisse os três locais de shows (Cantina do Porto, Move Light e Praça do Mercado Cultural). É bem provável que muitos presentes não soubessem que estavam em uma noite do Festival Casarão devido à falta de faixas (nos três locais) que apresentassem o evento ao público neófito. Com 13 anos de trajetória, o Casarão precisa demonstrar o orgulho que tem de sua própria história, e fixar o nome na mente dos rondonienses, porque um festival deve ser maior que esta ou aquela atração, e 13 anos consecutivos (apoiando a boa música) devem ser valorizados. Que venha 2013.

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Fotos por Marcelo Costa

Leia também:
– Cobertura completa do Festival Casarão 2012, por Mac (aqui)
– Três perguntas para Vinicius Lemos, do Festival Casarão (aqui)
– Os destaques do Festival Casarão 2010, por Tiago Agostini (aqui)

O Scream & Yell viajou para Porto Velho á convite da produção do Festival Casarão. Queria agradecer ao carinho e atenção da equipe do festival, especialmente a Dandara, Maria Luísa, Duana, Tainá, Douglas e Vinicius, e a compania prestigiosa do amigo Marcos Bragatto, que cobriu o evento (e me acompanhou nas cervejas e nas correrias – literalmente) para o Rock em Geral

setembro 9, 2012   No Comments

Festival Casarão, Porto Velho: Dia 3

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Pra começo de conversa: o calor é uma bobagem. No terceiro dia do Festival Casarão, em Porto Velho, aproveitei o dia para conhecer a Public Hals, uma cervejaria local que fabrica seu próprio chopp (razoável) e continuar bebendo a tarde inteira. Vantagem: a cerveja tradicional brasileira, leve e refrescante, evapora com rapidez (do copo e do corpo) e a gente segue noite adentro. Se no dia anterior, o rock do período paleolítico era a tônica, na sexta da independência foi a vez de boas influências de Los Hermanos serem captadas no ar.

Os locais do Jam deram o start da noite com um rock de riffs ásperos e batida funkeada que conectam o quarteto com o barulho dos anos 90. Nada de novo, mas um ponto de partida interessante se a banda souber trabalhar as referências. Na sequencia, e apesar do nome, o Sub Pop (boa surpresa da cidade de Vilhena) não deixa aparente influências de nenhuma banda do selo de Seattle, mas sim de Los Hermanos, seja no vocal de Derek Ito (próximo ao tom de Amarante), seja nos bons pop sambas do quinteto, que na maioria dos arranjos é conduzido pelo bom sax de Gustavo Closs. Pra ficar de olho.

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Do Estado vizinho, Acre, surgiram Os Descordantes, um grupo com potencial para levantar a bandeira e seguir a trilha aberta pelo Los Porongas. Novamente uma vibe Los Hermanos pairou no ar, mas a força dos refrãos das canções próprias (como o ótimo hit regional “Enquanto Puder”) e cover interessantes (de uma exagerada “As Rosas Não Falam” até uma fidelíssima “Tú És o MDC da Minha Vida”) mostraram uma banda forte e segura de si. Grande show. Prejudicada pelo avançado da hora, a Versalle teve que fazer um show enxuto, de apenas cinco músicas, mas aproveitou cada segundo em uma apresentação empolgante.

A alta madrugada seguia firme quando Duca Leindecker e Humberto Gessinger (de bata e chimarrão) subiram ao palco para apresentarem o projeto Pouca Vogal, que une canções do Cidadão Quem! (de Duca), dos Engenheiros do Hawaii (de Humberto) e algumas parcerias registradas pela dupla em 2008 e 2009, todas canções cantadas (e gritadas e choradas e desafinadas) em coro por uma plateia devota e absolutamente ensandecida. Era a terceira vez de Humberto Gessinger em Porto Velho, e impressiona como ele conseguiu criar uma nova persona exatamente igual a anterior (e tocando praticamente as mesmas canções).

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O apreço do engenheiro-mor por arranjos duvidosos parece ter chegado ao ápice com o Pouca Vogal, e aqui e ali podem ser flagrados vários momentos em que Humberto e Duca piscam o para o sertanejo universitário, mas nem isso, nem os vocoders, nem a gritaria cantada encobrindo a voz de Humberto (que descansa a garganta enquanto o público se esgoela) conseguem derrubar um repertório de hits que também pesca pérolas como “Pose”, do álbum “Gessinger, Licks e Maltz” (1992) e “Banco” (boa faixa do fraco “Minuano”, de 1997, cuja gancho da letra – “Deve haver alguma coisa que ainda te emocione” – trouxe de coda “(I Can’t Get No) Satisfaction”, dos Stones.

