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Category — Cinema

Três Filmes: um pastelão, um garoto e uma ema

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“Faça-me Feliz” (“Fais-moi Plaisir”, 2009)
Jean-Jacques (Emmanuel Mouret) quer passar um sábado romântico com a namorada Ariane (Frédérique Bel), e precisa enfrentar uma série de contratempos até conseguir colocá-la na cama para consumar o ato. Quando consegue, o telefone toca. É a… outra. Ou quase isso. Jean-Jacques decide contar a história para Ariane: um amigo descobriu uma maneira de conquistar as mulheres com um bilhete infalível, que Jean-Jacques acaba usando (“de modo cientifico”), e o resultado se mostra eficiente. Ariane, após muita discussão (é um filme francês), opta pela saída inesperada: “Você precisa dormir com ela para que possamos seguir a vida e você não fique fantasiando o resto da vida”. Ela, no entanto, é a filha do presidente da França. Segue-se uma trama rocambolesca que em muitas passagens lembra o pastelão “Quem Vai Ficar Com Mary?”, mas não desista do ator/diretor Emmanuel Mouret: “Faça-me Feliz” é uma deliciosamente tola comédia de erros com momentos dispensáveis, mas um charme francês, uma leveza e um clone adolescente de Carla Bruni (a atriz belga Déborah François, no filme com outras cinco irmãs de suspirar) que fazem valer a sessão.

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“O Garoto da Bicicleta” (“Le Gamin au velo”, 2011)
A história é simples: o garoto Cyril (“Thomas Doret”) vive em um orfanato, e passa boa parte da primeira metade da trama tentando encontrar o pai, que ele não acredita que o abandonou. Em uma das fugas, Cyril volta ao apartamento em que morava, agora vazio, e para não ser levado de volta ao orfanato agarra-se às pernas de uma mulher, a cabeleireira Samantha (de “Além da Vida”, de Clint Eastwood), dando início a um laço de amizade que começa de forma caótica, mas vai se ajeitando na vida dos dois personagens de forma natural. Os irmãos diretores (roteiristas e produtores) Jean-Pierre e Luc Dardenne conseguiram o Grand Prinx em Cannes com “O Garoto da Bicicleta” (e duas Palmas de Ouro, uma para “Rosetta”, de 1999, e outra para “A Criança”, de 2005, que também conta com a belga Déborah François, de “Faça-me Feliz”). O roteiro é depurado até o limite deixando para o espectador apenas o essencial. O foco econômico permite aos irmãos desenharem um painel comovente, que apenas narra a história sem julgar e/ou condenar os personagens, sufocando o espectador até seu desfecho (aparentemente) simplista… e lírico.

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“Adeus, Primeiro Amor” (“Un Amour de Jeunesse”, 2011)
A francesa Camile (Lola Créton) tem 15 anos e namora Sullivan (Sebastian Urzendowsky), de 19. As cartas do jogo romântico são arremessadas na mesa logo no início da trama: Camile é apaixonada e dependente de Sullivan enquanto o garoto faz pouco caso da garota, aparece quando lhe convém e está prestes a fazer uma viagem que irá separar o casal por 10 meses. Ele insiste para que ela tenha experiências, descubra a vida, e para que eles se reencontrem após o período de afastamento, mas Camile transforma os últimos encontros do casal em um drama romântico de garotas de 15 anos, repleto de choros, caras emburradas e fatalismo. A diretora francesa Mia Hansen-Love não desperdiça os clichês (de tentativa de suicídio a cortes de cabelo), e desenha um retrato coeso da geração emo, uma geração focada demais no (que eles acham ser) romance, sem profundidade e amor próprio. É um retrato coeso, mas absurdamente chato, de roteiro óbvio e arrastado e péssima caracterização de personagens (Camile e Sullivan não mudam nada fisicamente em sete anos). Ainda com todos esses defeitos, ganhou o prêmio do júri do Festival de Locarno. É o emo invadindo o cinema independente. Já fomos melhores.

janeiro 13, 2012   No Comments

Três comédias abaixo da média

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 “Quero Matar Meu Chefe” (Horrible Bosses, 2011)
Nove entre cada dez funcionários sonham em estrangular seu chefe (é só escolher uma universidade norte-americana qualquer que ela referenda fácil essa pesquisa). Com esse mote, que nem é novidade no cinema, o diretor Seth Gordon conseguiu (em seu segundo filme – o primeiro foi o esquecível “Surpresas do Amor”, de 2008, com Reese Witherspoon e Vince Vaughn) um elenco badalado – Jennifer Aniston, Colin Farrell, Jamie Foxx, Donald Sutherland, Kevin Spacey e Jason Sudeikis – para estrelar uma comédia que parece a todo o momento que vai engatar, mas fica no quase. O núcleo narrativo é formado a partir da junção de três histórias de mesmo teor emocional: três amigos são infernizados por seus chefes (uma ninfomaníaca, um drogado e um psicopata), e chegam à conclusão que a única solução possível seria eliminá-los. O roteiro desperdiça alguns clichês em cena, mas só a história de Jennifer Aniston (uma dentista ninfomaníaca tarada por seu auxiliar – que é apaixonado e fiel à namorada) e a excelente ponta de Jamie Foxx demonstram vitalidade na tela. Vale como passatempo.

