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Três filmes: o vizinho, a esposa, o casamento

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“O Homem ao Lado”, de Mariano Cohn e Gastón Duprat (2009)
Leonardo (Rafael Spreguelburd) é um designer (almofadinha) que vive com a esposa e a filha na única casa construída na América pelo famoso arquiteto Le Corbusier. Tudo segue nos conformes até que o vizinho, Victor (Daniel Aráoz), decide abrir uma janela em frente a sua (a cena de abertura é genial). O grande filme argentino dos últimos dois anos parte de uma premissa simples para mostrar o quanto um fato corriqueiro pode afetar o trabalho, o relacionamento, a vida de uma pessoa. Leonardo tenta negociar com o vizinho uma maneira dele não fazer a janela, e (o divertidíssimo) Victor começa a ocupar um espaço na vida do designer levando-o quase ao colapso. Em alguns momentos, “O Homem ao Lado” lembra bastante a temática de “O Invasor”, mas soa ainda mais palpável (todos temos vizinhos, mas nem todos somos donos de empreiteiras) que o excelente filme de Beto Brant. Premiado em Cannes pela fotografia (que assim como a cor usada no filme não me agradou), “O Homem ao Lado” merece ser visto pela forte (e hilária) atuação de Daniel Aráoz e pela boa sacada de realidade.

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“O Casamento do Meu Ex”, de Galt Niederhoffer (2010)
“The Romantics” (o título gringo é melhor) segue uma velha linhagem de filmes inspirados nas dúvidas que surgem com um casamento. Aqui as coisas seguem o padrão de “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, em que o personagem de Julia Roberts descobre-se apaixonada por Dermot Mulroney quando este irá se casar com Cameron Diaz. “The Romantics” tenta fugir da fórmula colocando um homem entre duas amigas (as românticas do título gringo) e até consegue algum charme nos sorrisos sem jeito de Katie Holmes (sedutores desde o tempo em que ela fazia Dawsons Creek) e na forte presença de Anna Paquin, mas derrapa ao tentar construir um cenário de tensão amorosa que soa extremamente superficial. A história: Laura (Katie) namorou Tom (Josh Duhamel) por quatro anos, eles terminaram até que ele decidiu casar-se com a melhor amiga da Laura, Lila (Anna), enquanto ainda saia com ela. O casamento é um pretexto para velhos amigos marcarem presença, mas o roteiro não aprofunda a relação de amizade, desperdiça bons atores e parece tão superficial quanto uma novela da Globo.

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“Potiche”, de François Ozon (2011)
Um dos mais badalados cineastas franceses surgidos na virada do século passado, François Ozon ainda é mais fama do que arte. O tenso “Swimming Pool”, de 2003, foi um grande acerto (e rendeu semanas de sonhos proibidos com Ludivine Sagnier), mas Christophe Honoré aparece quilômetros à sua frente (principalmente por “A Bela Junie”, “Em Paris” e “Canções de Amor”). Isso porque Ozon parece apreciar a superficialidade, caso de “Oito Mulheres” (2002), que até divertia o espectador na sala do cinema, mas acabava soando esquecível. “Potiche” sofre do mesmo mal. Há referencias demais e pouca profundidade. E olha que Ozon foi buscar inspiração na política, no feminismo e no humanismo, temas caros aos franceses, mas o filme apenas acena fugazmente aos temas (verdadeiras esposas troféu). “Potiche” até funciona no quesito comédia (embora até nisso tropece no final, quando o roteiro tenta abraçar o mundo), com Catherine Deneuve brilhando em cena escudada por Gérard Depardieu (reeditando o affair do excelente “O Último Metrô”, de Truffaut) e Fabrice Luchini, mas poderia ser algo muito melhor. Acabou ficando bonitinho, mas sem nenhuma alma.

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