Os hits (dos Engenheiros), claro, estiveram quase todos presentes. De “Piano Bar” a “Pra Ser Sincero”, de “Toda Forma de Poder” a “Terra de Gigantes”, de “Somos Quem Podemos Ser” a “Refrão de Bolero”, de “Era um Garoto” a “Infinita Highway”, e mesmo com a dupla tentando desarranjar as canções, é quase certo que ao menos 1200 rondonienses acordaram completamente roucos e/ou sem voz neste sábado, e vão guardar essa noite do Casarão com carinho na memória. O festival segue neste sábado com shows de Wado, Transmissor e mais seis bandas ao ar livre (e gratuito) no Mercado Cultural.

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Fotos por Marcelo Costa (exceto foto 3, por Douglas Diógenes)

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setembro 8, 2012   No Comments

Festival Casarão, Porto Velho: Dia 2

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Apesar de a Lícia confirmar (via comentários) a neve até o final do festival, o segundo dia em Porto Velho foi marcado novamente por um calor desértico, mas nada tão grave assim: dois dias na cidade e a gente começa a se acostumar com o sol a pino e o pouco vento. E o calor até que foi camarada com os forasteiros na noitada, graças ao ar-condicionado e às cervejas geladas. No som, uma pequena ode ao rock do período paleolítico (para o bem e para o mal).

Os Últimos foram os primeiros (piada besta, mas imperdível). De Ariquemes, uma cidade a 200 quilômetros de Porto Velho, o trio abriu o Festival Casarão com um bom show, que foi prejudicado pelo som (normal em começo do festival): só foi possível entender o que o vocalista Keverton estava cantando na última música, e por mais que ele siga a escola “vocal chorado” dos Los Hermanos, o trio tem muito potencial (com destaque para a boa pegada de Laura na bateria e o baixo seguro de Rogério). Uma banda que vale acompanhar.

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Na sequencia, a local Theoria das Cordas subiu ao palco com um hippie hard rock do século passado (ou retrasado) que une vocal performático, solos metalizados de guitarra e letras messiânicas que analisam / questionam os problemas da sociedade. Também na vibe retrô, o Cassino Supernova, de Brasília, se saiu melhor com uma apresentação vigorosa que honra o lema “It’s Only Rock ‘n Roll (But I Like It)”. Saíram merecidamente ovacionados em um dos grandes shows da noite.

De Boa Vista, em Roraima, veio o Veludo Branco, um trio que honra o trinômio “mulher, álcool e rock” e tem estofo para conquistar a meia dúzia de fãs do Dr. Sin, embora corra o risco de abrir falência se tiver que pagar os royalties de todos os riffs “emprestados”. A quinta atração da noite foi a cantora Kali Tourinho acompanhada pelos Kalhordas (a Theoria das Cordas sem o guitarrista), e nada como uma mulher para colocar ordem na casa: o som que mescla MPB, pop e bossa divergiu (felizmente) do coro rock and roll numa boa promessa da cena local.

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Fechando a primeira noite oficial do Festival Casarão 2012, o Cachorro Grande (em sua terceira visita a Porto Velho) fez um show potente e experiente, com os hits muito bem dispostos em um set list que visitou todas as fases do grupo. Abriram com as pedradas “Você Não sabe o Que Perdeu” e “Hey Amigo!”, cantadas em coro por uma casa cheia e entregue. “Que Loucura!”, outra da primeira fase dos gaúchos, surgiu envolvente. Impressiona o pique de Beto Bruno, responsável no palco por manter todo mundo ligado e no clima.

Ali pelo meio, com uma pegada mais psicodélica, duas novas surgiram para representar o sexto álbum, “Baixo Augusta” , enquanto o quinteto preparava o voo para o trecho final, que trouxe “Sinceramente” (que a plateia cantou e gritou quase inteira) e os hits do primeiro álbum, de 2001, “Lunático” e “Sexperienced”. No bis, “Um Dia Perfeito” e uma cover potente de “My Generation” encerraram uma noite consagradora. O Festival Casarão segue nesta sexta com mais cinco bandas (Jam, Sub Pop, Os Descordantes, Versalle e Sinais Invertidos de Um Mágico) esquentando a noite para o Pouco Vogal. Será que neva?