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“Amor a Toda Prova” (Crazy, Stupid, Love, 2011)
Assim como Seth Gordon (de “Quero Matar Meu Chefe”), a dupla Glen Ficarra e John Requa também é novata na função de direção tendo apenas “O Golpista do Ano” (de 2008 com Jim Carrey, Ewan McGregor e Rodrigo Santoro) precedendo este “Amor a Toda Prova”. Porém, o resultado final, se não é um grande acerto, ao menos aponta algumas qualidades. O foco do roteiro de Dan Fogelman (dos dois “Carros”, da Pixar Disney) é Cal Weaver (Steve Carell), um quarentão que leva um pé na bunda da esposa, que o traiu com um almofadinha da empresa em que ela trabalha. Ele deixa a casa e cai na noite escudado pelo galã Jacob Palmer (Ryan Gosling), que o ensina passo-a-passo como levar uma mulher pra cama. O ex-virgem de 40 anos se dá bem com a mulherada, mas não consegue esquecer a mulher. De mensagem tradicionalista, “Amor a Toda Prova” não acredita no seguir em frente, e decepciona. No entanto, a história paralela (de Emma Stone) garante boas surpresas e revela (não intencionalmente) o moralismo do personagem principal. No final, o saldo é ok, mas poderia ser bem melhor.

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“Missão Madrinha de Casamento” (Bridesmaid, 2011)
O sucesso de “Hangover” (2009) não só rendeu uma continuação caricata (mas ainda assim engraçada) como também esta versão feminina, que fez um barulho enorme nos Estados Unidos tornando-se a sétima comédia romântica mais lucrativa de todos os tempos. No entanto, não espere facilidades nem grandes risadas (ao menos na primeira meia hora). As roteiristas Kristen Wiig e Annie Mumolo preferiram focar a história na vidinha de merda de Annie (Kristen Wiig), que viu seu futuro ir pro buraco após a falência de sua loja de bolos e o conseqüente pé na bunda do namorado. Os clichês superlotam a trama, e a dupla de roteiristas mostra que a mulherada também é capaz de “apreciar” o mau-gosto (após almoçar em um restaurante brasileiro baratinho em Chicago, as madrinhas de casamento tem uma dor de barriga que culmina na noiva… ok, veja no cinema), e ainda assim ter bom coração. Só incomoda (um pouco) a semelhança excessiva de alguns personagens com os de “Hangover” (tirando as citações explicitas). Mas se for para rir e esquecer, até que vale perder 2 horas.

outubro 2, 2011   No Comments

Três filmes que não pretendo ver de novo

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“A Árvore da Vida” (“The Tree of Life”, 2011)
Avaliação dos críticos do Guia da Folha: Amir Labaki deu 1 estrela e atacou: “Majestosa presepada”. Pedro Butcher deu 3 estrelas e cravou: “Belo e ambicioso”. As opiniões de Suzana Amaral e Marina Person também são totalmente contrárias e a única certeza que fica é: preciso ver para ter a minha própria opinião. Eu vi e… odiei. Amigos elogiam a beleza do filme, algo que não me comoveu – e olha que sou assíduo espectador da National Geografic (sério, me desculpe, mas “Soy Cuba” é muito mais bonito, e mais cinema, com menos recursos – 47 anos antes). Outros falam em religiosidade (e ando, cada vez mais, caminhando para o ateísmo, graças a Deus). Fazia tempo que eu não via um filme tão chato. Porém, entendo o Festival de Cannes. A Palma de Ouro é uma carta de intenções e o prêmio precisa representar algo. Desta forma, a vitória de “A Àrvore da Vida” ampara jovens cineastas mostrando-lhes que é possível fazer cinema sem se vender para Hollywood – e ainda assim ter sucesso e respeito. Se tivesse no júri, eu também teria votado em Terrence Mallick (a concorrência não ajudava – que fase, amigo). Mas continuaria achando o filme um grande embuste. Eternamente.

