Uma entrevista que não terminou
Entrevista concedida a Lafaiete Júnior entre janeiro e junho de 2011 (acho)…
Qual sua primeira lembrança musical?
Jorge Ben. E Vinicius. Meu pai tinha uma coleção extensa de MPB, e rolavam várias festas em casa. Uma lembrança marcante: dia do assassinato de John Lennon. Minha mãe, na sala, chorou muito. E eu não entendia o motivo… hoje até eu choraria.
Como foi sua adolescência? Passou, literalmente, entre discos e livros?
Sim. Fiz carteirinha de todas as bibliotecas de Taubaté, então não passava uma semana sequer com o mesmo livro. Devorava. Quando não tinha nada interessante para ler, relia. Nessas fiquei meses com o “Obras Completas”, do Oscar Wilde, em casa. E fiquei fã de uma coleção completa de obras do Shakespeare, uma edição antiga repleta de apêndices. Procuro ela até hoje para comprar. Já os vinis começaram aos 12, 13 anos. Eu e outro amigo discotecávamos nas festinhas da rua. Paralelamente, o rock nacional estava surgindo, e muita coisa boa acontecendo. Logo depois veio a Bizz. Um mundo novo se abriu. Com 16 anos minha casa já era o ponto de encontro da turma, o local em que todo mundo ia beber e fumar ouvindo boa música.
Isso foi em que ano? E você lembra quais foram teus primeiros vinis nessa época? E as capas da Bizz?
1982/1983 mais ou menos. Primeiros vinis… “Radioatividade”, da Blitz (também meu primeiro “grande” show – risos); “Ballads”, uma coletânea com 20 baladas dos Beatles e um disco da Rita Lee com o Erasmo. Já na época da Bizz, 1985/1986, começaram as compras desenfreadas, coisa de entrar na loja e sair de uma só vez com o “Dois”, da Legião, o “Selvagem”, dos Paralamas, o “Rock Errou”, do Lobão, o “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, do Ultraje e o “Vivendo e Não Aprendendo”, do Ira!. Capas da Bizz… Bruce estampou a capa da edição número 1 da revista. Tenho a coleção completa, e essa particularmente está detonadaça de tanto que li. Ainda hoje, se alguma referência me vem a cabeça quando estou escrevendo, vou direto na revista conferir. É mais rápido do que colocar o CD-Rom no computador (risos).
Massa! Sua personalidade e repertório musical são bem pautados pela Bizz então. Qual a importância da revista para sua formação profissional e até mesmo pessoal?
Acho que é impossível de mensurar a importância da revista na minha formação e na minha vida pessoal. O fato de ser jornalista tem a ver com a revista também, muito embora meu pai tenha sido a grande inspiração para a profissão, mas a revista… putz, ela tornou viável a ideia que eu tinha do que eu queria ser. Foi fundamental no meu crescimento como profissional. Quando você passa sua adolescência lendo Ana Maria Bahiana, Alex Antunes e André Forastieri, sua vida só pode melhorar (risos).
Eu “descobri” o André Forastieri em um post no teu blog. Pirei. E já comprei revista só porque tinha o nome dele (risos). Virou uma referência. E você acha que as revistas que tratam de música hoje no Brasil têm esse “poder” de influência sobre os jovens? Pra formar uma possível nova geração de profissionais… Como a Billboard e a Rolling Stone, por exemplo.
Não, não tem. Infelizmente. Falta jornalismo opinativo no Brasil. Uma revista já chega às bancas atrasada em relação a internet, pela velocidade da informação. Ter textos opinativos, coisas mais pessoais, poderiam dar uma personalidade para a publicação e seduzir o leitor. É preciso seduzir o leitor. Por outro lado, existem vários profissionais na internet fazendo isso. Já recebi diversos e-mails de gente contando que decidiu fazer jornalismo devido ao Scream & Yell.
E desses profissionais da internet que você fala, consegue citar alguns que você gosta?
Tem muita gente nova bacana nas esquinas da internet. O pessoal do Urbanaque, do Move That Jukebox, por exemplo, são bons pacas no que se propõe. Não é a toa que nos juntamos sob o guarda-chuva Confraria Pop. Eu acredito neles, acredito no potencial. Da mesma forma que acredito e admiro o Coquetel Molotov, o La Cumbuca, o Alto Falante, o El Cabong e muitos outros. Mas se for para citar vou ficar com um monte de gente que migrou do papel para a web, nomes como o próprio Forastieri, o Alexandre Matias e o Lúcio Ribeiro, caras que continuam em contato com o papel, mas cuja vida já fica difícil de ser dissociada da internet
Agora sobre o Scream & Yell. Com surgiu a ideia dele? O que você pretendia?