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Fotos por Marcelo Costa (exceto foto 3, por Douglas Diógenes)

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setembro 7, 2012   No Comments

Festival Casarão, Porto Velho: Dia 1

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O pessoal não estava brincando: Porto Velho ferve. Após um voo rápido com escala em Belo Horizonte (ou nos Confins da capital mineira), e um bom voo da Trip (com “A Via Láctea”, de Buñuel, rodando no lap) desci na capital rondoniense com o bafo do calor na nuca. Dez horas da noite – e só esquentou mais durante a madrugada. Em certo momento, as meninas da assessoria disseram: “Não venta nessa cidade”. E fez-se o vento (risos). “Ou melhor, não neva”, completaram.

O Festival Casarão 2012 começa oficialmente hoje, mas a produção todo ano faz um esquenta sossegado num bar da cidade, uma festinha de lançamento para aquecer a galera. Os locais do Expresso Imperial abriram a noitada numa jam session instrumental com foco no jazz, mas que flerta com levadas regionais e rock. É a velha regra de “cada um vai prum lado e a gente se encontra no final”, quase uma viagem particular, mas que rende momentos interessantes.

Na sequencia, o casal Andrio e Liege, prestes a lançar o primeiro álbum cheio do Medialunas, mostrou um repertório que avançou muito desde quando Scream & Yell & Urbanaque fizeram uma festa com eles na Dissenso, em São Paulo, ano passado. Afiadíssima, a dupla (Andrio na guitarra, Liege na bateria) amplia o leque do barulho mostrando de influências grunge até pop punks assobiáveis e contagiantes. Já dá para esperar um dos grandes álbuns de estreia do ano.

O calor continua, e o Festival Casarão também. Nesta quinta-feira, véspera de feriado, oito bandas estão escaladas com Cachorro Grande de headliner. Não me lembro a última vez que vi os gaúchos ao vivo (talvez em 2001/2002, num show no Sesc Pompéia, em que o baixista arremessou seu instrumento para o alto, e acertou o supercílio do vocalista Beto Bruno, que “deu sangue” naquela noite cantando – e jorrando – até o final), mas a noitada promete. Espero neve.

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setembro 6, 2012   No Comments

Festival Se Rasgum VI, Belém, Dia 3

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 O tucupi é um caldo amarelo extraído da raiz da mandioca brava, que é descascada, ralada e espremida. Após extraído, o molho “descansa” para que o amido (goma) se separe do líquido (tucupi). Inicialmente venenoso devido à presença do ácido cianídrico, o líquido é cozido (o que elimina o veneno), por horas, podendo, então, ser usado como molho na culinária. Tradicionalmente come-se Pato no Tucupi, mas arriscamos uma versão mais leve, com peixe Dourada (cozido com folha de jambu e acompanhado de macaxeira, arroz e purê), bastante apetitoso. Devidamente introduzidos na cultura culinária paraense.

O domingo, último dia do Se Rasgum, começou com uma viagem até a Ilha de Mosqueiro, ligada a Belém por uma ponte de 1.457 metros, que atravessa o braço sul do enorme rio Amazonas. Dia de praia, rede, cerveja, tucupi e, novamente, sorvete da Cairu, descanso necessário para cabeça, tronco e pernas se revezarem novamente à noite entre o Salão B e o Hangar 1. A programação foi aberta pelos metal do Antcorpus, seguiu-se com Vinil Laranja e com Fusile, banda mineira que vem chamando a atenção com sua mistura nervosa e pesada de ska, ritmos latinos e punk rock. O disco “The Coconut Revolution” está para download no site oficial (http://www.fusile.com.br/).

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O Arraial do Pavulagem, que arrasta multidão pelas ruas de Belém em datas festivas com sua mistura de música folclórica, carimbó, siriá e toadas de boi, fez um show extremamente poético no palco principal do festival. Com um integrante comandando o agiito na pista, as danças coreografadas do grupo formaram um painel delicado e bonito na noite paraense.