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“Planeta dos Macacos: A Origem” (“Rise of the Planet of the Apes”)
Christopher Nolan é o culpado por toda essa onda de refilmagens que tomou Hollywood nos últimos anos. Após o brilhante “Batman Begins” (2005), uma torneira (que goteja ouro) foi aberta e a Indústria – de olho em modismos – não perdeu tempo. “Planeta dos Macacos: A Origem” é a nova investida e a receita continua dando certo: em quatro semanas em cartaz nos EUA, o filme já faturou 150 milhões de dólares (contra 93 milhões de orçamento), mas o resultado deixou a desejar. Ok, a parte de efeitos visuais é estupenda: os chimpanzés, orangotangos e gorilas criados via computação gráfica parecem absolutamente reais (e, barbada, já devem ter garantido o Oscar da categoria ao filme). Porém, a história moralista e piegas não está à altura dos efeitos seguindo a risca a cartilha de estereótipos: há um cientista bom que busca uma cura para o câncer e o Mal de Alzheimer; e há um cientista mal que irá arruinar tudo por pensar unicamente no dinheiro. Por mais que existam paralelos reais (aids e ebola surgiram de estudos científicos), “Planeta dos Macacos: A Origem” tropeça feio no moralismo de botequim de esquina. Logo tu, Hollywood, quer criticar a ganância? Bocejo.

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“Onde Está a Felicidade” (2011)
Terceira parceria de Bruna Lombardi com o maridão Carlos Alberto Riccelli (ela atua e escreve o roteiro, ele dirige), “Onde Está a Felicidade” é bem intencionado, mas tropeça em erros bobos: 1) o filme é uma comédia (que quer ser romântica beirando o pastelão), mas faltam piadas na história. A trama segue serpenteando pra lá e pra cá, mas pouco se ri. 2) Bruna alonga demais a primeira parte, que deveria servir de ponto de partida para a mudança espiritual de seu personagem. Ela tem um programa de TV, foi demitida e descobriu que o marido a estava traindo virtualmente. Não precisava gastar mais de meia hora nisso. 3) Ao invés de causar empatia no espectador, o roteiro faz dos personagens malandros otários, que, claro, são pegos no final. Apesar da cena magnífica da chegada dos peregrinos em Santiago de Compostela, local em que se passa a segunda parte da história, a opção não funciona porque falta profundidade aos personagens. 4) Não é porque um anunciante investiu uma grana no filme, que você vai colocar a perder toda a parte final da história para satisfazê-lo – como eles fizeram fechando o filme no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí (cujo governo patrocinou a película). Quem sabe o próximo…

setembro 1, 2011   No Comments

Três Filmes: o ilusionista, o parque e os baianos

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“O Ilusionista” (“The Illusionist”, 2006)
Com um intervalo de menos de três meses, o ano de 2006 recebeu dois grandes filmes tendo o mundo da mágica como tema (parece que Hollywood ama auto-sabotagem): “O Ilusionista”, de Neil Burger, e “O Grande Truque”, de Christopher Nolan. Os dois fizeram sucesso (o primeiro arrecadando US$ 87 milhões e uma indicação ao Oscar enquanto o segundo faturou US$ 109 milhões e duas indicações para o prêmio máximo da Academia), mas na época só assisti ao filme do Nolan – até hoje “O Grande Truque” é meu filme preferido do diretor. Não sei o motivo, mas não esperava muito da trama de “O Ilusionista”. A história se passa em Viena na virada do século 19 e o ponto de partida – princesa se apaixona por plebeu e a família da primeira precisa separá-los – é um mito de época que resvala no clichê, e segue tropeçando em um roteiro (adaptado pelo próprio diretor) que não prima pela personalidade. Edward Norton vive o mágico ilusionista, mas quem rouba a cena é Paul Giamatti, excelente como inspetor chefe num filme muito mais realista que “O Grande Truque” – e também mais fraco.

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“Férias Frustradas de Verão” (“Adventureland”, 2009)
Após o imenso sucesso com “Superbad” (custou US$ 20 milhões e faturou US$ 170 milhões), o diretor Greg Mottola decidiu também assumir a função de roteirista (cargo que em “Superbad” havia ficado com a dupla Evan Goldberg e Seth Rogen) para contar uma história pessoal de sua adolescência: a falta de grana para fazer um curso lhe levou a trabalhar durante o verão em um parque de diversões. Voltamos para 1987. Jesse Eisenberg (de “A Rede Social”) interpreta (muito bem) James Brennan, o cara nerd e virgem que acaba se apaixonando por Emily “Em” Lewin (Kristen Stewart gracinha pré-“Crepúsculo” – “Adventureland” foi filmado antes da saga de vampiros, mas lançado depois) em um cenário de muitas confusões. A trama básica de uma história calcada no “boy meets girl” sobrevive com certo charme em um filme de trilha sonora arrebatadora escolhida pelo Yo La Tengo (essa cena aqui, em especial, é para fazer o cara se apaixonar) que fracassou nos cinemas, mas que merece muito uma segunda chance (em torrent ou DVD) – principalmente se você gosta de comédias românticas.