Surgiu da maneira mais prosaica possível. Um amigo apareceu em casa num 25 de dezembro me propondo fazer um fanzine. Não lembro se chegamos a discutir isso antes, de onde ele tirou a ideia de fazer um fanzine. Dois grandes amigos da minha turma já tinham feito um fanzine, o Gambiarra, e talvez eu até tenha comentado sobre com o João Marcelo, o cara que batizou o Scream & Yell, mas realmente não lembro de onde ele tirou a ideia. Só lembro que ali na mesma hora desenhamos como seria o número 1 do Scream & Yell em papel. O foco naquele momento era falar da cena musical de Taubaté, nada mais do que isso. Tanto que no número 1 temos entrevistas com bandas de lá…
E sobre esse contexto do início do Scream & Yell… Consegue fazer um paralelo da cena musical que você tinha contato na época com a cena atual? O que mais mudou, o que não mudou… Como você percebe esses dois momentos…
Puxa, difícil. Eu morava em Taubaté, uma ilha entre São Paulo e Rio de Janeiro que não absorvia nada de bom e parecia longe demais das capitais. Taubaté era uma cidade metal. Até brinquei de roadie de banda trash lá. A cena era muito distante, e chegava a mim pela Ilustrada e pela Bizz. Naquela época – 1995/1996 – era difícil copiar CDs, os MP3 ainda não eram febre e o correio ainda era uma fonte inesgotável de troca de informações musicais (via fanzines). Hoje vivemos no período da múltipla informação. Temos acesso a mais discos que conseguimos ouvir, a mais textos que conseguimos ler. Conseguir a atenção do leitor é uma vitória hoje em dia. 15 anos atrás era mais fácil.
O Scream & Yell durou quanto tempo no papel? Tem vontade de voltar para o papel?
Pra você ver como o tempo passa, tive que ir atrás dos originais para confirmar as datas, todas perdidas na memória. O #1, com Kiss na capa, era para ter saído em janeiro de 1997. Fizemos nos últimos dias de 1996, editamos, mas na hora de imprimir não conseguimos patrocínio. Então o João, que fazia o fanzine comigo, se acidentou e morreu. Aposentei a ideia. Só voltei a ela no final de 1998, quando um cara, que tinha visto uma versão pirata do número 1 do Scream & Yell (risos) me pilhou para voltar com o zine (que na verdade nem tinha ido – risos). A edição número 2 saiu em janeiro de 1999 com Chris Isaak na capa. Ficamos super orgulhosos de colocá-lo em destaque. Aproveitei o embalo e finalizei a primeira edição, e lancei. Comecei a distribuir ela com o #3, que tinha o Echo and The Bunnymen na capa. O #4 saiu em junho, e foi uma edição especial de dia dos namorados (com poesia, indicação do “Baladas Sangrentas”, do Wander Wildner, para ouvir e um texto belíssimo que o Thales de Menezes, na época na Folha de São Paulo, liberou para nós: “Romance com alma Rock and Roll). O #5 tinha o cineasta Kevin Smith na capa e saiu em agosto de 1999. O #6 e último saiu apenas em março de 2000 com Jerry Lee Lewis na capa e uma tiragem de 1000 exemplares. Sempre tive vontade de fazer uma edição em papel novamente. Adoro os textos impressos. Qualquer hora me aventuro novamente. É uma porta aberta.
O Scream & Yell é um site de cultura pop… O que é cultura pop pra você?
O site começou com um foco em cultura pop, pegando o lado popular das artes. Então na literatura, no começo, falávamos de Nick Hornby. Em cinema, de Quentin Tarantino. Ou seja, buscávamos elementos populares que aproximassem essas artes da música pop. Com o tempo, porém, fomos ampliando o leque, tentando mostrar para o leitor que não há diferença para nós entre Gustav Mahler, Christopher Nolan, Wado e Bohumil Hrabal. Eles são todos objetos transformadores da cultura, agentes que podem ampliar a sua visão sobre o mundo. O cerne da criação do Scream & Yell, instintivamente, foi esse: falar de cultura de uma maneira que essa cultura amplie o universo do leitor – como as revistas e jornais e livros que li fizeram comigo. Então, voltando ao inicio da sua pergunta, cultura pop para nós hoje em dia é tudo. Exatamente tudo. Pra que limitar se o mundo, de alguma forma, se ampliou com a internet, mas tudo está muito mais próximo, né.