Mas depois da delicadeza, o esporro: aos 87 anos, Mestre Laurentino comandou o barulho escudado pelos Cascudos (Camilo Royale, João Sincera, Elder Effe e Junhão). Seja tocando gaita, pandeiro ou apenas cantando, Laurentino passa uma imagem de Chuck Berry paraense, rock and roll na alma e muita simpatia. “Lourinha Americana” (com o palco lotado de gente estilo Iggy Pop) e principalmente “Forro Maluco” foram os grandes momentos da noite.

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 De uma lenda para outra lenda: maior nome da guitarrada paraense, Mestre Vieira recebeu antigos companheiros de banda, a presença da cantora Iva Rothe e do guitarrista João Erbetta (Los Piratas), que mantiveram o suingue e o balanço maneiro em alta com pequenas rodas de dança se espalhando pela pista do Hangar 1. B Negão e os Seletores de Frequencia, que substituíram Mallu Magalhães no line-up, fizeram um show barulhento e conciso.

Já eram mais de duas da manhã de segunda-feira quando Marcelo Jeneci pisou no palco do Se Rasgum, aguardado ansiosamente por uma plateia apaixonada, que cantava todas as letras, gritava quando o músico se alternava de um instrumento ao outro, e presenciou belíssimas execuções de “Feito Pra Acabar”, “Felicidade”, “Longe” e “Amado” (originalmente cantada por Vanessa da Mata). No fim, uma fila extensa se formou par abraçar o músico, que parece (merecidamente) cada vez mais mainstream e menos independente.

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Com 22 shows em três dias de festa, a sexta edição do Se Rasgum marca a passagem do festival para um nível altamente desejado, aquele em que não só os atentos a música independente marcam presença nos shows, mas sim o público em geral, que foi ao Hangar para ver notadamente Leoni, Lobão e Jeneci, e acabou saindo apaixonado por Bidê ou Balde, El Cuarteto de Nos e Fusile, Totonho e os Cabras, entre outros.

De curadoria esperta e produção cuidadosa, o Se Rasgum segue um modelo que tem tudo para dar certo: escalar um grande artista para chamar público, que será apresentado a grupos que dificilmente chegariam a eles. Nestes tempos sombrios de programação de rádio e TV viciadas, o festival cumpre com louvor a função de apresentar o novo ao público. Além de romper barreiras: a junção da música folclórica, guitarrada, tecnobrega, rock, indie, metal, punk e samba na programação mostra uma saudável variedade musical que tem que ser festejada. Que venha 2012.

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Foto 1: Marcelo Costa
Foto 2 e 5: Taiana Laiun
Foto 3 e 4: Caio Brito (Maveka)
Veja mais fotos do Se Rasgum no Flickr oficial (aqui)

Leia também:
– Tudo sobre o Festival Se Rasgum 2011, por Marcelo Costa (aqui)

novembro 21, 2011   No Comments

Festival Se Rasgum VI, Belém, Dia 2

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 Durante o dia, visitas ao Mercado Ver-o-Peso (almoço: peixe na beira do rio), às ruas de comércio que vendem centenas de milhares de compilações de aparelhagem além de cópias de CDs e DVDs (Vlad Cunha registrou no documentário “Brega S/A” e vale assistir aqui) e uma passada na tradicional sorveteria Cairu (grande dúvida sobre o que provar: Araça, Bacába, Bacuri, Castanha do Pará, Cupuaçu, Mangaba, Maria Izabel, Muruci, Taperebá, Tapioca ou Uxi – entre outros aqui). Perfeito.

À noite, no Hangar, segunda perna do Se Rasgum 2011 prometendo se estender até a manhã do outro dia. Não a toa, Lobão, ao se despedir por volta das 5h30 da manhã, recomendou: “Vamos todos para a padaria? Um café com leite, um pão com manteiga”. Antes disso, porém, passaram pelos dois palcos do festival Pirucaba Jazz, Maquine (destaque para os ótimos guitarrista e baterista da banda), Babilak Bah e Totonho e os Cabra. Quando Juca Culatra iria iniciar seu show, eu parti para minha discotecagem no Deck Laboratório.