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“Filhos de João – O Admirável Mundo Novo Baiano” (2010)
Esqueça as regras básicas do cinema documental. Quem for assistir ao documentário de Henrique Dantas esperando uma obra que desbrave a origem de um das míticas formações musicais brasileiras, irá se decepcionar. “Filhos de João” começa tentando contextualizar a formação dos Novos Baianos, mas não apresenta todos os integrantes nem diz como a maioria deles entrou na banda. Pra lá do meio do filme, por exemplo, Pepeu Gomes concede um depoimento. É a primeira vez que aparece em cena, e um desinformado talvez nem saiba que ele era um novo baiano. Dantas parte do pressuposto errôneo que o público conhece tanto sobre o grupo quanto ele (ou não leu mesmo o “Manuel de Documentarista”), e esse tropeço só não lhe custa o filme porque a história dos Novos Baianos é sublinhada por dezenas de causos absurdamente surreais e hilários – alguns deles na presença do mestre João Gilberto – e algumas cenas antológicas de arquivo de época que fazem de “Filhos de João” um filme deliciosamente obrigatório. De quando o conteúdo é melhor que o formato.

agosto 18, 2011   No Comments

Três Filmes: Bandidas, Professoras, Dentistas

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“Bandidas” (“Bandidas”, 2006)
Sempre duvidei desse filme. Olhava a capa do DVD em promoções, admirava a beleza da deliciosa dupla de atrizes, mas pensava: deve ser uma bomba. Dia desses, num fim de semana preguiçoso debaixo do edredom, eis que o filme começa em um canal a cabo qualquer, e deixei. E não é que o filme surpreendeu. Luc Besson (adoro “O Quinto Elemento” e gosto do cult “O Profissional”) escreveu o roteiro e produziu deixando a direção para os desconhecidos Joachim Rønning e Espen Sandberg. A dupla imprimiu um ritmo bacana à trama que homenageia velhos faroestes enquanto espeta os Estados Unidos: na história, um norte-americano mata o chefão de um grande banco mexicano e ameaça levar a fortuna do país para os yankees. Entram em cena a patricinha Sara Sandoval (Salma Hayek) e a caipira María Alvarez (Penélope Cruz) – a química entre as duas musas é cativante – que juntas formam uma dupla especializada em roubar bancos. Elas são auxiliadas pelo ótimo Steve Zahn (a cena do beijo é hilária) e por Sam Shepard, que ensina às garotas as manhas da arte do latrocínio. Diversão desencanada.

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“O Sorriso de Mona Lisa” (“Mona Lisa Smile”, 2003)
Eis outro filme que sempre evitei. Nada contra Julia Roberts, muito pelo contrário. Cheguei ao cúmulo de ver 14 vezes “Adoro Problemas” – com Julia e Nick Nolte – no cinema (conto a história toda em um texto antigo aqui), mas o que me fazia evitar “O Sorriso de Mona Lisa” era essa pretensa aura “carpe diem”, que tem como maior representante “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989). Dia desses, no mesmo esquema de “Bandidas” (debaixo do edredom), o filme começou na TV a cabo, e deixei. O diretor Mike Newell não consegue evitar que o filme soe óbvio (professora progressista de história da arte muda vida de grupo de meninas em colégio católico nos anos 50). Julia interpreta Katharine Watson, a tal professora que quer exibir quadros de Jackson Pollock para suas alunas – mais preocupadas em se casar antes dos 20 anos – estereotipadas: Giselle Levy (Maggie Gyllenhaal) é a inconseqüente, Betty Warren (Kirsten Dunst) é a metida à inteligente que acha saber tudo da vida enquanto Joan Brandwyn (Julia Stiles) é a simplória sonhadora. Resultado: não verei duas vezes…

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“A Mulher Sem Cabeça” (“La Mujer sin Cabeza”, 2008)
Em seu terceiro filme (após os elogiados “O Pântano”, de 2001, e “A Menina Santa”, de 2004), a diretora argentina Lucrecia Martel radicaliza na simplicidade retirando de cena qualquer objeto que soe supérfluo para a trama. Duas histórias aparentemente distintas abrem “A Mulher Sem Cabeça”: na primeira, alguns meninos brincam em um canal; na segunda, uma mulher se despede das amigas e entra em um carro. O desfecho das duas histórias é óbvio (mas não clichê: Martel aprecia a trivialidade da tragédia), porém o que interessa não é o desfecho deste primeiro cenário, mas como a personagem lida com o ocorrido. A dentista Verónica (María Onetto) entra numa espiral de desespero que, num primeiro momento, faz com que ela se esqueça de tudo (um certo bloqueio). Seu próximo passo é tentar lidar com a situação. Por fim, numa cartada a lá David Lynch, Lucrecia Martel questiona (com genialidade) a realidade dos acontecimentos: pouca coisa acontece no filme, e ainda assim o espectador fica com a sensação que realmente nada aconteceu. Será tudo produto da mente de Verônica? Qualquer resposta encontra um grande filme.

