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Três filmes: Naomi, Natalie e Juliette

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“Jogo de Poder” (“Fair Game”, 2010)
A história da espiã norte-americana Valerie Plame já havia inspirado uma canção do Decemberists e agora ganha sua versão cinemão com a dupla Naomi Watts (no papel da espiã) e Sean Penn (como o marido Joseph Wilson) esbanjando carisma. O diretor Doug Liman tem mão boa para thrillers políticos, vide “A Identidade Bourne” (2002) e os dois filmes seguintes da franquia produzidos por ele – além do divertido “Sr. e Sra. Smith” (2005), outra história de espiões. Aqui, no entanto, a motivação é real. Joseph Wilson escreveu um editorial para o New York Times em que acusava a administração do presidente Bush de manipular informações (algumas coletadas pelo próprio diplomata) para justificar a invasão ao Iraque. Ou seja, a Casa Branca mentiu visando uma guerra (novidade?). No meio do caminho ferrou a vida de uma espiã que havia dedicado 18 anos de sua vida ao País. Um filmaço sobre manipulação de interesses no mundo moderno.

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“Sexo Sem Compromisso” (“No Strings Attached”, 2011)
O ponto de partida desta comédia romântica inofensiva é até bacana: a câmera flagra um menino e uma menina conversando, ele tímido, ela falante: “Você é engraçada e esquisita”, ele diz. “Sim, sou esquisita”, ela concorda cinicamente. Corte: cinco anos depois eles se reencontram, paqueram e nada acontece. Mais quatro anos se passam e, bum, sexo. Natalie Portman interpreta Emma, uma garota louca (redundância, eu sei) que não quer se relacionar com ninguém, mas curte a idéia do sexo. Ashton Kutcher é Adam, o cara do primeiro fora (e de outros futuros). Eles topam encarar o lance de serem fuckbodys e, claro, alguém vai se apaixonar. Até ai, tudo bem, mas a história secundária, o roteiro, a trilha, o filme todo não precisava ser tão superficial. Não há química entre Natalie e o péssimo Ashton (era mais fácil enganar de chapado no “That 70′ Show”), mas Kevin Kline garante bons momentos quando aparece em cena. Pena que ele aparece pouco.

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“Cópia Fiel” (“Copie Conforme”, 2010)
Primeira incursão européia do cineasta iraniano Abbas Kiarostami (e um dos melhores filmes do ano passado), “Cópia Fiel” discute o conceito da originalidade em uma obra de arte homenageando (ou seria copiando fielmente?) Rosselini (vale rever “Viagem à Itália”, de 1953, que flagra dois estrangeiros no ocaso do casamento) e Antonioni (e também os dois “Before”, de Richard Linklater) enquanto o casal de protagonistas passeia por uma cidadezinha da Toscana. A fotografia esplendorosa explora reflexos de vidros e espelhos (como em “Os Sonhadores”, de 2003, de Bertolucci) conseguindo resultados arrebatadores enquanto o barítono William Shimell (aqui interpretando o escritor britânico James Miller) e a atriz Juliette Binoche (como a francesa Elle) dão um show (com vários momentos de delicioso improviso) em um romance que não existe, mas que é muito mais belo do que vários que já existiram.

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