Já aconteceu alguma coisa engraçada ou diferente relacionada com algum texto que você escreveu? Alguém que não gostou e tal…
Dezenas de vezes, dezenas. Para o bem e para o mal (risos). Para o bem existe um monte de gente que diz que conheceu tal banda, tal filme ou descobriu tal coisa através do site. É daquelas coisas que dão orgulho. Já o contrário também ocorre. Muita gente discorda de um texto e leva para um lado pessoal do tipo: “Você está com inveja do Dinho Ouro Preto”. Ou: “Chris Martin é famoso e quem é você? Ninguém”. Fazer o que nessa hora? Rir. (risos)
Aquela pergunta chata: Marcelo Costa por Marcelo Costa. Rola alguma definição?
Haha, pergunta suspeita (risos). Acho que vale mais perguntar para algumas pessoas que me conhecem, jornalistas amigos, sabe. Acredito mais neles do que em mim (risos). Mas, vou tentar me resumir numa linha: um cara que alcançou o seu sonho, mas ainda não quer dormir. Diz muito…
Nesse caso (de história engraçada sobre algum texto), não aconteceu de alguém querer tirar satisfação com você pessoalmente não, né? (risos)
Não, mas estamos ai (risos). Uma vez escrevi um texto que apontava algumas coisas que considerava defeitos em um disco, e encontrei um dos caras da banda uns tempos depois: “A gente curtiu o que você falou porque você foi e ouviu o disco. Tem gente na banda que concordou, outro discordou, mas respeitamos a sua opinião”. Acho que é por esse lado. Não teria a manha de fazer algo para sacanear uma banda.
É possível notar nos seus textos uma paixão por aquilo que você faz. O que esse tal ato de escrever significa pra você?
É como se fosse respirar, não consigo pensar em outra coisa. Se tenho muitas ideias, e não escrevo, durmo mal (mesmo dormindo às 23h, por exemplo). Se fico acordado até às 3 da manhã e escrevo um texto que me satisfaça, durmo feliz (mesmo dormindo menos).
Qual banda ou artista te acompanha pela vida? Por quê?
Estava vendo a minha Last.Fm dia desses e fiquei surpreso: mais de 129 mil músicas ouvidas, mas os artistas que mais ouvi tem tudo 1800 músicas, e são poucos: Wilco, Costello, Dylan, R.E.M. e Radiohead. Mas então lhe digo que a banda que me acompanha é o Echo and The Bunnymen, que está lá embaixo na tabela, em 18 lugar. Mas são os discos deles que vou buscar quando quero ouvir alguma coisa especial. Como escrevi certeza vez, em uma coluna para a revista Noize, o Echo me explica. Isso é muito especial para quem ama a música.
De que você tem medo?
De milhões de coisas, o que não quer dizer que não eu não vá enfrentar estes medos. Medo obriga você a lutar. E eu sou leonino. Adoro uma briga. risos
Em quais momentos você ouve música? Você consegue parar pra fazer apenas isso? Como é essa relação mais “intima” que você tem com a música?
Putz, passo o dia inteiro com um fone de ouvido com algo rolando, mas não é a mesma coisa que ouvir em casa, prestando atenção, sabe. Ouvir música no trabalho é mais para ter um primeiro contato mesmo. Meu momento com a música é em casa, no meu som. Sou daqueles que só sabe se gostou mesmo de um disco se ouviu ele no seu próprio som, pois ele é a minha referência para música (risos). Mas isso de parar para ouvir é bem raro hoje em dia. Ouço mais para escrever. Costumo dizer que se estou ouvindo muito um disco, preciso escrever logo sobre ele para esgotá-lo e colocá-lo na estante. É tipo uma terapia. Muita gente quer escrever sobre música, e o que ninguém conta para elas é que elas vão precisar ver shows de bandas que não gostam e receber discos de artistas ruins. E o ato de ouvir música pode se transformar numa obrigação. Inevitavelmente acaba se transformando, mas ainda consigo me emocionar ouvindo um disco e vendo um show. Acho que meu coração ainda não caiu nas garras da arteriosclerose do “classic rock”, como definiu certa vez Ana Maria Bahiana (risos).
Você agora comanda o podcast Scream & Yell on The Radio junto com o Tiago Agostini, na Rádio Levis. Como tem sido essa nova empreitada? Fale um pouco sobre isso, de quem foi a ideia etc.