Leia também:
– Julia Roberts, Maggie Carpenter, Anna Scott e Anna Julia (aqui)
– Não há moralismos em “A Menina Santa”, por Jonas Lopes (aqui)
– “A Menina Santa”, uma pequena aula de cinema, por Mac (aqui)

agosto 17, 2011   No Comments

Três filmes a 10 mil metros de altura

Viajar 12 horas dentro de um avião permite – dependendo da companhia aérea – uma seleção de filmes que muito provavelmente você não veria em casa (muito menos no cinema). Afinal, já que você está ali, vale arriscar um daqueles filmes que você nunca tinha pensado em ver ou então dormir…

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“Passe Livre” (“Hall Pass”, 2011)
Desde que estouraram com “Debi & Lóide” em 1994, os irmãos Farrely construíram uma carreira invejável de filmes idiotas. A direção dos irmãos funcionou perfeitamente em “Quem Vai Ficar Com Mary?” (1998) e “O Amor é Cego” (2001), quase acertou em “Amor em Jogo” (adaptação norte-americana de 2005 do livro “Febre de Bola”, de Nick Hornby) e tropeçou em “Ligado em Você” (2003) e “Antes Só do que Mal Casado” (2007). Este “Passe Livre” traz Owen Wilson (velho parceiro dos irmãos) e Jason Sudeikis como dois maridos que recebem um passe livre de suas esposas para sair por ai por uma semana atrás de mulheres, cerveja e bolo de maconha. É o velho embate Liberdade x Moralismo: sozinhos, os maridos percebem o quanto seus casamentos são perfeitos, dispensam as gostosas na beira da cama e voltam como cachorrinhos para as esposas (que, “abandonadas”, são desejadas pelos craques do time dos solteiros). O roteiro diploma o moralismo besta e permite aos diretores criarem situações idiotas para arrancar gargalhadas fáceis do público. Funciona, mas decepciona.

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“O Dilema” (“The Dilemma”, 2011)
Ron Howard já ganhou um Oscar de Melhor Diretor por “Uma Mente Brilhante” (2001) e foi indicado ao prêmio novamente em 2008 pelo excelente “Frost/Nixon” (além de ter no currículo os sucessos “O Código Da Vinci” e “Anjos e Demônios”), mas este belo currículo não salvou este “O Dilema” de ser uma grande porcaria. O nome do diretor atraiu um elenco de luxo: Ronny (Vince Vaughn) namora Beth (Jennifer Connelly) e é sócio de Nick (Kevin James), que é casado com Geneva (Winona Ryder). Tudo vai muito bem até que Ronny flagra a mulher do amigo beijando outro cara. Surge o dilema do título do filme: contar ou não ao amigo? E se decidir contar, como? Ron Howard tenta fazer comédia, mas se enrola em sua própria seriedade e é prejudicado também pelo roteiro confuso de Allan Loeb, que desenha Ronny como um panaca que se esquece de sua própria vida enquanto tenta resolver o problema do amigo (que aparentemente não quer ter seu problema resolvido). Os clichês do gênero marcam presença no filme, mas não funcionam frustrando mais do que fazendo rir.

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“As Coisas Impossíveis do Amor” (“The Other Woman”, 2009)
Don Roos tem uma carreira sólida de roteirista de TV e já cravou alguns sucessos em Hollywood (“Marley & Eu” como roteirista e o bom “Mais Que o Acaso”, que ele escreveu e dirigiu em 2000). Este “As Coisas Impossíveis do Amor” passou batido pelos cinemas em 2009, quando foi lançado como “The Other Woman”, e voltou aos cinemas em 2011 (já com o título “Love and Other Impossible Pursuits”) tentando aproveitar a fama de Natalie Portman pós-sucesso de “Cisne Negro”. Don Roos mostra cuidado exemplar com o roteiro, que constrói a história mesclando passado e presente sem diferenciar as ações de tempo (o que chega a confundir o espectador no começo da trama, mas se ajeita quando as peças começam a se encaixar na trama). Natalie vive a personagem Emilia, uma jovem advogada de temperamento forte que sofre a perda de sua primeira filha, morta com três dias de vida. O diretor foca com perfeição o drama da personagem e o desmoronamento de sua relação familiar, mas opta pela saída mais confortável no final. Não estraga o conjunto do filme, mas diminui seu brilho.