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 Imagine que os dois enormes galpões que recebem os shows são cercados por um lago artificial (casa de pirarucus), e na lateral do Salão B, o palco menor, há um deck sobre o lago que faz a ponte entre a construção e a rua. Foi ali que o pessoal do Laboratório da Música Paraense montou um palco para Djs e apresentações especiais interagirem com o público que queria um folga dos shows – e, claro, para fumar. O mais interessante é que o deck acaba interagindo também com quem está na rua, do lado de fora do Hangar, ampliando o alcance das músicas.

Meu set foi uma bagunça calculada. Começou com “Dos Gardenias”, do Buena Vista Social Club, e emendou com Junio Barreto (“Setembro”), Wado (“Com a Ponta dos Dedos”), Nina Becker (“Toc Toc”), João Brasil (“Samba das Mulhé – De Leve x Los Hermanos), Banda Gentileza (“Coracion”), Pélico (“Vamo Tenta”) até encontrar White Stripes (“Conquista”, cantada em espanhol), Decemberists (“Calamity Song”) e Wilco (“Dawned on Me”), ciscar no rap com Criolo (“Subirusdoistiozin”) e Emicida (“Num é Só Ver”) e terminar MPB clássica (Jorge Ben, Tim Maia, Gal Costa, Elis Regina, Chico Buarque)… Foi bem bacana.

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 Por estar discotecando perdi o começo do DeFalla com a formação original (Edu K, Biba Meira, Flávio Flu Gomes e Castor Daudt) tocando os clássicos absurdos dos dois primeiros álbuns (1987/1988): “Sodomia”, “Não Me Mande Flores”, “Papaparty”, “Melô do Rust James”, “Jo Jo”, “I’m an Universe”, “Sobre Amanhã” (dedicada sacaneamente para Thedy Correa) “Repelente”, “I Have to Sing a Song”, “It’s Fuckin’ Borin’ to Death” e uma rara concessão a material mais antigo, a não menos fodaça “Caminha (Que Aqui é de Osasco)”, lançada no ótimo “Kingzobullshitbackinfulleffect92” (1992). Show pra deixar todo mundo com sorriso no rosto.

Os uruguaios do El Cuarteto de Nos assumiram o palco principal logo depois mostrando um som forte. Rock de arena de qualidade (algo que brasileiros geralmente não sabem executar/produzir bem) com os hits “Hoy estoy raro”, “Ya no sé qué hacer conmigo” e “Bipolar” batendo ponto e conquistando a galera. Então o indivíduo deixa o palco de rock e encontra o público se entregando até as últimas consequências ao show da Gang do Electro, uma das grandes surpresas da cena paraense atual (e que deve dar o que falar em 2012). Batidas fortes nas pick-ups de DJ Waldo Squash com o vocalista e performer Marcos Maderito comandando a galera (garotas de salto alto e saias curtas) que vai até o chão. Pique de impressionar no grande show do festival.

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 Já era quase quatro da manhã quando Lobão subiu ao palco para mostrar sua faceta barulhenta e elétrica recheada de hits em versões pesadas. Os sucessos vieram enfileirados: “Canos Silenciosos”, “Vida Bandida”, “Vida Louca Vida”, “Decadence Avec Elegance”, “Radio Bla”, “Noite e Dia”, “Essa Noite, Não”, “Me Chama” e “Corações Psicodélicos” (“A única música alegre que compus na minha vida”, fez questão de ressaltar). Ainda houve espaço para encaixar “Ronaldo Foi Pra Guerra”, “El Desdichado II”, “O Homem Bomba” e uma versão de “Help”, dos Beatles. Como escreveu Lobão depois no Twitter, “Que puta show. 5 da matina e todo mundo aplicadinho”. Não tem como discordar.

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Foto 1: Marcelo Costa
Foto 2 e 4: Thiago Araujo
Foto 3: Taiana Laiun
Foto 4: Caio Brito (Maveka)
Veja mais fotos do Se Rasgum no Flickr oficial (aqui)

Leia também:
– Tudo sobre o Festival Se Rasgum 2011, por Marcelo Costa (aqui)

novembro 20, 2011   No Comments

Festival Se Rasgum VI, Belém, Dia 1

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 Em 2006, alguns amigos apaixonados por música decidiram fazer um festival independente em Belém, capital paraense. Nascia o Se Rasgum no Rock, com um line-up de mais de 30 artistas (Mundo Livre S/A, Wander Wildner, Cachorro Grande, Vanguart, Los Porongas, entre outros) tocando em três dias. Já na terceira edição, em 2008, o “no Rock” foi retirado do nome e a produção abriu as portas do Se Rasgum para os ritmos locais, fazendo do Se Rasgum ponta de lança de uma cena musical cada vez mais multifacetada e nacional.