Na verdade agora somos quatro. Além de mim e do Agostini contamos com a presença do Marco Tomazzoni (jornalista cultural do iG e colaborador do Scream) e do Tiago Trigo (também colaborador do Scream). Nós formamos uma “família” Seinfeld e andamos juntos já faz um bom tempo, o que faz com que muitas ideias apareçam e desapareçam. Uma delas foi a de fazer um podcast. Chegamos a marcar data para gravar, ou ao menos estruturar a parada, mas não rolou. Uns seis meses depois recebi o convite da Rádio Levis para fazer um programa lá, gravado no estúdio deles para ser exibido na programação e disponibilizado para download. A ideia inicial era começar em quarteto, mas fui testando, observando o terreno. Começamos eu e Agostini, mas agora já estamos os quatro juntos, o que dá uma dinâmica interessante ao programa. E é um programa para falar sobre música. Foi mais ou menos isso que o Edu Parez, da Levis, nos pediu. Um olhar aprofundado, crítico e informativo sobre o que anda rolando. Além disso decidimos montar alguns programas especiais, e são eles que estão se destacando mais. A edição 6, inspirada no documentário “Uma Noite em 67” ficou excelente. No geral, ainda temos que melhorar muito. Rádio é uma mídia totalmente particular, mas a possibilidade do download do programa é simplesmente maravilhosa. Muita gente já nos escreveu dizendo que nos ouve no celular indo para o trabalho. Um amigo carioca disse que se divertiu muito com um programa (exatamente o 6) ouvindo numa caminhada no calçadão do Rio. Chegou em casa e foi atrás de algumas raridades que tocamos. Bacana isso.
E qual sua relação com as rádios? Você ainda acredita nas FMs?
Não só acredito como aposto todas as minhas fichas de que as coisas só podem mudar no País quando essa nova geração tomar as rádios. As grandes indústrias brasileiras cavaram sua própria sepultura apostando pesadamente no jabá. O que acontece é que há pouco espaço (quase nenhum, na verdade) para o novo, pois as rádios dependem do jabá e não vão abrir um espaço para algo novo, pois como ela vai oferecer de graça algo que tem gente que ainda paga para ocupar. Assim, o espaço livre é ocupado por classic rock. Os Estados Unidos conseguiram sobreviver, de certa forma, porque o circuito de college radios firmou-se como definidor de tendências para a juventude buscando sempre o novo. Abriu espaço para que muita gente legal surgisse. Não temos esse canal no Brasil, que permite ao novo artista ser conhecido pela massa, que ainda consome o rádio. A Rádio Oi tem um desenho ótimo, mas é preciso conquistar as demais emissoras. Como escreveu Wado, é preciso fazer funcionar a reforma agrária do ar.
Qual o texto de outra pessoa você gostaria de ter escrito? Algum motivo específico? E em relação aos textos que você escreveu existe um que você gosta mais que outros? Por quê?
Nossa, eu gostaria de ter escrito centenas de textos. Coisas do André Forastieri, do Tony Parsons, do Simon Reynolds e da Ana Maria Bahiana, várias. Não é a toa que criei uma seção no site chamada “Matérias Antológicas“. Tenho vários textos meus queridos… alguns por motivos pessoais, outros que acho que consegui me expressar bem, e ainda alguns problemáticos na construção, mas que mesmo assim se tornaram queridos. Alguns, de cabeça. “Tudo simplesmente acontece” (resenha sobre o filme “Magnólia”) e “O gosto amargo nos lábios de nossa alma” (texto sobre o filme “Sangue Negro“), “Noé” (resenha sobre “Hail To The Thief“, do Radiohead), “Bob Dylan, um retrato borrado da era de ouro do rock ‘n roll” (sobre o show dele em São Paulo) e as entrevistas com Ian McCulloch, André Takeda e Fernanda Young.
Você se sente realizado com o Scream & Yell? Ou falta alguma coisa?
Realizadissimo. O Scream & Yell chegou a lugares que nunca imaginei que ele iria chegar. Ele entrou na vida de milhares de pessoas como a música entrou na minha vida. E mais do que isso, ele se transformou em um veículo com uma cara de honestidade que me traz um orgulho imenso. Nesse quesito não falta nada, mas a gente sempre quer mais, quer que o site cresça, quer sobreviver do site (até para se dedicar mais a ele), quer amplificar as discussões ali, quer o mundo, mas estamos contentes com o pedaço de terra que conquistamos até hoje. Ou seja, ainda falta dinheiro. O que não me impede de me sentir realizado.