julho 24, 2011   No Comments

Três filmes: o vizinho, a esposa, o casamento

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“O Homem ao Lado”, de Mariano Cohn e Gastón Duprat (2009)
Leonardo (Rafael Spreguelburd) é um designer (almofadinha) que vive com a esposa e a filha na única casa construída na América pelo famoso arquiteto Le Corbusier. Tudo segue nos conformes até que o vizinho, Victor (Daniel Aráoz), decide abrir uma janela em frente a sua (a cena de abertura é genial). O grande filme argentino dos últimos dois anos parte de uma premissa simples para mostrar o quanto um fato corriqueiro pode afetar o trabalho, o relacionamento, a vida de uma pessoa. Leonardo tenta negociar com o vizinho uma maneira dele não fazer a janela, e (o divertidíssimo) Victor começa a ocupar um espaço na vida do designer levando-o quase ao colapso. Em alguns momentos, “O Homem ao Lado” lembra bastante a temática de “O Invasor”, mas soa ainda mais palpável (todos temos vizinhos, mas nem todos somos donos de empreiteiras) que o excelente filme de Beto Brant. Premiado em Cannes pela fotografia (que assim como a cor usada no filme não me agradou), “O Homem ao Lado” merece ser visto pela forte (e hilária) atuação de Daniel Aráoz e pela boa sacada de realidade.

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“O Casamento do Meu Ex”, de Galt Niederhoffer (2010)
“The Romantics” (o título gringo é melhor) segue uma velha linhagem de filmes inspirados nas dúvidas que surgem com um casamento. Aqui as coisas seguem o padrão de “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, em que o personagem de Julia Roberts descobre-se apaixonada por Dermot Mulroney quando este irá se casar com Cameron Diaz. “The Romantics” tenta fugir da fórmula colocando um homem entre duas amigas (as românticas do título gringo) e até consegue algum charme nos sorrisos sem jeito de Katie Holmes (sedutores desde o tempo em que ela fazia Dawsons Creek) e na forte presença de Anna Paquin, mas derrapa ao tentar construir um cenário de tensão amorosa que soa extremamente superficial. A história: Laura (Katie) namorou Tom (Josh Duhamel) por quatro anos, eles terminaram até que ele decidiu casar-se com a melhor amiga da Laura, Lila (Anna), enquanto ainda saia com ela. O casamento é um pretexto para velhos amigos marcarem presença, mas o roteiro não aprofunda a relação de amizade, desperdiça bons atores e parece tão superficial quanto uma novela da Globo.

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“Potiche”, de François Ozon (2011)
Um dos mais badalados cineastas franceses surgidos na virada do século passado, François Ozon ainda é mais fama do que arte. O tenso “Swimming Pool”, de 2003, foi um grande acerto (e rendeu semanas de sonhos proibidos com Ludivine Sagnier), mas Christophe Honoré aparece quilômetros à sua frente (principalmente por “A Bela Junie”, “Em Paris” e “Canções de Amor”). Isso porque Ozon parece apreciar a superficialidade, caso de “Oito Mulheres” (2002), que até divertia o espectador na sala do cinema, mas acabava soando esquecível. “Potiche” sofre do mesmo mal. Há referencias demais e pouca profundidade. E olha que Ozon foi buscar inspiração na política, no feminismo e no humanismo, temas caros aos franceses, mas o filme apenas acena fugazmente aos temas (verdadeiras esposas troféu). “Potiche” até funciona no quesito comédia (embora até nisso tropece no final, quando o roteiro tenta abraçar o mundo), com Catherine Deneuve brilhando em cena escudada por Gérard Depardieu (reeditando o affair do excelente “O Último Metrô”, de Truffaut) e Fabrice Luchini, mas poderia ser algo muito melhor. Acabou ficando bonitinho, mas sem nenhuma alma.

julho 12, 2011   No Comments

Notas sobre Fahrenheit 451, de Truffaut

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A Tatiana Lima me cobrou uma posição melhor de “Fahrenheit 451” na minha lista de filmes de Truffaut (ele está lá nas últimas posições à frente apenas do fraco filme de época “A História de Adèle H.”), mas não acho a produção tão bem resolvida. A mensagem totalmente derivada do livro de Ray Bradbury é forte, mas a ficção cientifica (Truffaut em outro filme de gênero) do cineasta não seduz.

