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Dylan com café, dia 45: Philharmonic 64

Bob Dylan com café, dia 45: Aproveitando que Dylan permanecia na estrada com a Never Ending Tour sem dar sinais de entrar em estúdio, a Columbia Records seguia fuçando o baú e encontrando raridades que eram itens de colecionador entre pirateiros desde os anos 60. Após lançar o show mítico de 66 em Manchester e a bela compilação da The Rolling Thunder Revue Tour 75, as Bootleg Series voltam no tempo: em 1964, Dylan ainda era uma estrela em ascensão após um primeiro disco que ninguém ouviu (“Bob Dylan”) e três álbuns seguidos que sacudiram a ala folk e os pensadores (“The Freewheelin’ Bob Dylan“, “The Times They Are a-Changin’” e “Another Side of Bob Dylan“), mas ainda não havia feito o crossover de público, estando encaixotado na ala dos cantores de protesto.

Sabendo do potencial de seu pupilo e já antevendo o que viria meses depois, o empresário Albert Grossman ia dando campo para Bob crescer, e se em 1961 Dylan passava o chapéu em apresentações no Greenwich Village, em 1964 já tocava em locais glamorosos como o Carnegie Hall. Grossman, então, reservou uma data no Phillarmonic Hall (hoje Avery Fisher Hall), casa de Leonard Bernstein e da Filarmônica de Nova York. A Columbia iria registrar o show prevendo lança-lo, mas Bob vivia um momento tão prolifico na carreira que dois meses depois entraria em estúdio para começar sua revolução com “Bringing It All Back Home”, e este show de 31 de outubro de 1964 já estaria datado e seria arquivado (e amplamente pirateado na década seguinte, mas de registros do público, não destas masters originais).

Lançado e março de 2004, “The Bootleg Series 6 – Concert at Philarmonic Hall” traz o Dylan dos primeiros anos, voz, violão e gaita, rindo da fama e provocando a audiência com canções novas. Das 19 músicas apresentadas por Bob neste show, sete ainda não haviam sido lançadas oficialmente, três delas ainda nem gravadas: “Gates of Eden”, “It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)” arrepiante e “Mr. Tambourine Man” (as três apareceriam em “Bringing It All Back Home”) – das outras quatro, uma canção de Joan Baez (que auxilia seu protegido em quatro números aqui) e outras três que só ganhariam lançamento oficial nas bootleg series já nos anos 90, como “Talkin ‘John Birch Paranoid Blues”, uma talking blues em que Dylan tira sarro de um anticomunista que, de tão paranoico, começa a procurar “reds” em todos os cantos da casa, e não achando nenhum, começa a procurar em si mesmo. Interessante observar como “A Hard Rain’s A-Gonna Fall” mudaria dessa versão acústica em 1964 para a nervosamente eletrificada no ao vivo “Hard Rain”, de 1976. É o último registro antes da tempestade elétrica que viria em 1965. E é um grande show.

Especial Bob Dylan com Café

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