Aproveitando isso… como você percebe e encara a importância que o Scream & Yell tem para essas pessoas a que você se refere? Rola uma cobrança maior da sua parte em decorrência dessa importância?
Sinceramente, não costumo pensar muito nisso. Busco manter um padrão, e mantendo esse padrão estaremos satisfazendo a nós e a todos aqueles que encaram o site como algo especial. Mas encaro como um imenso reconhecimento, sem dúvida. A cobrança naturalmente é maior, mas fazemos as coisas da forma mais natural possível. Continuo escrevendo para mim mesmo, sendo o meu primeiro leitor.
Como você imagina que será teu futuro e o do Scream & Yell?
Jim Morrison escreveu certa vez: o futuro é incerto e o fim está sempre próximo. E é exatamente assim que me sinto. Tem semanas que dá uma vontade imensa de jogar tudo pro alto. Fico planejando a melhor maneira de dar cabo ao site sem me sentir culpado, essas coisas. O Scream & Yell é um filho e como tal exige muita atenção. Às vezes a estafa bate e fica difícil manter o bom humor. Por outro lado, 2010 foi o melhor ano do site. Disparado. Não só o melhor ano editorial (acho até que editorialmente tivemos anos tão bons quanto este), mas 2010 foi o ano em que surgiram mais oportunidades de negócio com o site. Parcerias, publi-editoriais, anúncios. Dá para dizer que 2010 será o primeiro ano que o Scream & Yell fechará no azul. E isso cria ótimas perspectivas para o futuro. As portas estão sendo abertas para o site, e não tem como pular fora do trem agora. Mas não posso bater o martelo e dizer que quero passar os próximos dois anos fazendo isso. Ou melhor, se fosse só fazer isso, tudo bem, mas o Scream & Yell é o que faço na hora de folga (ou seja, na hora de folga eu “trabalho” no Scream & Yell). E o futuro do site influencia o meu futuro. As melhores coisas que aconteceram na minha vida profissional foram conquistadas através do site. O plano no momento é seguir em frente e aproveitar esse momento de crescimento (do site e do mercado) e ver aonde vamos todos parar. E, sinceramente, eu não tenho a mínima ideia de onde tudo isso vai parar…
O Scream & Yell já acabou e voltou duas vezes, né? Decidiu parar nas duas ocasiões por esses motivos que falou? E por que decidiu voltar?
A primeira foi no susto. Estava acabando o contrato de um emprego, e eu acreditava que muita coisa iria mudar, e que entre elas eu não teria mais tempo para tocar o site. E pra deixar o site às moscas, melhor terminar. Porém, assim que anunciei o fim, uma centena de emails começou a lotar a minha caixa com mensagens de carinho, agradecimentos e pedidos para continuar. Não teve como. O site acabou por uma semana, sem sair do ar. Em 2003, o site não chegou a acabar, mas deu uma parada tão grande que desisti da capa tradicional e coloquei o blog como principal. Entre outubro de 2003 e maio de 2004 só tivemos um blog na capa. Fui retomando as atualizações conforme as coisas foram entrando nos eixos. Por que voltar? Porque é uma coisa muito legal de fazer, e eu queria provar que era possível continuar, que bastava ter força de vontade. Não queria desistir. Queria manter esse canal de conversa/contato com o mundo. E desde junho de 2004 o site vem se mantendo firme com uma atualização constante. A conversa está durando…
Na história do Scream & Yell você consegue citar dois momentos opostos: um que te deu muito orgulho e outro que nem tanto?
Momentos de orgulho são muitos. De verdade. Na primeira vez em que decidi acabar com o site (2003) recebi uma quantidade tão grande de e-mails e telefonemas que me senti obrigado a, de alguma forma, continuar. Foi tipo uma realização: “as pessoas se importam com esse site”. Foi um momento de muito orgulho. Também foi sensacional participar do Seminário Internacional de Jornalismo do Itaú Cultural ao lado do Jan Feld, do UOL, e do Alex Needham, do Guardian: um site independente ao lado de um dos maiores portais do País e de um dos maiores jornais do mundo. Quanto a momentos ruins… não saberia listar um momento específico. Acho que a falta de tempo faz com que muitas vezes um texto entre no site sem ter sido burilado, pensado, trabalhado adequadamente. Isso muitas vezes me frustra. Por outro lado, quando publico um texto bacana, isso me dá um sopro de energia, uma vontade de continuar fazendo isso por muito tempo.
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