“Fahrenheit 451” é lento, pesado (as cenas de ação são tediosas) e sofre de hipervalorização da mensagem, o que de certa forma explica sua trajetória cult (e todos os ensaios científicos). Bom para se discutir em sala de aula. Tedioso numa sala de cinema. No entanto, gostei desse ensaio da professora Terezinha Elisabeth da Silva sobre o filme embora tenha dúvidas se o filme é mais conhecido do que o livro (como ela diz no segundo parágrafo).

 “Montag e a memória perdida: notas sobre Fahrenheit 451 de François Truffaut”

“François Truffaut registrou em seu diário que, em Fahrenheit 451, havia tantas referências literárias quanto nos filmes que Godard havia dirigido até aquele momento (Escobar,1995). Na fala de Truffaut há uma leve provocação a Godard, também grande amante dos livros, seu parceiro em várias realizações e com quem, ao lado de outros cineastas, como Chabrol e Rohmer, participou da Nouvelle Vague francesa.

Fahrenheit 451, dirigido por Truffaut em 1966, é, de longe, muito mais conhecido que o livro de Ray Bradbury, publicado em 1953, em que o filme se baseou. Na maioria das vezes, quando se fala de Fahrenheit, o livro de Bradbury sequer é mencionado, o que evidencia a potência que a imagem cinematográfica tem de se imprimir na memória coletiva das massas.

Embora seja conhecido e citado, o filme não chegou a ser lançado em vídeo no Brasil. Considerado pela crítica especializada um dos piores, senão o pior, entre os filmes de Truffaut, Fahrenheit não é, certamente, uma obra-prima do cinema. É um trabalho crítico e marcante, onde o que fala mais alto é o amor declarado e dedicado por Truffaut aos livros e à leitura (continua aqui)”.

julho 5, 2011   No Comments

Três Filmes: Hiroshima, Nova York, Los Angeles

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“Hiroshima, Meu Amor”, Alain Resnais (1959)
O diretor francês Alain Resnais já tinha mais de 20 documentários no currículo quando foi escalado para fazer um curta sobre a bomba atômica. O holocausto já havia sido tema de um curta seu (“Nouit et Brouillard”, de 1955), e Resnais não queria repetir a temática. Auxiliado pela escritora Marguerite Duras, que assinou o roteiro, Resnais decidiu filmar seu primeiro longa-metragem, uma obra prima estilística que se tornou o precursor da Nouvelle Vague, foi indicado ao Oscar na categoria Roteiro e saiu com o prêmio da crítica em Cannes. Tendo uma Hiroshima devastada como pano de fundo (14 anos depois da bomba atômica), Resnais conta a saga de um casal que acabou de se conhecer, se apaixonou, e tem que se separar. Ela (a estreante no cinema Emmanuelle Riva) é uma atriz francesa. Ele (Eiji Okada) é um arquiteto japonês. O romance é impossível (ambos são casados e ela precisa voltar para Paris), e o amor… esquecível. Será? Resnais debate tempo, memória e esquecimento de forma absolutamente esplendorosa auxiliado pela fotografia sublime de Sacha Vierny. “Reparou como notamos as coisas que desejamos notar?”, diz um personagem em certo momento da trama. Pense nisso.

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“Um Dia de Cão”, Sidney Lumet (1975)
Na época, começo dos anos 70, Al Pacino estava em alta após atuações consagradoras que lhe renderam indicações ao Oscar – “O Poderoso Chefão: I e II” (1972 e 1974) e “Serpico” (1974) – e poucos atores no mundo colocariam a carreira a prova vivendo um personagem gay em uma grande produção, mas não estamos falando de um ator qualquer. Al Pacino deu alma à Sonny, um homem que entra com dois amigos em um banco no Brooklyn, Nova York, para fazer um assalto motivado pelo desejo de arranjar grana para que o namorado fizesse uma operação de mudança de sexo e passa as próximas 12 horas negociando com a polícia uma maneira de deixar o banco sem matar nenhum dos oito reféns que estão com ele. “Dog Day Afternoon” é um drama policial que em vários momentos resvala na comédia (impossível descrever algumas cenas desconcertantes e sensacionais do filme) e deu a Al Pacino sua quarta indicação ao Oscar seguida (entre as seis indicações que o filme arrebatou, tendo levado apenas Melhor Roteiro num ano que “Um Estranho no Ninho”, com Jack Nicholson, ganhou quase tudo na premiação). Ainda assim, absolutamente clássico.