Em 2009, Ismael Machado contou como foram os três dias do festival no Scream & Yell (“O IV Se Rasgum mostra possibilidades sonoras que unem sem radicalismos as mais variadas vertentes musicais”, escreveu aqui). Em 2010 foi a vez de Vladimir Cunha fazer o balanço do V Se Rasgum, que teve de Otto, Dead Lover’s Twisted Heart com Odair José, Graforréia Xilarmônica e o tecnobregueiro Nelsinho Rodrigues. Vlad cobrou posição da cena local: “Belém já passou tempo demais sendo apenas uma promessa dentro do cenário pop brasileiro e tem potencial para se firmar como um polo musical realmente produtivo e influente” (leia aqui).

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 A carta convite para a edição 2011 do Se Rasgum já avisa no título: “Não repare no calor. Você está em Belém”. Assim que o avião pousa no Aeroporto Internacional Júlio Cezar Ribeiro, após sobrevoar a mata e os rios (pra quem está no lado esquerdo da aeronave; o lado direito brinda o passageiro com a visão dos arranha-céus da cidade) da baia de Guajará, o visitante é recebido por um forte bafo quente. A cidade realmente ferve, e o ar-condicionado parece a invenção do século. Melhor não reparar mesmo (ou esperar a chuva, que de certa forma refrescou a sexta-feira).

Este é o segundo ano do festival no Hangar, um enorme e impressionante centro de convenções que, para você ter ideia do tamanho, dividia seu espaço na noite de sexta-feira entre a primeira noite do Se Rasgum e um show da cantora Paula Fernandes, o principal nome da indústria fonográfica em 2011 (no sábado e domingo, os dois palcos serão ocupados pelo Se Rasgum). Após varar a madrugada em 2010 (Otto, por exemplo, tocou com o dia claro – festejadíssimo), o line-up de 2011 surgiu um pouco mais enxuto, mas ainda assim com mais de 20 atrações divididas em três dias.

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 O Projeto Charmoso abriu os trabalhos mostrando a música de Pro.eFX e Nanna Reis, ele nos beats e samplers, ela na voz. Acompanhados de uma banda, que deixou o som que se ouve no My Space (aqui) mais cheio, a dupla mostrou canções que namoram a música jamaicana, recebem intervenções de rap, dub e jungle, e ganham um belo colorido com a voz personal de Nanna Reis. Na sequencia, o Circuito Floresta Sonora, composto por heróis locais como Juca Culatra, Leo Chermont e MG Calibre, mostraram uma sonoridade enxuta com bons riffs de guitarra, linhas de baixo contagiantes e muito suingue.

Então Leoni subiu ao palco com seu violão e mostrou porque é um dos grandes hitmakers do pop brasileiro. Sozinho no palco, mas acompanhado em coro pela audiência, Leoni abriu o set com “Só Pro Meu Prazer” e emendou “Como Eu Quero”, do primeiro álbum do Kid Abelha. Festa ganha. A excelente Suzana Flag subiu ao palco como banda de apoio de Leoni, e juntos alternaram entre canções velhas (“Os Outros”, “Exagerado”, “A Fórmula do Amor”), novas (“É Proibido Sofrer”, “50 Receitas”) e do repertório da própria Suzana Flag (Ismael escreveu sobre o segundo disco deles aqui). Bom show com Leoni incentivando todo mundo a baixar discos de graça.

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 Pequeno intervalo para olhar o acervo da Vinylland (a loja, também online, vende compactos e vinis nacionais de artistas independentes como Tulipa, Karina Buhr, Do Amor, Lucas Santanna e outros – veja aqui) e da Ná Music (New Amazonia’s Music, aqui), grande incentivadora da cena local tendo em seu catálogo desde o metal do Madame Saatan até La Pupuna, Coletivo Rádio Cipo e do festejado Felipe Cordeiro, que impressionou jornalistas com seu novo show no Conexão Vivo Belém, em outubro (seu novo disco, “Kitsch Pop Cult”, é lançamento da Ná Music).