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“13º Andar”, Josef Rusnak (1999)
Dois meses após o primeiro “Matrix” estrear ganhando milhões de dólares chegava aos cinemas outro interessante filme de ficção cientifica que jogava poeira no ventilador da realidade. Josef Rusnak não teve a mesma sorte nas bilheterias que os irmãos Wachowski, mas merecia. Inspirado no livro “Simulacron-3” (1964), de Daniel F. Galouye, e na segunda parte do filme televisivo “Welt am Draht” (1973), de Rainer Fassbinder, “The Thirteenth Floor” é focado em Douglas Hall (Craig Bierko), um jovem talento de informática que trabalha com Hannon Fuller (Armin Mueller-Stahl) em um projeto que recria realidades simuladas. O ponto de partida é simples: uma cidade é recriada em um computador (no caso, a Los Angeles de 1937 – a história se passa em 1990) nos mínimos detalhes. As pessoas da realidade simulada são abastecidas com informações e sentimentos e, como num jogo, Hannon e Douglas transportam-se para a realidade virtual interagindo (até sexualmente) com os personagens como se tudo fosse real. A grande questão: será que tudo é realidade simulada? Não? Quem garante? Um belo filme para ver e pensar.

junho 26, 2011   No Comments

Três filmes: Maridos, Esposas e Marijuana

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“Maridos e Esposas”, Woody Allen (1992)
“’Maridos e Esposas’ foi um filme que eu queria que fosse feio. Não queria que nada combinasse, ou fosse refinado, ou bem montado. Queria um filme desagradável de assistir”, diz o cineasta em um dos trechos de “Conversas com Woody Allen”, livro essencial de Eric Lax. Porém, ao mesmo tempo em que diz isso, Woody inclui “Maridos e Esposas” em um Top 5 pessoal (ao lado de “A Rosa Púrpura do Cairo”, “Match Point”, “Tiros na Broadway” e “Zelig”) demonstrando seu apreço pela obra e renegando “Annie Hall” e “Manhattan” (que marcaram sua persona para 90% do público – algo que ele parece odiar). Em uma coisa ele está certo: “Maridos e Esposas” é desagradável. A câmera em constante movimento tentando flagrar conversas que se sobrepõe incomoda e atrapalha a leitura de um filme em que a forma está à frente do conteúdo (assim como seu filme imediatamente anterior, o bonito e vazio “Neblina e Sombras”). Um bom exercício para a paciência e também um filme excelente para quem acredita que uma das funções do cinema é provocar o espectador.

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“Uma Aventura em Martinica”, Howard Wawks (1944)
Em 1944, o terceiro casamento de Humphrey Bogart não ia lá bem das pernas e bastou encontrar a jovem Lauren Bacall (25 anos mais nova) no set de “Uma Aventura em Martinica” para que uma nova paixão florescesse. Bogart e Bacall casaram-se em 1945 e tiveram um casamento feliz, e “Uma Aventura em Martinica” tem seu lugar na história muito mais pelo encontro dos dois do que pelas qualidades do filme, que reuniu um timaço nos créditos (Hemingway, autor do livro “To Have and Have Not”, base para o roteiro assinado por Jules Furthman e William Faulkner, mais Wawks e Bogart), mas não conseguiu deixar de ser um “Casablanca 2”. O Rick de “Casablanca” aqui se chama Harry. Ele não tem um bar, mas um barco, no entanto mora em um hotel e passa quase todo o tempo no bar comandando a ação que, por fim, concentra-se em ajudar um casal francês a escapar da perseguição nazista. Bacall se mostrou um furacão em cena, ganhou mais espaço na trama e atropelou Dolores Moran, que deveria ser a Ingrid Bergman da vez, mas teve seu papel reduzido. Para assistir e comparar.

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“Quebrando o Tabu“, de Fernando Grostein Andrade (2011)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o personagem ancora de “Quebrando o Tabu“, documentário em que Fernando Grostein Andrade (irmão de Luciano Huck) lança luz sobre a política de combate às drogas no Brasil através de exemplos ao redor do mundo. Ok, Fernando Henrique Cardoso poderia ter lutado para mudar a legislação quando era presidente? Podia, mas não o fez. Ele mesmo assume a culpa em uma das cenas do documentário, que peca pelo tratamento publicitário de imagem, som e roteiro (trilhas descoladas e pretensas frases de efeito que funcionam com margarina ou carro, mas não com cinema) assim como avança demais em vários pontos da discussão sem conseguir amarrar tudo no final, mas ainda assim é um grande passo para se discutir o tema espinhoso da descriminalização das drogas. Legalização, no mundo imperfeito que vivemos, talvez fosse uma utopia, embora os passos dados por Portugal, Espanha, Suíça e Holanda precisem ser estudados e, verificados sua eficácia, colocados em prática. FHC talvez não fosse a pessoa indicada para divulgar e ampliar essa discussão, mas está de parabéns pela iniciativa. Antes ele do que ninguém.

Leia também:
– “Neblinas e Sombras” (”Shadows and Fog”), Woody Allen (aqui)

junho 20, 2011   No Comments