De volta ao palco do Hangar, os gaúchos da Bidê ou Balde festejavam a sua primeira apresentação em Belém. “Faz 13 anos que vocês querem ouvir isso”, soltou o vocalista Carlinhos Carneiro, deixa para “Melissa” levar a plateia ao delírio. Com o som das guitarras no talo, o grupo enfileirou um repertório de deixar sorriso no rosto, com aquele caos característico da banda no palco. Vieram “Bromélias”, “Matelassê”, “Microondas”, “Vamos Para Uma Excursão”, “É Preciso Dar Vazão aos Sentimentos”, as versões para “Buddy Holly” (Weezer) e “Hoje” (Camisa de Vênus) e as novas “Me Deixa Desafinar” e “Lucinha”.

Ainda tinha Eddie, lançando o disco novo (baixe “Veraneio” aqui), mas o corpo pedia/exigia descanso. O IV Se Rasgum segue neste sábado e domingo no Hangar prometendo grandes shows (Lobão, Gang do Eletro, El Cuarteto de Nós, De Falla, Marcelo Jeneci, B Negão e os Seletores de Frequencia, Laurentino e os Cascudos, entre outros. Veja aqui). O sol beija a janela, o ar-condicionado tenta contornar o calor, mas a vida está lá fora. Bora ver o peso, ver a cidade e beber uma cerveja. Estamos em Belém.

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Foto 1 e 3: Marcelo Costa
Foto 2 e 5: Taiana Lauin
Foto 4: Caio Brito (Maveka)

Veja mais fotos do Se Rasgum no Flickr oficial (aqui)

Leia também:
– Tudo sobre o Festival Se Rasgum 2011, por Marcelo Costa (aqui)

novembro 19, 2011   No Comments

Site do Última Hora chega a 100 mil fotos

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Entrou no ar esta semana mais 60 mil novas fotografias do acervo do jornal Última Hora, um dos mais importantes periódicos do jornalismo brasileiro, que circulou em diversas cidades brasileiras nas décadas de 1950 e 1960. Atualmente, 112 mil fotografias e 1.200 já foram digitalizadas e podem ser vistas pelo site. Entre as preciosidades, cliques como este abaixo, d’Os Mutantes ao vivo no III Festival Internacional da Canção Popular, 29/09/1968.

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital

A consulta às fotografias pode ser feita por período, autor ou palavra-chave. Toda a cobertura dada pelo jornal a temas como política, esporte, artes, teatro, cinema e literatura pode ser observada no seu arquivo fotográfico. Da posse de João Goulart no Senado (1956), a prisão do jornalista Carlos Lacerda (1952), a primeira Bienal de Arte Moderna (1951), Juan Manuel Fangio em Interlagos (1952), o surgimento do Cinema Novo nos anos 1950 ou o enterro do General Castelo Branco (1956). Vale muito olhar.

janeiro 17, 2011   No Comments

Ultimo dia em Paris

Tanta coisa pra contar, tantos sentimentos pra dividir e pouco tempo util. Paris eh… foda. Lili jah entregou seu coracao. Ela relutou bastante valorizando o bordao que diz que, sem os parisienses, Paris seria um paraiso, mas ela jah admite sentir saudades daqui. Eh tanta coisa. De um lado, a grandiosidade dos monumentos. De outro, o charme dos milhares de pequenos bistros e padarias.

Eles sao milhares, eh serio. Na rua Montergueil (que Monet eternizou em quadro de 1878, e ela continua igual), local em que estamos instalados (na verdade, em uma travessa dela) existem uns quinze bistros, uns dez cafes, duas lojas de vinho, uma fromagerie, tres quitandas, um loja de peixes, duas de frango, dois supermercados e sabe-se lah mais o que, e sao soh tres quadras. Eh um festival de cheiros, cores e sabores de deixar a alna bebada e feliz.

Temos que organizar as ideias e lembrar de contar sobre o tumulo de Napoleao (valeu, Ligelena, por ter insistido: adoramos e rimos muito), sobre o Museu Picasso, o D’Orsay, sobre as cervejas belgas (estou anotando tudo sobre elas e, alias, ha uma filial do Templo da Cerveja em Bruges!!!), sobre a Torre Eiffel dourada a noite. Por enquanto, deixo uns textos da Flavia, que ela escreveu seculos atras pro Scream: “A Franca” e “Uau, voce mora em Paris!” e a minha resenha para o “2 dias em Paris“, filme da Julie Delpy. Sao textos que falam muito sobre o estar em Paris.

Ps. Amanha cedinho emarcamos para o Cactus Festival em Bruges com Paul Weller, Gutter Twins, Calexico. Aguarde.

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

julho 10, 2009   No Comments

Festival Rock Werchter, Bélgica, Day 4

O sábado demorou a terminar. Na quinta e na sexta, eu e o Carlos “matamos” os shows de Chemical Brothers e Moby (respectivamente) e saímos antes de todo mundo para pegar o ônibus que nos leva até a estação de trem de Leuven (o festival fica 12 km fora da cidade). No sábado, com o Radiohead, não teve jeito: saímos quando todo mundo saiu (no palco secundário, o show de Roisin Murphy acabou antes do Radiohead) e até que foi tudo organizado, mas fomos chegar “em casa” quase às três e pouco da manha para pensar no último dia do festival.

O Carlos, que tem que trabalhar na segunda e estava detonado, decidiu pular fora. A comitiva recifense também. Me agendei para ir ao festival apenas ver o Grinderman e voltar, mas esbarrei nas Duvel, cerveja com 8,5% de teor alcoólico. Vou te dizer: bate que é uma beleza. É tão forte que estou sentindo as cinco que bebi até agora. No ônibus para ir ao festival, sozinho, conheci três brasileiros que vivem na Europa (dois em Bruxelas, uma em Londres), e fiquei de colar neles e acompanhar o último dia. Quem disse que consegui.

Passamos pelo palco principal – onde o Kooks usava seus hits para entreter o público – em direção ao palco secundário, já que o trio brasileiro queria ver Mark Ronson, e fui junto. Me perdi deles na entrada da tenda, e fiquei vendo o show sozinho – e bêbado. E nem assim consegui gostar. Na boa, até eu faço uma tenda inteira pular acompanhado de uma banda de 14 componentes que toca “Just” (Radiohead), “Toxic” (Britney), “Oh My God” (Kaiser Chiefs), “Valerie” (Zutons, mas em versão Amy) e “Stop Me If You Think That You’ve Heard This One Before” (Smiths). Picaretagem, sabe, mas todo se divertiu.

Uma vantagem ao menos eu tive: assim que o show acabou, e o público do Mark Ronson saiu da tenda, fiquei na grade de frente para o microfone do sr. Nick Cave, que iria apresentar no festival o seu projeto paralelo garageiro Grinderman no mesmo horário que o palco principal iria receber Jack White e Brendan Benson com o Raconteurs. Fiquei com Nick Cave, por razões óbvias: ainda vou esbarrar no Raconteurs em outros dois festivais e ver Nick Cave com o Grinderman não acontece todo dia não.

O show começou com duas porradas – “Depth Charge Ethel” e “Get It On” – que serviram para introduzir a banda com Nick Cave assumindo a guitarra em diversos momentos e Warren Ellis completamente tomado tocando tudo que aparecer na frente. A cada riff de guitarra, o braço do instrumento arremessava o microfone para longe. Rolou música inédita (“Dream”) e uma versão arrasadora de “No Pussy Blues” com Cave exibindo uma disposição juvenil para o barulho que impressiona. Uma puta show de rock and roll.

Antes de ir embora ainda deu para assistir um pedaco do show do Kaiser Chiefs. Hits como “Everyday I Love Less and Less”, “Modern Way”, “Ruby” (que todo mundo cantou), “Na Na Na Na Na”, “Oh My God” e “I Predict a Riot” fizeram bonito no palco grande, mas nada que impressionasse tanto a ponto de me fazer ter vontade para esperar pelo bis – e pelo Beck, que viria na sequência, mas minhas pernas já não podiam aguentar. No final das contas, o meu top 10 do Werchter 2008 ficou assim:

1- Sigur Rós
2- Neil Young
3- Radiohead
4- The National
5- R.E.M.
6- Grinderman
7- Vampire Weekend
8- The Hives
9- The Verve
10- Ben Folds / Gossip

Saiba como foram os outros dias do Rock Werchter

julho 6, 2008   No Comments